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Chapter 2 - [Mistérios à tona]

Capítulo 2: Mistérios à tona.

— Aqui nesse grande parágrafo tem o nome de todos os participantes inclusive você e eu, mas isso não é tudo, há também os nossos endereços. — Ela explica.

A Nayomi olha seriamente pra mim desligando o seu celular. Isso só está ficando cada vez mais sem sentido, como diabos essa mensagem tem o endereço e nome completo de tantas pessoas assim?

Pensando bem, até mesmo o meu subconsciente me fez por uma arma dentro da minha mochila apenas por "precaução" na verdade isso é puro medo de algo assim ser verdade.

— Espera, mas esses nomes são muitos não são? Eu lembro de ver alguns vídeos sobre essa mensagem sendo recomendados pra mim na internet, esses nomes são apenas de pessoas desta escola?

Nayomi com uma expressão aborrecida me responde — Eu olhei a lista dos nomes de todos os alunos desta escola e sim. Nessa mensagem todos os alunos estão presentes, mas existe algo interessante nisso tudo, há nomes nela que não são de nenhum aluno desta escola. Com isso acho que você já compreende tudo.

Ela diz isso como se esperasse uma resposta precisa e certeira de mim. Eu apenas permaneço calado enquanto penso mais sobre a situação.

Então os "Jogadores" não se limitam apenas as pessoas desse colégio né? as coisas estão começando a ficar cada vez mais estranhas... o que a escola vai fazer sobre isso?

Acho que devo esperar, só o tempo dirá o que vai acontecer daqui pra frente.

— Ei idiota, não me ignore!

O meu raciocínio é cortado pela voz irritada da garota de cabelo curto ao meu lado.

— Huh? A-ah sim... desculpe, eu só estava pensando melhor sobre a situação.

— Pensando? Eu nunca pensei que diria isso, mas você é interessante Allan. Todos estão com medo e tentando fugir mas você está com essa cara de paisagem "pensando".

— I-isso foi um elogio? — Eu pergunto um pouco animado.

Ela me responde com uma expressão de nojo — Não se empolgue demais, seu esquisito.

Acabei me esquecendo que a Nayomi dificilmente elogia alguém.

— Então o que quer de mim afinal?

A Nayomi respira fundo para me responder como se estivesse desconfortável em conversar comigo.

— Como eu disse, precisamos acabar com isso logo ou o nosso ambiente de aprendizado será prejudicado. Eu andei observando mais o seu comportamento antes do fim das aulas e percebi que você é sempre muito quieto e quase nunca se exalta para nada, mesmo odiando dizer isso você é alguém hábil na hora de pensar, suas notas não são as melhores, mas você sempre se mantém calmo e nunca perde a paciência. O que confirmou essa minha teoria foi quando você ajudou no caso daquele professor que guardava pornografia das alunas.

Ela realmente não gosta de elogiar os outros, está sempre apresentando um "porque". Poderia simplesmente dizer que me acha inteligente né? Não tem problema algum.

Eu mudo meu jeito me mostrando um pouco desinteressado no assunto pondo minha mão atrás do meu pescoço.

— Aquilo foi só um acidente. Maior parte dos créditos eram pra terem ido pra você, já que você descobriu as fotos que ele guardava não era? — Junto bons argumentos e retruco ela de maneira calma.

— Não se finja de idiota Ryou, eu sei que você tem capacidade pra isso. O que eu quero dizer aqui é...

Ela desvia seu olhar de mim com seu rosto ficando um pouco vermelho.

— É que eu quero que você trabalhe comigo para... descobrirmos quem está por trás disso.

Uau! era tão difícil dizer algo assim? Acho que o ego inflado dela não deixava. Mesmo que isso tudo seja realmente uma situação complicada e que exige uma resolução, eu não me sinto na obrigação de cooperar.

O que eu ganho com isso afinal? Na verdade... talvez eu possa conseguir algo no final disso tudo se pensar bem.

Pensando melhor, acho que posso fazer meu primeiro "amigo" de sala se eu souber moldar bem uma estratégia para a Nayomi ser mais pacífica comigo. Eu decido instigar ela com palavras desinteressadas.

— Hm. Mas o que eu ganho com isso afinal?

Nayomi muda sua expressão embaraçada e me olha um pouco irritada.

— Você está ajudando todo o colégio inclusive a si mesmo e ainda pergunta o que ganha?

Eu passo alguns poucos segundos calado depois desse ataque verbal que ela executa e logo em seguida me esquivo com outro argumento.

— Bem... eu não acho que eu possa realmente ajudar, seria bom ter algo para me motivar a cooperar com você não acha? Você é a representante de classe no final das contas, então eu nunca roubaria seus holofotes como prêmio.

Ela mais uma vez me olha com nojo, isso está me deixando um pouco mal.

— Está me dizendo que quer algo em troca por ajudar toda a escola e até mesmo pessoas que nem são dela!? Acha que sou trouxa?

