Chapter 12 - Perfeitos Juntos

O tão esperado dia da coroação de Benjamin Levingston como o novo Rei de Erelbron chegou, todos os súditos do país estavam tão ansiosos e animados para o evento ao ponto de esquecerem o desaparecimento misterioso e repentino de sua Princesa Kayla Elliot e já não estranhavam mais o Rei Joseph ter escolhido o filho de seu melhor amigo como seu sucessor de forma tão sutil.

Klaus e Lauren já haviam chegado ao Reino alguns dias antes para comprarem seus trajes para o evento e se hospedaram na casa de Ophelia, que os recebeu de braços abertos, um sorriso no rosto e vários ensinamentos sobre o futuro para o casal.

O relacionamento deles melhorou desde a noite em que tiveram seu primeiro beijo. Lógico que o Pirata ainda provocava a Princesa e vice-versa, mas sempre encerravam aquilo com sorrisos abobados e beijos carinhosos.

Tudo estava pronto para o "grande dia". Klaus comprou uma vestimenta tradicional do Reino de Erelbron que consistia em uma camiseta branca por baixo de uma espécie de terno um pouco maior do que o comum que ia até a metade de suas coxas que possuía detalhes em ouro, uma calça de algodão da cor preta assim como o terno e sapatos sociais feitos de couro. Lauren ganhou de presente de Ophelia um belo vestido preto para combinar com as vestimentas de Klaus, a cintura do traje era revestida por turmalinas negras ao redor do decote e o resto da cintura possuía diamantes negros que brilhavam ao serem expostos a luz e conseguiu comprar um sapato da mesma cor que o vestido com um salto alto e enfeitado com ouro nas solas.

Com a ajuda de Ophelia, o casal conseguiu pensar em uma maneira de impedir que Benjamin fosse coroado Rei e assim conseguirem ganhar mais tempo para a invasão ao Reino. Primeiro eles precisariam chegar ao Palácio antes de qualquer outro convidado, porém, sem que os funcionários e os próprios Reis percebessem; depois precisariam ir até a Sala de Relíquias, onde Joseph guardava a coroa que pretendia usar para a coroação de Kayla e de seu esposo; o último passo era o mais difícil, pois eles teriam de roubar a própria coroa da cabeça de Joseph e Leonor para impedir que qualquer uma delas fosse entregue para o Príncipe.

Seria difícil concluir o plano e ter sucesso nele, Joseph faria de tudo para que seu reinado corrupto permanecesse em Erelbron mesmo que isso significasse ir contra a tradição de família onde é obrigatório cada um dos governantes tem sua coroa para demonstrar seu status. Sem a joia, qualquer Rei se tornaria apenas um cidadão comum para o povo e não teria a autoridade que deveria ter. Ele poderia muito bem usar o seu último pedido como Rei a seu favor com o desaparecimento de todas as coroas e abolir o costume apenas para continuar no controle de tudo e todos.

Klaus terminava de arrumar suas vestes quando Lauren entrou no quarto já completamente pronta, colocando luvas que combinavam com o vestido e um laço prateado prendendo os belos cabelos em um rabo de cavalo simples e baixo.

— Eu deveria perguntar o porquê das luvas? - Klaus virou-se para observar Lauren melhor, vendo-a sorrir docemente para ele.

— Damas que não são da realeza devem usar luvas nos eventos reais para não serem confundidas com Princesas. - a garota se aproximou, ajudando a ajustar a gola do terno do namorado. — Se eu aparecer no Palácio sem as luvas saberão facilmente que sou a Kayla.

— Já sabem que você é a Kayla, gatinha. Só não querem assumir que a filhinha perfeitinha deles se tornou uma Pirata incrível.

— Ainda não sou uma Pirata, Bartizinho. Só passei uma semana com vocês.

— E foi o suficiente para conseguir provar o quão incrível pode ser! Nunca vi alguém lutar com espadas daquela maneira, a maneira como você matou aquele tubarão que atacou nosso navio... eu arrepio só de lembrar da cena. - puxou a amada mais para perto, a envolvendo em um abraço. — Já és uma Pirata, apenas não percebeu ainda. E eu farei questão de te mostrar toda vez que duvidar do seu potencial.

