Mesmo que Quinn tivesse perdido 2/3 de seu HP, estranhamente não parecia que ele estava ferido ou morrendo. Era diferente de quando ele estava no sol, em vez disso, parecia que todos os seus sentidos estavam em alerta máximo.
"Ei, Quinn, você está bem, cara?" Vorden perguntou, vendo o rosto de Quinn.
"Sim, eu só... tenho que ir a algum lugar," Quinn se desculpou enquanto corria para fora do quarto, indo em direção à cantina.
Tudo o que aconteceu até agora tinha sido uma falha de cálculo da parte de Quinn. Embora o sistema tivesse o alertado sobre sua perda de 1 HP a cada hora, ele não esperava que seu corpo reagisse daquela forma.
Na verdade, ele só planejou dormir por cinco horas. Dessa forma, ele teria quase meio dia para criar um plano de como se livrar do seu problema, idealmente antes das aulas matinais começarem. Quinn começou a calcular quanto tempo ele tinha restante. O Café da manhã era obrigatório e durava das 8 até as 9, seguido das aulas que iriam durar até o meio-dia. O intervalo deles era apenas para sair da aula e ir para o almoço.
Em outras palavras, durante as próximas quatro horas, ele era obrigado a estar em algum lugar na escola. Claro, havia sempre a opção de matar aula, no entanto, essa não era uma escola regular. O exército o puniria severamente e o perseguiria se ele se comportasse como um encrenqueiro.
No entanto, isso realmente importaria, se ele fosse morrer de qualquer maneira?
Quinn fez seu caminho para a fila da cantina para ser servido com comida. Ele respirava profundamente e lentamente, ação que deveria o ajudar a lidar com seus sentidos ampliados.
Agora, ele conseguia ouvir a conversa do outro lado da sala, panelas e frigideiras batendo na cozinha como se estivessem ao seu lado. Lentamente Quinn estava descobrindo como ignorar todos esses ruídos, limpando sua mente.
Justo então, Rylee entrou na cantina. Surpreendentemente, ele não tinha nenhum hematoma em seu corpo por causa da luta de ontem. A única possibilidade era que ele tivesse se recuperado por completo no centro médico. No entanto, ele parecia que estava em um péssimo humor depois daquela experiência.
Ironia do destino, assim que ele viu Quinn, decidiu que havia encontrado o alvo perfeito para descarregar toda a sua frustração acumulada. Rylee passou por todos os nível 1s que estavam na fila até finalmente chegar ao local onde Quinn estava parado.
"Ei, Fedelho, você se importa se eu furar a fila?" Rylee perguntou como uma clara provocação. No entanto, Quinn estava ocupado demais tentando isolar os sons de sua mente para prestar atenção nele.
"Estou falando com você," Rylee disse, desta vez mais alto, e olhou para o relógio de pulso de Quinn. Ver o número 1 brilhar intensamente trouxe de volta memórias ruins da noite anterior.
"Quem diabos você pensa que é?" Rylee gritou enquanto agarrava Quinn pela gola. Naquele instante, o rosto de Rylee estava incrivelmente perto do dele. Assim como ontem, ele conseguia ouvir o batimento cardíaco de Rylee. Ele podia sentir o sangue fluindo através de seu braço e músculos levantando sua camisa.
Algo tomou conta do corpo de Quinn e ele imediatamente bateu no braço de Rylee e se atirou sobre ele, fazendo os dois caírem no chão. Quinn estava agora por cima de Rylee e tinha as mãos dele presas ao chão.
"Saia de cima de mim seu animal louco!" Rylee gritou, mas quando ele tentou se sobressair sobre Quinn e levantar as mãos, era impossível. Sua habilidade de endurecer a pele era inútil nesse tipo de situação.
Então Quinn começou a sentir uma coisa crescendo em sua boca. Quinn colocou a cabeça a apenas alguns centímetros do pescoço de Rylee e se preparou para morder.
Mas, assim que ele abriu a boca, sentiu alguém puxá-lo pela gola por trás e jogá-lo para longe de Rylee em direção às pessoas na fila.
