Eu entrei em pânico. Como pude cair no sono quando Lucian estava doente? Rapidamente coloquei minha mão na testa de Lucian, que ainda estava dormindo. Sem febre. O que o havia deixado tão doente na noite passada? Ele parecia bem antes de nos beijarmos.
O beijo.
Sua mão em minhas costas, em volta da minha cintura, em meu cabelo, pressionando corpo para ele, o calor, a sensação de formigamento. Levei a mão aos meus lábios. Seus lábios eram macios e firmes, movendo-se contra os meus até que fiquei sem fôlego. Ele tinha gosto de especiarias; quente, queimando a língua, mas você continua querendo mais. Mais... Sim, eu queria mais.
Eu tinha estado disposta a me entregar a ele na noite passada, mas, aos poucos, seu beijo se tornou descuidado. Seus braços tremiam antes que seu corpo inteiro se agitasse. O medo se mostrou em seus belos olhos, luta em seu rosto e gotas de suor em sua testa. Eu o tinha visto assim uma vez antes, quando estávamos na floresta, quando nossos lábios se tocaram. Algo me dizia que tinha a ver com o beijo, mas por quê?
Alguém bateu na porta. Quem poderia ser tão cedo de manhã? Lucian balançou suas pernas para baixo da cama me assustando e avançou até a porta como se não tivesse acabado de acordar. Às vezes, ele era bem estranho. Ele abriu a porta e então eu só ouvi sussurros antes que ele a fechasse.
"Eu preciso ir", ele disse, pegando sua jaqueta na cama e a vestindo.
"Para onde?" Eu perguntei, preocupada.
"Eu volto", ele disse enquanto saía, ignorando minha pergunta. O que aconteceu que o deixou tão estressado? Foi o rei sanguinário, ou seu pai morreu? Incapaz de reprimir minha preocupação, rapidamente me vesti e fui procurá-lo.
Foi um dia adorável. O céu cristalino azul, o sol lançando seus raios dourados no belo jardim.
Os homens de Lucian estavam no jardim comendo o café da manhã em uma grande mesa. Eles pareciam se divertir, conversando e rindo alto.
"Bom dia, Vossa Alteza", cumprimentaram, levantando e se curvando em uníssono quando perceberam minha presença.
"Bom dia", eu sorri, meus olhos percorrendo a mesa à procura de Lincoln. Ele não estava lá.
"A senhora está à procura de alguém, minha senhora?", perguntou um guarda.
"Onde está Lucian?"
"Sua Alteza foi encontra o rei", ele respondeu. Então era o rei sanguinário. O que ele queria?
"Posso me sentar com vocês?", eu perguntei. Eles se olharam com choque e confusão antes de começarem a se mover rapidamente, tentando organizar um lugar para eu me sentar.
"Claro", um guarda disse, puxando uma cadeira para eu me sentar. Então, eles simplesmente se sentaram, como crianças disciplinadas aguardando sua professora lhes dar uma palestra. Eu podia ver que estava tornando-os desconfortáveis, mas precisava de algumas informações que só eles poderiam dar. Decidi pegar leve com eles primeiro.
"Por que vocês não me dizem seus nomes?", sugeriu. Eu só reconheci Oliver e Ky como o que me imitou esbofeteando Lucian.
Eles se entreolharam, trocando olhares surpresos antes de se apresentarem. O soldado à minha esquerda se levantou e se apresentou primeiro.
"Meu nome é Callum Atkinson, minha senhora". Ele se curvou antes de se sentar novamente e os outros começaram a se apresentar: Chad, Declan, Anum, Claus, Danilo e esqueci o restante porque eram muitos. Não importava, porque eu não estava aqui para saber seus nomes, mas para saber mais sobre Lucian, para conhecer a verdade.
"Minha senhora, por que a senhora gostaria de saber nossos nomes? Somos apenas seus servos", perguntou um deles. Acho que foi Anum. Lydia e Ylva eram minhas serventes também, mas eram as únicas pessoas que realmente se importavam comigo e eu com elas.
"Vocês são mais do que meros servos. Vocês são seres humanos, filho de alguém, irmão, amigo. Se você é casado, um marido, e se tem filhos, um pai. Parem de dizer que são apenas servos, porque eu sou apenas uma princesa." Uma princesa que foi trancada dentro de sua própria casa por seus próprios pais, que nunca a trataram como sua filha.
Eles nunca brincaram com ela, nunca a abraçaram, nunca perguntaram suas opiniões ou sentimentos. Eles a trataram como uma boneca que sempre tinha que parecer perfeita e agir perfeitamente ou de maneira 'ladylike' até encontrarem alguém para vendê-la. Mas mesmo assim, ela não estava livre. Ela permaneceria a boneca que era, sem sentimentos e sem opiniões. Seu marido faria o que quisesse, e ela não poderia fazer nada a respeito.
Se Lucian decidisse tomar Klara como sua esposa, o que eu faria? O que eu poderia fazer? Os guardas me encararam, confusos com o que eu disse.
"Quero dizer, eu sou uma princesa agora, mas posso não ser nada amanhã", expliquei, mesmo que não fosse isso que eu quis dizer. Ainda assim, era verdade. Uma vez que o pai de Lucian morresse, seríamos mortos ou viveríamos para nos escondermos para sempre, porque a chance de Lucian se tornar o próximo rei é quase impossível. Seus irmãos eram mais poderosos agora porque tinham muitos aliados. O único aliado de Lucian era esse rei sanguinário em quem eu não confiava totalmente. Por que ele lutaria em uma guerra que provavelmente perderia?
Meus pensamentos voltaram ao que Rasmus disse sobre Lucian na noite passada. Eu não queria acreditar nele, mas uma parte de mim estava desconfiada. Foi por isso que eu estava sentada aqui com seus homens. Eu tentei encontrar formas de perguntar sobre Lucian sem parecer suspeita, mas desisti e perguntei-lhes diretamente em vez disso.
"É verdade que Lucian matou centenas de homens sozinho durante uma guerra?"
Todo mundo levantou o olhar do prato e pareceu considerar o que dizer antes de abrir a boca.
"Sim. Minha Senhora. É a guerra. Você mata ou é morto", disse finalmente Callum. Então era verdade? Ele havia participado de muitas guerras, matado muitos por si mesmo, mas não tinha cicatrizes em seu corpo, nem uma pequenina. Algo em Lucian não estava certo, e eu pretendia descobrir o que era.