Jagadeesh Manohari (Eros Myron) POV:
Saio do restaurante de taxi e sozinho, de certa forma acho melhor, porque posso refletir sobre tudo o que aconteceu, ou me permitir ficar triste por temer a reação da minha noiva, solitário posso expressar os sentimentos que me sufocam.
Me dou conta de que estou com uma garrafa na mão, continuo a carregá-la pelo menos até o lixo mais próximo.
Saio do taxi e vejo que a rua entre os hotéis está deserta e escura, penso se é muito tarde, mas nem sei onde está meu relógio ou celular. De repente percebo uma discreta iluminação, o que é suficiente para que eu veja um pôster com montagem de fotos em que Baby e eu aparecemos em nosso noivado na festa indiana, me aproximo e acaricio a foto.
De repente ouço a voz da Weenny e imediatamente viro para ver onde ela está, ouço som de tornozeleiras e logo depois ouço outras vozes cantando junto com a minha noiva, muitas pessoas vem em minha direção e no escuro, não consigo ver exatamente quem são, mas é possível ver que carregam um grande bolo em um carrinho, que desviam de mim, enquanto outras pessoas me colocam sentado em uma cadeira que eu nem sabia que estava lá.
Todas as luzes são acesas e minha Weenny começa a dançar diante de mim, junto com nossos amigos, outros indianos, servos e amigos famosos. Logo ela se aproxima de mim, canta e brinca comigo, enquanto dança e tira a garrafa das minhas mãos.
Weenny volta a dançar na minha frente, junto com todos, mesmo assim eu não me animo, porque só consigo pensar na pergunta que terei que fazer ainda esta noite para ela.
É nesse momento que aparecem músicos com cornetas, flautas, quepes de soldados, circulam e fazem muito barulho andando ao meu redor, talvez para me manter acordado. Weenny pega a garrafa e começa a brincar como se ela fosse uma corneta, logo depois me puxa me fazendo ficar em pé, perco o equilíbrio, mesmo assim ela mantém a brincadeira comigo.
Weenny dança sozinha, enquanto eu fico em pé no meio do povo, quando ela termina é uma explosão de alegria, tudo isso porque ela sempre está maravilhosa, sempre! Ainda no meio do deles, Samara vem apertar as minhas bochechas, faço careta porque dói.
De longe Weenny mexe comigo, faz novas brincadeiras buscando minha atenção, mas eu ainda não sei como reagir, essas bebidas estão me afetando muito mais do que imaginei. Volto a sentar e ela vem atrás de mim, novamente canta e dança ao meu redor.
As palavras desta canção ecoam na minha mente e estão me fazendo refletir.
Levanto da cadeira e finjo que vou embora, caminho entre o povo e ouço quando Weenny me chama.
— Ei, jaan?... Para onde ele está indo?... Jaan?
Começo a cantar, tiro a camisa que tanto me incomoda e entrego para o Guilherme, perco o equilíbrio e vou caindo para trás, mas Claudio e Ricardo me seguram a tempo, canto e danço ao lado dos meus amigos.
Filipe vem me trazer um papel, mas eu o jogo fora, sem ler.
Trazem o enorme bolo, corto e dou o primeiro pedaço na boca da Didi, uma serva que muito me ajudou durante a preparação do palácio da minha Dulhana, depois ofereço um segundo pedaço na boca da Vilma, minha sogra. Quando vou oferecer uma fatia do bolo para a minha Princesa, ela faz questão que eu coma primeiro, ainda me faz um carinho.
Weenny Alves POV:
O que eu escolhi cantar para meu Jagal? Se ele está triste pensando na distância ou que eu o condeno pelo que houve hoje, preciso dizer a ele que estou do lado dele e a melhor forma é através dessa canção.
Peço que ele cante a canção comigo, suborne a tristeza e aprenda comigo o potente remédio que eu testei, a felicidade. – Gun gun guna de Udir Narayan e Sunidhi Chauhan.
"Quando você faz uma cara triste até o sol começa a se pôr
Quando você sorri, a lua começa a iluminar sempre radiante
Quando você está em silêncio, a vida parece não ter melodia
Quando você fala, é como música para os meus ouvidos
Por que está guardando tudo dentro de você?
Venha! Abra seu coração para mim... cante... cante"
Assim que terminamos de cantar e dançar, todos aplaudem e comemoram, os músicos têm ordem para continuar a tocar e sudras passam a servir os doces e bolo.
Jagal aproveita a multidão que se forma e me leva para um lugar reservado, seguimos em um desconfortável silêncio, quando finalmente paramos, olho firmemente para ele e espero para ouvir o que tem a dizer.
— Preciso te perguntar algo... – Jagadeesh diz.
Eu percebo a aflição que o consome assim que nossos olhares se encontram, faço um leve sinal com a cabeça para pedir que ele prossiga com o assunto que parece ser importante.
