Após tomar um banho, Apollyon não parecia mais o mesmo, um rosto infantil com olhos azuis e cabelos negros como a noite, e apesar de estar desnutrido e muito pálido, é um fato que quando ele crescer, ele iria se tornar muito belo.
Ao sair do banho a criança foi levado a um "quarto" e em cima da mesa, havia um prato de comida com um copo de água ao lado. Sem esperar pela explicação da mulher, a criança já correu para a comida e a enfiava goela abaixo em uma velocidade rápida.
Saindo do quarto e trancando por fora, a mulher foi embora.
Depois de terminar sua refeição, a criança se deitou na cama e não pode deixar de dizer.
"O que vai ser de min a partir de agora?"
...
Com o passar dos dias, a criança ficava cada vez melhor. Além de ficar em seu quarto, comer e sair somente para suas necessidades e banho, a criança passava todo tempo deitado. E claro, ela estava ficando realmente preocupada, afinal, o ajudante havia dito para ela perseverar, mas no que ela tinha que perseverar exatamente?
Até que um dia Apollyon foi levado pela empregada a uma carruagem. Dentro da carruagem, estavam, o ajudante e mais 5 crianças, em um total de 6 com Apollyon.
Com a partida da carruagem o ajudante disse para as crianças que estavam em silencio até agora.
"Vocês estão indo para seu novo "lar", mas saibam já que os fracos não terão um tempo fácil, por isso, se vocês querem continuar vivos, é melhor se esforçarem muito! Em 4 dias chegaremos ao nosso destino, e assim que chegarmos, seus tempos fáceis terão acabado. Não quero escutar conversas até lá."
Terminando de falar o ajudante fechou seus olhos enquanto estava sentada em um banco e todas crianças estavam no chão da carruagem.
Agora estando mais tranquilo com todos eventos que havia acontecido com ele, Apollyon pode reparar no homem.
Ele tinha uma aparência bem arrumada, um rosto frio com uma cicatriz que ia da bochecha até os lábios superiores, junto com um comportamento rigoroso e calmo.
Olhando para as outras crianças, elas pareciam pálidas devido ao súbito comportamento do homem. Ele não entendia porque elas estavam assim.
Notando uma criança que estava ligeiramente tremula em um canto, com lagrimas nos olhos, Apollyon se arrastou em direção a ela bem devagar.
Se aproximando e olhando para o rosto do garoto, ele seria descrito como comum, cabelos castanhos e nem bonitas mas também não feias.
Sussurrando para o menino, Apollyon disse.
"Ei, tá tudo bem, só fique calmo e persevere que tudo vai dá certo."
Deixando essas palavras, Apollyon não esperou pela resposta do garoto e achou um canto para se aconchegar.
...
A carruagem só parava duas vezes por dia, onde eles teriam tempo para se aliviarem. Quanto a comida? Eles comeram carne seca e pão, sem nem mesmo parar a carruagem.
Passando os dias assim, eles finalmente chegaram ao seu destino.
Descendo da carruagem, as crianças olharam em volta e viram que se parecia um com uma espécie de pátio com alguns equipamentos, bonecos e umas barras ferro.
Batendo palmas e dizendo alto, o ajudante disse.
"Muito bem! A partir de hoje, essa será sua nova casa! Seu centro de treinamento, vocês passarão a maior parte do seu tempo aqui, e somente os melhores serão capazes de deixar esse lugar. Não esperem conforto ou mimos. Mas, como uma motivação, a criança que se sair melhor do que as outras, terá uma recompensa ao longo do tempo, além de um tratamento e comida melhor."
Não entendendo o que estava acontecendo, todas crianças olhavam para o homem cheio de dúvidas.
Sem pensar muito, Apollyon disse.
"Senhor, como devemos te chamar?"
Fixando seu olhar na criança a sua frente, o homem não pode deixar de pensar.
'Essa criança que o Bernard disse ter potencial? Lembro de ter guiado ele, mas ele é o mais magro e fraco de todas elas.'
Percorrendo seu olhar para as outras crianças o homem disse.
"Vocês não precisam saber meu nome, a partir de hoje vocês podem me chamar de treinador."
Pensando um pouco e entrando no modo treinador, ele gritou logo em seguida.
"TUDO BEM SEUS MOLENGAS, SUA VIDA BOA ACABOU AGORA! CORRAM EM VOLTA DESSE CAMPO DE TREINAMENTO. Aquele que chegar por ultimo irá dormir aqui fora hoje!"
Espantando as crianças e fazendo com que todas corressem em volta do local, o homem os observava como um gavião olhando para sua presa.
Quando as crianças chegaram no meio da volta, todas já estavam suando muito e diminuindo o ritmo. Nesse momento veio um grito.
"SEUS VERMES, O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO? COMO PUNIÇÃO VOCÊS VÃO DAR MAIS 10 VOLTAS!"
