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Chapter 9 - Princípios Básicos da Energia Espiritual

Abro os olhos lentamente ao sentir alguns raios de sol tocarem meu rosto.

Ainda com a visão meio embaçada, me espreguiço preguiçosamente e observo meus arredores.

Durante minha sonolência sinto um arrepio percorrer meu corpo pela falta de cobertas e percebo estar no centro da cama.

Não identificando meus arredores, tento me lembrar dos eventos da noite passada.

Conseguindo me lembrar apenas vagamente de alguns eventos, como ter sido vendida para uma garota que aparentava ter a minha idade, a visão horripilante do corpo de ontem ao lado da cama e os gritos baixos pela casa.

Imagino ter adormecido em meio aos gritos devido a exaustão extrema de ter os nervos a flor da pele pelo medo.

Tento averiguar meus arredores outra vez após minha visão se recuperar por completo, mas me assusto com uma voz repentina vinda do meu lado.

— Dormiu bem?

A voz afeminada parecia um pouco desumana pela falta de emoções contidas nela, mas ainda sim vinha de uma garota ruiva sentada em uma cadeira ao meu lado.

A garota parecia concentrada em ler o livro em suas mãos e não desviou seu olhar das páginas para mim.

Rapidamente a reconheci e a cumprimentei com uma falsa alegria em meu tom:

— Sim, tudo graças aos seus cuidados, Lady Mary!

Mary ainda sim não desviou sua atenção do livro, resultando em um momento de silêncio constrangedor para mim.

Tento fingir normalidade enquanto estudo o resto do quarto, porém, mais uma vez me assusto com a fechada rápida do livro.

Mary felizmente não pareceu notar meu estado amedrontado em estar em sua presença.

Ao encarar seus olhos cinzentos, sinto um suor frio escorrer da minha testa ao lembrar dos eventos de ontem a noite e me esforço a esconder com um sorriso dócil.

Mais uma vez sua voz vem sem aviso prévio e aborda um assunto diferente:

— Vejo que agora, ao que parece, seu senso de perigo finalmente retornou.

Ugh, então ela notou...

Mary ignorou minha reação enquanto movia o livro para cima do criado-mudo e com um estralar de dedos provocava uma comoção que me surpreendeu.

A porta se abriu de repente e várias empregadas adentraram o quarto, uma por uma se movendo unidamente.

Duas delas foram abrir as cortinas e algumas outras seguiram até o banheiro, enquanto o restante se manteve em silêncio as costas de Mary.

Mary finalmente se levantou e dando uma última olhada para mim, disse:

— Elas irão auxilia-la durante seu banho, virei buscá-la para o café da manhã em alguns minutos.

Terminado seus assuntos, se virou e saiu do quarto, enquanto as empregadas começaram a me levar até o banheiro.

Devo dizer que elas são bem eficientes, em pouco tempo já estava na banheira, mas optei por me lavar eu mesma, dispensando elas.

A água estava adequadamente quente e durante o banho me veio a mente que Mary parecia diferente de ontem.

Um pouco mais morta, sem esboçar tanta emoção quanto ontem, eu acho.

Não, talvez está seja ela de verdade? Ontem poderia ter sido apenas fingimento ou consideração ou pode ter sido que ela tenha descoberto que eu estava acordada ontem a noite.

Enfim, pensamentos pessimistas como esses não me levaram a lugar algum, então foquei em me banhar.

Em pouco tempo, com o auxílio da empregadas, já estava devidamente vestida, somente a espera de Mary.

Pela textura parecia ser de boa qualidade, uma pena não saber sua cor, se bem que posso apenas perguntar, não?

Durante meus pensamentos Mary finalmente apareceu entre as empregadas e as dispensou após agradecer pelo serviço.

As mesmas humildemente agradeceram e rapidamente se retiraram pelo corredor, enquanto me veio a mente se elas sabiam ou não sobre o ocorrido de ontem, afinal o cadáver não estava mais lá hoje de manhã.

Mary apenas curvou seu braço direito para mim, ao qual me apoie indiscretamente, porém, hesitante.

Caminhei ao seu lado pelo corredor silencioso, não poderia dizer com que expressão Mary se apresentava pois sou cega afinal.

Resolvi quebrar o silêncio após um momento de deliberação cuidadosa:

— Então Lady Mary... Onde estamos?

Uma pergunta da qual me manteve curiosa, embora um pouco menos do que a identidade exata de Mary.

Diferente do que esperava, Mary não demorou a responder minha pergunta com a mesma voz monótona de ontem.