— Crianças! Vão se atrasar para a coroação! A carruagem já chegou! - a voz de Ophelia ecoou pelo corredor e o casal se afastou após um beijo carinhoso e seguiram em direção à porta da frente, onde uma carruagem simples esperava por eles.

Despediram-se de Ophelia com um abraço antes de finalmente rumarem em direção ao Palácio. Mantiveram-se em silêncio durante a viagem, apenas trocavam olhares como se conseguissem se comunicarem por telepatia. O clima ficara estranho, não sabiam como agir como recém casados, raramente tiveram tempo para ficarem sozinhos e quando ficavam, seus flertes se resumiam em provocações nada sutis e piadas internas.

Ver o Palácio ao longe fez com que o corpo de Lauren congelasse. Havia dias que não via aquele cenário e seu coração se apertou ao avistar a janela do que antes costumava ser seu quarto. A lamparina que deixara acessa antes de ir à sua festa de dezoito anos semanas atrás ainda estava na janela, iluminando o cômodo parcialmente escuro.

Adentraram no Salão de Bailes e o sentimento de nostalgia invadiu Lauren, mesmo sendo sua primeira vez entrando como convidada. Todos olharam para o casal com desprezo, sabiam que eram Piratas e que haviam sido convidados porque os Reis sabiam que eles estavam com a Princesa. Klaus segurou fortemente a mão de sua amada enquanto esperava o Guarda parado ao lado da porta anunciar seus nomes para que pudessem ir cumprimentar os Reis e o Príncipe Benjamin.

— Capitão Klaus William Bart e sua esposa, Lauren Selene Bart! - os Guardas deram espaço para que o casal passasse. A cada passo que davam em direção aos tronos, mais e mais comentários maldosos eram feitos, contudo, Lauren não parecia estar se abalando pois mantinha a postura e o rosto sério.

— Capitão Bart, Senhora Bart. - Joseph cumprimentou e o casal fez uma reverência em sinal de respeito. — Espero que vocês Piratas estejam aqui em paz, já tomaram muito da minha família.

— Apenas queremos aproveitar a noite e dar os parabéns para o substituto da sua filha. - Klaus sorriu vitorioso e ficou de frente para Leonor, fez a mesma reverência antes de olhá-la com superioridade. — Sua filha és muito bela e ótima com espadas, ensinou-a bem, Leonor. Erel teria orgulho da neta dele.

— Quer nos meter em encrenca? - Lauren sussurrou ao ouvido do namorado, que riu antes de sussurrar-lhe de volta:

— Confie em mim, gatinha. Ainda não perceberam quem você é.

— Então vocês Piratas estão mesmo com minha filha... - Leonor o olhou com lágrimas nos olhos. O coração de Lauren apertou ainda mais. Queria abraçá-la e dizer que estava bem e segura com Klaus, mas lembrar que sua própria mãe não fizera nada sobre os planos de seu pai de matá-la a fizeram controlar-se. — Onde ela está?

— Na Ilha Bart, com meu pai e os amigos dele...e parece não querer voltar para casa tão cedo, quero dizer, não sabendo que os próprios pais planejam matá-la. - lançou uma piscadela para Leonor e aproximou-se de Benjamin. O Pirata negou-se fazer a reverência enquanto Lauren se curvava em respeito.

— Sua esposa é muito linda. - Benjamin olhava atenciosamente para Lauren, que sentiu o nojo tomar conta de seu corpo. — Onde se conheceram?

— Na Inglaterra, meu pai entrega açúcar e chá para o restaurante do pai dela, foi amor a primeira vista. - Klaus sorriu orgulhoso para a amada, que retribuiu o ato acariciando seu braço.

— E ele aceitou a filha tornar-se uma Pirata?

— Bem, o velho Thomas era conhecido por outro nome antes de sua fama de "Tom Cafeína". Tenho certeza de que já ouvira a história do cúmplice do Espada Vermelha, o meu pai. Lembra da lenda do Barba Sangrenta? O Pirata maluco que matou toda a família e depois roubou a filha de um Rei distante? Pois bem, quem diria que essa filha seria a minha esposa?