Nossa, realmente é chato lidar com pessoas inteligentes como a Nayomi mas talvez eu consiga algo se forçar um pouco mais.

— Olha só, você veio até aqui só pra me pedir para cooperar com você né? você com certeza é a pessoa mais popular da escola apesar de não socializar muito, mesmo se eu lhe ajudar não terei destaque algum como da última vez, já que você fez uma grande parte do trabalho antes de falar diretamente comigo. Não acha justo eu ter alguma condição pra poder lhe ajudar?

Isso foi um bom argumento, eu estou indo muito bem. Nayomi suspira como se estivesse ficando cada vez mais aborrecida comigo.

— Tudo bem, tudo bem, o que você quer? — Ela diz isso cruzando seus braços e batendo seu pé no chão.

Parece que consegui fisga-la... e pensar que eu estou me esforçando tanto para algo tão idiota assim.

No momento em que penso melhor na proposta o meu rosto fica um pouco vermelho, nunca pensei que iria fazer esse tipo de coisa.

— Bem, dependendo do nível dessa situação eu irei aumentar o meu "Prêmio" por cooperar, mas vamos começar com algo simples, acho que seria bom nos falarmos todos os dias.

Nayomi enrijece sua face e parece não ter gostado da ideia. — O que? Desde de quando você pode escolher um "Prêmio"? Eu não sou trouxa Ryou e afinal de contas... que recompensa inútil é essa? Conversar comigo todos os dias?

Eu tento acalmar ela um pouco antes dessa temperamental garota falar um cruel "me recuso" em resposta as minhas palavras.

— Calma, calma. É simples, já que vamos cooperar um com o outro teremos que trocar informações e conversar sobre o que formos descobrindo e o que achamos sobre a situação não acha? Então acho que é um trato justo. Se isso se tornar cada vez maior é natural que eu exija algo mais também.

— Huuh... tudo bem então, mas em troca você irá trabalhar comigo para resolvermos isso. Se você se aproveitar disso alguma hora considere-se um homem morto.

Nayomi me encara com um olhar hostil após suas cruéis palavras. Parece que finalmente consegui encurralá-la a fazendo aceitar a minha proposta... ufa. Nunca pensei que fazer um amigo seria tão complicado assim.

Daqui em diante estaremos trabalhando juntos para descobrir quem está por trás dessa mensagem.

De qualquer forma acho que eu deveria pedir por mais informações pra ela já que eu não sei de tanta coisa assim ainda.

— Ma-May... poderia me falar mais sobre essa mensagem ou isso é tudo o que você sabe?

Ela olha pra mim como se não quisesse mais falar comigo.

— Primeiramente, não me chame pelo meu sobrenome ok? Você e eu estamos apenas trabalhando para ajudar o colégio. Segundo, acha mesmo que ainda há tempo pra te falar tudo o que sei? Está quase na hora do portão abrir.

Essa foi uma resposta cruel da parte dela mas acho que tem razão, não temos tanto tempo assim para trocarmos mais informações já que a hora do portão se abrir está bem perto.

No mesmo momento em que Nayomi me fala isso o grande portão de ferro branco da escola se abre e logo atrás dele há uma figura alta e de cabelos longos, se trata da diretora e ela parece aflita com algo nesse momento. Ela rapidamente chama a atenção de todos presentes no local.

— Por favor pessoal, eu peço que me deem alguns minutos de atenção. Devido a problemas envolvendo a segurança dos nossos estudantes estaremos liberando todas as salas mais cedo hoje.

Eles vão nos liberar mais cedo... então a mensagem deixou até mesmo as pessoas de cargo mais alto da escola com receio de que algo aconteça. Eu duvido muito que isso seja apenas uma coincidência já que todos aqui aparentemente parecem estar aflitos com a mensagem que receberam em seus celulares.

Nayomi da dois passos pro lado se afastando um pouco de mim e fixando seu olhar na minha direção.

— Você entende tudo agora? A escola toda está sendo prejudicada com essa idiotice. Por isso preciso que você não faça nada imprudente Allan Ryou.

Ela fala que eu não devo chama-la pelo segundo nome enquanto tem toda a liberdade de me chamar pelo meu sobrenome... isso é meio injusto.

— Já que eu não posso dizer o seu segundo nome não seria justo você não dizer o meu também?

A garota séria de cabelo curto rapidamente retruca o meu argumento irritada com minhas palavras.

— Hmph! Quem é você afinal!? Eu posso chamar você pelo que eu quiser, afinal sou muito melhor que você em todos os aspectos seu idiota.

— Na-não seja tão mesquinha assim...

Nayomi cruza seus braços e desvia seu olhar da minha direção me ignorando enquanto se afasta de mim.

Parece que ela não quer mais falar comigo por hora. Os estudantes amontoados todos em um só lugar fazem um grande alvoroço e suas vozes de preocupação são facilmente escutadas por qualquer um presente.

Nayomi parece esperar muito de mim... por algum motivo ter falado o meu nome todo no fim da sua frase causou um pouco mais de pressão sobre minha pessoa, saber que alguém como ela está se deixando confiar tanto em mim é uma sensação bem diferente.

