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Chapter 120 - Exame médico

Ômegas são uma classe vulnerável. Precisa sempre estar sob cuidados de um alfa. Sua única função é a procriação, pois, quando perdem suas consciências para o instinto saem em busca do parceiro ideal para lhe presentear com um filho. A história mostrava o quanto a classe já fora subjugada pela sociedade dominadora, onde ômegas sempre eram tratados como fracos e inúteis.

Apesar dos tempos terem mudado e a sociedade contribuído para que a diferença entre classes diminuísse, não significa que ela tenha desaparecido por completo. Ômegas ainda sofriam discriminações, tinham de se medicar para garantir a confiança de seus chefes e colegas de trabalho. Segundo pesquisas do governo, uma grande porcentagem dos ômegas preferiam ser donas de casa e dependentes financeiramente de seus parceiros, do que tentar uma carreira. Principalmente se já tinham filhos.

Diga-se de passagem, ser ômega já pedia por um preparo psicológico ao sujeito. Ser ômega e ter filhos... Dificultavam bem as coisas.

Essas eram as anotações do caderno de Theodore, feito em uma aula de sociologia. Enquanto lia atentamente suas próprias palavras, não deixava de sentir aquele frio na barriga aumentar cada vez mais subindo para o seu peito.

Desespero.

Theodore se considerava um garoto sortudo de ter familiares que cuidam bem dele e o incentivam a ter uma boa vida. Apesar das problemáticas que tem vivenciado, o rapaz não deixava de enxergar o lado positivo. Haviam pessoas em que pudesse confiar.

Isso não quer dizer que tudo seriam flores caso o resultado do exame desse positivo.

No dia seguinte o ômega levantara cedo para acompanhar o seu padrasto e sua mãe ao hospital onde trabalhavam. Por mais que o casal conversassem com ele o acalmando sobre ser um exame de rotina agora que tinha um parceiro fixo, Theodore não deixava de pensar no que seria sua vida dependendo do resultado.

Era assustador.

Caminhar pelos corredores brancos com pessoas usando roupas claras segurando pranchetas era um tormento. A sensação de que todos o observavam e o julgavam descobrindo que estava ali para um exame de sangue era incômoda. Mesmo que tivessem apenas olhando quem passasse perto deles, Theodore achava que seu jeito nervoso já denunciava o motivo de sua presença.

Estariam o julgando?

— Espere aqui, hm?

Assentindo para o padrasto, Theodore permanecera no corredor do hospital encostado na parede. Com as mãos no bolso de sua calça jeans clara, o rapaz observava os pacientes e médicos andarem de um lado para outro.

Enquanto aguardava, vira uma menina jovem com uma barrigona passar por si. Ela acariciava a barriga e gemia de dor, segurando a mão de uma velha senhora que acariciava suas costas.

— Respire fundo minha filha, vai dar tudo certo. Seu parto vai ser tranquilo. Confie na vovó, hm?

Fora simplesmente impossível desgrudar os olhos da menina, que pelo cheiro já mostrava ser uma ômega. Mas ela era muito jovem, baixinha quase do tamanho de Lilian. Quantos anos ela tinha? O que ela estava sentindo? Aquilo doía? E por que estava acompanhada de sua avó? Seus pais teriam a expulsado de casa?

Voltando a olhar os próprios pés, Theodore não deixara de espiar a própria barriga. Faziam poucas semanas que começara a ficar com Gabriel, não tinha como aquilo estar acontecendo consigo. Quer dizer, eles se cuidaram!

— Theo, pode entrar.

Desencostando da parede o ômega entrara no consultório onde a mãe e o padrasto já usavam jaleco e preparavam a agulha e as ampolas para a coleta do sangue. Aquilo o fazia se lembrar de quando tinha seus treze ou quatorze anos quando fora fazer o exame para descobrir sua classe.

Ou melhor refazer, já que um pré teste era feito após o nascimento. Mas as coisas podiam mudar de acordo com o crescimento da criança.

Tirando o casaco e se sentando na cadeira onde esticara o seu braço direito, Theodore olhava em volta do consultório sentindo a calma daquele espaço tão claro. Os sons do corredor eram abafados, e o cheiro era típico de hospitais que foram limpos à pouco tempo.

— Está nervoso, não é? Abre e fecha a mão para eu encontrar sua veia. — Pedia a mãe delicadamente ao passar o algodão sobre a pele do filho.

Fazendo o que era pedido, sentira uma pequena agulhada no braço e assistira a ampola se encher com o líquido vermelho escuro. Uma ampola fora preenchida, retirada e substituída por outra vazia que fora preenchida rapidamente.

— Independente do resultado quero que saiba, Theo, que não iremos te abandonar. — Murmurava a mãe sem desgrudar os olhos da agulha que era retirada da pele. Pressionando um pedaço de algodão para estancar o sangramento, finalmente olhara para o filho. — E que você não é o único a estar preocupado. Estou muito nervosa também.

— Eu sei, sua mão parece gelada mesmo com a luva.

