Antes de tudo, permitam-me que me apresente. Eu sou Maxwell Raven, mas todos me chamam de Max. Moro no dormitório da faculdade de história de Londres. Vocês devem estar se perguntando "Por que alguém que tem grana para cursar a melhor faculdade de Londres mora nos dormitórios?" a resposta é bem simples eu não tenho grana.
A história começa quando eu era garoto, minha mãe era muito amiga do reitor da faculdade e eles trabalhavam juntos algumas vezes, minha mãe era arqueóloga e o reitor sempre quis montar um mini museu na faculdade. Por isso os dois estavam sempre juntos e conversando sobre escavações e itens que ela achava. Minha infância foi praticamente toda dentro dessa faculdade nas bibliotecas ou nos campos onde eu ficava observando os alunos praticarem esportes variados.
Um dia minha mãe não voltou de uma escavação que foi fazer no Egito. Tudo que o pessoal do resgate achou foi seu colar com sua aliança. Meu pai entrou em desespero e por alguns anos ele nem sequer falou comigo, ele era advogado então decidiu se enterrar no trabalho para não ter que conviver ou falar comigo, o motivo disso é que faço ele se lembrar da minha mãe, todos sempre disseram que tenho o rosto muito parecido com o dela e também seus olhos verdes.
Após eu terminar o ensino médio com 16 anos, dois anos adiantados, meu pai decidiu se juntar com outra mulher e me abandonou. Ele vendeu nossa casa e nem sequer me deu uma parte do dinheiro, ele disse ao telefone que a partir daquele dia eu não era mais seu filho e que não deveria procurá-lo nunca mais.
Foi então que me vi sem um lugar para morar e sem dinheiro tudo que eu tinha era algumas roupas e o dinheiro que tinha comigo que não dava nem para alugar um quarto para passar a noite, então lembrei que durante o enterro da minha mãe, que foi somente um caixão vazio, o reitor havia dito que se eu precisasse de qualquer coisa poderia ligar para ele. Com esse pensamento em mente peguei minhas malas que meu pai fez questão de deixar na porta da casa e fui em direção a faculdade, chegando lá pedi ao guarda para falar com o reitor, após alguns segundos no telefone o guarda me disse para ir até à biblioteca que o reitor me esperaria lá.
Entrando no campus da faculdade inúmeras memórias me invadiram, memórias dos dias que vinha aqui com minha mãe. Fui até a biblioteca e quando cheguei o reitor me esperava lá, ele me olhou com um sorriso no rosto, desde o enterro da minha mãe que não nos víamos, já fazia quase 7 anos, mas seu sorriso sumiu assim que ele viu minhas malas.
"O que aconteceu? Houve algum acidente em sua casa, cadê seu pai?" Ele me perguntou ficando realmente preocupado.
"Meu pai agora tem outra família e disse que não devo mais procurá-lo e ele vendeu a casa. Estou sem ter onde morar e sem dinheiro, por isso vim até aqui perguntar se o senhor pode me ajudar? Um emprego e um lugar para passar essa noite já está ótimo senhor." Disse tudo a ele.
"Eu não acredito que aquele ba****do fez isso com você Max. Eu vou ligar para ele e resolver essa situação agora mesmo. Quanto a onde dormir você pode ficar nos dormitórios da faculdade e não precisa se preocupar em pagar nada. Sua mãe contribuiu muito para essa faculdade ser o que é hoje." Ele disse com uma expressão de raiva e compaixão ao mesmo tempo.
"Obrigado reitor, mas não me sentiria bem em ficar aqui sem pagar por isso, eu estaria tirando o lugar de um futuro aluno." Disse-lhe agradecendo por tudo, mas ainda assim recusando sua proposta.
"Não seja por isso, parabéns, Max você acaba de receber uma bolsa de integral para estudar aqui e para pagar pela bolsa você irá trabalhar como meu assistente até se formar." Ele disse pensando em tudo para que eu não pudesse rejeitá-lo dessa vez.
"Muito obrigado reitor, sendo assim eu aceito. Posso começar amanhã mesmo no meu novo cargo. E quanto ao curso quero me especializar em Mitologia Antiga, a matéria que você e minha mãe criaram juntos." Disse agradecendo-lhe.
"Ótimo, espere aqui por um minuto que pegarei uma senha de um dormitório individual para você." Ele disse saindo as pressas e pegando o telefone para fazer uma ligação que imagino tenha sido para meu pai.
Após alguns minutos ele voltou com o rosto vermelho de raiva e todo suado, o reitor era um homem que devia ter entre 60 a 65 anos, era meio gordinho, mas não obeso, tinha um rosto redondo com um bigode grande grisalho que combinava com sua barba que não tinha visto uma tesoura por alguns anos. Seus olhos são pretos como um céu noturno sem lua e sem estrelas.
"Aqui está Max a chave do seu quarto, é no primeiro prédio atrás do prédio da biblioteca seu quarto é o 13, no segundo andar." Ele disse me entregando um cartão chave como os de quarto de hotel.
"Muito obrigado reitor. Nos vemos amanhã, que horas devo estar na sua sala?" Disse perguntando sobre meu novo emprego.
"Não se preocupe com isso, amanhã você tem o dia de folga para conhecer o campus e ver onde fica sua sala e quem serão seus colegas e professor. Você começa daqui a dois dias esteja na minha sala às 9h e lhe explicarei o que irá fazer. E mais uma coisa tentei falar com seu pai para que ele ao menos te desse algum dinheiro da venda da casa, mas infelizmente ele não está disposto a me ouvir, se quiser podemos procurar um advogado para resolver a situação." Ele disse visivelmente irritado com meu pai.
"Não será preciso reitor eu não quero dinheiro, agora tenho onde ficar e isso me basta. Boa noite já vou indo." Disse-lhe e saí com minhas malas para achar meu novo quarto.
O quarto era grande e tinha espaço suficiente para que eu pudesse fazer meus exercícios sem ser interrompido. No quarto havia um frigobar e também um microondas, além de ter um notebook com um papel grudado em cima com a senha de acesso que eu deveria mudar depois de acessá-lo pela primeira vez e a senha da internet do dormitório.
E assim passei os últimos 2 anos trabalhando, estudando e morando na faculdade, devido a minha proximidade com o reitor ninguém se aproximou muito de mim e os que tentaram só queriam tirar proveito da minha relação com ele para ter melhores notas, resumindo nunca fiz um verdadeiro amigo aqui.