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Chapter 5 - A Proposta

Andrey quase não acreditou quando ela aceitou a proposta. Ele havia achado ela bonita e quis brincar. Jamais passara por sua cabeça que ela realmente era uma prostituta. A roupa dela não era muito convidativa. Parecia um uniforme. Uma camisa laranja com botões e um pequeno slogan de um supermercado qualquer e calça social azul. Ela parecia perdida. O que será que ela queria com cem mil dólares? Não parecia mesmo o tipo de mulher que se vendia. Mas ele já havia se enganado antes com o caráter das pessoas. Mas o que mais o surpreendia era ele ter aceitado pagar. Nunca pagava. Os cabelos dela estava preso em um coque, mas ele podia apostar sua fortuna que eram longos. Seus olhos verdes frios e aflitos. Ele estava perdido também. Não sabia para onde leva-la e quando se deu conta, estava estacionando na garagem de sua mansão. Ele escolhera viver onde passou seus melhores dias na infância. Na casa do juiz, que ficara para ele. Andrey olhou para a jovem. Ela não parecia impressionada e quando ele falou com ela, percebeu que ela nem sabia onde estava.

_ Vamos entrar. – Ele disse fitando aqueles brilhantes olhos verdes aflitos. – Você prefere um motel? Vai ficar mais a vontade...

_ O que? Não! Eu... – Ela disse olhando para frente. – Pode ser até no carro mesmo... Só preciso do dinheiro. Vai mesmo me dar os cem mil?

Andrey riu. Era uma amadora com certeza e não merecia os cem mil, mas ele já havia dado sua palavra.

_ O que pretendo com você, não vai ser bom aqui no carro. – Ele disse debochado e viu o medo no olhar dela. Aquilo o fez se divertir. Será que era o primeiro cliente dela? – E se passar a noite como combinamos, pela manhã terá seu dinheiro.

Emma se lembrou então que não tinha combinado com Adam o horário que ele lhe devolveria o menino. Provavelmente iria até sua casa no dia seguinte. Só esperava que ele não machucasse seu filho e que Caio já estivesse mais calmo e dormindo. Ela se assustou quando a porta do lado dela se abriu. Ela aceitou a mão bem cuidada que lhe era estendida e só então percebeu que o homem era jovem. E muito belo. E muito alto. Tinha o corpo forte e os olhos castanhos esverdeados e os cabelos quase tão negros quanto os dela. Ele lhe sorria, mas ela não conseguia retribuir. Pensou que nunca mais sentiria dor, mas ela era perseguida por esse destino. E foi com esse ar fatídico que ela entrou na majestosa mansão. Mas não estava com espirito de observar a sua volta e perceber o luxo do lugar. Queria que a noite terminasse logo para que ela pudesse reaver seu pequeno Caio.

Emma percebeu que já estavam em um quarto quando ele a fechou com estrondo. Ela tirou sua roupa e fechando os olhos ficou à espera dos ataques e das mãos asquerosas a tocando. Mas abriu os olhos quando só ouviu silencio. O homem estava a olhando com olhar divertido e tinha também um sorriso debochado no rosto. Ele encostou-se na porta e colocou as mãos nos bolsos da calça esportiva e estava a observando sem pudor.

_ O que está fazendo? – Ele perguntou achando tanta graça que Emma começou a ficar irritada. – É assim que você trabalha? Tira a roupa e se exibe como uma melancia e o cliente que faça o resto?

Ela o fitou irada. Ele estava se divertindo as custas dela e nem disfarçava.

_ O que quer? – Ela perguntou enfim. Será que ele queria que ela lhe adivinhasse as vontades?

_ Primeiro quero que se vista novamente. – Ele disse e saiu do quarto.

Emma ficou sem entender. Qual seria a tara daquele homem? Sabia que devia ser muito rico, para pagar cem mil dólares para passar apenas uma noite com uma moça que ele supunha ser uma prostituta. Ela precisava que ele pensasse assim, para não ser mais um perseguidor em sua vida. Se vestiu novamente e quando terminou se sentou na cama macia e começou a roer as unhas, não conseguia deixar de pensar em Caio. Ele voltou com uma garrafa de vinho e duas taças. Aproximou-se dela e estendeu para ela que pegou e ele serviu em seguida e depois serviu a sua própria. Ele colocou a garrafa no chão e a fitou.

_ Porque cem mil dólares? – Ele perguntou como se fosse algo que estivesse o perturbando.

_ Você não tem esse dinheiro, não é? – Emma perguntou o fitando desconfiada.

Ele riu.

_ Esse dinheiro não é nada para mim desde que completei quatorze anos. Meu... Pai, me dava mais que isso como mesada. Só fiquei curioso.

