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Ventrínia

Azull
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Chapter 1 - Inverno Vermelho

Outro dia, um dia tão sufocante quando o céu está aberto, abrindo caminho para o sol crucificar-me.

Não sei para onde olhar, assim mantenho a cabeça abaixada enquanto ando por entre o mar de pessoas. Tornou-se desconfortável sair de casa. Pelo menos foi comigo a única coisa que me mantém em movimento, é como se eu pudesse me teletransportar dessa realidade quando coloco meus fones de ouvido no alto. Carros passando, pessoas conversando, mas não consigo ouvir nada, é como um sonho do qual não faço parte e isso se torna confortável.

Logo à frente, já conseguia vislumbrar a estrutura da Catedral de São Patrício, a sede do despertar, razão pela qual vim até aqui. Me pergunto se essa edificação não se tornou um enfeite do passado em meio a tanta vastidão de arranha-céus, como costumam dizer: "O ato da modernidade humana". Tenho uma sensação desagradável com a ideia, embora na maioria das vezes não esteja me importando com essas coisas.

Seguindo o caminho de pedra liso e facetado, cruzando entre estranhos de todas as idades, sigo em direção a uma fila gigantesca onde provavelmente esperaria minha vez de chegar por uma eternidade.

—Próximo...!

Aos poucos a fila foi se movendo com pessoas sendo chamadas periodicamente para entrar em uma das muitas salas da catedral.

Não consigo deixar de suspirar quando percebo que estava suando, vestir aquelas roupas grossas eram cansativo, mas pelo menos conseguiam trazer-me um pouco de conforto.

—Próximo...!

E assim, como se estivesse numa imensa e interminável fila, longas horas se passaram.

....

Esta noite, o vento frio, que trouxe consigo uma chuva leve, entrou pelas frestas da casa, esfriando-a. Os sussurros do vento escorriam pelas paredes dos corredores.

Meus pés doem de andar recentemente no piso frio da sala. Ao fechar os olhos, ouvia o fraco som da chuva de fundo, que ate certo ponto me lembrava a maré dos mares, assim como os ocasionais carros que passavam perdidos pela rua.

Minha barriga dói, estou com fome, em algum momento vou ter que procurar comida amanhã. Ultimamente não tem sido fácil, está cada vez mais difícil encontrar comida e após o último incidente os Aku's estão cada vez mais ativos nos dias de hoje...

....

—...Mãe!

—Pai!

—Onde estão vocês!

—Reina!

Queima. O fogo queima.

—Mãe....!

—Mãe!

—Cadê vocês...!

...

Acordo do pesadelo com barulhos vindos de algum lugar da casa, Mesmo à distância, ouço os passos frenéticos de alguém subindo as escadas.

Já de pé, vou em direção à porta. Meu peito doía, a dúvida sobre o que estava lá fora era muito mais aterrorizante do que qualquer um poderia imaginar. Eu ouço o som de respiração ofegante. Quando chego à porta, meu coração para: o que estava lá fora havia chegado até mim mais cedo do que eu poderia imaginar. Por um dos buracos na madeira da porta, contra o clarão da luz, noto, fixo em mim, um par de olhos vermelhos.

Naquele momento, um sentimento de desespero brotou em mim. Não havia dúvida, só poderia ser um Aku. Mas o que eu não percebi era que o sentimento de desespero também se refletia naqueles mesmos olhos.

—Corre...!

Não houve tempo para processar os próximos eventos seguintes. Quando percebi, no chão de madeira, estava deitado sob minha própria poça de sangue. Enquanto a minha frente, dois Akus se envolveram em uma batalha mortal!

....