[Hospital Nova Vida]
Raios de sol começavam a surgir nos limites do hospital mortalmente silencioso. Iluminando o hospital que era quase completamente coberto por um manto neblinoso-cinza por todos os lados, enquanto uma atmosfera fria era sentida por todo o local.
As pessoas que habitavam àquele local já haviam se acostumado com a neblina que cobria tudo pela manhã, uma vez que o hospital ficava em um terreno muito alto, mas...
Essa névoa era diferente das outras, havia algo completamente assustador dessa para outras de outrora.
Se você olhasse com muita atenção...! Dentro da névoa cinza, você enxergaria sombras humanoides emitindo um brilho negro que parecia sugar a luz do ambiente para dar contorno a suas formas.
Estavam por todos os lados, bastava olhar com muito cuidado, mas bem... Era difícil alguém sair para observar todas as anormalidades em meio a todo aquele frio.
As sombras negras se moviam lentamente em uma única direção pela névoa, percorrendo até parar em frente a uma janela de uma das alas de descanso, ali se reuniram, havia muitos para contar, uma verdadeira cena de terror...
.....
"Ahh…." Meio acordado, minhas pálpebras piscam levemente para se acostumar com a luz repentina enquanto minhas mãos inconscientemente puxam Yuna que estava dormindo ao meu lado para cima de mim e a envolvo em meus braços.
Despertei de um dos sonhos mais satisfatórios que já tive em minha vida, e o gosto que me resta ao acordar foi simplesmente amargo, por isso matinha Yuna, aquela com quem sonhei, em meus braços.
Minha cabeça afundava novamente no travesseiro enquanto minhas mãos acariciavam sua cabeça vagarosamente.
Em minha mente naquele momento havia tantos pensamentos... Tantas memorias, tantas lembranças ...
Foi amargo saber que no meu futuro, a única coisa que me espera é uma vida de sofrimento, onde todos aqueles em quem confiei me deixaram.
"Hahahah ... Não havia nenhum."
Ninguém me ajudou neste futuro de merda, um futuro onde você não existiu...
'Por quê? Por que você teve que morrer Yuna?' Em minha mente essa pergunta se repetia infinitamente...
"Ahh ....! Irmão ...."
Em meu devaneio alucinante de memórias venenosas, acabo abraçando seu corpo com muita força, fazendo-a acordar de seu sono.
"Irmão..." Yuna me chama com uma certa tristeza em sua voz que eu não pude entender a origem quando noto olheiras em seus olhos que me preocupam.
"Desculpe Yuna, por um segundo eu perdi o controle." Quando eu estava com Yuna, tudo ao meu redor parecia ser destacado com as cores que eu não conseguia mais enxergar.
"Você o quê, irmão...?" Ouvindo minhas palavras, ela subitamente se afasta de mim, mas eu a puxo levemente em minha direção novamente, fazendo nossos corpos se unirem novamente.
Nossas faces eram próximas uma da outra, mas de nossos corpos nenhum movimento, como se o tempo tivesse parado olhávamos um para o outro, parecia uma conversa silenciosa, onde o som da nossa respiração era o único som que se ouvia, enquanto através dos nossos olhos as emoções que sentíamos eram transmitidas.
"Bom dia irmão." Yuna de repente quebra o silêncio agradável que se forma.
"...." Ela pacientemente espera sua saudação com um sorriso enquanto se apoiava em meu peito com seus cotovelos, mas eu sentia que havia algo de errado.
"Bom dia Yun..." Eu a respondo, mas antes que eu possa terminar minhas palavras, ela me interrompe fazendo uma pergunta inesperada.
"Irmão, qual é o seu maior medo?" Suas palavras, eu senti, eram mais como espinhos venenosos do que uma simples pergunta.
"Meu... Maior medo...?" Meu mundo por um momento congela. Eu sabia. Eu sabia com certeza qual seria...!
"Não é óbvio...? Meu maior medo é perder você, Yuna ..." De repente, no momento em que a respondo, o ar subitamente fica pesado, uma atmosfera mortalmente fria surge ao nosso redor enquanto barulhos surgiam fora do quarto.
"Sabe, irmão, meu maior medo é que um dia eu te esqueça de minha memória." Sua voz calma me respondia, mas eu podia ver a turbulência de suas emoções em seus olhos.
"Yuna... O que você quer dizer com isso...?"
"Então você me promete ... Que mesmo que eu esqueça do irmão, o irmão não vai me deixar, promete...? " Eu não estava entendendo, deixá-la? Não...!
"Por quê? Por que Yuna....? Porque essa promessa repentina?" Eu agarro seus ombros com força enquanto eu olho desesperadamente em seus olhos, eu estava ficando com medo, isso não acontecia em minhas memórias.
