Durante cinquenta dias tornou se constante o desaparecimento de jovens adolescentes e de crianças recém-nascidas.
Desesperada, a população não tinha para quem apelar.
Sem a presença do padre Anton para salvar uma possível alma, os homens organizavam cruzadas temendo serem os próximos, pois as vítimas eram do sexo masculino.
Na noite do sexagésimo dia, a primeira mulher que fora possuída por Cérbero foi retirada da casa do pomar e nos confins dos jardins, as primeiras dez quimeras nasceram. Enquanto suas crias nasciam, Thereze inundava o solo com seu sangue.
Então, entre ganidos lançaram se sobre a mãe, devorando-a.
Em questão de segundos cresceram transformando se em criaturas de aparência feminina, com grandes e belos seios. Porém, tinham asas de morcego, chifres, cascos e cauda de cadela.
E voaram, perdendo-se na escuridão. Por dez noites sucessivas esse ritual aconteceu.
Na décima noite, nasceu também Chimäre a filha de Bertha, mas essa sendo uma criança linda e loura, aparentemente normal.
Eule sabia que ela também cresceria mais rápido que um humano comum. Seria adolescente em um ano e adulta em dois.
Bertha nunca soubera de todo o horror que assolara a casa durante os dois meses que se passaram.
E que esse horror se prolongaria até a extinção da espécie humana.
Por todos os lugares, os demônios alados atacavam.
Jovens e crianças eram atacadas e mulheres grávidas tinham seus filhos arrancados do útero e devorados para depois serem devoradas também.
Ao copularem com os jovens e arrancar seus pênis para depois devora-los, a succubus se transformava no homem que devorara e estuprava as mulheres que se transformavam em alimento.
Assim, a população humana diminuía consideravelmente e elas mais e mais se espalhavam.
Todas as vilas em redor dos Alpes Bávaros estavam tomadas de pânico.
Restava a população idosa que não serviria à luxúria das quimeras.
Eule então decidiu que estes e o que restara dos rebanhos de animais serviriam de alimentos para os outros habitantes da casa. Seu cão e seu mordomo seriam encarregados de caça-los e trazê-los até a casa, onde seriam servidos como refeições.
Deixou seu mordomo e Cérbero encarregados de cuidar de Bertha e Chimäre e mudou-se para a Saxônia.
E por toda a região a raça humana foi sendo dizimada. Um ano de terror se passara.
Bertha se sentia sozinha e não entendia o porquê de nenhum ser humano visitar a sua casa.
Porém numa tarde, num descuido de Cérbero, chegou até o portão com sua filha. E pôde perceber que não havia um sinal de vida em raios de quilômetros. Nenhum trilho de charrete, nenhum rastro.
Os arbustos que antes cobriam a casa da montanha agora cobriam as casas destruídas da vila.
Então, pensamentos que antes nunca haviam chegado ao seu cérebro se fizeram presentes.
Eule estava longe há meses e seu domínio pareceu diminuir sobre Bertha.
Em ondas, os pensamentos chegavam aos milhões e a cabeça doía.
Por que seus pais nunca a procuraram, nunca quiseram saber notícias dela?
Onde estaria seu noivo que parecera ama-la tanto?
E as dez moças que antes chegaram ali para trabalhar? Onde estavam?
Por que Chimäre crescera tanto?
Com menos de um ano de idade, sua filha falava, tinha o tamanho se se comportava como uma criança de dez anos
Desesperada começou a soluçar e apenas nesse momento percebeu que Cérbero estava junto delas, mostrando os dentes pontiagudos de suas três bocas.
Estranhamente Chimäre sorriu e brincou com ele.