Parte 1
Aproveitei com minha família como se fosse a última vez que os veria, até abracei todos, o que é uma raridade considerando que contato físico me deixa desconfortável, eu sabia que voltaria para aquele quarto se dormisse, mas eu também sei que mesmo que eu tentasse ficar acordado eu apagaria, meus remédios são muito fortes… Será que estou louco? eu já até fui internado em um hospital psiquiátrico, estaria eu imaginando tudo isso? Eu dormi com esses pensamentos me afligindo.
Dito e feito, naquela noite voltei para aquele quarto, metade impecável, metade desarrumado, maldito seja quem está por trás disso… É forte o suficiente para me invocar, mas não consegue cuidar que um apocalipse aconteça no planeta, se esse ser for um deus, eu matarei, se for algo parecido com um jogo, eu criarei uma guilda, com o único intuito de proteger os inocentes, e caçar os deuses.
— Pacifista, você por aqui? — dizia uma voz
Claro que reconheci imediatamente, era a maldita voz que me colocou nisso tudo, a voz que me colocou em uma enrascada, a voz daquela imagem no espelho quebrado.
— Ah não, de novo não… não tinha ninguém mais legal para me receber?
Uma parte de eu estava feliz com o fato de ser o Fragmentado novamente, ele não parecia hostil comigo e aparentemente estava tentando me ajudar, quase como se eu fosse ajudar ele no futuro para compensar. Mas a outra parte, não queria nunca mais ver ele, ele só me jogou na cena de um crime, sem entender o que estava acontecendo, e sem basicamente nenhuma ajuda… resumindo, ele tentou me matar.
Naquela época eu mal podia pensar que iríamos trabalhar juntos, imagina então pensar que eu receberia a benção dele! Calma, estou adiantando as coisas, mas enfim, ele me chamou por um motivo muito simples, eu completei o tutorial, só que eu não sabia o que teria que enfrentar ainda, e para isso… Uma dungeon… é uma dungeon seria o level 1, digamos assim. Ele queria que eu tivesse experiência com combate real antes de tudo começar, disse que eu teria ajuda para limpar o local… mas não disse o que ou quem me ajudaria.
- Então basicamente é isso, basta limpar a dungeon e matar o chefe, se resgatar alguém é um bônus, e se já não reparou as suas recompensas são baseadas no quão bem você se sai, ou seja, quanto maiores forem seus feitos, maior será o prêmio de conclusão. Aliás, conseguir 2 títulos só no tutorial não é para qualquer um não, parabéns. Quando quiser começar é só atravessar a porta.
— Ah cara, não enche, não estou nem aí para as recompensas, só quero sobreviver o que está por vir.
— Então fique mais forte — diz o fragmentado enquanto aponta a porta
Fui em direção à porta, aquela mesma sensação fria e ameaçadora da última vez, abri e fui em direção para a escuridão, ela me rodeava, meu mundo girava, se essa é a sensação de teleportar, eu definitivamente não quero ter que continuar fazendo isso. Quando os meus sentidos voltaram a funcionar, eu estava em uma caverna, que clichê, uma dungeon dentro de uma caverna…
Só falta agora falar com monstros e eu preciso matar eles, quem acreditaria em uma dessas coisas? Bem, vou andar agachado perto das paredes para me esconder melhor, vou seguir… o único caminho que tem? Para trás há um muro de sombras onde eu não vejo nada, mas para frente eu consigo ver uma luz bem longe… É, vamos para frente.
Devo estar caminhando a aproximadamente 10 minutos, e nada além de pedras, é um dungeon do quê? pedra? tenho que fazer alguma pedra quicar 10 vezes na água para passar? Que porra ta acontecendo? Pera, tem algo ali… algo está se mexendo.
Comecei a me aproximar, parecia ter o tamanho de uma pessoa, 1 metro e 70, por aí, é um monstro aquilo? Chega mais perto… Não! É uma pessoa mesmo! Mas quem caralhos estaria aqui? Seria a minha ajuda? Melhor continuar sendo furtivo, vai que não é ele, vai que é ele quem tenho que matar para limpar a dungeon.
PERA, O Quê?! ALESSI? Nem fudendo, o que meu melhor amigo tá fazendo aqui? Darei um susto nesse corno hehe. Continua se aproximando furtivo… isso vai… ele ainda não me viu.
Mas para meu azar, a audição dele sempre foi boa, maldito serumaninho que toca instrumentos, ele me ouviu chegando e virou em um movimento rápido e algo voou em minha direção. Devo ter perdido alguns fios de cabelo, não nego, me caguei, não nego, um buraco na parede se formou atrás de mim, não nego também. Isso foi… magia?
— O corno, está tentando me matar?
— Ricardo…!?