"Não toque em um dos meus garotos," disse o recém-chegado. Dan era um jovem grande e musculoso. Sua aparência era mais semelhante à de um adulto careca.
"Dan, muito obrigado," Rylee se curvou ao se levantar do chão, suando. "Você está morto agora, garoto."
Assim que Dan deu um passo para frente, Vorden se colocou na frente de Quinn com Peter.
"Você realmente quer causar um problema?" Vorden perguntou, erguendo o braço para mostrar o nível de poder no seu relógio de pulso. Na realidade, Vorden estava apenas blefando.
O poder de Vorden dependia muito da habilidade que ele copiava e, no momento, tudo o que ele tinha acesso era a habilidade terrestre de nível 1 de Peter. Se fossem entrar em uma briga ali, não haveria contestação sobre quem ganharia.
Felizmente, o plano de Vorden funcionou, pois Dan decidiu recuar depois de ver o número 5, levando Rylee com ele. Antes de Rylee se afastar, ele imitou a ação de Quinn de alguém cortando a cabeça.
"Oh, graças a Deus, não acredito que isso funcionou," Peter suspirou, ciente do segredo de Vorden.
Depois que o incidente na cantina terminou, algo ficou claro para Quinn. Os professores não interviriam, não importa o que acontecesse. Na cantina, havia muitos guardas de pé em cada canto da sala, mas nenhum fez nada para ajudar.
Depois que o grupo terminou de comer, era hora deles irem para suas aulas matinais. Quinn foi incapaz de se concentrar em qualquer coisa, tudo o que ele podia fazer era tentar se acalmar em meio à aula e assistir ao seu HP diminuir lentamente.
Estava deixando ele louco, ver o número diminuir a cada hora, fazendo ele se arrepender de não ter mordido o pescoço de Rylee quando teve a chance. Na hora do almoço, Quinn mais uma vez saiu correndo sem Vorden e Peter.
[1/15 HP]
'O que diabos está acontecendo comigo?' Quinn estava preocupado. Suas mãos não paravam de tremer. Cada vez que o HP de Quinn diminuía, estava ficando mais e mais difícil controlar o próprio corpo.
Mais cedo ou mais tarde, ele pensou, ele iria enlouquecer. Durante a aula, ele teve várias visões de destruir o lugar e arrancar o sangue do pescoço dos seus colegas de classe para matar seu desejo.
Sem perceber aonde estava indo, Quinn acabou na biblioteca. No canto tranquilo da biblioteca, em um dos corredores, estava a seção de ficção.
"Por favor tenha algo que eu possa usar," Quinn rezou enquanto pegava livro de fantasia após livro de fantasia sobre vampiros.
Em alguns dos livros, vampiros conseguiam sobreviver com o sangue de animais. Infelizmente, o sistema de Quinn havia claramente declarado sua necessidade por sangue humano. Mesmo que não tivesse sido esse o caso, seria praticamente impossível encontrar um animal a tempo.
Em outras histórias, vampiros foram feitos responsáveis por invadir hospitais para seus suprimentos. Infelizmente, o único na cidade estava fortemente guardado e ele não chegaria lá a tempo, mesmo correndo.
Pela primeira vez, Quinn podia se sentir ficando mais fraco. Ele se sentou no chão e leu um último livro e não encontrou nada útil. Quando ele fechou o livro, ele viu Layla parada lá, em frente a ele.
"Você está bem?" Layla perguntou, preocupada com Quinn, que estava começando a parecer muito pálido. Layla se agachou para ficar no nível dos olhos com ele e colocou a mão em sua testa para verificar a temperatura.
"Você está tão frio? Você quer que eu te leve para o consultório da enfermeira?" Layla ofereceu.
Quinn não tinha ouvido uma única palavra que ela disse. O pescoço dela era muito hipnotizante.
O impulso era incontrolável. Suspirando, ele puxou Layla pelo braço, trazendo-a para perto dele.
Um fraco pedido de desculpas escapou de seus lábios... enquanto ele mordia o pescoço dela.