Diogo
Eu nunca me imaginei exercendo outra profissão que não fosse essa que me encontrava executando neste momento. Ser um delegado não era fácil, ainda mais no país em que vivemos. A corrupção neste setor era grande. Não que eu fosse um santo, porque eu, com certeza, não era, mas entrar nessa onda era algo que eu nunca iria fazer. Para mim, seria como quebrar um voto que fiz quando me formei policial. Aliás, eu não jogaria fora os anos de treinamento, e depois estudar cada vez mais para, por fim, passar no concurso. Foi uma luta muito difícil, batalhei para conseguir chegar aonde me encontro hoje.
Eu estava na delegacia, sentado, ouvindo o que o bandido estava dizendo, e sempre era mesma coisa: "Eu sou inocente", "não mereço estar aqui".
Bom, dei graças a Deus porque consegui liberá-lo direto para a cela, quando comecei a ouvir uma discussão bem alta. Como sou curioso, levantei para ver o que estava acontecendo, e, quando saí da minha sala, dei de cara com uma bela mulher, que estava indo em direção à sala do meu amigo investigador, Davi.
Ela parecia ser diferente de todas as mulheres que eu conheci. Linda. Não, mais do que isso, maravilhosa. Observar seu andar com aqueles sapatos de salto agulha me deixou com um tesão louco. Nunca passei por esse tipo de situação, a única coisa que vinha na minha cabeça eram imagens de nós dois na cama e eu mandando ver nela.
Deveria ficar envergonhado com os pensamentos que eu estava tendo sobre ela, mas não, isso me deixou com mais vontade de catar aquela mulher e levá-la até a minha sala, encostá-la à minha mesa e descobrir o paraíso em seus braços.
Em vez de voltar para minha sala, fui direto para a sala do Davi e ouvi a mulher linda dizendo:
— Puta que pariu, Davi, para de querer me controlar!
— Não vem, não, Antonella, você sabe muito bem que eu tenho que cuidar de você — respondeu Davi, que estava a ponto de gritar, pela expressão em seu rosto.
— Davi, eu sou de maior e vacinada, e não quero ninguém no meu pé querendo me controlar — ela respondeu, alterada.
Eita, essa mulher era bem nervosa, e eu adorei isso nela. Ela parecia ser espontânea, estava gritando a quatro ventos com meu amigo sem perceber que estava dentro de uma delegacia.
Fiquei ali ouvindo tudo e observando como aquela tigresa batia de frente com o Davi. Pela expressão dele, ele estava a ponto de voar no pescoço da mulher, e isso eu não poderia permitir. Davi não faria nenhum mal algum a ela.
— Antonella, não vem, que eu não vou deixar você ir naquele lugar! — respondeu Davi.
Que lugar era aquele ao qual a tigresa estava querendo ir? Outra coisa: será que ele estava namorando e não me falou nada?
— Davi, vou falar pela última vez: eu sou maior de idade — ela respondeu, irritada.
E eu reparei que ela era ainda mais linda de perto. Vi alguns homens olhando para ela com ar de riso. Reparei que eles deveriam conhecê-la, ou então estavam mesmo com pena do Davi. O que quer que ele tenha aprontado, estava ouvindo poucas e boas. Outra coisa que eu fiquei reparando foi que ela era uma bela mulher e ninguém estava olhando para ela como eu estava.
Se bem que era bom mesmo não olharem, porque ela era minha. Esse sentimento de posse deveria estar me deixando com medo ou, no mínimo, preocupado, mas não foi isso que senti. Eu me senti com vontade de ir até ela, pegá-la em meus braços e atacar aquela boca atrevida.
— Antonella, o que você foi fazer naquele lugar? — Davi perguntou, e eu fiquei ali, curioso, querendo saber em que lugar ela estava.
— Eu estava me divertindo, como qualquer mulher normal estaria fazendo, caso certo ogro filho da puta… Não, eu não posso xingar a nossa mãe — ela falou, irritada.
Então quer dizer que eles dois eram irmãos? Por que eu não notei antes? Eles eram até parecidos, se bem que a minha tigresa era maravilhosa. Era melhor eu acabar com a discussão, antes que as coisas ficassem piores.
— Atrapalho? — perguntei, vendo o Davi se levantar todo nervoso, e a minha tigresa virou o rosto para olhar quem estava interrompendo seu papo.
— Me desculpa, Diogo — respondeu meu amigo.
— Não tem problema, está tudo OK por aqui? — perguntei, curioso, falando para o Davi sem olhar para ele, porque meu olhar estava todo naquela maravilha de Deus.
— Me desculpe por estar gritando aqui na delegacia, senhor — ela me disse, e só o som dessa voz me deixou com mais vontade de pegá-la e fazer com ela todos os pensamentos que eu estava tendo, mas é claro que eu não podia nem estar pensando essas coisas, quanto menos realizar.
— Prazer, Diogo Venturini Nogueira — eu me apresentei para minha tigresa. Reparei que ela ficou corada.
— Prazer, Antonella Hauffenn. Sou irmã do idiota ali do lado — ela me respondeu, brincando, e ouvi um gemido de desgosto.
— Antonella, o Diogo é o delegado — falou Davi, olhando para nós dois.
— Me desculpe, doutor. Posso te chamar assim, ou de outra forma? — ela me perguntou, olhando para mim.
A minha vontade foi de responder assim: pode me chamar de cachorrão, safadão, do que quiser, gostosa.
— Doutor Diogo — ela me chamou, tirando-me dos meus pensamentos impuros.
— Me desculpe, pode me chamar de Diogo mesmo — respondi.
— Pode me chamar de Antonella. Bom, me desculpe por ter que sair, mas tenho que voltar para o local onde estava.
— Me desculpe, que lugar seria esse? — perguntei, curioso, e ela abriu um belo sorriso e disse:
— Ah, eu estava num clube de striptease — respondeu, dando-me uma piscada de olho e me deixando perplexo com a ousadia dela.
Eu não sabia se ria pela forma como ela disse isso ou se dava umas palmadas nela por estar frequentando lugares desse tipo.
Ela foi embora rebolando, e eu fiquei duro só de ver esse balanço. Não era vulgar, era sensual.
— Essa minha irmã me deixa doido — confessou Davi para mim, e eu, olhando para ele, respondi, sorrindo:
— A mim também.
— Diogo, pode esquecer minha irmã, ela não faz o seu tipo.
— Ah, Davi, ela faz meu tipo, e você não faz ideia de como ela faz — eu respondi, olhando para ele e sentindo o perfume dela ainda no ar. Esse cheiro era maravilhoso.
Imagine, então, no corpo dessa mulher. Logo, logo eu vou sentir, ou eu não me chamo Diogo Venturini Nogueira, mais conhecido como o delegado. Essa mulher seria minha, ela podia ainda não saber, mas ela foi feita só para mim, sob medida.