A albina fica surpresa, assim como todos os ghouls restantes, mas não tiveram muito tempo para ficar apreciando a vista, pois o garoto logo em seguida saltou na direção de Mary, ao mesmo tempo ele saca a outra pistola e, enquanto gira no ar, ele dispara em horizontal para todas as direções. Mesmo não acertando perfeitamente nos pescoços das ghouls fêmeas nos prédios, ele consegue acertar em regiões que as deixam debilitadas por um tempo.
Logo que viram isso, os ghouls machos foram para cima de Mary sem remorso, mas agora, vendo isso, ela se sente mais motivada e com as energias recuperadas para continuar lutando. Ela se posiciona e também parte para cima deles, Ethan aterrissa logo atrás da albina e dispara contra alguns dos canibais, dando cobertura para sua mestra.
Ela desvia do soco de um dos ghouls e rola por cima dele, assim que chega nas costas, outro canibal estava pronto para mordê-la, porém não consegue pois leva uma bala em sua testa e o deixa inconsciente, então Mary aproveita disso para com um potente corte, de baixo para cima, fatiar perfeitamente ao meio o ghoul que ela desviou, consequentemente passando pela nuca dele e o matando.
O sangue e vísceras espirram em Mary, e enquanto ela desvia de outros golpes, dois dos canibais vão para cima de Ethan, e o garoto, dá um mortal para trás para disfarçar que ele estava mirando sua pistola, com isso ele aterrissa e dispara, acertando novamente na cabeça de mais um ghoul e depois vai para cima do outro logo atrás. O canibal dá uma investida rápida na intenção de morder e o menino desvia, ajoelhando-se e arrastando no chão, o menino se levanta e nota que além de estar de costas para Mary, as ghouls fêmeas estavam se levantando novamente.
Ethan estava ofegante, a dor nas costas ainda perdurava, e talvez piorasse seus ferimentos por se mover dessa maneira, ele já sentia o sangue manchando suas ataduras, mas tudo que mais queria era ajudar sua mestra naquele momento, esta que diz para ele:
- Entendo, então obrigado, Ethan. – Ela diz, abrindo um pequeno sorriso. – Cuide da sua amiga, eu cuidarei dos que estão aqui.
- Entendido! – Ele diz, logo em seguida Ethan corre e salta daquele terraço, já acertando um chute bem no meio da face de uma das fêmeas, conseguindo derrubá-la e nocauteá-la ao bater a cabeça da canibal no chão. Em seguida ele dispara várias vezes em outra na direção oposta à construção da primeira, porém por estar bem longe e ter atirado muitas vezes sem prestar atenção, ela nota rapidamente e defende os projéteis com os braços.
- Ethan, a sua esquerda! – Mike diz para ele.
Na mesma sequência, Ethan vê Rebecca se levantando. Mirando com pulso firme, ele dispara e, quando a ghoul levanta a cabeça e já se preparava para gritar, ela leva uma bala bem na garganta, não chega a atravessar, pois como estava armando seu golpe, seu pescoço se fortaleceu para aguentar a pressão do grito, porém, ainda assim a bala perfurou e destruiu suas cordas vocais, impedindo-a de sequer falar por alguns momentos. Furiosa com isso, Rebecca parte para cima do garoto enquanto ele recarrega suas pistolas.
Junto disso, Mary se joga para trás e utiliza a mão de apoio para dar um mortal para trás e disparar com sua pistola assim que ela se levanta. O projétil acerta o olho de um dos canibais, deixando-o inconsciente por um tempo, logo após isso, ela desvia inclinando-se para trás de uma mordida letal de um ghoul que passa reto, e ela novamente aproveita, apoia-se no chão e gira no ar horizontalmente, dando um chute na cara de Victor, que estava logo ao lado, pronto para socar Mary.
O chute é tão forte que quebra sua mandíbula e o faz ser jogado para o lado e cair do terraço em que estavam, logo em seguida, ela desvia de um soco de mais um canibal, mas dessa vez, ela não apenas desvia, como pega no braço dele, o gira com toda a força para bater no ghoul que tentou dar uma mordida nela. Conseguindo nocauteá-lo, Mary então joga o canibal que estava segurando para cima, pega impulso e se posiciona enquanto guarda sua katana na bainha.