Será que eu finalmente fiz um amigo? Claro, o jeito que ela me trata é um pouco agressivo, mas talvez eu possa amolecer mais o coração dela com o tempo.

— Acho que estou pensando besteira de mais. — Eu murmuro.

Volto meus olhos relaxados para a diretora que está agora conversando com um dos funcionários responsáveis pela segurança da escola.

— Sem confusão, sigam direto para suas respectivas salas e não saiam até todas as aulas serem dadas. Qualquer um que for visto fora de sua sala antes da hora de saída será expulso.

Agora entendo porque a Nayomi está levando isso tão a sério.

Eu decido apenas agir naturalmente, passando pelos grandes portões da escola junto da irritante multidão de pessoas.

— Será que eles vão vir mesmo?

— Como diabos eles sabem todos os nossos endereções? E se eles forem na minha casa enquanto não estiver lá e capturarem minha família!?

Calem a boca! Eu não consigo pensar direito com toda essa barulheira. Adentrando a escola eu apenas sigo para a minha sala calmamente enquanto passo pelo corredor central que vai até o pátio.

Minha sala é um pouco, distante do portão de saída então eu tenho que fazer uma caminhada meio chata até lá, mas não demora tanto.

São cerca de 20 segundos ou 30.

Ao por meus sapatos sobre o piso do pátio um leve vento gelado bate sobre meu rosto e uma sensação de que algo está errado começa a me incomodar.

Eu paro perto do bebedor logo ao lado do corredor de onde vim para encher a minha garrafa de água, mas me surpreendo ao ver a pessoa que está ali a mais tempo que eu.

— Parece que o destino quer que trabalhemos juntos mesmo em? hehe...

Eu falo num tom de sarcasmo e meio descontraído enquanto coço minha bochecha. Sinceramente não sou bom com esse tipo de comunicação irônica, mas acho que vale apena se for pra melhorar minha relação com a Nayomi.

— Eu acho que devo reconsiderar a proposta que você fez anteriormente né? devo resolver isso sozinha, é bem melhor.

Fico um pouco espantado com a reação hostil dela e recuo um pouco.

— Tu-tudo bem... desculpe.

— É bom mesmo. Lembre-se, eu não sou nada de especial pra você e nem você pra mim, só estamos trabalhando juntos até resolvermos tudo isso e nada mais. — Ela se nega a expressar quaisquer resquícios de empatia por mim.

por que garotas são sempre tão cruéis comigo? Será que é por que não consigo me expressar bem quando falo ou coisa do tipo?

Eu apenas me aproximo dela e encho a minha garrafa de água ficando ao seu lado.

— Você está muito perto sabia?

— Hm? — Eu olho pra ela um pouco confuso.

— O seu cheiro me incomoda, faça isso logo e saia de perto de mim Ryou.

Meu cheiro? Mas eu banhei e ainda usei o meu perfume. Nayomi olha para os lados incomodada.

— Me diga uma coisa, você tem medo que pensem que temos algo entre nós? Imagino que o conselho estudantil também já sabe sobre seu plano.

Ela termina de encher sua garrafa e a fecha com sua tampa, tudo isso de maneira calma enquanto se prepara para me responder.

— Não. O conselho não deixaria dois estudantes menores de idade cuidar de algo assim, até por que nem mesmo eles sabem o que fazer agora.

— Então você tecnicamente está planejando fazer isso sem contar a ninguém, pelo que pude entender.

Ela começa a partir em direção a sua sala ficando de costas pra mim e deixando uma resposta vaga sobre a nossa conversa — Não me entenda mal, eu só achei que pra fazer algo nas sombras eu precisaria de alguém sombrio como você.

Não entendi muito bem o que ela quis dizer ,mas de qualquer forma é melhor eu me apressar também. Eu encho minha garrafa e me dirijo para a minha sala.

Nayomi ainda continua mantendo distancia de mim quando estamos em lugares movimentados, espero que isso mude enquanto formos trabalhando juntos em toda essa loucura.

Virando no próximo corredor a direita do pátio, você dá direto na classe C-8 que no caso é a minha sala e também dela.

Me dirijo lentamente para a quarta cadeira da fileira do meio da sala.

Não é um lugar tão discreto, mas é onde costumo me sentar até por que minha visão não é mais tão boa pra ver o quadro de longe, várias noites jogando vídeo game durante as férias não fizeram bem pros meus olhos.

Nayomi que costuma sempre se sentar na última cadeira da última fileira, bem no canto da sala, dessa vez se senta logo atrás de mim. Acho que as coisas estão indo muito bem apesar de eu ainda não conseguir desenvolver uma conversa saudável com ela.

Preciso me lembrar sempre que se trata de uma situação complicada que pode envolver grandes perigos.

Ainda estou impressionado em ela estar confiando em mim para resolver tudo isso. É realmente algo que eu nunca imaginaria a Nayomi fazendo.

Continua...