— Klaus, querido, chega de assustar a realeza com essas palhaçadas. Todos sabem que meu pai era um navegante que morreu em missão no Ártico. - Lauren repreendeu o namorado ao perceber a face horrorizada de todos ao redor do casal. — Não preciso esconder ser filha do John da Marinha.

— John tinha uma filha? - Joseph perguntou, atraindo a atenção do casal. — Sinto muito pelo o que passara com a morte de seu pai, ele era um grande homem.

— Agradeço sua simpatia, Majestade. - Lauren fez mais uma reverência e puxou o namorado para longe dos tronos, indo em direção a pista de dança. — Sério? Filha do Barba Sangrenta? Essa lenda nem existe!

— Acredite, existe. Ele é meu padrinho.

— Isso explicaria sua loucura...

— Quer mesmo discutir isso aqui e agora?

— Vem, vamos dançar, temos de ser o mais naturais possível para conseguirmos roubar as coroas.

— Já estão todas com o meu pai, tivemos de mudar o plano quando recebemos um bilhete da sua mãe.

— E o que dizia esse bilhete?

— Que ela ajudaria com o roubo se a deixarmos te ver uma última vez antes de fugir com o Chefe dos Guardas.

— O pai do Oliver? Minha mãe está tendo um caso com o pai do meu melhor amigo e paixão de infância?

— Você estava apaixonada pelo seu meio-irmão? E eu sou o sem noção do relacionamento?

— Você é o sem noção, Klaus. Lógico que eu não sabia, posso não ter as melhores ideias, mas com certeza não teria uma como essas.

— Você é a filha do John, não é? - um grupo de garotas se aproximou e logo Lauren reconheceu suas Damas de Companhia. Cada uma sorria timidamente enquanto tentavam ignorar os olhares repreensivos dos outros convidados da festa. — Vem, vamos dançar.

— Divirta-se, meu amor. - Klaus riu ao ver a amada ser arrastada pelas garotas até a pista de dança, onde começaram a rodopiarem com a Princesa no centro.

O Pirata observava a cena com um sorriso triste no rosto. Lauren estava ali, dançando com suas amigas que não a reconheciam mas ela as reconhecia, sabia quem era cada uma e conversava com elas durante a dança. Era naquele lugar que ela pertencia, Lauren sempre seria Kayla Elliot, ela sempre seria uma Princesa e não seria um chapéu ou uma espada que lhe diria o contrário.

Mas mesmo assim, assim que ela parou em meio a dança para olhá-lo nos olhos com um sorriso apaixonado enfeitando seus belos lábios, ele soube que o título não importava, a coroa não importava. Lauren, sendo Lauren ou Kayla, o amava e estava ali, o chamando para juntar-se a ela em uma valsa.

— Devo lhe confessar uma coisa, jovem Pirata. - um homem já no auge de seus quarenta anos se aproximou de Klaus, o assustando. — Você e sua esposa formam um belo casal, são perfeitos juntos.

— Tens razão, Henry. - a esposa do homem entrelaçou os braços com o do marido, olhando Lauren com um sorriso nostálgico. — Lembra que você me olhava da mesma forma que ela olha para o marido dela?

— Meus olhos ainda são os mesmos, Minha Querida. - o casal trocou um selar rápido mas apaixonado, fazendo Klaus sorrir constrangido. — Espero que curtam a Lua-De-Mel em Erelbron e que sejam felizes juntos.

— Tens razão, cavalheiro. - Klaus sussurrou para si mesmo. — É com essa mulher com quem eu pretendo passar o resto dos meus anos. - começou a aproximar-se da namorada, segurando sua mão e a puxando para um abraço, sussurrando-lhe no ouvido: — Eu te amo, Kayla Elliot.

— Eu te amo, Klaus Bart. - afastou-se alguns centímetros para poder beijar docemente os lábios da amada. Aquela noite estava apenas começando.