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Chapter 3 - 3 - O rato, a coruja e o dragão

-Um rato, nos manterá seguros? - Disse Kraeh. - Que ajuda, um rato, dará?

-Estou mais confuso do porque um gato anda com um rato no bolso. O que isso deveria ser? Um teste talvez, para ver se manteremos seu lanche vivo até nos encontrarmos de novo?

-Vocês realmente não confiam no Ruhtra não é mesmo? Eu tenho certeza que Labareda irá ajudar. Não é mesmo ratinho. - Khad começa a fazer carinho no rato.

-Ele é suspeito! - Retrucou o corvo.

-Além disso, possui muitos meios e recursos. Talvez até demais para nunca termos ouvido falar dele. Alguém como ele se manter oculto em plena vista é quase impossível.

Quando não ouvimos a resposta de Khad, e notamos que ela parou de andar, olhamos para ela percebendo que o rato não estava mais lá. A druida apresentava um estado de choque em sua face. Choque este que também levamos ao perceber que onde o rato estava anteriormente, tinha agora um pequeno dragão!

Labareda, um pequeno e jovem dragão vermelho, olhava para nós, como se estivesse dando risada de nossas caras, com seus pequenos dentes afiados.

-Ele... se transformou na minha mão... não era um rato...

-Quem... anda com... um dragão, no bolso?

-...se isso for um teste... acabou de ficar mais interessante.

Seguimos andando até Sharn. Iriamos mais rápido pela estrada, mas até que com Labareda evitamos alguns problemas. Mesmo sobre a mão de Khad, com alguns rugidos afugentava cobras e outros animais pequenos. Sua visão no escuro melhor que a minha e a de Kraeh nos guiou por um caminho mais seguro. Até que ele começou a rosnar. Todos ficamos em alerta quando isso ocorreu. E pelo uso de sua marca, Khad entendeu o que Labareda disse, repetindo para nós. "Coruja... urso... coruja!!"

Estava muito escuro, e o mesmo estava circulando a nossa volta, nos permitindo ver apenas seu vulto. Até que Labareda soprou a frente uma quantia de fogo. Com a iluminação de pedaços de galho e grama queimando, fomos capazes de ver o urso coruja. Nunca havia visto uma criatura como aquela, pelos em meio a penas o deixavam com uma aparência totalmente estranha, com um bico e garras afiadas que poderiam nos cortar facilmente. Ele veio um pouco em nossa direção e se levantou em 2 patas, soltando um estridente e estranho rugido. Passava facilmente de 8 metros de altura, nos diminuindo perante sua presença.

Kraeh foi o primeiro a agir, puxando uma flecha e atirando com seu arco contra a enorme criatura. O urso desviou por pouco, sendo acertado logo em seguida. Ocorreu que Kraeh havia usado sua marca e a primeira flecha era uma ilusão, possibilitando acertar a verdadeira observando a reação do alvo. A flecha se prendeu em seu ombro, aparentemente superficialmente, já que o mesmo logo tomou a postura de 4 patas e correu em nossa direção sem mancar. Eu e Kraeh pulamos diagonalmente e para frente, cada um para um lado para evitar o encontro com o urso, mas Khad não se moveu e seria atacada de frente.

Quando o urso estava passando por mim utilizei minha marca para empurra-lo. A corrente de ar que criei o desequilibrou e o jogou entre Khad e Kraeh, causando um enorme som do baque do urso contra algumas arvores.

Khad utilizou uma magia que não sei ao certo os efeitos, mas que fez o urso queimar com uma luz verde, mas não parecia que estava queimando o urso realmente. Labareda logo depois sopra fogo no urso, deixando-o com queimaduras e penas e pelos ainda em chamas.

Neste momento, o urso coruja tentou se levantar, com pequenas chamas ainda sobre seu corpo, porém, com suas patas tremendo, despencou no chão logo depois. Ele havia morrido. Todos estávamos ofegantes, usar magia das marcas pela primeira vez nos cansou bastante, talvez por nossos corpos não estarem acostumados, mas pudemos perceber o quão poderosas eram estas marcas.

Todos nos olhamos e depois de trocar algumas palavras, decidimos descansar ali. Khad começou a recolher alguns galhos, enquanto eu cortava o urso para esquentarmos a carne. Kraeh estava... fazendo coisas de corvo... arrancando e comendo os glóbulos oculares de nossa refeição... quase me fez perder o apetite para falar a verdade. Labareda ajudou acendendo o a fogueira.

Quando estávamos terminando de comer o que éramos capazes de suportar, ouvimos um som de algo se aproximando, e era Ruhtra.

Deixamos o resto do corpo de nosso inimigo ali na floresta, enquanto seguíamos para Sharn. Ruhtra nos perguntou como foi usar a marca pela primeira vez, e depois de um pouco de diálogo, saímos da floresta. Sharn, a cidade das torres, já era visível ao longe. Neste momento, todos paramos para ver o esplendor da cidade que contrastava entre o escuro da noite e suas inúmeras luzes. Ruhtra deu alguns passos para frente e de costas para nós, disse.

-Da última vez que confiei marcas aos humanos, as casas surgiram... Esta foi uma infeliz consequência... Mesmo que vendam serviços... ainda trouxe sofrimento para muitas pessoas... Eu estou vivo a muito tempo, e creio que isso me faz um bom julgador de caráter... Por isso decidi confiar em vocês. - Ele se virou para nós. - E agradeço por me darem uma chance. - Neste momento, o nascer do sol dava outras tonalidades de cores a cidade.

Mesmo hoje, me lembrando deste momento, ainda me sinto emocionado. Não me lembro se eu estava assim na época, mas hoje em dia entendo bem o peso daquelas palavras. Se ainda não abandonou este diário, é provável que você também entenda no futuro. Posso dizer por já ter vivenciado ela, que a história só melhora a partir daqui.