"Err... E-eu não consegui dormir esta noite... S-sempre...'' Suas palavras são prejudicadas por um choro repentino.
''S- Sempre que eu adormecia, eu acordava logo depois por causa de pesadelo...'' Seu corpo inteiro tremia.
Meus movimentos param quando ouço suas próximas palavras seguintes.
''Em cada um deles eu me esquecia de você irmão...'' Como um soco na boca do estomago...
''Em cada um deles você me deixava...!'' Ela se encolhe em meus braços...
''Em cada um deles eu morria...!" Lágrimas escorrem pelo seu rosto...
"Não chore... Isso não vai acontecer, você entendeu...!?" O sono que sentia desaparece instantaneamente quando uma dor de cabeça começa a surgir.
"Irmão.... Você me promete?" Ela sussurrava entre minhas mãos que a segurava.
"E-eu.... Eu...." Por quê...? Por que palavras tão simples eram tão difíceis de dizer? Como se mãos invisíveis mantivessem as palavras dentro de minha boca.
'Eu...' A voz não saia de minha boca.
'E-eu' Sinto o oxigênio desaparecer por alguns momentos.
Meus olhos observam suas lagrimas enquanto uma dor surgia em meu peito.
Minhas mãos se apertão inconscientemente.
''E-eu promet....''
*Boom!!
Ao quase proferir palavras de promessa, violentas batidas nas paredes começam por todo o quarto.
*Buum!!
'' Aahhh !! ''De repente, ouço o grito de Yuna, sinto seu corpo inteiro tremer no meu colo, quando olho na direção que ela olhava vejo sombras negras cruzando as paredes e nos cercando, nos observando com seus rostos horríveis. Seu grito foi ouvido novamente quando de repente a puxei para baixo de mim e envolvi totalmente meu corpo ao redor dela.
Meu coração batia descontroladamente, uma descarga de adrenalina percorria por todo o meu corpo. Seus gritos grotescos retumbaram por toda a sala, a ideia de que tudo fosse apenas uma alucinação ou um sonho desaparece quando sinto algo perfurando minhas costas e o sangue escorrendo pelo meu corpo.
''Ahhhh!!'' Um berro de agonia sai da minha garganta quando sinto minhas costas sendo cortadas por algo afiado enquanto garras tentam puxar meus braços para trás, mas eu não me movi, senti que iria me arrepender eternamente se eu a soltasse naquele momento.
As paredes e o teto foram gradualmente desaparecendo sendo substituídos por uma escuridão mortal onde nada era possível ser visto através, sugando lentamente o chão, lentamente nos afundando em um abismo onde a pouca claridade ia desaparecendo ao nosso redor.
''AAAAHHHHH!!!!''
Naquele momento eu vivenciava um puro inferno de dor...! Minhas lagrimas se misturavam com as lagrimas daquela que eu protegia.
Eu estava impotente, completamente impotente contra algo que nem sabia o que era, naquele momento percebi que o preço de conhecer o futuro não era apenas lembranças amargas;
Senti como se milhares de insetos formados de puro fogo estivessem entrando pelos cortes e me devorando de dentro para fora.
Estava perdendo lentamente a consciência enquanto um medo avassalador crescia dentro de mim, a quantidade de calafrios que eu sentia era uma quantidade doentia. Eu vou morrer...? Toda essa situação era muito irreal, eu tinha Yuna de volta para mim, mas será que eu já a perderia...?
"O que está acontecendo irmão...? Estou com medo!" Seu grito de desespero reverte em todo quarto.
"Irmão..." Sua voz baixa me chamando junto de suas lágrimas era como um grito desesperado silencioso em minha mente.
'Não....'
Em meio a todo esse caos e sofrimento...
'Um futuro onde Yuna esquecesse de mim....'
Sentia que precisava completar a promessa.
'Um futuro em que eu a abandonasse...'
Antes...
'Um futuro onde Yuna me deixasse... '
...Antes que fosse tarde demais.
''....Eu."
'Não há....'
'Não há possibilidade de eu aceitar esse tipo de futuro...!'
''...EU PROMETO!!!'' Naquele momento, sinto algo atravessar meu peito.
*Estrondo!!!
Foi tudo de repente, ao som da minha voz, o ar ao nosso redor explodiu como um redemoinho, jogando tudo em todas as direções, sobrando apenas a cama em que estávamos deitados intocada em todo aquele quarto destruído enquanto os rugidos na escuridão mortal só aumentavam de intensidade.
O sangue vermelho escorria de minha boca.
Eu sabia.
Eu vou morrer.
Eu sentia.
Enquanto... Algo aqui dentro de mim resistia, me implorando para que eu me virasse e gravasse o rosto daquele que me assassinou em minha alma...!