As crianças foram realmente empurradas para seu limite cada vez mais pelo treinador. Até que na 10 volta uma criança caiu no chão. Quando o treinador ia gritar com ela, ele a viu se levantar e seguir em frente.
Sussurrando para si o treinador dizia.
'Então é a criança desnutrida que foi a primeira a cair, ele se levantou em seguida... vamos ver quanto tempo ele vai durar.'
Parece que a primeira queda foi um efeito dominó, já que a seguir varias crianças começaram a tropeçar e cair, já sem folego para correrem. Porém todas conseguiram completar as 10 voltas a tempo.
Depois de descansarem e a pausa para a refeição, as crianças foram levantadas pelo grito do treinador que soou do nada.
"HORA DE LEVANTAR SEUS VERMES! HORA DE TREINAR DE VERDADE!"
Que foi seguido de uma sequencia de reclamação por parte das crianças.
"não descansamos o suficiente ainda e acabamos de comer"
"Isso! Não descansamos nada e meu corpo já está todo dolorido."
...
Havia aquelas crianças que estavam com preguiça para se levantarem, então, o treinador acenou para dois homens que observavam das sombras.
Se aproximando das crianças que ainda estavam deitadas ou sentadas, os homens não gastaram uma palavra e já começaram a chutar e socar.
Quanto as crianças que levantaram as vozes para reclamar, o próprio treinador "cuidou" delas... Todas elas tiveram uma pequena lembrança do treinador nas pernas e braços, já que ele enviou chutes e socos.
Observando em volta, o homem viu que ainda havia uma criança que lutava para se levantar. Era a criança magra que foi a primeira a cair, o que se seguiu foi um "cuidado" ainda mais intenso do que aquelas crianças que reclamaram sofreram.
...
Todas crianças se arrastavam pelo lugar.
Completando mais 5 voltas, as crianças foram interrompidas pelo treinador que dizia.
"Me sigam."
Ele os guiou através de alguns lugares até que chegassem a uma espécie de poço.
Sem esperar que as crianças se recuperassem ou fizessem perguntas, o treinador acenou para os dois homens que estavam atras do grupo.
Entendendo o que ele dizia, os homens agarram as crianças mais próximas e as jogaram no poço.
O primeiro infeliz foi Apollyon, que andava na parte de traz do grupo, então foi o primeiro a ser pego e jogado no poço.
Ele só foi capaz de escutar o barulho das crianças sendo jogadas no poço, junto de seu grito e a voz do treinador dizendo.
"Aqueles que sabem nadar, nadem até eu os dizer para sair, quanto aqueles que não sabem, se virem ou irão morrer afogados!"
Desesperado, Apollyon lutava para subir em direção a superfície. Até que ele finalmente conseguiu de alguma forma. Pegando um pouco de ar, ele nem teve tempo de entender o que estava acontecendo quando uma criança se agarrava a ele e gritava e chorava, seus gritos sendo interrompidos pela água que entrava em sua boca.
Não sabendo nadar, Apollyon entrou em uma situação desesperadora, já que a outra criança o estava arrastando para o fundo.
Sua mente nesse momento, ficou clara, completamente livre de distrações e ele chegou a uma conclusão enquanto era arranhado pela criança que tentava usar ele como boia.
'Ele pode estar com medo e confuso, mas agora sou eu ou ele.'
Tomando sua decisão, Apollyon enviou um soco em direção ao rosto da criança. Na mesma hora, a criança sentindo a dor o largou, aproveitando o momento, ele tentou subir para a superfície, e antes que ele pudesse comemorar, a criança novamente agarrou seus pés.
Sem muita escolha, ele enviou um chute em direção a criança. Estranhamente não importa o quanto ele chutasse, a criança não soltava, não aguentando mais prender a respiração, a criança finalmente largou seus pés. Fazendo com que Apollyon lutasse desesperadamente para ir a superfície e finalmente recuperar o ar.
Sem tempo para pensar no que havia acontecido ele foi empurrado para baixo por uma madeira. Essa ação se repetiu diversas vezes, até que ele finalmente se acostumou com a ação de boiar, uma que ele estava fazendo inconscientemente.
E assim se seguiu por exatamente 20 minutos, sempre que ele respirava na superfície ele era empurrado para baixo, mas claro, não acontecia somente com ele, já que o mesmo estava acontecendo com todas crianças. Até que o treinador notou algo, só havia 5 meninos!
Pedindo aos homens para pararem o treinador disse quando todas crianças chegaram à superfície.
"Vocês devem ter notado, mas aqueles que tentarem se aproximar da borda, serão empurrados para o meio, vocês não podem sair ainda."
Dizendo isso, o treinador pulou na água e foi em direção. Subindo após um tempo, o homem, agora carregava uma criança em seus braços.
Essa criança teve seu rosto atingido por algo, já que seu nariz estava quebrado, seus olhos abertos estavam vermelhos, como se algo o tivesse acertado.
Notando o estado da criança, Apollyon se assustou e não pode deixar de pensar na criança que o agarrou.
'Eu fiz isso?"