Jagal tenta dizer alguma coisa, mas não consegue, leva as mãos à cabeça demonstrando toda a sua aflição, mas seus lábios continuam cerrados. Então o vejo caminhar no sentido oposto, aumentando a distância entre nós e impedindo nosso contato visual.
— Tenho que começar te dizendo que estou consciente da gravidade da minha decisão e dos atos violentos que cometi. Sei que minhas atitudes podem ter gerado várias interpretações, por isso o que mais lamento é que tudo isso tenha acontecido diante de você e de nossos amigos... Entendo que para as leis brasileiras passo a ser considerado um assassino, ainda que para as leis indianas eu tenha agido conforme exige a justiça, defendendo a nossa honra e a das nossas famílias, além do trono do meu pai. Eu não tenho segredos para você, tanto é que você conhece tudo a meu respeito... Eu entenderei se você quiser me deixar ou se seus pais decidirem desistir do nosso compromisso, a aliança de casamento entre nós e nossas famílias, depois do que eu fiz...
Ouço tudo com atenção e respeito, consigo perceber o pesar em cada uma de suas palavras, de repente meu Jagal vira para mim, me fazendo ver a tristeza estampada em seus olhos.
— Rogo a você que me tire dessa angústia de não saber o que pensa e qual será a sua decisão. - ele junta as mãos como em uma prece e súplica.
A coragem dele parece ter se desvanecido, ele baixa o olhar, talvez com receio da minha resposta.
— Por favor, me ouça com atenção. Olhe para mim! - eu não o deixo esperando mais tempo e respondo com certa pressa, mas Jagal não me olha.
— Certamente você não leu o bilhete e também não atentou para a canção que eu cuidadosamente preparei para dizer o que você me pede para ouvir, então eu lhe direi novamente, mas olhe para mim. – peço com respeito e carinho.
Desta vez meu Jagal me olha com uma certa curiosidade.
— Meu Príncipe, eu confio plenamente em você e o admiro, tenho orgulho de você e o apoiarei em tudo o que você fizer, porque sou a sua Dulhana e em pouquíssimo tempo serei a sua esposa, a canção que cantei para você é para que entenda que estarei ao seu lado e roubarei a tua dor para mim e darei a você a minha alegria. Me recuso a desistir de você ou do nosso casamento, já que a minha felicidade está com e em você. – digo com veemência.
Jagal permite que algumas lágrimas corram por sua face, elas já não demonstram tristeza, mas alívio, nos abraçamos e nos beijamos com paixão, sentimos paz e muita alegria.
— Eu temi achando que você ia desistir de mim, pensei que me veria como um assassino... - ele sorri e diz.
Eu tapo os lábios dele com suavidade.
— Você é meu herói, me salvou, eu jamais te deixarei. – digo com firmeza.
— O amor e o destino provaram a força de nosso relacionamento. Meu coração está em paz por vê-la e pelo deleite que tenho em cada uma das suas tão doces palavras. - ele me abraça de novo e diz.
— Quem era Rafik Saik? – pergunto.
— Um homem que era de confiança do Imperador, mas se rebelou e levou consigo muitos homens, que travaram uma guerra pelo trono do Império, mas Rafik Saik não saiu vitorioso, por isso decidiu perseguir a família Imperial, conseguiu subornar alguns soldados da escolta, mas ainda assim não conseguiu se aproximar do Imperador para matá-lo, decidiu entrar no harém e no palácio das mulheres, para matar toda a descendência do soberano, conseguiu matar algumas esposas e filhos, eu estava entre eles e fui sufocado até desfalecer, então Rafik Saik conseguiu fugir, pensando que eu estava morto. Desde então ele estava exilado em algum lugar, esperando o melhor momento para voltar a atacar. – Jagadeesh esclarece.
— Que coisa terrível. Algo aconteceu com a Imperatriz? – digo, ainda apreensiva com essa revelação.
— Não, o Imperador havia requisitado a sua presença momentos antes, estavam no palácio dele com toda a escolta, por isso Rafik Saik não os encontrou, mas eu estava com a minha ama de leite. – ele responde.
Fico imaginando o desespero de todos no momento desse ataque.
— O Imperador tem novas esposas e filhos agora, talvez nem tenha se importado com os que partiram naquele dia. A sua preocupação era comigo, porque sou o herdeiro legítimo, fiquei muito tempo sob cuidados médicos, entre a vida e a morte, depois disso veio a decisão de me mandar para longe, me mantendo exilado. – meu Príncipe diz.
Então essa morte foi a justiça esperada por tanto tempo, a vingança pelo sangue imperial derramado.
Decido não dizer mais nada, apenas o beijo buscando esquecer de tudo isso.