Na hora que o ghoul estava caindo, ele se prepara para abocanhar Mary, que aparentemente estava parada. Porém, isso foi apenas para, no momento certo, a albina apertar o gatilho de sua bainha e num corte veloz e brutal, quase rachando o chão de base, cortar ao meio na vertical aquele ghoul, jorrando sangue para cima e na própria Mary também, manchando suas roupas e dando tons avermelhados ao seu cabelo branco como a neve. Ainda assim, a albina pensa que esta não era sua melhor performance.
A canibal que defendeu os tiros de Ethan se regenera e vê o sangue espirrando para cima, e volta sua atenção para Mary, que curiosamente, já estava olhando para a ghoul com aquele olhar matador. Não teve nem tempo de ficar assustada, pois assim que recuou um pouco, Mary rapidamente usou uma força enorme para jogar sua própria katana na direção da ghoul, que tentou defender, mas a lâmina atravessou não apenas seus dois braços, como seu pescoço, chegando até o outro lado. A canibal tosse e se afoga em sangue enquanto seu corpo não resistia e despencava sem esforço.
Ao mesmo tempo que tudo isso acontecia, Ethan lutava contra Rebecca. Ela de início tenta o golpear com sua garra, e o menino, sem ter a agilidade exorbitante necessária, se joga para trás para tentar desviar. Ele acaba caindo de costas no chão enquanto Rebecca vai para trás para gritar, porém, logo que preparou seu ataque, Ethan apoiou as mãos no chão e se levantou rapidamente, e logo que ficou de pé, disparou com tudo na direção de Rebecca, impedindo-a de gritar para poder se defender.
- Seu pirralho de merda... – A canibal sussurra em meio a grunhidos de raiva.
Enquanto isso, a ghoul que Ethan deu um chute na face, levanta-se e já com raiva, prepara um grito para atordoar o menino. Porém, ele sentiu uma energia singular aumentando atrás de si e se virou rapidamente, disparando a ultima bala do cartucho na bochecha da moça, fazendo-a levar um baque para trás, e junto disso, o garoto aproveita que Rebecca estava se regenerando e parte para cima da outra.
Como percebeu que estava sem balas, ele rapidamente as guarda e saca sua faca, e quando chega na ghoul, ele corta o joelho esquerdo dela e, assim que ela gritou de dor e ajoelhou, Ethan vai rapidamente até atrás da moça e crava sua faca na nuca dela, fazendo bastante força para conseguir puxar até finalmente cortar de vez ela. Ethan estava ofegante, e o sangue também preenche seu rosto, sua expressão já não estava mais tão assustada quanto antes.
Rebecca vê isso e fica enfurecida, ela nem tenta gritar mais e só parte para cima do menino com tudo, que se assusta e se atrapalha todo para empunhar a faca novamente. Ele consegue perfurar a mão dela numa facada, afastando o golpe da ghoul, porém não podia se dizer o mesmo do outro braço, o esquerdo, pois Rebecca deu uma garrada, que ele conseguiu desviar a tempo, mas as unhas dela acertam seu braço no processo, que fica com quatro rasgos que por muito pouco não chegam em seus músculos.
Ethan grita de dor e no susto, ele dá um chute bem potente no peito de Rebecca, quebrando as costelas dela e jogando-a para trás. Ela nem chega a cair, somente se arrasta no chão. Os dois então levantam seus olhares um para o outro, a ghoul tosse sangue e estava com dificuldade de respirar por alguns segundos, e estava com uma expressão de raiva apenas. Já o menino estava segurando o ferimento no braço com a mão, agonizando de dor e soluçando, era possível ver lágrimas escorrendo por seu rosto, mas dessa vez sua expressão não era de desespero, também era de raiva.
