Um novo dia nascia, o País de Erelbron estava ansioso com o primeiro mandado do novo Rei Benjamin. Porém, sua coroação deve de ser adiada após o sumiço misterioso de todas as coroas do Palácio, incluindo a que um dia pertenceria à Kayla.
Uma investigação além da do desaparecimento da Princesa fora iniciada, o povo temia que os Reis estariam recebendo um golpe dos Piratas e suspeitava do casal de recém casados que compareceram ao baile na noite do roubo. Afinal de contas, faz sentido, não faz?
Um belo casal de Piratas recém casados chega ao baile da coroação de Benjamin Levingston após o sequestro da Princesa Kayla Elliot e magicamente, junto à sua chegada, todas as coroas somem de seus devidos lugares. Considera-se no mínimo suspeito, eles não haviam pensado nessa parte do plano e agora não podiam sair da casa de Ophelia sem receberem olhares de nojo e insultos vindo da população da vila.
— Poderia ser pior, poderiam ter nos enviado para a forca ou guilhotina... - Klaus tentava ser positivo, mas estava sendo difícil ver sua namorada andando de um lado para o outro em meio à sala de estar com as mãos inquietas. — Lauren, se acalme, está tudo bem.
— Onde está tudo bem, Klaus? - a garota parou, observou o namorado por alguns segundos antes de voltar a andar ansiosamente. — Já sabem que fomos nós que roubamos as coroas, não vai demorar muito para descobrirem que eu sou a Kayla. - parou novamente, olhando para Klaus com os olhos marejados. — Eu tenho medo do que podem fazer com a gente se descobrirem.
— Não vou deixar com que encostem um dedo em você, gatinha. - o Pirata levantou-se e abraçou a Princesa, sentindo as lágrimas silenciosas molharem sua camisa. — Eu vou te proteger deles, tudo bem?
— Eu sei me virar sozinha, não preciso de proteção. - Klaus soltou uma risadinha ao ouvir a voz falha ser abafada pelo seu peitoral. — Eu temo que façam com você o mesmo que fizeram com sua mãe...não quero te perder, Klaus.
— Não vai me perder, vou ficar ao seu lado até o seu último suspiro, combinado? - Lauren afastou-se lentamente, assentindo. Klaus acariciou o belo rosto por alguns segundos antes de selar apaixonadamente os lábios. — Até que o Kraken nos separe?
— Krakens não existem...não mais.
— Exatamente, a morte não será o suficiente para nos separar.
— Até que o Kraken nos separe. - o casal se encarou por algum tempo, sorrindo fracamente antes de se envolverem em um abraço aconchegante.
— Então isso foi um sim?
— Do que está falando, Klaus?
— Não é a situação exata em que eu pensaria que estaríamos para isso. Mas não consigo mais esperar. - Klaus alcançou o bolso da calça de tirou um anel fino de ouro com um pequeno diamante enfeitando-o e ajoelhou-se em um só joelho, olhando apaixonadamente para Lauren com um sorriso bobo no rosto. — Kayla Elliot, gostaria de ser minha rainha e se tornar oficialmente Lauren Bart?
— Meu Deus, Klaus... - Lauren olhava para o namorado em choque. Eles haviam prometido que esperariam um tempo para decidir se realmente queriam ficar juntos, porém lá estava o Bart ajoelhado à sua frente com um anel, pedindo a sua mão em casamento. Estava sem reação, mas tinha a resposta na ponta da língua. — Seria uma honra governar Erelbron ao seu lado.
— Eu estava brincando quando disse sobre lhe tornar minha rainha, mas já que insiste, farei um esforço para ser um rei pomposo. - Lauren riu do agora noivo e o abraçou delicadamente, afastando-se minutos depois para que o mais velho colocasse o anel em seu dedo.
— É lindo.
— Não tanto quanto você. - se entreolharam por alguns segundos até que finalmente juntassem os lábios em um beijo apaixonado e cheio de desejo.
— Crianças, não queria estar interrompendo o momento lindo e inesperado de vocês. - Ophelia se aproximou sussurrando como se não quisesse ser ouvida por quem estava do lado de fora da casa. — Mas os Guardas estão na minha porta, não posso escondê-los por muito tempo com eles bisbilhotando pelas cortinas.
— A cabana do Oliver. - Lauren rapidamente recolheu suas coisas e Klaus fizera o mesmo, por mais que estivesse confuso com tudo aquilo. — Antes de te encontrar na taberna, fiquei em uma cabana escondida nos limites da cidade. A família do Oliver se escondia da guerra ali.
— Os Guardas estão ao redor da casa, como vamos sair daqui? - O Pirata perguntou e a Princesa analisou cuidadosamente cada janela e porta da casa de Ophelia.
Era possível ver as sombras atrás das cortinas e mantos que impediam os Guardas e bisbilhotarem para dentro da construção. Haviam dois em casa janela e aproximadamente sete ao redor das portas, seria praticamente impossível saírem sem serem pegos ou vistos e perseguidos pelos homens de armaduras de ferro.
Lauren percorria atentamente seu olhar pelas entradas, analisando cada movimento dos Guardas ao redor da casa, procurando por uma brecha para saírem dali. Contudo, não obteve sucesso, logo um dos homens começou a bater violentamente na porta, ordenando que Ophelia a abrisse e revelasse o casal escondido.
