Eu estava sentada na cama esperando por Lucian voltar depois de jantar sem ele mais uma noite. Tínhamos muitas coisas a conversar, mas não queria brigar com ele novamente.
É assim que você pensa sobre mim. Você acha que sou uma fera que bate e mata pessoas e então acharia que eu também posso queimá-las, certo?
A voz dele ecoou em minha cabeça. Eu nunca pensei nele como uma fera, só achei que ele era diferente. Ele parecia machucado antes de sair da sala de jantar, como se não quisesse me ver novamente e eu me perguntava se ele realmente não voltaria. Eu teria que dormir sozinha de novo? Eu nem tive a chance de agradecê-lo por trazer Lydia e Ylva.
Decidi não dormir sozinha e fui procurá-lo. Procurei em todo lugar, mas não o encontrei. Onde ele poderia estar?
"Você sabe onde posso encontrar Sua Alteza?" Perguntei a um guarda.
"Ele está no celeiro, Vossa Alteza."
Segui até o celeiro, onde encontrei Lucian alimentando seu cavalo. Estava escuro lá dentro e a única luz vinha da lua cheia. Como se pressentindo minha presença, ele olhou ao redor até que seus olhos pousaram em mim.
"Eu estava procurando você", eu disse, me aproximando dele.
"Por quê?" ele perguntou, acariciando seu cavalo.
"É só que nós temos brigado bastante ultimamente e nunca passamos tempo juntos... Eu nunca te vejo nos dias de hoje e eu só... eu só..."
"Só o quê?" ele disse, dando um passo mais perto.
"Só quero passar um tempo com você"
"Por quê?"
"O que você quer dizer com 'por quê'?" Eu disse frustrada com suas perguntas.
Agarrando meu braço, ele me puxou para mais perto. "Por quê significa por quê? Por que quer passar tempo comigo? Você gosta de mim? Sente minha falta? Me deseja? Você não tem mais medo? Que eu possa te matar, te bater ou te queimar?" Eu pude ouvir o sofrimento em sua voz.
"Sim, você me assusta às vezes, mas também me trata bem."
Ele não pareceu satisfeito com minha resposta, mas seus olhos suavizaram e ele soltou meu braço. "Está tarde, você deve ir dormir, vou ficar aqui mais um tempo," ele finalmente disse.
"Vou ficar com você", insisti.
Ele abriu a boca para protestar, mas não disse nada, voltando sua atenção para o cavalo. Sentei-me num monte de feno ali perto, onde ainda podia vê-lo e conversar com ele.
"Obrigada por trazer minhas empregadas", eu disse, mas não obtive resposta. Tentei pensar em algo para conversar enquanto meus olhos observavam na escuridão. Ele parecia diferente, como se pertencesse à escuridão ou fizesse parte dela.
"Você quer dar uma volta?" ele perguntou de repente.
"Sim," eu disse animada, mas estávamos vestindo nossas roupas reais. Como se lendo meus pensamentos, "tem malhas ali", ele apontou para o canto do celeiro. Eu não vi nada porque estava muito escuro, mas me aproximando encontrei-os. Como ele conseguia vê-los de longe? Ou talvez ele já soubesse que estavam ali.
Eu me virei para perguntar onde eu deveria me trocar, mas dei de cara com seu peito quase batendo em mim.
"Você me assustou."
"Desculpe. Eu só pensei que você precisaria de ajuda para tirar seu vestido", ele explicou.
"Você não espera que eu me troque aqui?"
"Por que não? Ninguém está aqui e está escuro", ele sorriu malicioso. Era verdade. Eu não podia vê-lo claramente.
"Eu consigo me virar sozinha"
"Tudo bem, só me chame se precisar de ajuda", ele disse e partiu.
Olhei em volta para ter certeza de que ele não estava por perto e comecei a me despir, mas sim, era realmente difícil desembaraçar as cordas nas costas do meu vestido e meus braços começaram a doer.
"Tem certeza de que não precisa de ajuda?" A voz de Lucian veio de trás enquanto se aproximava. "Deixe-me ajudá-la" ele disse e começou a desamarrar as costas do meu vestido sem esperar uma resposta. De vez em quando sua mão tocava minha pele nua enquanto desamarrava "Vou esperar lá fora" ele disse quando terminou.
As roupas eram um pouco grandes demais para mim, mas isso não me incomodava. Lucian estava esperando do lado de fora com seu cavalo quando saí do celeiro.
"Há algum lugar em especial que você queira ir?" ele perguntou.
"Qualquer lugar está bom", eu disse.
Ele me ajudou a subir no cavalo e seguimos cavalgando pela noite. Nunca me senti tão livre antes. Fomos ao mercado e caminhamos entre as pessoas comuns e eu estava tão fascinada por isso, porque nunca havia estado em um mercado antes e nunca caminhei entre o povo comum. Então fomos para a floresta.
"O que estamos fazendo aqui?" Eu perguntei.
"Quero te mostrar uma coisa", ele disse e depois de um tempo chegamos a um lugar na floresta onde muitas pequenas luzes amarelas voavam sobre todo o lugar.
"O que é isso?" perguntei enquanto Lucian me ajudava a descer.
"São vagalumes. Você sabe por que eles brilham?"
"Não"
"É para atrair companheiros ou presas", ele explicou.
Olhei para eles fascinada. Eu nunca soube que essas coisas existiam.
"Eles são lindos", eu disse.
"Não tanto quanto você", ele disse, andando logo atrás de mim.
Parei e me virei. Nossos olhos se encontraram e, como em todas as vezes que olho nos olhos dele, sinto uma força me puxando em sua direção, me fazendo esquecer tudo o mais. Eu me perguntava se ele sabia que efeito seus olhos tinham sobre mim.
"Seus olhos estão ardendo", eu sussurrei quando consegui falar.
Ele agarrou a parte de trás da minha cabeça, puxando meu rosto para perto do dele. Eu podia sentir sua respiração quente no meu rosto e borboletas no meu estômago.
"Não só meus olhos estão ardendo, todo o meu corpo está ardendo de desejo, Hazel", ele diz enquanto seu olhar desce para os meus lábios.
Abro minha boca para encher meus pulmões de ar e meus ouvidos são inundados pelo som do meu coração batendo forte. Ele se inclina lentamente e pressiona seus lábios nos meus. O toque é suave e delicado, mas assim que nossos lábios se tocam, ele me empurra para longe e dá dois passos longos para trás.