A premiação era o primeiro evento da Celebração da Vitória, seguido pelo banquete. Com o propósito de recompensar os heróis ou destacados que fizeram grandes conquistas e ganharam muito mérito em suas ações, o evento é presidido pelo próprio rei, que concederá os prêmios, com todos os nobres e seus convidados como o público no salão principal do templo, cujo será especialmente preparado para tal ocasião. Eles ganharão honra e prestígio que se espalhará por todo o território somente por conquistar seu lugar ali.
Os plebeus poderão assistir os heróis do império através da marcha que acontecerá antes e depois da premiação para ter ciência de como são esses seres que fizeram tanto para o país. Geralmente, na longa história do império Yulard, há sempre plebeus participando de tal cerimônia, conquistando méritos que até os nobres têm dificuldade de ganhar. E, por isso, há um sentimento de que é possível realizar o sonho de entrar ali e receber os prêmios dados pelo próprio rei, bem como uma sensação de orgulho por serem reconhecidos pela alta classe.
Por causa disso, é que as ruas estão tão cheias de pessoas entusiasmadas pelo evento que está acontecendo no dia e no templo, principalmente nas estradas da rota estabelecida em que os participantes irão andar. Essas pessoas ouviram histórias sobre tais guerreiros, seja pelo jornal, rumores ou canções de algum bardo em um bar da capital; boas ou ruins; mas isso não os impede de estarem curiosos e terem respeito e admiração por eles.
Especialmente o Duque das Sombras, Cédric Noir.
Uma figura assustadora de acordo com os rumores, que anda com sombras em seus pés, uma atmosfera que só é sentida no campo de batalha e que, se fechar seus olhos, poderá imaginar a frieza de seu rosto encarando os inimigos mortos, enquanto sangue cai da lâmina de sua espada. Ele é a principal fonte de conversas e notícias da capital pelo seu destaque no campo de batalha, com histórias que remetem desde a sua infância em Linden. Uma celebridade que é conhecida por todos os cidadãos do império.
É por causa dele que muitas pessoas estão na estrada, entusiasmadas para verem pela primeira vez aquele que é tão infame pelas histórias sobre sua habilidade, personalidade e passado. Eles só querem apenas um vislumbre se a pessoa é realmente tão assustadora e digna dos relatos que o rondam.
Há também o mais novo Celestia que ganhou destaque na guerra contra Torzik, o mercenário, que despertou a curiosidade do povo. A história contada pelo 'Diário do Império' é que ele foi contratado por um conde para participar da guerra, por causa da falta de mão de obra, no entanto, há relatos de que foi surpreendente tanto aos soldados quanto aos inimigos que o mesmo era um Celestia, quando o mesmo usou seu poder e habilidades. Isso é algo a comemorar em todo país, por significar que o poder militar cresceu e se tornou mais seguro.
E, por último, todos estão também querendo ver o segundo príncipe, aquele que foi dito ser a peça-chave para ganhar a guerra com suas estratégias e ideias. Não é incomum para as pessoas comuns verem a realeza em tais eventos, mas, geralmente, é mais afastado do que durante a marcha. Mas todos sabem que o mesmo é considerado um príncipe muito bonito e que sua fama é que rouba corações apenas por seu olhar; os jornais até brincam que muitas damas de famílias venderiam suas famílias para ter uma noite com tal homem.
Assim, por causa desses três, as estradas por onde as carruagens da família Miller e de outros nobres não estavam cheias e quase sem nenhum pedestre à vista. Brandon sequer se surpreendeu com isso, por ver lojas fechadas e pouco movimento, entendendo que quase todos queriam ver a marcha. Talvez, se ele não fosse convidado a ir pelo conde, ele também iria vê-los.
O ruivo só foi ver uma multidão de pessoas quando chegou próximo ao templo, acompanhado de sons de conversa altos que se uniam por todo o lugar e uma animação incomum do dia-a-dia. Era muito diferente de dentro da carruagem, onde o silêncio prevalecia.
O mordomo, Irvin Ainz, não falou com ele durante a viagem toda, apenas o olhando ocasionalmente e depois se virando para a estrada. Em sua impressão, ele era um homem sério que parecia ser cauteloso com ele e que o avaliaria a todo o momento. Não que Brandon não desgostasse disso, só comprova que ele o mordomo levava em conta a família Miller e era responsável com seu trabalho. No entanto, é um pouco desgastante ser visto assim.
