Olhando para os rostos das crianças, o treinador disse.
"Menos um fraco! Se vocês não querem se juntar a ele, é melhor vocês se esforçarem muito!"
Nesse momento, nem mesmo Apollyon sabia o que ele estava sentindo, mas uma coisa era certa, não era culpa, choque sim, mas nenhuma culpa. Ele não sabia se era certo ou errado, mas na sua mente ele tinha entendido que ele fez aquilo para sobreviver.
Ele não sabia que a muito tempo o treinador havia percebido a situação dele. Ele viu exatamente a hora que o menino se agarrou a ele e o arrastou para o fundo. Não tomando nenhuma atitude, ele apenas os viu brigarem pela sobrevivência, afinal, somente ele sabia pelo que eles iriam passar!
Percebendo que Apollyon foi o "vitorioso" ele tomou uma decisão rápida, pegou um bastão de madeira, e antes que a outra criança chegasse à superfície ele a empurrou em direção ao fundo, e sabendo que lá havia algas, o resultado era obvio, uma criança desesperada e muitas algas... somente a morte a aguardava.
Quanto ao porque ele fez isso? Ele pensou que era uma boa oportunidade para ver se ambos tinham potencial.
Um teria que "carregar" a culpa junto da sensação de ter "matado" alguém. Quanto ao outro, se ele se acalmasse e conseguisse subir, ele mostraria um bom potencial também, uma pena porém que ele não foi capaz, resultando assim na sua morte.
O treinador não estava ali para treinar as crianças de forma convencional, ele estava ali para espremer cada gota de potencial dessas crianças, para que eles se tornassem os melhores...
Pensando nas suas ações até aqui, o treinador não pode deixar de confirmar seus próprios pensamentos.
'Sim, só assim eles vão se tornar os melhores guerreiros e assassinos. Se eles vão morrer agora ou depois não importa, somente os melhores vão ser capazes de sobreviver ao treinamento.'
Não deixando a morte que "ele" causou o abalar, Apollyon se manteve firme, já pegando o jeito de boiar e observando os outros, ele até mesmo chegou a entender um pouco de como nadar.
Olhando para o corpo que estava na beirada do poço e notando os olhos da criança como se tivessem o encarando, ele não deixou se intimidar, mas gravou aquele momento em sua memória para que ele não se esquecesse, na verdade ele encontrou uma nova determinação! A de não se juntar a aquela criança.
'Não vou me tornar como ele, vou sobreviver.'
...
Ao entardecer, a água já estava começando a esfriar, e crianças batiam os dentes de frio. Ocasionalmente alguém até mesmo começava a se afogar devido ao cansaço.
Então, eles escutaram uma vez que soou como a voz de um anjo do paraíso.
"Vocês podem sair agora."
Quando as crianças saíram, elas descansaram por 20 minutos, até que a voz do treinador soou.
"Agora, vocês têm que correr 5 voltas. Aqueles que não conseguirem, irão dormir aqui fora. COMECEM!"
Antes que eles pudessem se levantar, o treinador e os outros dois ajudantes já estavam chutando-os.
Sem escolha, as crianças arrastavam seus corpos cansados ao redor do campo.
...
Com muito esforço as crianças estavam terminando a ultima volta, exceto uma que ainda iria terminar a quarta.
Com seus braços e pernas inchados e arranhados, Apollyon continuava em frente cambaleando, já perdendo a conta de quantas vezes ele caiu ao longo das voltas.
Claro, ele não era o único, já que todas as outras também caíram ao longo da corrida.
Ao terminarem de dar as 5 voltas, as crianças se jogaram no chão e respiravam com dificuldade.
...
Quando Apollyon terminou suas 5 voltas, ele também se jogou no chão, ele não aguentava nem mesmo andar um único passo.
"Muito bem seus vermes, vocês conseguiram terminar o treinamento de hoje, agora vocês podem entrar para tomar um banho quente e depois a janta. Hoje vocês se saíram bem, uns melhores que outros. Agora vocês vão seguir os ajudantes A1 e A2 para o banho."
...
Com muita dificuldade Apollyon conseguiu chegar à área de banho, claro, ele foi chutado ao longo do caminho pela pessoa que dizia ser A1.
Chegando no lugar, cinco banheiras com águas quentes e ervas flutuando os aguardava.
A1 os comandou.
"Vocês devem tirar as roupas e entrar nas banheiras, isso vai ajudar na recuperação de seus corpos, além de ajudar a relaxar também.
Entrando na banheira, Apollyon sentiu seu corpo relaxar. Lembrando das coisas que aconteceram até agora, ele finalmente entendeu o porquê da palavra "persevere"
Suspirando ele disse para si mesmo.
"Vai ser difícil..."
Meia hora depois, a água já não estava mais quente, mas foram impedidos de sair, pois ainda havia ervas para ajudar na recuperação do corpo. Somente quando completaram uma hora dentro da banheira eles foram permitidos a sair.
Depois de vestirem suas roupas, todos foram guiados para a cozinha.
Enquanto comia, Apollyon refletia sobre si mesmo. Seu corpo estava muito fraco, quando todas as crianças estavam terminando a quinta volta, ele estava na quarta. Como consequência disso, as crianças foram obrigadas a esperarem Apollyon, fazendo com que elas olhassem feio para ele.
Ele sentia que isso traria problemas para ele, então, ele tinha que arranjar um jeito de fortalecer seu corpo, ou as coisas podem ficar bem complicadas para ele. Nesse momento, uma lembrança lhe veio à mente.
'Certo, se eu não melhorar logo, o próximo a morrer pode ser eu.'
Todos foram guiados para um quarto que tinha 6 camas, e depois de cada um escolher uma cama, eles foram informados por A2 do que aconteceria no próximo dia.
"Amanhã, vocês terão um aquecimento de corrida e depois vocês irão estudar, seus corpos ainda são muito fracos, por isso, aconselho vocês a aproveitarem esse dia para se recuperar."
Deixando essa fala para traz, A1 e A2 saíram do quarto e o trancaram fora.
Todas crianças já não tinham energia para nada, assim todas se deitaram e adormeceram sem nenhuma conversa.