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Chapter 4 - Ponto de vista da Freya

Na frente da mansão, um grupo de soldados, todos armados com lanças e espadas, totalizava uma força de mais de 300 guerreiros. Só de olhar para eles, era possível sentir a pressão que emanavam. Mais ao lado, havia um grupo de 10 pessoas, mas, ao invés de armaduras pesadas, espadas ou lanças, estavam todos vestidos com ternos longos. Eram magos estudiosos que dedicaram suas vidas ao estudo. Poderiam até ser confundidos com nobres de algum reino. Muitas pessoas estavam ao redor da mansão, entusiasmadas e alegres ao ver todas essas figuras extremamente fortes. Mas, quando uma mulher saiu pela porta da mansão, uma aura ainda mais intimidadora que a do grupo de soldados presentes tomou conta do lugar. Essa mulher era Freya Black.

— Estão todos prontos? — perguntei, olhando para todos os guerreiros ali presentes.

— SIM!! — todos gritaram em resposta.

O clima de alegria ao redor da mansão agora se transformava em tensão. Todos sabiam que esse grupo seria responsável por enfrentar as bestas que se aproximavam do reino. Havia uma alegria em saber que eles estavam ali para protegê-los, mas também era certo que nem todos voltariam com vida ou inteiros.

Pensamentos de Freya

"Que sensação é essa que estou sentindo? Será que é um presságio? Queria falar com Azriel antes de partir, mas infelizmente ele não está aqui. Mas essa sensação... Alguma coisa me diz que..."

Lembrei-me de Azriel. Minha mente voltou para os dias em que comecei a treinar meu filho. O incidente com o professor Riealdli ainda estava fresco na minha memória.

Ele tinha sido um rato da religião Celesti, tentando manipular Azriel com promessas vazias e mentiras sobre um mundo perdido. A raiva que senti naquele momento foi avassaladora. Eu sabia que não poderia permitir que essa praga se infiltrasse em nossas vidas novamente.

Só de lembrar que o soldado de maior confiança do Draven era um rato de Celesti e foi ele quem nos traiu, meus olhos se encheram de ódio. Nunca que aqueles lacaios inúteis dos Inaylo teriam força suficiente para enfrentar o Draven se não fosse aquele ataque surpresa daquele rato desgraçado. Nada disso teria acontecido. Depois de mais de 900 anos, baixamos a guarda e relaxamos. Deixamos um deles se infiltrar na nossa casa e agora que estou só eu, eles estão nos cercando. Não sei se Draven está morto ou não. Fui fraca e o abandonei naquele dia.

"Draven, eu sozinha não tenho força para proteger nosso filho. Eu o fiz sofrer…" Em meus pensamentos, só havia solidão e tristeza por fazer meu filho passar por todo esse sofrimento e pressão, só porque eu sou fraca para protegê-lo.

A tensão no rosto de Azriel quando o encontrei após aquele encontro perturbador com o professor ainda estava gravada em minha mente. Ele era apenas uma criança, mas o mundo cruel em que vivíamos exigia que ele crescesse rápido, que aprendesse a se defender e a lutar contra aqueles que ameaçavam nossa família.

Naquela noite, depois de lidar com o corpo do professor, sentei-me com Azriel e contei-lhe sobre nossa verdadeira origem, sobre o continente distante de onde viemos e os perigos que enfrentamos para chegar aqui. Contei-lhe sobre a nobre casa do clã Inaylo, o clã demoníaco de onde seu pai veio, e sobre a fúria que nos perseguiu até este continente.

Ele ouviu atentamente, seus olhos arregalados de curiosidade e medo. Eu sabia que estava jogando uma carga enorme sobre seus ombros jovens, mas não havia escolha. Precisávamos estar preparados para o que estava por vir.

Draven sempre disse que os demônios raciocinam desde jovens. Confiei nisso para tentar explicar tudo a ele e, por incrível que pareça, era verdade. Azriel entendeu tudo e sempre deu seu máximo nos treinamentos.

