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Chapter 10 - Tragada da Morte

O mundo é vasto, um lugar que acaba sendo muito assustador.

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Escrevo está carta - que não tenho ideia de quais mãos irá parar, mas continuo escrevendo para você, estranho, a quem mais preciso alcançar.

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Tantas perguntas que me passam pela cabeça... E procuro as respostas para elas - cada uma delas - mas sinto que, a cada dia, ficam maiores e mais complexas...

Não irei muito fundo, porque daqui; pretendo ser breve, só desejo tirar do peito o que há de mais leve em mim.

Viver; viver é simplesmente assustador; Sinto-me com cada vez menos energia.

Não consigo encontrar nada que me segure o suficiente para o consumo constante que estou gastando a cada instante.

Agora, meu entorno, que antes parecia apenas parado e normal, tornou-se um paradigma de dúvidas que devo constantemente duvidar. Não sei quanto tempo me resta nesta vida, que a cada momento vem me roubar o sabor que antes me parecia tão comum e sem sentido... É terrivelmente assustador a lucideis; ultimamente, sinto que irei morrer no próximo instante — e nem mesmo ao fechar meus olhos se vai embora essa sensação. Sim, é um sentimento muito abominante, esmagador contra o meu peito. Tantos arrependimento... Arrependimentos que me sufocam quando não estou em coma, e, ultimamente como detesto estar...

Presumo como se tivesse jogado toda a minha vida fora todos esses anos que vivi - em minha pequena gaiola, que eu mesmo criei.

Porquê....?

Outra vez, só desejo que tudo volte ao normal...

...

Peço apenas,

Haja quem tenha lido o mais íntimo dos meus sentimentos, que use este colar que está em suas mãos agora, provavelmente nesse momento. Constantemente de agora em diante. Este colar será a prova de que minha voz existiu em algum lugar e foi aceita... Eu sei que deve soar irracional - porque com certeza é... mas devo dizer que ultimamente tudo se tornou irracional em minha vida, então, como um último ato egoísta em minha vida, aceite isso; cor desconhecida ....

Assinado, r;...

*

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*

—Quantas horas se passaram desde que os corpos foram encontrados...?"

A pergunta é feita alguns minutos após sua chegada. Que em sua tentativa, tentava clarear sua mente que havia se tornado perturbada .

—Cerca de 3 horas, por quê? Diz Charles, dando um simples olhar em sua direção.

—Nada em particular, apenas... A autópsia já descobriu o que aconteceu aqui...? Seu rosto, que estava visivelmente pálido, se volta para Charles por um momento ao perguntar. Sua garganta estava seca; se sentia frustrada, o número de vítimas parecia só parecia aumentar.

—Não, nada ainda... Eles nem chegaram.

O velho Charles ao responder, esticando os dedos, os enfia nos bolsos de seu velho paletô em tentativa de aquecê-los. Estava frio; muito frio, especialmente naquela noite sombia.

—Algum suspeito? Diz Rina, com os olhos fixos no teto, num parte avermelhada, no qual no centro, uma mensagem escrita em sangue seco diz: EU TE AMO

—Não muitos... Esse lugar é muito longe da cidade, talvez a gente consiga alguma coisa perguntando ao vizinho, o plantador de milho. Mas... Eu diria para não criar muita expectativa, lá aparentemente quem mora, é um velho em seus últimos anos de vida...

—Isso tudo é uma grande bosta, hein...

Seus rostos estavam sombrios; eles sabiam que isso não era apenas um problema, era um grande problema do caralho.

Desde o momento em que foi chamada, já de madrugada, Rina sentia que nada de bom sairia dali.

A casa inteira fedia; impregnado com o fedor de sangue e carne em decomposição. No chão, já a poucos metros de seus sapatos, jazia por todos os lados sangue enegrecido, proveniente dos cadáveres às suas frentes, que ainda eram mantidos intocados em suas posições originais para não atrapalhar quem os seguiria trabalhando no caso.

Cada um deles, por mais humano que tenha sido certa vez, agora só poderia se assemelhados a criaturas do inferno. Um deles, que repousava debruçado no chão de madeira podre, no centro do quarto ao lado da cama. Por seu corpo, vermes amarelados, manchados com seu próprio sangue, emergiram em torno de um pavoroso buraco em sua barriga. Um pouco próximo deste, um pouco mais ao lado da parede negra da janela incinerada, um cadáver carbonizado, pregado ao chão, jazia se do que parecia ser uma adolescente. Seu rosto acinzentado, ainda congelado em dor, ainda registravam o desespero que sentiu momentos antes de morrer. E o último, o mais horrível de todos na opinião de Irina, tendo apenas a parte superior do corpo ali com eles, que estava naquele momento, encontrando-se dentro do antigo armário de madeira escurecida. Sua cabeça deformada, aparentando como se seu crânio tivesse sido amassado; tendo seus olhos inexistentes em sua face, assim como a pele de seu corpo restante. Tudo isso contribuiu para a formação de moscas que vagavam por toda parte e, à medida que o tempo se passava, o barulho que faziam, tornava-se cada vez mais insuportável.