Os dois se olham e Rebecca parece sentir que aquilo era familiar, ela não entendia o porquê, mas ela deixa isso de lado e parte para cima do garoto novamente, rosnando como uma fera selvagem, e da mesma forma, Ethan também vai. Porém, diferentemente da ghoul, ele não era uma besta incontrolável ainda, então quando a canibal prepara sua garra para perfurá-lo, o garoto desliza por baixo das pernas de Rebecca e com sua faca em mãos, ele perfura a perna dela, bem perto da região do pé, cortando seu tendão e fazendo com que assim Rebecca caia no chão.
Sem muito tempo para resposta, Ethan levanta-se rapidamente, dá a volta e chuta Rebecca bem no estômago de maneira meio desajeitada, fazendo-a cair da construção em que estavam, bater a coluna com tudo na beirada do terraço que Mary estava, depois bater a face em uma janela quebrada, fincando cacos de vidro em seu rosto e depois caindo sem muita elegância nos destroços no chão. Cada pancada dessa a ghoul cospe sangue e quase perde a consciência.
Enquanto tentava se levantar, podia-se ver Rebecca com uma aparência detonada, ela estava ficando sem nutrientes para ficar regenerando tanto. Ela vê Victor também acordando após aquela pancada de Mary, ela então ouve um tiro vindo de cima e presumem que a albina havia atirado e matado mais um dos ghouls, agora só restavam os dois ali embaixo. Rebecca pensa bastante a respeito e quando chega perto de seu amado, Victor fica assustado de ver a garota num estado tão deplorável como aquele e ela diz para ele em meio a tossidas:
- Victor... Vai... Avisa os outros... Chamem o papai... – Ela então tosse mais sangue e consegue se regenerar com um pouco de dificuldade. – Eu vou segurar eles...
- O- o que? Não, não mesmo, não vou te deixar aqui. – Victor diz, levantando-se, porém, antes de fazer qualquer coisa, ele é impedido pela ghoul, que o segura pela gola e diz com os rostos bem próximos.
- Me escuta... Você é muito mais forte que eu... Isso é um fato... Aquela mulher não é brincadeira... Ela tem que morrer. Vá e ative o Carniçal... – Ela diz, ofegante e levantando-se.
- Mas... Se nos juntarmos, talvez consigamos fugir. – Ele começa a ficar um pouco desesperado, segurando no rosto dela, que já estava se enchendo de lágrimas.
- Victor... Essa mulher é uma máquina de matar, e o pivete tá ficando igual a ela... Por favor... Eu vou os conter e você busca nossa ultima esperança... Se conseguir o ativar, então vai ter valido a pena. Faz isso por mim, tá? – Rebecca dizia em meio a lágrimas, o rapaz estava tendo dificuldade em aceitar tudo aquilo, ele inclusive chega a abraçar a ghoul, que não hesita em aceitar o gesto.
- Não... Você não... Rebecca... – Ele diz, apertando o abraço e lacrimejando junto. Eram dois adolescentes ainda no final das contas. Os dois saem do abraço e se olham, seus olhares estavam normais, e o único que muda para o modo de batalha, com as garras expostas e os olhos avermelhados é Rebecca, também a única que estava sorrindo. – Eu tenho tanto a te falar... Não dá pra eu resumir tudo só com "eu te amo".
- Eu sei... Agora vai, é nossa última chance, destrua eles, ok? – A ghoul diz e praticamente empurra Victor com força, para ele ir para trás e não vir ajudar Rebecca, que salta e chega novamente ao terraço em que Mary e Ethan estavam. O rapaz só assistia ela subindo para seu destino inevitável sem poder reagir e também não querendo contrariar a possível última vontade dela.
Em meio a lágrimas, Victor se esforça o máximo que consegue para não explodir de raiva da situação, e sai correndo dali como havia sido pedido.
Rebecca levanta seu olhar e vê Mary, com a katana em mãos e Ethan, enfaixando seu braço. Sem nem dizer uma palavra, somente pensando na pessoa que ela mais amava no momento, Victor, ela vai para cima dos dois, já imaginando o resultado dessa ideia. O mundo para a ghoul parecia em câmera lenta, enquanto Mary avançava contra ela também, desviando de uma garrada e fazendo um corte bem profundo no braço de Rebecca.