— Em minha residência na Capital.

Agradeci a Deus, aliviada por Mary parecer um pouco mais emotiva do que antes.

Contudo, se estamos na Capital, Mary deveria ser da nobreza e levando em conta a discussão de ontem com aquele Conde... Ela parece ser do alto escalão.

Haa... Se for assim mesmo, acho melhor esquecer a ideia de fugir temporariamente, afinal, ao que parece Mary também é versada em assassinato e estamos na Capital.

— Lady Mary planeja permanecer aqui por quanto tempo?

Uma pergunta da qual torci para que a resposta fosse positiva, ou seja, que esta não fosse sua moradia fixa.

A sorte também parecia estar do meu lado, já que a resposta que eu desejava logo veio em seguida:

— 1 semana deve ser o bastante para que se recupere.

Ao que parece Mary iria aguardar que meu estado físico e mental se recuperasse 100% antes de iniciarmos a viagem de retorno até sua moradia fixa.

Está seria uma boa oportunidade para fugir, então devo focar em minha própria recuperação até lá.

Durante nossa pequena conversa chegamos em frente a uma grande porta, que logo se abriu com a ajuda de dois servos.

Atrás dela estava uma enorme mesa no centro da sala com múltiplas especiarias sobre ela e o cheiro da comida fresca me dava água na boca.

Mary me ajudou a sentar em uma das cadeiras laterais, enquanto se sentava em umas das pontas.

— Coma! Disse Mary.

Sendo permitida a comer, não fiz muita cerimônia, não comia direito já faz alguns dias.

Devo dizer que a comida era realmente deliciosa, cada especiaria possuía um gosto único que me faria aprecia-la de uma maneira diferente.

Mary também se manteve em silêncio enquanto graciosamente fatiava o bife em seu prato.

Durante minha imersão no sabor da comida, Mary me avisou enquanto levava o pedaço de bife até os lábios.

— Após o café da manhã gostaria de podermos fazer alguns testes sobre suas características inatas.

Paralisei ao ouvir a palavra testes e com um sorriso forçado me virei para Mary perguntando:

— Características inatas?

Não conhecia o significado do termo, mas ao que parece eu poderia ter algumas delas.

Mary não se preocupou em me responder rapidamente enquanto mastigava calmamente o pedaço de carne.

— Hmm... Isso é realmente delicioso!

Mary finalmente voltou-se para mim e apontou o garfo na minha direção.

— Vampiros... Um de seus traços inatos são o desejo por sangue, mas você em específico não parece compartilhar deste desejo!

Seu garfo se moveu para o meu lado e meu olhar a acompanhou.

— Ao seu lado, uma taça com sangue, a qual você negligenciou desde que chegou, me faz imaginar que não possuí este traço.

Ah, então é isto que estava neste copo, seu cheiro me incomodou desde que me sentei.

O que Mary disse equivale com os costumes que meu pai tinha no passado, mas também é verdade que não senti nenhuma atração pelo cheiro, estava mais para aversão.

Em meios ao meus pensamentos Mary finalizou:

— Este é um exemplo, sendo outro o fato de que você não possui as orelhas pontudas dos elfos... Continuaremos depois, agora coma!

Assim como me foi dito, continuei silenciosamente a aproveitar a minha primeira refeição decente em algum tempo enquanto contemplava sobre o que ela disse.

Também é um fato que as orelhas de minha mãe eram bem pontudas, mas ao que parece eu posso infelizmente ou felizmente, não possuir muitos traços inatos por ser uma mestiça.

Esqueça, apenas foque em sua própria recuperação...

***

Alguns tempo depois, no jardim da mansão...

Mary e Agaya estavam sentadas de frente uma para a outra com uma pequena mesa as separando, da qual continha sobre, algumas sobremesas especialmente doces.

Enquanto Agaya experimentava as sobremesas, Mary tomou a iniciativa de perguntar:

— Vejo que de alguma forma consegues enxergar, estou certa?

Agaya pausou sua degustação dos doces e olhou para Mary.

— Sim, mas não a sua maneira!

Agaya não se esforçou em esconder este fato, afinal, uma escrava que pudesse enxergar seria bem mais valorizada do que uma que não pudesse.

— Vejo tudo em preto e branco. Completou Agaya.

Mary levantou a sobrancelha como sinal de curiosidade e após pensar um pouco, perguntou:

— A alguma distinção sobre aquilo que lhe é visível na cor branca para a qual é na cor preta?

— Antes pensava que sim, mas agora tenho minhas dúvidas... Afinal, de todos com quem já me encontrei até hoje, Lady Mary é a primeira que não possui uma silhueta branca.

