Mostra o céu
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Caelum
-Você já sonhou em voar? Voar livre pelo infinito céu azul, com o vento no seu rosto e um sentimento de liberdade no coração? Eu já... Eu sonho com isso todo dia, mas eu não posso voar... Eu sou presa a esta terra incapaz de sair, só posso observar esses anjos voando neste belo céu. Ah, que inveja, que pena, nunca sairei desse chão, tudo por causa dessas asas deformadas com que nasci.
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Mostra Utopia, Capital dos Anjos, uma cidade de arquitetura greco-romana com pilares de pedra e reservatórios construídos sob o solo de uma ilha voadora cercada de outras ilhas semelhantes mas de menor porte.
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Caelum caminha calmamente entre a multidão de anjos no meio de uma praça ampla, cercada de construções de uso públicas ou governamental, as construções são adornadas de detalhes de ouro e prata dando um a elas um ar de exuberância e opulência. Já no centro da praça se destacava uma enorme fonte com a estátua de uma anja de quatro asas.
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Caelum olha para o céu e sorri (Pensamento)
-Mesmo que seja apenas por um instante, nem que seja um breve momento, um dia… Algum dia, eu vou voar com minhas próprias asas.
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Enquanto ela caminhava pela multidão várias pessoas o encaram com nojo e desgosto enquanto se afastavam.
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Caelum continuou caminhando ignorando os olhares, os quais ela já estava acostumada.
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Uma criança que passava correndo alegremente pela multidão ao ver Caelum, fica a encarando com um olhar de confusão misturado com curiosidade e pergunta para ela:
-Ei, ei, por que você não tem asas moça?
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Caelum de repente para de sorrir e encara a criança com um olhar sério e melancólico.
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Fazendo um sorriso forçado ela diz
-Porque eu nasci assim.
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Vendo a cena e estranhando a situação, a mãe da criança chega falando com um tom preocupado
-Onde você estava?! Eu achei que eu tinha te perdido no meio dessa multidão! Nunca mais saia correndo assim!
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Depois de abraçar a criança a mãe se vira para a pessoa que estava conversando com a sua filha
-Desculpe pela minha filha...
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Ao ver Caelum, ela interrompe sua frase bruscamente. Após pegar a mão de sua filha, a mulher sai apressada sem dizer mais nem uma palavra, e as duas somem na multidão, Caelum então consegue discernir uma voz falando do meio do povo.
-Nunca! Nunca mais chegue perto dela! Ela é má! Ela não é como nós! Entendeu?!
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Caelum continua parada no meio da multidão vendo elas se afastarem em silêncio
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Após dar uma respirada para recuperar sua compostura, Caelum pega um pedaço de papel amassado do bolso e ao ler o que estava escrito ela diz
-Ok, de volta às compras...
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Ao caminhar pela praça ela se depara com um amontoamento anormal.
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Caelum
-O que está acontecendo?
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Uma pessoa na multidão responde
-Cale-se o profeta vai falar.
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Profeta
-Caindo do infinito azul como um astro reluzente mostrando a terrível sina do nosso povo, o ser oposto a nós e a própria existência, incapaz de voar e mesmo assim vindo do mais alto plano, cuja reles presença, traz a destruição e a queda de tudo ao seu redor!
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O "profeta" então percebe Caelum o observando e continua.
-Nossa antiga profecia já nos dizia desde o começo sobre a nossa queda! Ela nos avisava! Nos alertava! E mesmo assim a ignoramos! E agora, quando ninguém mais pode ignorar a queda iminente, percebem o óbvio! Que o ser da desgraça, da perdição! Já está entre nós há mais de uma década!
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Caelum
-Que idiotice…
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Caelum caminha se afastando da multidão, alguns anjos a encaram pelas costas com desprezo.
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Caelum já fora da capital e próxima a borda ilha, caminha sob campos verdejantes podendo se observar o céu no horizonte dessa ilha voadora, ela se dirige subindo um pequeno morrinho com uma única árvore no topo, amarrado a essa árvore estava um pégaso a espera de sua dona.
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Caelum fala acariciando a crina do animal.
-Desculpe pela demora, vamos para casa velho amigo?
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Caelum prende bolsas de couro que levavam suas compras à sela do animal e montado nele voa para fora da capital.
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Eles passam por várias pequenas ilhas que flutuavam ao redor da capital até chegarem numa de tamanho considerável, ela ficava mais afastada da capital e nela havia uma pequena fazenda.
