Sem eu esperar ele cumpre com o que diz, faz a dor da primeira vez sumir e parecer uma dor boa, de paixão, ou talvez amor. Quando tudo acaba estamos em estases muito exaltados e sem fôlego, mas ainda temos que tomar cautela. — Que horas são? —Eu pergunto assim que recuperamos o fôlego.
— 2:30. —Ele diz olhando no celular.
— Vou limpar tudo aqui, pegue suas coisas e vá embora a festa acaba em meia hora. —Digo, enquanto me levanto apressada.
— A noite foi maravilhosa você é perfeita, por que não nos conhecíamos antes Rapunzel.
— Digo o mesmo, agora vai.
Não demora muito para o efeito da bebida começar a passar, e eu perceber o que acabei de fazer. — O que eu fiz, dormi com o Nicolas? Com o Nicolas? Tá que ele é meu futuro marido, mas eu nem gosto dele, o que eu fiz…
Depois do baile algumas semanas se passaram e estou muito feliz, como há tempos não estava, meu medo sobre meu casamento arranjado havia ido embora. Agora já sai com ele pelo menos umas 4 vezes, e cada vez parece me surpreender ainda mais. Já fizemos um piquenique, conhecemos alguns amigos dele, e o mais legal de todos foi o dia que ele me levou para passear de balão. Porém, também andei passando muito tempo com Thomas, nós dois estamos cada vez mais próximos. Ele parece me conhecer muito bem, o que deixa tudo mais complicado, sem dizer que minha mãe não está gostando nada de ver a gente saindo junto. — Onde estava? —Minha mãe me pergunta assim que entro em casa.
— Calma, eu avisei o pai que ia sair com Thomas.
— Eu não falei! —Minha mãe encara meu pai brava.
— Qual é o problema?
— Nem um, sua mãe que está estressada hoje.
— Amanhã temos um jantar com a família do Nicolas, eles querem-lhe contar algo.
— Preciso ficar preocupada? O que eles querem contar? —Pergunto sem entender o que está acontecendo.
— Não me falaram, mas é algo importante, vá ajeitada.
— Eu sempre ando ajeitada.
— Porque eu não deixo você sair como quer, por você usava sempre camiseta, calça de moletom e tênis.
— Isso é muito confortável, não vejo nada de errado.
— Tá bom! Mas use aquele macacão que compramos no shopping, na semana passada. É elegante e, ao mesmo tempo, discreto.
— Tanto faz mãe, vou subir pro meu quarto, quero adiantar um trabalho do colégio. Aí vou poder pensar no que escrever nas cartas para faculdade.
— Falando nisso, o que acha de mandar uma carta para faculdade da Califórnia? Ela é muito boa. —Meu pai me pergunta esperançoso.
— Estava pensando em mandar mesmo, sempre é bom ter outras opções.
— Que bom saber disso, que não quer ir apenas para a universidade de Nova York. Você poderia conversar com o Nicolas sobre isso.
— Não vejo necessidade disso, mas se faz questão posso conversar com ele. Estou indo lá para cima. Qualquer coisa me chame.
O dia seguinte passa como outro normal, indo para escola voltando para casa, fazendo as lições de casa e conversando com minhas amigas. Mas a noite não é nada comum. Estamos indo jantar com a família de Nicolas, como minha mãe havia dito, mas todos estão agindo estranhamente. Então resolvo perguntar. — Alguém pode me falar o que está acontecendo, por que o Nicolas não veio?
— Ele já está chegando, tenha paciência.
— Não se preocupe querida, ele está esperando um amigo que está vindo junto. —Laura sorri.
— A está bem, é que a minha mãe disse que vocês queriam conversar sobre algo importante.
— Eu só disse isso.
— E queremos só estamos os esperando, falando nisso olha os três ali. —Laura aponta para eles.
Eu olho e fico de cara quando se deparo com Nicolas, Thomas e a mãe dele. —Por que o Thomas está aqui com a mãe dele?
— Seja forte não vai ser nada fácil. —Meu pai me olha com dó.
Meu pai se levanta e cumprimenta a mãe de Thomas.—Boa noite Érica, continua como sempre muito elegante.
— Boa noite Miguel.
— Boa noite, como vai à senhora? —Eu me levanto para cumprimenta-la também.
— Eu vou bem, meu filho não para de falar de você.
— Espero que isso seja algo bom. —Respondo envergonhada.
—Esse é o problema, ele só fala coisas boas a seu respeito.
Laura interrompe Erica. —Vamos direto para o assunto, não quero que isso seja mais complicado do que precisa ser. Vou contar de uma vez, Emma querida pode se sentar, vou ser breve. Resumindo sabemos que está saindo com o Thomas.
Minha mãe deve ter contado, eu sabia que ela não ia deixar eu ser amiga do Thomas. — Ele é apenas meu amigo, não está acontecendo nada.
— E nem vai, Thomas também é meu filho. —Luiz fixa o olhar em mim.
— Como assim? —Eu olho para todos surpresa.
—Isso mesmo, o Nicolas é meu filho, mas eu sou casado com a mãe do Thomas.
por que nunca me contam nada?
— Isso não interessa, só fique longe do Thomas e faça seu papel saindo com Nicolas. —Luiz me encara.
— Olha como fala com minha filha, mais respeito! —Minha mãe o olha brava.
Então Thomas se intromete na conversa. — Me desculpe por não ter contado, eles não deixaram.
— Por que você estava saindo comigo se sabia de tudo? E Nicolas como pode deixa-lo sair comigo mesmo sabendo? —Eu olho para os dois decepcionada.
— Vou dizer a verdade, pedi para ele me ajudar, pedi que ele descobrisse do que você gostava, para facilitar nos nossos encontros. Você é difícil de decifrar não gosta de nada que uma garota normal gostaria. —Nicolas fala sem jeito, mas me corta o coração saber que ele nem tentou fazer algo para me agradar, que foi tudo o Thomas, e me dá raiva de saber que o Thomas só está saindo comigo porquê o Nicolas pediu.
— Então você nunca gostou de mim? Mãe me leva para casa, não quero ficar aqui com nem um dos dois.
— Como queira querida, você tem esse direito.
— Me deixe explicar. —Thomas abaixa a cabeça, chateado. —O Nicolas é meu irmão bastardo. No começo sai com você apenas para ajuda-lo, mas depois me arrependi sabia que não deveria brincar com seus sentimentos, ele não te merece.
— Nem pense em dizer que tudo mudou e você está apaixonado por ela, ela está pretendida para mim. Sua mãe estragou o seu casamento arranjado, e tive que ficar no seu lugar. Agora não queira se intrometer no meio. —Nicolas o encara.
— Se é para falar a verdade vou dizer, o Nicolas tem uma namorada há mais de 1 ano, e sim ela sabe de tudo e não liga os dois se amam.
— Cala a boca! E Nicolas saiba de uma coisa, tenho certeza que nunca mais vamos nos gostar daquele jeito. Sabe aquele jeito de gostar de quem ainda não conhece, de deixar apenas acontecer. —Eu começo a chorar. —Vamos logo embora.