Ethan em seguida dispara um projétil que acerta bem no ombro da ghoul, impedindo-a de usar aquele braço. Após isso ela desvia de um corte feito por Mary se jogando para trás, Rebecca tenta utilizar essa mínima brecha para gritar, porém, a dupla foi mais rápida e miraram suas pistolas na direção dela, disparando e obrigando-a a se defender.
A albina então corre e num rápido movimento, corta em diagonal o tronco de Rebecca, fazendo-a vomitar sangue, Ethan não perde tempo, chega pela lateral e dá um tiro bem na bochecha dela, atravessando até o outro lado. Rebecca não estava tendo nenhuma chance de revidar e nem mesmo tempo para se regenerar, seu olhar já indicava isso, um misto de dor e tristeza.
Mary, após isso, realiza um corte preciso e potente, decepando de uma vez, as duas pernas da canibal, e sem dar muito tempo de ela sequer gritar de dor, ela recebe um chute no rosto que a joga para perto de Ethan, arrastando sua face no chão. Ela mal se movia, o máximo que Rebecca consegue fazer é virar o que restou de seu corpo para cima, ela estava terrível.
O ferimento no tronco, assim como suas pernas, estava demorando muito para regenerar, então ela deixou um rastro de sangue, o rosto dela estava ralado por causa que arrastou ele em concreto, estava bem fraca, mas ainda estava tentando se levantar, pois queria ganhar o máximo de tempo possível.
Ethan olha isso e relutantemente fica com os pés em cima dos braços dela, para não poder se levantar ou contra-atacar. Ele então mira sua pistola para Rebecca e aquele olhar de ódio anterior, agora tinha dado espaço a uma expressão confusa, ele sabia que se a ghoul se regenerasse, iria os atacar de novo e de novo, mas naquele estado que Rebecca estava, ele se questiona até mesmo se não estava indo muito longe.
Ele treme bastante, começa a hesitar, não sabia nem mesmo porque estava com tanta pena de Rebecca. Mary por outro lado, apenas fica olhando, deixando que essa fosse uma decisão do menino, que ele mesmo puxasse o gatilho para encerrar com isso e aprender. Ethan engole seco e segura com as duas mãos a pistola, para manter o pulso firme e não desistir no final, até que ele ouve Rebecca dizendo algo, com a voz fraca e rouca, e um olhar de tristeza em seu rosto:
- E-ethan...? – Ela diz e uma lágrima escorre por seu rosto. O menino escuta isso e fica em choque por alguns segundos.
Ethan então fecha os olhos e começa a soluçar, de novo as lágrimas escorrem de seu rosto e ele, com a voz sofrida, diz olhando para a ghoul uma última vez:
- Adeus... Rebecca... – E ele puxa o gatilho, a bala atravessa a boca da ghoul, enfim a matando, o sangue se espalha e o corpo da canibal fica ali, imóvel no chão. Mary olha a cena e sabe que, apesar de ter sido triste, era necessário o menino ter finalizado Rebecca, ou talvez ele nunca se perdoaria um dia.
Ethan, após isso, olha para o que fez, e por causa de tudo, ele treme a ponto de não conseguir segurar a arma e deixá-la cair no chão, ele soluçava e lacrimejava por conta de ter matado uma pessoa que minimamente teve um laço afetivo, mesmo que não tenha acabado muito bem, era o pouco que ele tinha no momento. O menino não consegue conter, se afasta do corpo de Rebecca e cai ajoelhado no chão, chorando mais alto ainda. Não sabendo se era por tristeza ou por dor dos ferimentos. Apenas um menino no meio de uma imensidão de corpos.
Mary então chega perto dele e se ajoelha atrás do menino, a albina então enfim, abraça Ethan. Ela coloca o capuz do menino e o deixa chorar em seus braços, como deveria ter feito a um tempo, e ali ela consola seu pupilo.