Mas... eu não conseguia... minhas forças haviam sido completamente drenadas, meu corpo frio descansava por cima daquela que eu nunca mais poderia sentir o calor.
''Irmão...!'' Seu corpo inteiro tremia, com seu olhar aterrorizado, ela me olhava morrer lentamente.
''AAAHHH!!!'' Seu grito de desespero foi uma das últimas coisa que ouvi antes de minha consciência se extinguir.
''Errado... Esse não é o seu maior medo...''
''Errado... Essa pessoa não é aquela a quem você deveria fazer essa promessa...''
*Brrr booom!!!
Estrondo de trovões reverteu-se pelo céu sem nuvens.
.....
(Uma semana depois.)
Já faz uma semana desde que aconteceu e às vezes ainda me pergunto se realmente aconteceu ou se foi minha imaginação.
Naquele dia, quando acordei, o quarto estava completamente intacto, como se nada tivesse acontecido.
Meu corpo mutilado não tinha mais feridas.
Havia conversado com Yuna e ela não se lembrava de nada, nem eu, apenas vagas lembranças.
Mas houve três motivos que me fizeram acreditar em que tudo aconteceu.
Em primeiro lugar, eu havia dito que não havia feridas em meu corpo, mas ...
Eu não disse que não havia cicatrizes.
Em segundo lugar...
Meu mundo depois daquele dia mudou novamente.
Em meio a todo esse mundo cinza vejo algumas cores novamente... Pena que as cores não sejam mais motivo de algo normal...
Em terceiro lugar...
Sim eu entendo agora. O mundo em que vivi por tanto tempo não é tão simples quanto pensei, acreditei ter recebido essas lembranças do futuro porque talvez algum deus tenha percebido meu sofrimento injusto e me agraciado, mas no final não é bem assim.
Há coisas que não podem ser explicadas pelo bom senso e vivenciei tudo isso durante toda a semana de muitas maneiras diferentes.
Há aquelas sombras negras rondando o hospital todas as noites, então proíbo Yuna de vir me visitar, percebi que elas ficavam agitadas quando Yuna estava por perto.
Existem também essas sombras que me seguem agora enquanto estou voltando para casa.
"Ahh…" Um suspiro escapa da minha boca, eu estava cansado, embora minha realidade tenha mudado novamente, ainda não mudou o fato de que me sentia enojada por estar perto de algum membro dessa família podre.
Lentamente, o carro entrou em alcance suficiente para que eu pudesse ver a casa que não parecia ver há anos.
O carro entra na garagem e estaciona.
''Chegamos filho. Bem-vindo de volta'' Eu ignoro suas palavras enquanto olho em volta, observando as sombras humanoides ao longe me seguirem.
Lentamente saio do carro e fecho a porta, esta casa me fazia lembrar de muitas memórias do futuro.
"Vamos, filho?" Meu pai segurando as malas me chama enquanto caminha em direção à casa de dois andares.
Respirando fundo uma última vez, começo a caminhar pelo caminho gramado e de mármore até parar em frente da porta de madeira branca.
Minhas mãos seguram a maçaneta da porta e eu imediatamente a empurro de modo que, na minha visão, vejo a grande sala, e...
...E meus parentes que estavam ali conversando.
"Olha quem voltou? Parabéns pela sua recuperação, baby." Minha tia se aproximou de mim, todos se aproximaram de mim, e a náusea de só olhar para o rosto deles só aumentou.
''Filho...! Eu estava com tanta saudade...! Dê-me um abraço, meu amor.'' Minha mãe vem até mim e me abraça. Uma vontade de socar seu rosto era imensa, mas eu sabia que fazer isso agora seria uma desvantagem, então eu iria me conter por enquanto por mim e Yuna.
''Mãe... estou cansado ... Vou me deitar no meu quarto, ok?'' Eu me soltei de seus abraços enquanto passava por todos os membros da família que me cercavam e, quando finalmente consegui me libertar, senti um puxão em minha camisa.
''Irmão... Bem-vindo de volta.'' Era Olivia, meus passos pararam instantaneamente, enquanto o nó que sentia no estômago só aumentará de intensidade.
Meus passos logo voltam para o caminho que eu estava seguindo, não suportava olhar para o rosto dela, precisava encontrar naquele momento a pessoa que estive esperando a semana toda.
Chegando ao segundo andar, vou direto para a porta no final do corredor do lado esquerdo e abro a porta.
Entrando no quarto, vejo aquela com quem sonhei em meus sonhos dormindo em uma cama completamente branca como um anjo.
Eu ando lentamente em sua direção e depois de alguns segundos observando seu rosto, sento-me no chão ao lado de sua cama enquanto segurava sua mão.
'' Boa noite Yuna.''