Agaya respondeu sinceramente sobre suas 'habilidades' visuais e notou que Mary semicerrou os olhos em resposta.

Algo que os outros possuem, mas que eu não... Contemplou Mary a possibilidade de haver algo assim.

Apontando para as comidas e objetos na mesa, perguntou:

— E como essas coisas lhe parecem?

— Preto! Mas algumas comidas possuem alguns traços brancos.

As respostas de Agaya se mantiveram rápidas e Mary desviou o olhar para o gramado no chão enquanto raciocinava.

— Suponho que o que você enxergue seja a energia espiritual em seu estado puro!

Dessa vez foi a vez de Agaya erguer a sobrancelha em dúvida.

— Energia espiritual pura?

Mary torceu o pescoço para o lado, a olhando incrédula.

— Não me diga que também não conhece esse termo? Em que mundo vive?

Agaya segurou a risada ao ver a primeira reação de Mary que realmente se adequava a sua aparência jovem.

Mesmo assim, ela realmente não conhecia esse termo, embora já tenha ouvido de seus pais algumas vezes, mas nada muito específico.

Mary chegou a conclusão que Agaya estava falando a verdade após analisar suas expressões.

— Então deixe-me coloca-la a par do tema!

Mary então iniciou uma breve explicação sobre os princípios básicos da energia espiritual, enquanto Agaya atentamente gravava as informações.

O primeiro e mais importante ponto a se saber sobre a energia espiritual é que ela está presente em todo lugar e em todo mundo.

Como o próprio nome já diz, a energia espiritual pura é a energia espiritual em seus estado mais primitivo, do qual é ramificado em dois grandes ramos.

O primeiro, magicamente nomeado como energia viva e comumente conhecida como energia vital, está abrigada em todos os seres que possuem vida.

Contudo, ai se abriga um erro muito cometido pelas pessoas com um conhecimento escasso sobre o tema.

Não é o indivíduo que abriga a energia vital, é a energia vital que se abriga no indivíduo.

De uma maneira mais simples, como já se pode compreender pelo nome, a energia vital é aquilo que possibilita a vida de um ser.

Em outras palavras, um ser que não contêm energia vital, não possui forças ou meios de atrair a energia vital para si, sendo a própria energia vital a escolher seu hospedeiro e garanti-lo a possibilidade de viver.

O que na verdade as pessoas imaginam serem o oposto, então lembre-se que na verdade somos apenas o hospedeiro e não ao contrário.

Já a segunda energia é magicamente nomeada como energia da morte e comumente conhecida pela sociedade como energia morta, embora na verdade poucos se lembrem de sua existência.

Mas ao contrário de sua baixa notoriedade, sua importância é demasiada...

Da mesma forma que a energia vital, está possui um nome bem explicativo, mas tendo um significado diferente.

Desta vez aquele mesmo mal entendido comum da energia vital faria sentido na energia morta, já que é o hospedeiro que atrai a energia morta para si e a abriga em seu corpo.

Ou seja, não somos apenas o hospedeiro neste caso e sim o bem feitor.

Lembrando que a energia espiritual também está presente em seres não vivos, como no caso da energia morta encontrada em tudo que não é abrigado pela energia vital.

Essas informações simples e comumente conhecidas pela sociedade mágica dão origem a uma das maiores questões sem resposta do mundo mágico.

Se considerarmos então um indivíduo do qual deixou de ser um hospedeiro para a energia vital, mas que em contrapartida ainda não chegou a atrair a energia morta para si, existirá então, em teoria, um fino limiar na existência temporal onde não se abriga nenhuma energia espiritual?

Uma pergunta sem resposta já há muitos séculos desde seu surgimento devido a incapacidade não só humana, como de qualquer outra raça, ou ser inteligente, de conseguir atingir este limiar, nem que seja por um milésimo sequer.

Enfim, uma curiosidade está é que tanto a energia vital, como a energia morta, possuem uma propriedade única em sua origem, chamadas de Yang e Yin.

A propriedade Yang existente na energia vital é puramente quente e aconchegante, o posto da propriedade Yin na energia morta, que é gélida e congelante.

Que a propósito, este é o meio utilizado pelas pessoas comuns em identificar e distinguir uma energia da outra.

E por fim, para finalizar este conhecimento básico sobre a energia espiritual pura, a energia vital em questão, possui 3 sub-ramos atualmente conhecidos.

A aura utilizada pelos espadachins, a mana utilizada pelos magos e o divino, também conhecido como essência sagrada, utilizado pela Igreja.

