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Chapter 2 - Conto II - O Controlador de Mentes.

Dia 1 – Estamos deitados, eu e minha esposa ainda não conseguimos dormir pois Jake está inquieto em seu quarto... é sua primeira noite sozinho e nosso filho ainda não se adaptou a deixar nossa cama. Jake tem 8 anos e está aprendendo a ler e está na pré-escola. A professora vem elogiando constantemente sua evolução (a frente dos demais). Porém Jake vem nos preocupando em suas atitudes no dia-a-dia: Anda brincando e falando sozinho, às vezes corre para dentro de casa chorando e hoje à tarde vi um desenho que ele fez a giz... e era estranho, era um menino e atrás dele havia uma sombra.

Dia 2 – As 10h da manhã busquei Jake na escola. Ele estava com fortes náuseas, a professora relatou um comportamento agressivo e assustado quando chegaram perto dele para ajuda-lo. Coloquei-o no banco de trás e apertei o cinto para ele, ele estava nitidamente furioso e chorava. Tentei acalma-lo enquanto dirigia, mas foi em vão. Chegando no hospital mais próximo fomos logo atendidos (por sorte), o medicou o avaliou e não achou algum motivo plausível para suas náuseas, receitou um remédio simples para tal. Porém o medico me chamou de canto e questiono-me sobre religião... Eu sem entender disse que não era adepto, e ele encerrou o assunto.

Liguei para minha esposa e relatei o ocorrido e ela aceitou deixar o serviço para ficar com Jake em casa e eu voltei a trabalhar. Passou o dia eu estava aflito, preocupação de pai... Cheguei em casa o mais rápido que pude para cuidar de minha família e encontrei Jake em um sono profundo:

- Como Jake passou, Jasmine? – Perguntei.

- Chorou muito durante o dia. Estou preocupada com nosso filho... Agora adormeceu e até pouco antes de você chegar ele estava agitado, e estava falando enquanto dormia... não pude entender uma única palavra, estava falando enrolado e não parecia nossa língua.

Fui dormir como meu filho nesta noite e volta e meia ele se agitava muito, como se estivesse no meio de um pesadelo. Nestes momentos apenas pude orar e abraça-lo... e perder meu sono.

Dia 3 – Jake amanheceu bem... como se nada estivesse acontecido. Logo cedo correu até mim, que estava sentado tomando café, Jake estava com aquele desenho novamente, e veio me mostrar com o maior orgulho... Ele havia deixado aquela sombra mais escura ainda, e no garoto do desenho ele havia pintado os braços de vermelho. Aquilo me assustou! Guardei o desenho no meu bolso parabenizando Jake (mas por dentro aquilo me aterrorizava) ... e fui atrás de um psicólogo infantil para mostrar tal desenho. Apresentei os sintomas que Jake estava mostrei o desenho, mas o psicólogo não conseguiu associar, me disse que era a idade, que era uma fase e logo passaria. Mas não! Eu, como pai, jamais poderia aceitar aquilo como diagnostico! Ofereci para trazer Jake a consulta pessoalmente, e o psicólogo como quem quisesse me expulsar da clínica recusou minha proposta... Durante o dia procurei outros, mas eles recusavam. O que estava acontecendo?

Dia 4 – Acabei de chegar do serviço... encontro Jasmine brigando com Jake e chorando... perguntei o que havia acontecido e Jasmine disse que Jake havia tentado bater em Myke (seu amigo da mesma e idade e vizinho) ..., mas não apenas uma briga de criança... Jake tentou acertar Myke com uma tesoura que achara na cozinha.

Jake estava em seu quarto, calmo, sentado em uma cadeira... Tive uma breve conversa e dei uma bronca nele... Mas ele parecia não estar prestando atenção... ele ria, e quanto mais eu falava alto, mais ele me olhava no fundo dos meus olhos, com um riso no canto da boca. Por um momento eu parei, e o observei. Aquele não era Jake, aquilo riso não era dele, aquele olhar profundo e maléfico não era dele.

Dia 5 – 8 de setembro, sexta feira as 15h30. Meu celular toca com um número desconhecido, era a policia me solicitando presença na escola de Jake.

Muitas pessoas circulavam a pré-escola, três ou quatro carros policiais estavam ali, ambulância, mães e pais chorando. Não estava entendendo nada ali. Entrei na multidão desesperado atrás em busca meu filho, preocupado com sua saúde. O encontrei sentado em um canto com a professora e o diretor da escola... As mãos de Jake estavam ensanguentadas (me lembrei do desenho), corri para abraça-lo, mas não me deixaram chegar perto, um dos pais ali tentou me agredir e a polícia interveio, eu ainda não entendia o que acontecia.

Aos pés de Jake havia diversos lápis de cor apontados, e ensanguentados. Aquilo me fez parar no tempo. Sim, Jake havia usado aqueles lápis.

Voltei ao meu "eu" quando o delegado me chamou e convidou para ir a delegacia. Olhei pelo ombro do delegado e vi duas macas entrando nas ambulâncias com corpos pequenos e cobertos. Eu queria não acreditar que aquilo tinha sido causado por Jake.

Chegando à delegacia expliquei para o delegado e alguns oficiais de justiça junto com responsáveis do Juizado da Criança, como era o comportamento de Jake, expliquei que tudo isso era muito recente e ele sempre foi um menino calmo e muito apegado a mim. Me sugeriram psicólogos e etc. Contei que já havia ido atras e a resposta sempre foi não. E então me deram o contato de uma psicóloga do estado e fui para minha casa.

Dia 6 – 9 de setembro 03h32 da madrugada. Gritos! GRITOS! Era Jasmine! Era Jake. Abri a porta desesperado, liguei a luz e vi algo que jamais esquecerei ... Sangue para todos os lados, Jasmine no chão e ela estava se debatia ainda viva, mas nitidamente sem consciência. Apenas espasmos, sua boca aberta vazando sangue. Dois lápis enfiados nos olhos de minha esposa... Jake estava sentado no canto do quarto com joelhos abraçados. Eu via algo atras dele. Uma sombra... Um vulto... Que fazia uma ligação direta a sua cabeça. Comecei a orar. Jake abriu os seus devidos olhos e disse:

- Por que fez isso com a mamãe?

Luzes azuis e vermelhas vinham da janela.

- Aqui se faz aqui se paga Geralt. – Disse Jake me olhando com olhos e uma voz que não eram dele.

Escrevo isso da detenção de segurança máxima. Como alerta para vocês nunca pedirem ajuda de vingança para entidades, em especial O Controlador de Mentes.