—Vamos Irina, vamos voltar para os carros e esperar... O resto da equipe deve chegar logo, minutos antes de você chegar, entrei em contato com a Central, eles já devem estar chegando. Diz Charles. Que tinha o peito arfando de uma forma incomum desde que chegou. Ele só queria que aquele momento fosse sob os lençóis, ao lado de sua esposa, minutos atrás, o sol nasceu; proclamando que não dormiam há mais de 3 noites juntos.

—Só deixe-me...

—Já revistei todos os cômodos desta casa, minha querida, não há mais corpos além dos dois lá de fora. Sua fala é interrompida quando, como se estivesse lendo sua mente, o Velho a responde antes mesmo de sua pergunta ser feita. —Ouça, sinceramente, não desejo ficar mais um minuto neste lugar assustador. Venha, vamos embora ou você ficará aqui sozinha.

—Velho Charles? Hahaa, eu não posso acreditar, você está com medo? De repente, uma risada rouca irrompe atrás deles. À medida que se voltam para a voz familiar, são gradualmente capazes de distinguir a silhueta de Benn na escuridão perto da escada no final do corredor. Logo, sons de passos subindo as escadas surgem, no final, as novas silhuetas que surgiram são identificadas sendo o resto da equipe.

—Bobagem... Deve ser alucinação de sua cabeça velha! Não, hein!?

—Certo, certo... Diz Ben, acenando levemente com sua mão livre. -Então? O que realmente temos para hoje mesmo? Benn, ao mencionar o motivo pelo qual eles vieram aqui, traz imediatamente uma carranca no rosto de Thomas, um de seus assistentes.

—Bom...

....

Já em direção à saída do quarto, seu olhar varre uma última vez a cena que se tornava cada vez mais comum aos anos que se passavam. Em cidades distantes, famílias isoladas, mortes incomuns surgiam.

''O que aconteceu realmente aqui...''

Para essa perguntas, nenhuma resposta é encontrada. Até agora, nunca houve realmente uma conclusão para esses casos; sem suspeitos, apenas suposições e teorias absurdas vagavam pelas sedes dos distritos.

Élia se sentia estranha, odiava quando era esse tipo de caso macabro. Todo o lugar deu-lhe uma sensação estranha, como se as paredes não pudessem esquecer de quem era o sangue de quem as manchavam.

As tábuas do assoalho rangiam enquanto eles caminhavam em direção à saída iluminada por lâmpadas e luminárias de tom amarelo que pareciam que iam se apagar a qualquer momento para nunca mais se acenderem.

—Sinchii...? O tempo havia se passado e, pela manhã, seus trabalhos, que haviam demorado horas a fio, finalmente sairia daquela casa. Mas ao saírem, o cachorro estranhamente, não parecia ter se movido de sua posição ao lado do carro desde que os deixaram lá horas atrás. —Sinchii? Que há com você? Mesmo sendo chamado pelo o nome, seu corpo não se mexeu, permanecendo imóvel e silencioso, com o olhar fixo na casa que horas atrás testemunhou os mais terríveis gritos de terror que já existiram nesta terra.

—O que ele tem? Élia não queria admitir, mas o estranho estado do cachorro só aumentava o pavor em sua mente. -Cachorro estúpido... Resmungando, ela tenta chamar a atenção de Sinchii chutando a terra escancarada em sua direção, mas mesmo após isso, o cachorro preto peludo não mostrou qualquer reação.

Silenciosamente, seu olhar volta novamente para a casa; uma casa já antiga com três andares. Rodeado por um gigantesco jardim abandonado, mas que tinha a parte mais próxima da casa devidamente cuidada, ao qual uma família de cinco pessoas poderia dedicar parte do seu tempo.. O sol estava ficando cada vez mais forte, cada vez mais alto, cada vez mais brilhante contra a madeira negra da velha casa. Gradualmente, seu olhar se ergueu, passando pelos cantos externos da casa e as árvores ao redor –De repente, ouve-se o rosnado baixo de Sinchii, e então, seu olhar vaga pelas janelas do segundo andar, aonde o cachorro olhava e, então, ela vê...

Seu coração se contrai; o pavor se esculpia em sua face, enquanto seus ouvidos eram violentamente atacados pelos latidos enlouquecidos de Sinchii.

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