Ambos desceram de sua carruagem assim que as outras duas pararam e logo acompanharam seus senhores. Irvin ficou atrás, seguindo o conde e a condessa e Brandon com James, o qual fazia questão de ficar ao seu lado, atrás de seus pais e irmão. Ferion era o único que não estava ali, pois ele iria marchar até chegar ao templo.
O templo estava muito diferente de quando ele, Nott e James visitaram, pois tinha algumas decorações tornando um local mais luxuoso e requintado, mas ao mesmo tempo discreto. Havia uns detalhes com cores na cor da bandeira do império e padres andando para todos os lados, enquanto a família Miller caminhava para o salão principal. Acompanhados deles, outras famílias nobres também chegavam para o evento e se reuniam.
"Uau…" James murmurou, observando cada nobre e seus convidados em roupas bonitas e que combinavam com toda a atmosfera. Ele falou baixo para não ser notado e só para Brandon ouvir também. "É muito diferente de antes."
"Também acho." Brandon respondeu.
As estátuas dos Deuses eram familiares para eles, pois passaram por ali a poucos dias e estão seguindo o mesmo caminho de antes. Todas estavam da mesma maneira que no passado, pois era proibido tocar-lhes sem ser para funções de limpeza e preservação. E ainda conseguiam estar lindas com o ambiente que o rondam, por mais que as decorações tenham mudado.
O ambiente externo e corredores do templo eram apenas com coisas básicas. O salão principal foi o que realmente os surpreendeu quando chegaram na porta e viram a decoração, com a bandeira do império nas paredes e a estrada que cada premiado irá percorrer para chegar até o rei e ganhar o prêmio. Nenhum dos dois participaram de algo do tipo, mas, com certeza, superaram suas expectativas do que seria um evento oficial do império. O conde os guiou para os assentos e ficaram por ali.
O evento demoraria um pouco para começar, mas estava próximo do horário previsto, por isso, não fazia sentido os nobres irem socializar, sendo que haveria um tempo para isso após a premiação. E mesmo que não tenham se encontrado, com o banquete que acontecerá no palácio, não estavam muito preocupados em se encontrarem e discutirem alguns assuntos, afinal, a premiação, para os nobres, era mais um local para que seus convidados pudessem interagir entre si.
Cada família nobre poderia trazer cerca de dois convidados para a premiação e que servem para que eles criem conexões entre si, aumentando assim a influência e oportunidade da nobreza entre seus subordinados. Geralmente, é trazido pessoas com conquistas acadêmicas ou com talento em magia, mostrando que tal pessoa é patrocinada pela respectiva família, ou também pessoas de confiança. Por isso, foi possível para Brandon estar ali, já que o mesmo era confiável tanto para o conde quanto para a condessa, e Irvin que conhecia muitas pessoas da capital entre os convidados dos nobres.
"Quando que vai começar?" James perguntou, mal-humorado pela gravata em seu pescoço.
"Não sei, mas parece que vai demorar um pouco." Brandon responde, observando todos os nobres.
Havia muitos rostos que ele nunca viu antes, de feios a bonitos, e era um pouco estranho considerando que quase todos eles eram elite do país. Parecia que o misticismo de que todos os nobres eram bonitos era uma mentira e é apenas a imaginação dos plebeus sobre quem era da classe alta. Brandon também tinha tal ideia empregada nele e quase se esqueceu, já que toda a família Miller poderia ser dita bem atraente junto com as poucas damas que ele viu na festa do chá.
"Eu nem vejo o imperador." James comentou. Ele olhou para o palco em busca daquele que teria uma coroa dourada, o Soleil, mas não viu ninguém. Não parecia haver alguém da família real ainda.
"Talvez ele só chegue quando estiver prestes a começar." Brandon supôs. "O tempo do imperador é precioso demais para ficar sentado esperando pelos heróis."
Ele terminou de falar e todos no recinto ficaram em silêncio. Os nobres olharam em uma direção, surpreendendo a dupla que conversava baixinho.