Atualmente também se é conhecido alguns possíveis sub-ramos da energia morta, mas isto já não faz parte do conhecimento básico sobre a energia espiritual pura.

Mary finalizou fazendo um sinal de x com os dedos sobre a boca, trazendo Agaya de volta da imersão de informações.

— Então o que enxergo como branco seria a energia vital e o que enxergo como preto a energia morta?

— Sim, já na questão dos alimentos... Eles possuem traços de energia vital devido a sua recém criação através de mercadorias que possuíam vida, tipo o leite que provém da vaca, um ser com energia vital... Semelhante ao sangue fresco que jazia naquela taça mais cedo, possuindo traços de energia vital por ter sido recém tirado de um humano.

Mary apenas complementou o entendimento de Agaya.

— Mas se pensarmos assim, os objetos de madeira, por exemplo, que provém das árvores, também possuiriam traços de energia vital, não?

Mary sorriu levemente com a perspicácia da garota, não era todo dia que se encontrava uma jovem tão inteligente sendo vendida como escrava.

— Não, porque, como eu disse, estás comidas foram recém feitas através de mercadorias que provém de um ser vivo, já os objetos já foram produzidos a algum tempo... Naturalmente a energia vital os deixariam com o tempo.

— Oh, posso deduzir então que quando as comidas perdem toda sua energia vital, elas apodrecem ou estragam?

Mary suspirou ao pensar, essa garota é um gênio da teoria, é?

— Correto, mas antes que me pergunte, este processo não ocorre da mesma maneira em objetos e seria necessário um conhecimento maior sobre o tema para que pudesse compreender.

Os olhos de Agaya pareciam estar brilhando de alegria com os recém adquiridos conhecimentos 'básicos'.

Mary percebendo sua falta de atenção, chocou suas palmas uma na outra fortemente para chamar a sua atenção.

— Como me vê agora?

Agaya olhou curiosamente para Mary ao perguntar:

— Hã? Porque agora a Lady Mary tem um fino vel branco ao seu arredor agora?

Mary apenas sorriu em resposta e acenou com sua mão direita.

— E minha mão? Como lhe parece?

— Possuindo dois vels brancos finos ao redor!

Mary voltou ao normal na visão de Agaya enquanto explicava:

— Agora o vel que viu cobrindo meu corpo era um aplicação de minha aura e o segundo vel em minha mão se sobrepondo a aura, era a mana, dois sub-ramos da energia vital pura.

Agaya então perguntou em seguida:

— Então o vel preto em sua outra mão é uma aplicação da energia morta pura?

—;Correto, lembre-se de nunca rebaixar nenhuma das duas, elas então em pés de igualdade.

Agaya parecia em êxtase com o novo conhecimento e Mary se levantada com o seguinte pensamento:

Então ela realmente possuí uma habilidade visual de enxergar diretamente a energia espiritual pura. Mas ela conseguiria ir além disso?

— Esqueça isso por enquanto e levante-se!

Agaya obedeceu e se moveu a frente de Mary como um robô.

Levantando dois dedos e após um momento um terceiro, disse simultaneamente a suas ações:

— Cada raça possui de 2 á 3 características/traços inatos, sendo os vampiros e elfos duas raras raças que possuem 3 cada e se me recordo corretamente, já testamos uma de cada mais cedo durante o café da manhã.

Agaya continuo em silêncio apenas absorvendo cada vez mais o conteúdo que lhe chamou atenção.

— Sua beleza também é excepcional, diria que mesmo dentre a grande vastidão deste mundo, você poderia ser considerado uma beldade única... Também um dos traços dos elfos, sua aparência bem refinada.

Agaya corou levemente com o elogio repentino e agradeceu:

— O-obrigado!

Mary apenas ignorou e deu continuidade, levantando uma de suas mãos.

—;Próxima etapa, me golpeei o mais forte que puder... Os vampiros também são conhecidos por seu físico fenomenal.

— T-tem certeza?

— Sim!

Agaya embora hesitante, não demorou a agir, juntando toda sua força em seu punho e o descarregando na palma de Mary.

A hesitação de Agaya se deve a sua própria compreensão sobre sua força física e também a falta de conhecimento sobre a raça de Mary e sua aparente fisionomia frágil.

Seu punho atingiu em cheio a palma de Mary, mas ao contrário de suas expectativas, foi o seu punho que ficou dolorido ao falhar em sequer mover a palma dela.

— Ai!

Resmungou Agaya massageando o punho dolorido.