_ Tenho que conversar com você? – Emma perguntou fria. Não importava a vida abastada que aquele almofadinha tinha enquanto ela era estuprada vezes sem fim naquele tempo e agora seu filho estava nas mãos de psicopata. Um monstro.

Andrey a fitou surpreso. Havia um mistério nela que sabia iria assombrar seus dias e precisava desvenda-lo, para que não ficasse obcecado com aquilo. Mas não havia uma maneira de descobrir isso enquanto ela estivesse tão tensa e só via uma forma de ter mais tempo com ela. Era loucura. Sabia disso. Mas era divertido também. E falaria com ela, assim que o dia amanhecesse.

_ Não precisa... Não combinamos regras. Posso saber seu nome?

_ Não. – Ela disse imediatamente, com a voz cortante.

Ele a encarou e se levantou ficando de pé diante dela.

_ Tome todo o vinho e depois se levante.

Emma achou que o espaço para se levantar era pequeno demais, mas fez o que ele mandou. Ele tomou a taça vazia de sua mão quando ela ficou a centímetros dele e sentia seu perfume agradável e ele jogava a taça na parede sem para de fita-la. Ela tinha que ficar com a cabeça erguida. Ele era bem mais alto que ela. Ela não se importou em ouvir a taça se estilhaçando na parede. Estava ocupada com a visão dos lábios dele. Pela primeira vez teve vontade de ser beijada. Mas tinha que colocar em sua mente que ele não era um namorado. Era um "cliente". Parece que ele não se lembrou disso, pois abaixou a cabeça e a beijou. Era um beijo com sabor de uva e ela apreciou mais do que devia. Ele a enlaçou pela cintura e Emma teve vontade de passar os braços pelo pescoço dele e curtir mais aquele beijo, mas não ousou. Ainda a beijando, começou a despir lentamente, sem pressa. Ela estranhou aquela atitude. Não era assim que era acostumada a ser usada. Mas deixou que ele fizesse do jeito dele. Contudo, em cada toque da mão dele enquanto a despia, lhe trazia sensações desconhecidas. Ele sentiu que ela tremia no princípio, mas que foi relaxando aos poucos. Seus gemidos o incentivavam a aprofundar suas caricias. Ela gostava delas. Não conseguia mais se concentrar em seu filho e em seus problemas. Só queria mais daquilo que estava recebendo pela primeira vez. Quando se deitaram, ela já estava aflita para ser possuída por ele. Ele se despiu rapidamente e o medo voltou ao olhar dela quando viu o membro dele. Era ainda maior do que os que haviam a machucado. Ela fechou os olhos. Ele a beijou por todo o corpo de uma forma tão boa que dessa vez seus gemidos não eram de dor. Era de prazer. E isso era desconhecido para ela. E ela retribuiu porque queria, não porque ele exigiu. Mas porque ela quis e desejava. E ela sentia prazer nas caricias que dava e recebia. Ela teve seu primeiro orgasmo aquela noite. Mas depois do primeiro, teve outros e ela já não queria mais que a noite acabasse, quando ambos caíram nos braços um do outro, totalmente exaustos, ela viu as marcas de suas unhas no corpo dele, nos braços musculosos e adormeceram. Sem dor pela primeira vez.

Emma acordou sentindo a luz do sol em seu rosto. Lembrou-se onde estava e ficou vermelha. Olhou para o lado e o homem estava deitado, apoiando a cabeça com a mão, enquanto seu cotovelo afundava na cama macia. Ele estava de banho tomado e vestido. Ela voltou ao seu olhar frio e indiferente. Não sabia o que fazer agora. Se ele iria querer... Mais, antes de a pagar, ou mesmo se a pagaria. Foi tão bom que ela sentia que ela que devia o pagar. Esse pensamento quase a fez rir.

_ Então senhorita rosada... Quero lhe fazer uma proposta.

Emma sentou-se na cama e logo viu suas roupas na poltrona, bem dobrada. Se levantou e começou a se vestir.

_ Você... Preciso me casar para receber uma herança que me é muito importante... Pensei que você poderia ocupar esse cargo... Mas, teremos que combinar um contrato e não quero que seja bom só para mim. Podemos pensar em algo que você queira muito e negociar em cima disso.

_ Senhorita rosada? – Ela perguntou franzindo a testa e ignorando todo o resto enquanto fechava os botões de sua camisa. Já havia sofrido demais para sequer cogitar no que teria que fazer para ser esposa dele.

_ Você tem os seios rosados e também a... – Andrey ficou pensativo no prazer que aquela mulher lhe proporcionou em uma única noite e mais, não parecia já ter sido tocada. Tinha tudo no lugar e seu sexo apertadinho e rosa... Se rela tivesse sangrado, acreditaria que estava lidando com uma virgem.