Ela rira fazendo o curativo e indo guardar as amostras. Theodore se levantou indo se sentar na cama onde fora pedido para retirar sua camisa. Pete aproximou examinando a barriga do ômega atentamente, apertando aos arredores percebendo os movimentos reflexivos de seus músculos.

Quando finalizado, Pete coçava a cabeça.

— Não consigo sentir nada. Vamos depender do exame de sangue.

— Quanto tempo?

— Uns vinte minutinhos e o resultado sai. Quer tomar um café comigo enquanto esperamos?

Vestindo a camisa e a blusa novamente, Theodore concordara em acompanhar o padrasto até a cafeteria enquanto sua mãe levava as amostras para o laboratório do hospital.

Novamente passando pelos corredores, Theodore não deixava de observar em volta. Seus olhos pareciam buscar por pessoas com barrigas avantajadas, ponderando se eram gestantes ou não. E quando percebia que sim, não deixava de assisti-las. Estavam acompanhadas? Sentiam dores? Pareciam felizes? Eram jovens?

Até mesmo quando chegara na cafeteria e se sentara, o ômega não deixara de fazer sua busca. A ansiedade estava estampada na sua face junto do nervosismo, apertando o copo descartável entre os dedos.

— Tem muitas ômegas por aqui.

— Estamos perto da ala obstétrica, é comum que as mães em trabalho de parto saiam para caminhar pelos corredores. — Dizia Pete também olhando em volta — Ajuda no processo de dilatação e o bebê se encaixa melhor para nascer.

Ah, fazia sentido.

E então um cheiro adocicado fora sentido e passando pela cafeteria Theodore via um homem barrigudo. Parecia mais velho que ele, mas novo ao mesmo tempo. Ele estava acompanhado de outro rapaz que se sentou ao seu lado na cafeteria, abrindo sorrisos a todo momento.

Era um ômega.

Definitivamente.

— Recebemos muitas pessoas de outras cidades para fazerem exames emergenciais aqui. — Dizia Pete sorrindo para Theodore. — Garotos ômegas podem ser vistos como minoria, mas ainda há muitos em nosso país. Quer dizer, olha só o tamanho do nosso território.

— Ele parece bem...

O rapaz ômega acariciava a enorme barriga e sorria todo feliz, parecendo conversar com o bebê. Seu parceiro retornava para a mesa com dois copos, ficando perto do outro sempre tocando em sua cabeça e em suas costas. Era um alfa cuidando do seu ômega, ao que tudo indicava.

— A gestação é curta, cinco meses. O desenvolvimento do bebê é mais rápido o que desgasta bastante o corpo do progenitor. Ele parece muito saudável mesmo.

Desviando sua atenção para o padrasto, Theodore ficava surpreso com a análise dele à distância. Todos os médicos teriam um olhar atento como ele? Era fascinante!

— Cheguei meus amores, aaah cafézinho. — Sorria a mulher loira ao se juntar à mesa e puxar um copo de café bebendo um gole do mesmo. — Agora meu dia pode começar. Sobre o que conversam?

Pete lançara um olhar na direção de Theodore, tendo ele ainda vislumbrando aquele casal de longe. Curiosidade e ansiedade. Theodore não se permitira iludir-se com a felicidade caso o resultado fosse positivo.

Para início de conversa, não saberia qual seria a reação de Gabriel. Segundo, eram de menores e com certeza tinham zero estrutura para criar um ser tão dependente quanto um bebê. O mundo parecia, de repente, ser ainda mais assustador.

— O que eu vou fazer? — Murmurava o ômega ao fitar as próprias mãos. — O que eu vou fazer se isso for real? Minha vida... Acabou?

— Minha vida não acabou por eu ter tido você. — Dissera Aline acariciando os cabelos do ômega. — Apesar de que na época eu já estava na faculdade, mas continuei meus estudos e você nasceu bem na época das minhas férias.

— Mas você já era casada com o meu pai. E, trabalhava com ele. Tinha como se sustentar, não dependia dos seus pais.

A mãe não discutira, era nítido o quão assustado ele estava. Abraçando-o apertado, beijara sua testa e tentara acalmá-lo. Mesmo com diversos pensamentos o atormentando entre os prós e contras daquela situação, Theodore não deixava de vislumbrar aquele casal ao longe.

Talvez ele não pudesse sorrir daquela mesma maneira, justamente por se sentir incapaz.

Esperado meia hora, os três retornaram para o consultório já que Pete e Aline deveriam começar seus turnos. Mas antes, o resultado do exame fora buscado e aqueles próximos minutos se tornaram numa tormenta para Theodore.

No instante em que Pete chegasse com os resultados, sua vida poderia mudar bruscamente.

Se fosse negativo, serviria de lição para se cuidar mais. Conversaria com Gabriel sobre o susto, e então encontrariam uma forma de lidarem com o desejo que sentiam um pelo outro. De maneira alguma deixariam que uma situação daquelas se repetisse.

Se fosse positivo... Caos. Muito caos.

A porta fora aberta.

Junto de Pete, havia outro médico beta o acompanhando.

E assim o resultado viera.