— Oh, sua força é bem maior do que uma garota da sua idade deveria ter!

Agaya dessa vez não se impressionou com o fato de possuir este traço inato do vampiros, já que desde pequena demonstrou uma força anormal.

Mas ficou impressionada com o fato de não ter conseguido se quer mover a palma de Mary.

"Ela é um monstro ou algo do tipo é?"

— Pois bem, alguns vampiros também possuem asas, mas na sua idade elas ainda deveriam estar crescendo... Nesse caso, terei que ver sua costas, posso?

Agaya semicerrou o olhos e Mary adivinhando seus pensamentos, acrescentou:

— Não se preocupe, não há mais ninguém aqui!

Concentindo, Agaya se virou de costas e baixou o vestido, segurando-o pela parte da frente.

Mary examinou cuidadosamente suas costas e a tocou brevemente, causando alguns arrepios em Agaya devido a baixa temperatura de seu corpo.

Após finalizar a observação, se afastou e permitiu que Agaya se vestisse novamente.

— Deus Parabéns, em um futuro próximo você também terá asas.

Essa sim foi uma grande surpresa para Agaya que embora já tivesse ouvido sobre isto, nunca tenha chegado a realmente vê-las devido seu próprio pai não as tê-las.

— Futuro próximo? Quão próximo?

A curiosidade de Agaya retornou ao pico em instantes, afinal, sempre desejou poder voar livremente pelos céus igual as aves das quais invejava durante sua infância.

— Não posso dizer ao certo, mas provavelmente quando amadurecer aos 18 anos.

— Oh, mais 3 anos então!

Agaya atualmente estava na facha do 15 anos, ainda considerada de menor em qualquer região do continente.

— Para finalizarmos, o último traço inato dos elfos e também o mais importante, com toda certeza é o talento na magia.

O anel com uma rubi encrustada nele no dedo de Mary brilhou levemente e em seguida uma bola de cristal transparente surgiu sobre a mesa.

— Este é um artefato mágico utilizado para medir aproximadamente o talento de alguém no ramo da magia.

Agaya o observou atentamente, mas não notou nada de impressionante no artefato, então decidiu questionar Mary:

— Como funciona?

— Bem simples... Uma luz branca irá surgir, provando se você tem ou não talento pra magia e o seu nível de talento corresponde a intensidade do brilho, se não brilhar... Bem, você já deve saber, certo?

Mary sinalizou para que o tocasse e assim foi feito por Agaya.

Sua mão pousou na superfície da bola de cristal e a mesma se iluminou rapidamente.

A luz se intensificou a uma velocidade impressionante, em poucos segundos já era tão intensa que uma pessoa normal não poderia mais enxergar.

Alguns rachados também começaram a surgir na bola de cristal que em pouco tempo se trincou mais ainda e finalmente se despedaçou por completo.

Mary observou com interesse, a primeira e única vez que presenciou uma reação tão intensa e explosiva de um artefato de medição foi quando ela mesmo testou sua afinidade com a aura.

Agaya por outro lado, não sabendo o significado deste resultado, se chocou por ter quebrado um artefato do qual nunca poderia pagar.

— Impressionante, seu talento para magia é como dizem... Um emissário dos céus!

Este já foi um apelido que Mary exerceu a muitos séculos no passado, durante sua infância, antes de ser acusada como emissário do diabo ao presenciar a terrível morte de sua mãe por um doença desconhecida que foi considerada uma maldição pelos anciões do clã que julgaram Mary, uma criança, a culpada.

O termo emissário se remete a compreensão de um enviado dos céus, do qual necessariamente seria abençoado por Deus com um talento chocante para o caminho do qual escolhesse seguir no plano mortal.

Agaya se animou um pouco ao saber que possuía um talento tão exorbitante para a magia, mas ainda assim ficou apreensiva em reagir grandemente por ter quebrado o artefato.

Mary por outro lado apenas solicitou que os servos da residência limpassem os restos do artefato.

— Pois bem, pelo que vejo você possuí uma linhagem híbrida bem equilibrada!

Agaya também ficou impressionada pela revelação de ter 4 dos 6 traços inatos que se poderia ter com sua linhagem híbrida, ignorando especificamente as 2 características inatas ruins.

Mary se levantou e arcou o braço:

— Venha, vamos caminhar e dessa maneira eu sano suas principais dúvidas!

Agaya aceitou de bom grado, envolvendo-se no braço se Mary.

As duas exploraram calmamente o jardim durante aquela manhã ensolarada enquanto Mary se divertia com a perspicácia extrema de Agaya.