— Agora devo ir, as servas devem estar me procurando para eu retornar para o palácio, vá descansar tranquilo, meu Dulhan. – digo.
— Hum, terei muito com que sonhar depois dessas palavras e desses beijos. – Jagal diz e sorri.
Decidimos retornar separados, afinal não é adequado que estejamos sozinhos antes do shádi, mas realmente precisávamos conversar sobre o acontecido.
Conversamos com nossos amigos, vemos que todos parecem estar se divertindo e integrados, as famílias, nossos amigos e os famosos, todos juntos e felizes.
Jagal e eu começamos a nos despedir, percebo que alguns observam a movimentação das minhas sudras no preparo da minha partida.
O palanquim chega e Salima vem avisar, entro e parto, ao lado dos soldados da minha escolta e das servas, rumo ao meu palácio.
Chegamos em pouco tempo, estou exausta e muito feliz depois de ter conversado com meu Jagal.
Minhas sudras preparam um lanche e insistem para que eu me alimente antes de dormir, como para que elas fiquem tranquilas, quando vou para os meus aposentos, vejo que as servas me acompanham e me ajudam em tudo, inclusive a me arrumar para dormir. Ainda é muito estranha essa ajuda, mas lembro bem das aulas e sei que devo permitir isso, então tento aceitar e me acostumar.
Durmo tranquilamente sabendo que finalmente meu Jagal está com o coração em paz e com a certeza de que eu o quero ainda mais do que antes.
Os Amigos POV:
As dúvidas rondam os amigos...
Que a Weenny fala com fluência o hindi já foi uma grande surpresa para todos, mas agora escolher uma canção e ensinar todos a cantá-la? Isso tudo estava bem estranho, ela aprendeu tudo isso apenas nas aulas pré-shádi? É incrível, mas para que aprender tanto?
Após a homenagem os casais somem, Dani e Guilherme se encontram em um lugar mais escuro, Carol e Claudio se abrigam atrás do poster para namorar um pouco, Michele e Ricardo conversam em uma das varandas.
Samara e Enzo vão para um canto e trocam juras de amor, dizem que não podem mais controlar a saudade, ele insiste em se casar depressa, mas ela parece estar muito mais interessada em fazer o filme deles.
Alguns deles voltam para a festa com a intenção de procurar por Eros e Weenny, mas não os veem, continuam procurando em muitos lugares, até encontrá-los em lugar bem discreto, se escondem para observá-los e ouvir o que tem para conversar.
Quando a comemoração termina, voltam ao hotel para descansar.
Descobrem a senha do wi-fi e conectam todos os celulares, se os homens e as mulheres terão que ficar separados durante o dia, pelo menos a internet os unirá a noite, desta forma poderão por toda a conversa em dia.
Claudio se encarrega de montar um novo grupo, incluindo a nova amiga Maria José e Laís, a simpática irmã do Enzo, que já conquistou todos os padrinhos, claro que deixam de fora os noivos, afinal esse casal certamente será um dos principais assuntos. Adiciona todos e aguarda as primeiras mensagens.
O grupo ainda está silencioso, afinal quase todos estão no banho ou se preparando para dormir, devido ao cansaço deste dia intenso, somente quando deitam em suas camas, pegam os seus celulares, a conversa começa:
Claudio: —Tenho que ser o primeiro a mandar a mensagem?
Iara: — Claro. Você é nosso preferido!
Enzo: — O que acharam da nossa deusa dançando?
Samara: — Enzo, estou lendo, viu?
Enzo: — Ah, vai dizer que você não acha que a Weenny é a nossa deusa?
Dani: — Para de ser chata, Samara, ter ciúmes da Weenny por quê? Tá louca? Ela estava maravilhosa como sempre.
Laís: — Eu vi os dois conversando depois da dança.
Enzo: — O que você está fazendo nesse grupo? É apenas para os padrinhos! Você é muito nova e é minha irmãzinha.
Rafael: — É muito bem-vinda.
Claudio: — Isso mesmo, muito bem-vinda.
Carol: — Fiquem quietos e vamos ler o que Eros e Weenny conversaram, conte tudo, Laís.
Melissa: — Eros estava com uma expressão tão triste.
Ricardo: — Ele ficou preocupado sobre o que íamos pensar sobre tudo o que aconteceu.
Marília: — Eu também vi e ouvi tudo.
Michele: — Contem, por favor.
Marília: — Foi uma cena de cortar o coração, Eros estava muito triste, ele disse que precisava falar algo para Weenny, mas não conseguia, parecia tão aflito. Estava emocionado quando perguntou se depois de tudo o que ele fez, se ela ainda era capaz de gostar dele, se ainda queria se casar com ele ou tinha desistido, ele nem olhava para ela, parecia ter receio da resposta.
Mayara: — Ele usou essas palavras?
