Estava indo para a sala de aula. O meu amigo, Welber, seguia do meu lado. Eramos como dois maratonistas correndo contra o tempo tendo que chegar logo a linha de chegada. Estávamos com sorte, pois nenhum professor apareceu naquele meio tempo. A garota mais bonita da escola e que eu estava apaixonado, Ellen, seguia junto de suas amigas um pouco mais adiante. Estavam também correndo para chegar logo na sala de aula. Haviam outros grupinhos de amigos que seguiam juntos para salas diferentes. Ela era bem popular na escola. Não era a toa que aqueles grupinhos se juntassem junto a ela para ficarem conversando. Estávamos um pouco atrás dos demais que também corriam.
- Eu vou tentar arranjar essa oportunidade para você.
- E como você vai fazer isso?
- Veja e saberá!
- Esse seu plano não nos leva a nada estranho?
- Não. Pode ficar tranquilo!
O maior problema era qual seria o plano do meu amigo sobre como fazer eu me encontrar com Ellen. Ele poderia ter um plano mirabolante como alguém que conhecemos dos gibis e que poderia falhar facilmente com uma coelhada. Mas uma coisa era verdade, eu tinha que dar um jeito nisso. Aquilo estava me consumindo por dentro. Era como se alguma coisa me faltasse. Eu tinha que me encontrar com ela. Tinha que tomar coragem para fazer isso.
- Eu espero que possa fazer algo para falar com ela.
- Sim. Isso vai dar certo. Pode ficar tranquilo.
Chegamos na sala de aula e assistimos normalmente. Os professores chegaram, por sorte, um pouco depois de nós. Assim não fomos pegos e não tomamos falta. As aulas foram cansativas, mas fazia parte do roteiro. Tinha que me acostumar a tomar aqueles chás de cadeira e ficar ouvindo eles falarem coisas que não iriei usar durante a minha vida profissional para que eu pudesse passar de ano e não ter problemas com meus pais.
Welber foi até um dos amigos que ele tinha no time de futebol. Ele era um cara muito bom em esportes. Eu, pelo contrario, não era tão bom. Por esse motivo, evitava sair com meus amigos para não lhes atrapalhar tanto. Welber era contra. Ele achava que eu tinha que me enturmar mais e buscar se mais sociável. Começou a conversar com ele e eu não soube o que realmente era, mas fiquei aguardando durante o intervalo. Eles foram até aonde Ellen estava sentada com suas amigas e alguns garotos que ficavam babando por ela. Não achei que aquilo poderia dar algum tipo de resultado, mas incrivelmente, depois daquilo, ela me chamou. Ela acenou com a mão e todos ficaram me olhando no refeitório. Eles me olhavam perguntando quem eu era e de onde eu vim. Para um tímido, somente pensava que queria que aquilo tudo acabasse logo. Não queria chamar mais atenção do que o necessário. Estava vermelho de vergonha. Ela abriu um lugar ao lado dela para sentar.
- Bom dia!
- Bom dia!
- Como você se chama?
- Me chamo Afonso.