Caelum leva seu pégaso até um estábulo e em seguida entra em uma casa carregando as bolsas de couro.
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Ela é saudada por um velho sentado na mesa tomando um café com pão
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Velho
-Como foi?
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Caelum
-O de sempre.
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Caelum passa pela mesa indo direto para as escadas que levavam ao segundo piso e ao seu quarto, o velho a encarou em silêncio, ao entrar em seu quarto Caelum se atira na cama e depois de alguns instantes ela olha para uma janela e vê a sua ilha, a sua casa, ela sorri e logo depois cai no sono.
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Alguns dias se passaram, Caelum estava de volta à capital mais uma vez, ela então vê a mesma multidão de sempre em volta do profeta.
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Ela suspira e fala
-E lá vamos nós…
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Ela tenta contornar aquela aglomeração mas para ao ouvir uma voz berrando.
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Uma voz berra
-Qual o sentido de tamanha balbúrdia?!
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Um silêncio desce sobre a multidão, que é rompido pela marcha de soldados. O seu líder vestindo uma armadura resplandecente incrustada de rubis caminha entre eles dissipando a multidão que se abre para a sua passagem, deixando um caminho direto a Caelum.
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Caelum vê Leo e seus soldados se aproximando, quando ela fica cara a cara com Leo eles se encaram, Caelum não demonstra nenhuma preocupação
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Ao encarar Caelum, ele diz.
-Caelum Somnium Volare, você está presa sob suspeitas de traição e por perturbação da paz.
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Caelum é pego de surpresa
-Hã? Qual é o significado disso Leo?!
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Leo
-Caelum, será melhor para você não resistir, homens vocês sabem o que fazer.
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Caelum é rapidamente cercada por soldados apontando lanças e espadas para ela.
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Sem poder reagir, ela apenas ergue as mãos em rendição, ao olhar a sua volta à sua volta ela vê sorrisos comemoração.
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Profeta
-Vejam! Essa é a justiça acontecendo!
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Rendida, Caelum caminha com a cabeça baixa sob a escolta dos soldados
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Enquanto caminha, Caelum é acertada por uma pedra na cara.
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Um grito ecoa por toda a praça
-Morra!
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Ela cai atordoada com o impacto no chão, ainda meio tonta ela olha a sua volta e vê alguns anjos que sobraram da multidão a sua volta, eles a cercam, de pé à uma certa distância atirando pedras e gritando ofensas
-O mundo estaria melhor com você morta!
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-Desgraça!
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-Mate-a general Leo!
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Caelum se encolhe no chão tentando se proteger ao máximo das pedras.
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Enquanto ela é apedrejado, sua cabeça vira na direção de uma voz familiar
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Lá estava a mãe e a criança com quem ela havia interagido tempos atrás, a mãe estava com uma pedra na mão gritando
-Você nunca deveria ter nascido!
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A filha dela assustada com a cena a sua frente, tentando com todas as suas forças parar a sua própria mãe, mas todo o seu esforço era inútil.
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Leo irritado com a ação das pessoas a sua volta grita.
-Parem! Vocês estão interferindo com assuntos oficiais do reino! Qualquer futura perturbação será repreendida severamente!
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Leo então se vira para Caelum com um olhar frio e fala firmemente.
-Levante-se.
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Caelum fala encolhida
-Ajuda…
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Leo
-Aguente Caelum, você deve ser presa, em nome da paz.
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Caelum (Pensamento)
-Por que? Por que?! POR QUE?!
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Caelum olha em volta e vê a face de seus agressores, logo em seguida ela respira profundamente.
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Caelum (pensamento)
-Não adianta, eu só tenho que aguentar mais esta provação, mais uma. Isso é tudo que eu posso fazer, aguentar. Eu não consigo fazer mais nada...
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Subitamente, acontece uma enorme explosão de água na fonte da praça.
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Todos viram suas atenções subitamente para a fonte.
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Uma figura começa a se levantar das águas.
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A Figura fala
-Ai, ai, porque eu tive que chegar caindo?! Agora tô todo ferrado…
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Se tratava de um jovem completamente encharcado.
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Todos da praça o encaram assustados...
Um clima de tensão e silêncio se espalha pela praça.
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A pessoa misteriosa fala.
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-Olá..?
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FIM DO PRIMEIRO CAPÍTULO.