Achei que seria diferente porque ele só é meio demônio, então não iria entender nada, até porque ele era uma criança e crianças humanas não têm lógica nas suas vidas aos quatro anos de idade, mas o sangue do seu pai proporcionou isso a ele.

Voltando ao presente, observei os guerreiros e magos à minha frente. Eles confiavam em mim para liderá-los, para protegê-los contra a ameaça que se aproximava. E eu confiava em Azriel, que estava crescendo mais forte a cada dia, pronto para enfrentar o que viesse.

Flashback: Treinamento de Azriel

Nos dias que se seguiram, Azriel e eu passamos horas intermináveis treinando. Ensinei-lhe técnicas de combate, falamos sobre as várias armadilhas que os seguidores de Celesti e os soldados do clã Inaylo usavam. Cada sessão de treinamento o deixava exausto, mas também mais forte e consciente dos perigos que nos cercavam.

As semanas se transformaram em meses, e os meses em anos. Logo, doze anos se passaram e Azriel já tinha 15 anos. Faltavam poucos meses para ele fazer 16 e ficar de maior. Sua habilidade e confiança cresceram imensamente. Formamos uma equipe formidável, mas eu sempre lhe dizia que ele não estava pronto, insistindo que o mundo era cruel e que ele precisava ser igualmente implacável.

Até que um dia, cheguei ao campo de treinamento com mais de 50 homens presos, homens que haviam cometido crimes e estavam sentindo a morte se aproximar. O choque nos olhos de Azriel foi evidente.

— Mãe, o que é isso? Para que você trouxe esses homens aqui? — ele perguntou, a voz trêmula de surpresa e confusão.

Era de doer o coração forçar meu filho a fazer isso, mas por mais que ele fosse forte, o maior desafio do ser humano é tirar a vida de outra pessoa. Essa simples hesitação em uma luta até a morte poderia custar sua vida, então eu teria que tirar esse trauma dele agora.

Eu me lembro de quando matei alguém pela primeira vez. Fiquei cinco meses trancada no quarto com medo de sair. Todos passam por esse sentimento.

— Essa é a parte mais importante do seu treinamento, meu filho, — falei com um sorriso de excitação no rosto. — Você já é muito forte e eu não tenho mais nada a lhe ensinar. Meu último treinamento é ensinar você a não ter medo de matar.

Ele ficou paralisado, a compreensão lentamente se instalando em sua mente. Sabia que era uma prova brutal, mas necessária. Precisava preparar Azriel para o pior, para as batalhas que viriam. O mundo lá fora não teria piedade dele, e ele precisava aprender a não ter piedade também.

— Então você será o responsável pela execução dos criminosos hoje, — disse, confirmando suas suspeitas.

Azriel respirou fundo, e eu vi a determinação em seus olhos. Ele estava pronto para dar o próximo passo, por mais sombrio que fosse.

Mas…

Presente

Voltei ao presente, afastando as lembranças. Olhei para o grupo de guerreiros e magos à minha frente. Eles estavam prontos para enfrentar o inimigo, confiando em mim para guiá-los.

— Vamos, temos um reino para proteger, — declarei, minha voz firme e determinada, liderando meus soldados para a batalha.

De repente, um monstro gigantesco pulou no meio dos meus soldados, matando boa parte deles. A outra parte que sobreviveu foi imediatamente consumida por um fogo roxo que o monstro cuspiu por toda parte, queimando-os vivos. Até os mais experientes com magia de fogo não saíram vivos. A cena foi muito rápida e eu não consegui reagir a tempo para salvá-los. Foi um choque imediato, ver todos os soldados que confiaram em mim morrerem bem na minha frente assim, em um piscar de olhos.

"Mas de onde ele veio? Como chegou aqui? Por que é tão rápido?" Enquanto me perguntava isso, as pessoas ao redor da mansão começaram a correr e a gritar em desespero, o que meio que me despertou do choque. Logo pensei em Azriel, mas lembrei que ele não estava aqui. Senti um alívio e parti para cima daquele monstro. Eu não tinha certeza se conseguiria sair viva dessa batalha, só de olhar para aquele monstro dava para ver que ele não era dessa floresta. Alguém o havia trazido ali.