Emma o fitou com sua frieza e indiferença depois que terminou de se vestir e calçou os sapatos.

_ Dinheiro. – Ela disse já olhando para onde havia deixado sua bolsa e a viu caída na beirada da cama e foi até lá e a pegou.

_ Não quer falar sobre a proposta que lhe fiz? – Andrey perguntou estranhando. Outra teria pulado no colo dele e agradecido.

Ela ia dizer alguma coisa, mas o celular tocou. Ela não reconheceu o numero, mas com o pressentimento ruim, o atendeu.

_ Então, minha doce esposa de mentirinha, já tem o dinheiro? Porque já tenho compradores para o menino.

_ Na minha casa. – Ela disse e desligou o celular. Adam sabia que ela era de poucas palavras e entenderia que era para levar seu menino. Se sentiu culpada por ter esquecido de seu filho durante... A noite. Voltou-se para o homem. Viu a chave do carro dele em cima da cômoda. Se ele dissesse que não a pagaria, teria que roubar o carro dele. – O dinheiro. – Ela repetiu.

Andrey percebeu que o dinheiro era para alguma chantagem, pois ela voltou a ficar com temor nos olhos.

_ Não quer me contar o que está acontecendo? – Ele perguntou ainda na mesma posição em que ela o pegara quando acordou.

Emma olhou para a chave do carro. Sabia que valia muito mais que cem mil dólares, mas ele não estava lhe dando escolhas. Ela resolveu tentar mais uma vez.

_ Dinheiro?

_ Você parece ter preguiça de formar uma frase. Acaso é uma imigrante ilegal? – Ele disse sorrindo divertido.

Emma o fitou irada e pegou a chave do carro com ele olhando e saiu em disparada. Não havia percebido que subira escadas na noite anterior e nem sabia explicar como sabia exatamente o caminho para a garagem. Ela corria, com medo que ele a impedisse, mas ninguém a parou e ela conseguiu sair da mansão sem mais problemas e ligou o GPS. Não fazia ideia de onde estava.

Andrey sentou-se na cama entre divertido e vitorioso. Como podia ser tão inocente? Um carro como o dele havia rastreador até nas rodas. E ela fez exatamente o que ele queria para saber o motivo de ela pedir cem mil dólares. Sabia agora que estava sofrendo chantagem. E de forma alguma era uma prostituta. Ele pegou seu celular e pediu que seus amigos, que trabalhavam com ele desde que seu pai adotivo resolveu que precisava de segurança, e preparando mais alguns homens e carros, saíram em caravana pelas ruas de Chicago, atrás do carro onde Andrey estava, com óculos escuros, seguindo o rastreador do carro que a moça "pegou emprestado". Olhou para o lado e viu que o dinheiro dela havia sido colocada em uma maleta prata, como ele havia pedido. Sorria ao imaginar a cara surpresa que ela faria quando ele chegasse bem atrás dela.

Emma dirigia apressada. Estacionou o carro em frente a casa assim que viu o carro de Adam estacionado e entrou correndo. Só conseguia pensar em seu filho. Ela entrou em casa, que estava com a porta aberta e Caio correu para seus braços e ela sentiu o alivio tomar conta de todo seu corpo. Só depois foi olhar para Adam. Ele não estava sozinho. Haviam dois homens com ele. Um apontava a arma para a cabeça de Adam e o outro se que aproximava dela com olhar cobiçoso.

_ Não tinha me falado que ela era tão bonita Adam... Uma mulher assim, não importa ser fria na cama. Não importa ser drogada para abrir as pernas. Uma mulher assim vale os setenta mil dólares que me deve. – O homem disse e se voltou para Adam que fitava Emma aborrecido.

Emma encarou Adam com ódio. Cometeu um crime e ainda se gabou por isso. Torcia para que o homem disparasse a arma e ela nunca mais tivesse que lidar com ele. Mas não queria que fosse feito diante de caio. Isso podia traumatizar seu pequeno.

O homem se voltou para ela, alheio aos seus pensamentos.

_ Então doçura, você passa a trabalhar para mim, para saudar a divida do seu marido, ou eu devo mata-lo?

_ Ele não é nada meu. – Emma disse na esperança que ele fizesse a segunda opção.

O homem olhou para Caio agarrado em seus braços.

_ O menino se parece muito com ele... Mas sou um homem justo. Te darei duas opções. Ou você vem trabalhar para mim para saudar a dívida, ou me paga os setenta mil dólares.

_ Não tenho nada a ver com a divida dele com você. Não é justo que me cobre por algo que foi ele que usou.