Laís: — Não, o que ele disse eu achei lindo, mas nem tudo consegui ouvir, direi as partes que ouvi: "Tenho que começar te dizendo que estou consciente da gravidade da minha decisão e dos atos violentos que cometi. Sei que minhas atitudes podem ter gerado várias interpretações, por isso o que mais lamento é que tudo isso tenha acontecido diante de você e de nossos amigos... Eu não tenho segredos para você, tanto é que você conhece tudo a meu respeito... Eu entenderei se você quiser me deixar ou se seus pais decidirem desistir do nosso compromisso, a aliança de casamento entre nós e nossas famílias, depois do que eu fiz..."
Maria José: — Meu Deus! Ela não desistiu, não é?
Ricardo: — Meu amigo foi um herói. Ele tá certo.
Rafael, Igor e Leonardo escrevem mensagens ao mesmo tempo, concordando com Ricardo.
Melissa: — Weenny deu uma linda resposta e eu lembro bem: "Certamente você não leu o bilhete e também não atentou para a canção que eu cuidadosamente preparei para dizer o que você me pede para ouvir, então eu lhe direi novamente, mas olhe para mim."
Victor: — Isso foi tudo o que Weenny respondeu?
Marília: — Não! Foi bem mais profundo, vejam: "Meu Príncipe, eu confio plenamente em você e o admiro, tenho orgulho de você e o apoiarei em tudo o que você fizer, porque sou sua Dulhana e em pouquíssimo tempo serei a sua esposa, eu compus a canção que cantei para você para que entenda que estarei ao seu lado e roubarei a tua dor para mim e darei a você a minha alegria. Me recuso a desistir de você ou do nosso casamento, já que a minha felicidade está com você."
Vivian: — Que lindo, mesmo um grande amor!
Laís: — Lindo mesmo foi ver a emoção do Eros, logo depois se beijaram.
Muitas mensagens de comemoração se seguem e também de alívio, afinal nenhum deles consegue imaginar Eros sem Weenny.
Mudam um pouco de assunto, agora querem brincar uns com os outros.
Claudio: — Ah, como é bom ter essa cama grande e macia só pra mim!
Iara: — Ah tá. Vai dizer que você não queria estar namorando agora?
Carol: — Ótimo! Não esqueça que estou lendo. Aguente as consequências dessa provocação depois, ok?
Leonardo: — Claudio, agora você tá ferrado! Vai provocar quem está quieta.
Dani: — Você fala como se não quisesse que seu grande seu amor estivesse aí bem juntinho de você.
Claudio faz questão de mostrar que tudo não passa de uma brincadeira, todos sabem o quanto esse novo casal se ama e adoram divertir o grupo.
Samara: — Meu Enzo sempre faz falta em todos os sentidos.
Gislaine: — Ahá, como se não soubéssemos disso, vocês devem ser tudo um para o outro, afinal não se desgrudam.
Laís manda mensagens e emojis, mostrando o quanto acha engraçado tudo isso.
Enzo: — Todos os casais são assim.
Guilherme: — Claro que são. Homens precisam de sexo e espaço.
Dani: — De amor nunca precisam, não é? Por isso nem sinto saudades de você!
Filipe: — Xiiiii. Devia ter ficado quieto.
Tatiane: — Michele e Ricardo são diferentes, aproveitam cada minuto e não precisam ficar se agarrando em público.
Michele: — Obrigada, amiga.
Carol: — Samara, me diz uma coisa, está sentindo falta do Enzo na cama? Aliás, ele é bom de cama?
Guilherme: — Ainda bem que o assunto deixou de ser eu. Olha lá, agora é com você.
Enzo: — Sou melhor do que você, responde anjo.
Mayara: — Parem com isso! Tem a Laís no grupo.
Laís: — Já tenho 18 anos, pode falar.
Samara está quieta.
Iara: — Não vai contar?
Samara: — Enzo é maravilhoso, o melhor homem que eu já tive.
Será que é por que Enzo é o segundo homem que ela já teve na cama? Samara podia ser uma tremenda safada, mas na cama não tem tanta experiência assim, só namorou muito, mas na cama é inexperiente. - Carol e Mayara pensam.
Gislaine: — Agora entendo por que Enzo e Samara estão estressados com a separação!
Muitas mensagens surgem, com risos e emojis.
Maria José: — É verdade que o Claudio apalpou os homens para saber se eles estavam bem? Tô abismada com isso.
Victor: — Claro, quase todos. Eu corri a tempo e Eros estava muito perigoso, ele nem tentaria...
Victor percebe o silêncio súbito das mulheres as risadas dos homens, afinal todos eles sabem que isso não passa de mais uma das brincadeiras do Claudio, com esse jeito debochado e escrachado.
Passam a conversar sobre amenidades e se despedem porque estão muito cansados, embora estejam igualmente felizes.
Largam seus celulares e adormecem.