Ameaçado pelo homem grandão e por aquele cavaleiro e também por todos aqueles mercenários que estavam na sala com olhares fulminantes, comecei a falar sobre a minha história.
- É uma longa história.
- Não tem problema! Temos todo o tempo do mundo e queremos perder o tédio.
O grandalhão me olhou. Ele queria me pegar desprevenido e ainda estava com raiva do golpe de espada que recebeu do cavaleiro a meu lado, mas não conseguia achar uma fresta na minha defesa. Já estava começando a ficar com raiva.
- Comece a contar!
Peguei a bebida do taverneiro e dei um gole. A bebida no copo de madeira estava com um gosto fenomenal.
- Ok. Isso começou há muito tempo. Muito tempo que nem sei o quanto. Eu não sou daqui. Não sou nem desse reino. Não sou desse mundo.
- Como assim? Você não é desse mundo?
- Isso. Acredite ou não eu sou de outra realidade e fui transportado para cá por uma deusa. Mas até chegar nisso foi graças a um grande desencadear de eventos. Isso tudo foi o que me trouxe aqui.
O cavaleiro se aproximou mais para ouvir melhor a historia que eu iria contar.
- Isso ficou interessante. Comece a falar como isso aconteceu.
- Como eu disse, foi há muito tempo, em uma outra realidade.
Era final da primavera. Estava deitado em minha cama, quando pensei no que deveria fazer naquele dia. Me levantei e arrumei a cama. Em seguida, fui até o banheiro. Escovei os meus dentes e fiz o que eu tinha de barba. Em seguida, tomei o meu banho, como fazia normalmente. Peguei a minha toalha e me sequei o mais rápido que pude. Pus na cintura e segui para o quarto. Fui até o guarda-roupa, peguei as roupas que estavam mais acima. Coloquei rapidamente e peguei o meu tênis. Amarrei o cadarço e respirei fundo. Seria mais um dia de colégio. Desci e vi a minha família reunida na mesa de café da manhã.
- Bom dia!
- Bom dia!
A minha irmã não era de falar muito. Ficava no celular olhando as redes sociais enquanto comia. O meu pai costumava ler o jornal na mesa, mas saía rapidamente ao trabalho. Não costumava demorar quando comia. Minha mãe era quem me perguntava se eu precisava de algo. Ela era bem carinhosa e sempre me ajudava quando precisava.
- Comeu o sanduíche que deixei na mesa?
- Sim, mãe!
- Pegou o dinheiro do lanche?
- Sim.
- E o agasalho?
- Estou indo para a escola.
- Toma cuidado no caminho.
- Tá bom, mãe.
- Tchau! Se cuida!
- Tchau, mãe!
Eu me apressava. Não podia deixar o meu amigo, que sempre me encontrava no caminho, esperando. E também não podia chegar atrasado na escola. Tudo o que eu queria era não dar problemas para os meus pais e ter boas notas. Era a minha unica obrigação. Eu pegava a minha mochila junto da porta e saia de casa.