_ Realmente não é justo... Mas você já se deu uma boa olhada no espelho? Você é gostosa. Tem atributos que não é fácil encontrar nas mulheres de sua classe social, pois as de classe superior dariam um braço para ter seu rosto e seu corpo. Isso também não é justo. Você me fez deseja-la e agora não consigo pensar em nada mais. Então você vai entrar quietinha no carro de Adam, com a criança, e eu vou cuidar dos dois, ou vai me pagar setenta mil dólares. Adam... Eu o deixarei vivo para ter o prazer de vê-lo na miséria. Mas não antes de dar uma boa surra nele. A proposta dele de me vender essa criança, é muito boa. Então pense com cuidado. – O homem disse e cruzou os braços a espera da resposta de Emma.

Emma pensou em uma terceira hipótese. Poderia pegar o carro do homem com quem passara a noite e fugir com Caio. Ela se virou para a porta e lívida viu o homem de olhos castanhos esverdeados com as mãos nos bolsos da calça com óculos escuros e um sorriso desdenhoso nos lábios.

_ Acho que você esqueceu algo essa manhã. – Assim que ele disse isso, homens armados invadiram a casa e uma maleta prata foi colocada aos seus pés.

Ela ficou observando os homens renderem facilmente o homem que apontava a arma para Adam e os três serem levados por aqueles homens. Quando ficou só ela, com Caio em seus braços e o homem com o qual ela passara a noite, ela não sabia o que dizer. Ela havia o roubado!

_ Seu dinheiro está ai na maleta. Vou esperar você contar cada nota. – Ele disse sorrindo.

_ Adam?

_ Nunca mais vai importunar você. Nem ele e nem aqueles homens. Meus seguranças... Bem, eles tem experiencia para lidar com esse tipo de gente.

Emma chutou a maleta para perto do homem, sem pensar duas vezes e depois o encarou friamente.

_ Então já pagou sua dívida. Pode sair. – Ela disse e se lembrando, tirou as chaves do bolso, sem incomodar Caio e jogou nas mãos dele, que tirou elas dos bolsos e as segurou a fitando com a cabeça levemente tombada, como se visse um animal inexplicável. – Pode ir. – Emma disse friamente e levou Caio para a parte de cima, onde deu banho nele e verificou se não havia nenhum hematoma.

Mesmo com o homem dizendo que aquelas pessoas não voltariam a procura-la, não podia se arriscar e decidiu deixar tudo e ir para alguma cidade menor, onde estranhos eram vistos de longe. Era assim que iria proteger seu filho e a si mesma.

Assim que terminou de dar banho em Caio, o levou para o quarto e o vestiu. O menino falava sem parar na aventura daquele dia. Na noite passada ele dormira e só acordara hoje e foi levado para a casa.

Emma não sorria. Nem mesmo para seu filho. Beijou-o na face para que soubesse que ela estava contente.

_ Você é um garotinho muito valente! – Ela elogiou e viu que os olhos de Caio estavam fixos na direção da porta e ela olhou para o que tomava sua atenção. O homem.

Emma se levantou e mandou Caio escovar os dentes, na falta de uma desculpa melhor. Assim que o menino saiu e passou pelo homem, ele aproveitou para atrapalhar o cabelo do garoto que riu orgulhoso e seguiu seu caminho para obedecer a mãe.

_ Desculpe pelo carro. – Ela disse abaixando a cabeça.

_ Podia ter me contado. Eu teria ajudado você.

_ Já ajudou.

_ Poderia ter te ajudado sem ser preciso...

Emma ergueu a cabeça e o fitou surpresa.

_ Não está acostumada a receber nada sem ter que pagar, não?

Emma franziu a testa, mas não o respondeu.

_ A proposta que fiz. Sobre o casamento...

_ Não. – Emma disse penas.

_ Porque não?

Ela não respondeu e seus olhos ficaram frios e cortantes.

_ Consigo tudo o que quero Moças. Achou a chantagem do pai de seu filho algo ruim? Posso ser muito pior. Não me faça obriga-la a aceitar um acordo que será bom para nós dois.

_ Porque eu? – Ela perguntou tão cortante que Andrey se surpreendeu.

Ele estava agindo como um criminoso. Não podia ameaçar uma pessoa daquela forma. Devia haver um caminho melhor... Ele não estava pedindo o amor dela, pois já tinha percebido que ela não tinha para dar. Mas... Ele ouviu as falas do bandido e concordou com o que ele disse em relação a ela. Era linda. Tinha algo que atraia os homens. E ele não era imune. E ele podia ter tudo, porque não ela? A fitou com o olhar sombrio.

_ Vai me ver novamente. – Ele disse e saiu.

Emma pensou no quanto ele estava enganado. Não a veria mais, no entanto, se ele tivesse... Se interessado, ela se deitaria com ele de novo. Queria sentir o que sentiu a noite passada novamente.