A porta lateral do salão principal foi aberta e um homem de pele negra, cabelos dourados, olhos castanhos, que estavam curvados pela ocasião e pela expressão de sorriso em seu rosto, e uma figura com charme majestoso e elegante entrou. Seu corpo estava envolto da peça de roupa da mais alta costura que destacava sua figura alta e músculos bem trabalhados, bem como as medalhas que tinha em seu peito devido às suas conquistas nas guerras, que lhe deram tanto mérito quanto as cicatrizes escondidas embaixo de sua roupa, e a capa vermelha que vinha atrás de si. Ele atraía a atenção de todos que não ousavam dizer nada em sua presença.
Ele era o imperador do império, aquele que governava toda Yulard, Félix Varkin Yulard.
Tal homem é tido como um exemplo de governante e um sábio imperador por aqueles que têm admiração e respeito, incluindo plebeus. No entanto, não é somente por isso que ele é famoso, além de seus status e atitude com o império, é devido às suas participações das guerras em sua juventude, Félix é visto como um bom estrategista e um espadachim formidável, ganhando o apelido de Raio Branco, graças ao poder que demonstrava durante as lutas.
E tanto entre seus aliados quanto seus inimigos há uma opinião que é igual entre os dois: que embora pareça gentil, ele é alguém feroz e que não se deve ofender. Ele é um tigre sorridente, parece manso, mas ainda é selvagem.
Naturalmente, ao entrar no salão, aqueles mais próximos ao imperador se curvaram, seguindo por uma onda de nobres que levantaram-se de seus lugares apenas para saudar o imperador, o qual apenas seguiu para o trono e se sentou. Sua mão levantou e abaixou indicando que eles poderiam voltar ao normal e o burburinho voltou a se espalhar no espaço, mas muito mais baixo que antes.
"O imperador parece legal." James murmurou e Brandon apenas assentiu. Ele sentia que o outro era legal, mas algo lhe dizia que também era perigoso.
*
Do lado de fora do templo, a marcha com os premiados andava pelas estradas da capital, sendo recebida por gritos e berros animados das pessoas que finalmente viam aqueles que eram celebridades para eles. O clima inteiro era de festa e quase toda a população estava assistindo eles passarem. Crianças viam aquilo com olhos brilhando, enquanto sonhavam em ser assim um dia e sendo segurados pelas mãos por suas mães.
As três principais estrelas estavam a cavalo e distanciadas uma das outra, com o príncipe Aiden liderando toda a marcha pelo caminho em um ritmo calmo e adequado.
As garotas que viam o lindo jovem que estava liderando faltaram não se apaixonar por sua beleza. Muitas suspiraram pelo rosto tão lindo que parecia esculpido pelos Deuses e que, definitivamente, era digno de ser dito o 'Ladrão de Corações' que diziam os jornais. O sorriso em seu rosto era tão bonito, com os dentes brancos e lábios grossos, tornando seu rosto gentil ainda mais bondoso, não diminuindo em nada sua masculinidade que transpirava em todo o corpo.
E toda vez que passava pelas pessoas, uma atmosfera quente cobria seus corpos, trazendo uma sensação de aconchego e paz. Porém era leve e momentâneo, tão rápido quanto um segundo, fazendo o público pensar que era imaginação.
Isso era muito diferente de quando Cédric Noir passava. Quando o Grão-Duque marchava algum tempo depois do príncipe, embora ainda houvesse gritos e toda a animação, um frio de gelar a espinha chegava naqueles que estavam muito próximos, fazendo-os recuar um passo para trás. No entanto, nem isso conseguiu afastar a beleza vista em seu rosto frio, parecia torná-lo ainda mais charmoso.
Quanto ao mercenário, ele é uma figura curiosa, por isso, muitos o analisaram de cima para baixo, mais do que os outros dois, já que ele é a principal fonte de assunto dos jornais recentemente. O homem que poderá se casar com a princesa e fazer parte da família imperial, ou pelo fato de ser o novo Celestia do país. Só que isso não impedia os sonhos criados pela imaginação de algumas pessoas ao verem como ele era, ou de quererem ser como ele.
Só por ver os três, mais os outros premiados, os cidadãos do império ficaram orgulhosos de sua nação. Yulard era forte. E isso criava uma sensação de identidade com ela, junto com a determinação de que a Celebração da Vitória valia a pena festejar.