— É nessas horas que eu deveria chamar o meu pai e pedir para ele cortar umas cabeças? - Klaus perguntou em um tom divertido mas medonho, tentando aliviar a tensão do momento.
— Se ele aparecer magicamente depois disso, eu o deixo matar quem ele quiser até darmos o fora daqui. - Lauren encostou suas costas nas de Klaus, ambos observavam os Guardas batendo fortemente contra as portas e as janelas. Mais algumas vezes e provavelmente as barragens cederiam, permitindo a entrada deles.
— Minha doce criança. - Ophelia se aproximou de Lauren, tocando-lhe gentilmente o rosto. — Confias em mim?
— Claro que confio em ti, Ophelia. - a Princesa sorriu docemente, sendo retribuída pela bruxa. — Tens um plano?
— Tenho, mas terão de ficar separados por um tempo. - Klaus virou-se para escutar melhor o plano da senhorinha. Preocupado, ele entrelaçou seus dedos desgastados pelos anos no mar e usando a espada nos dedos delicados e finos de Lauren. — Não será por muito tempo. Se você já fugiu das garras do seu pai, conseguirá fugir mais uma vez.
— Já sei do que está falando... - o Pirata alternava o olhar entre Lauren e Ophelia, que se entreolhavam tristes. — Pode fazer o que tem de ser feito, Ophelia.
— Lauren, o que ela vai fazer? Vamos ficar bem? - Klaus puxou a noiva para perto antes que a bruxa pudesse tocar o belo rosto novamente.
— Ela vai quebrar o feitiço de disfarce, vou voltar a ser Kayla Elliot para tirar-nos daqui. Mas a consequência é: você vai para o calabouço e eu provavelmente para a Torre da Morte por desobediência.
— Estás maluca? Podes morrer lá e eu com certeza pegarei sentença de morte!
— Klaus, tens de confiar em mim. Eu conheço aquele Palácio como a palma da minha mão. Há uma saída na torre que um prisioneiro anterior deixou para os próximos, passarei por lá assim que possível e o tirarei da cela, combinado?
— Não se eu conseguir sair de lá primeiro. - Lauren sorriu, sussurrando um "exibido" para o amado e selou docemente os lábios mais uma vez antes de virar-se para Ophelia. — E enquanto a mim? Vou simplesmente me entregar para eles?
— Kayla, querida, pegue a corda embaixo da minha mesa, por favor? - a idosa pediu e a Princesa obedeceu, Klaus arqueou uma sobrancelha, sorrindo debochado.
— Não foi muito bem o que eu pensei quando imaginei como seria a primeira vez em que usaria uma corda em mim. - sorriu provocativo para a noiva, que lhe deu um leve tapa na nuca enquanto o envolvia com a corda.
— Tome, consegui pegá-lo a tempo dos Guardas encontrarem o esconderijo semana passada. - Ophelia jogou o vestido de baile de Kayla, que rapidamente tirou as vestes de Pirata, escondendo-as embaixo do sofá e colocando o traje. — Agora, apenas sigam o que eu fizer, ok?
— Espero que eu ganhe algo em troca dessa humilhação. - Klaus reclamou e Lauren riu, sussurrando algo em seu ouvido que não pôde ser ouvido muito menos por Ophelia. — Porra, Lauren! Você sabe ser uma vadia que joga sujo quando quer.
— Obrigada pelo elogio, gatinho, é de família. - Lauren provocou e recebeu um olhar nada puro vindo de Klaus, que a fez rir novamente antes de ajeitar o vestido e dar sinal para que Ophelia seguisse com o plano.
A porta fora aberta com força e os Guardas adentraram um por um, formando uma barreira que impedia qualquer um de sair ou entrar na casa. Lauren, agora voltando a ser Kayla, correu até o maior de todos - que deduziu ser o pai de Oliver - e o abraçou fortemente, forçando um choro desconsolado e aliviado.
O Guarda, sendo realmente o Senhor Duncan, retribuiu o ato da Princesa, a tirando de perto do Pirata que agora era levado por seus companheiros em direção à carruagem do calabouço.
— Onde está a esposa desse vagabundo? - um dos Guardas perguntou e Ophelia deu de ombros.
— Fugiu assim que me viu entrando, deixou o marido e a Princesa para trás sem pensar duas vezes. - a bruxa voltou para dentro da casa, sentando-se na mesa e servindo-se de um chá que Kayla não percebera que ela havia feito.
— Sua mãe é muito estranha, Chefe Duncan. - o pai de Oliver olhou mortalmente para o companheiro, que recuou alguns passos, pedindo inúmeras desculpas.
— Seus pai ficarão felizes em te ver de novo, Kayla. - o pensamento de rever a família fez o corpo de Lauren arrepiar de uma forma que ela nunca sentiu em sua vida. — Avisem o povoado o mais rápido possível que a Princesa foi encontrada e está bem! Vamos para casa, Alteza. Seu pesadelo acabou.
— Até que o Kraken nos separe. - Lauren sussurrou para Klaus assim que passou por ele, acompanhada pelo pai de Oliver. O Pirata apenas sorriu antes de ser trancado na carruagem e partir em direção ao Palácio Central.
— Morte ao Rei Joseph Elliot e vida longa à Rainha dos Piratas. - Klaus sussurrou para si mesmo, mas fora ouvido por um dos Guardas, que o olhou confuso.