Chapter 5 - Classe S

Davi mal entendeu o que estava acontecendo tal qual uma forte luz o envolveu. Quando ele conseguiu enxergar de novo, notou que estava em uma sala ampla, cheia de estantes com livros e cofres.

O lugar era iluminado pela luz do sol, graças a uma enorme janela que ficava na parede dos fundos. Na frente dela havia uma mesa com uma confortável cadeira de escritório que não combinava nada com o clima clássico do lugar.

Sob a enorme mesa de madeira havia um computador, dois monitores, algumas xícaras de café, dois livros jogados e vários documentos e outros papeis espalhados em um ambiente que parecia caótico. 

Além disso, por um instante, Davi pode ver sobre a mesa uma revista que parecia ser sobre moda. Contudo aquele caos desapareceu com um estalar de dedos.

Achando ter alucinado, o garoto via diante de si uma sala ampla, com alguns belos quadros que decoravam as paredes. Em sua frente estava a janela glamurosa e pouco a frente uma grande mesa de madeira e uma cadeira que mais parecia um trono.

Sob a sua mesa havia apenas a ficha de inscrição do Davi, bem como um belo livro que parecia ser algum tipo de grimório especial. Provavelmente era um poderoso item mágico obtido por algum explorador.

E de repente a diretora apareceu sentada naquilo que parecia um trono. Seu olhar carregava sua serenidade de sempre e, olhando de perto, ela parecia ainda mais bonita. Seus cabelos negros, longos e brilhantes, emolduravam o rosto com suavidade, caindo por sobre os ombros e acompanhando as linhas de seu corpo com naturalidade. 

Ela já não vestia um terno formal, mas sim uma blusa de gola alta em um tom de cinza escuro que destacava seus seios grandes e seu corpo lindo. Era impossível não ficar encantado por ela.

"O seu poder é peculiar," a mulher murmurou para si mesmo. "Imagino que tenha algum título especial ou alguma outra habilidade que te permite ter uma segunda classe, correto?"

"Si-sim," Davi não sabia se seria melhor manter segredo ou falar a verdade, mas diante do olhar inquisidor daquela mulher ele apenas foi honesto por instinto.

Aquela foi uma decisão sábia, porque se ele tivesse escolhido mentir, sua cabeça já não estaria mais conectada ao corpo.

"Entendo, o que a sua segunda classe te permite? Qual o nome dela? Considerando a sua energia mágica, deve ser algo muito mais poderoso do que um mero escavador." Ela disse lendo as informações na ficha de inscrição do garoto.

"Para falar a verdade eu ainda não sei. Preciso cumprir com certos requisitos especiais para descobrir o que minha classe faz." Ele admitiu não querendo falar muito sobre sua classe. Ele não sabia se deveria confiar na diretora.

"Entendo, não se preocupe, não precisa me contar muito. A única coisa que me preocupa é sua capacidade de ajudar a proteger a humanidade. Por isso deve entender todo o potencial da sua classe o quanto antes. Se conseguir fazer isso, posso até mesmo te ajudar a subir de nível rapidamente e compensar por todo o atraso que teve."

Davi começou a ficar esperançoso acreditando que o futuro era brilhante e que tinha tirado sorte grande. Contudo as próximas palavras daquela mulher o tiraram de sua fantasia.

"Você vai fazer o teste para a classe S em três dias, não precisa se preocupar com as outras provas."

"Mas se eu não fizer pelo menos a prova básica de sobrevivência não vou poder entrar aqui."

"Isso não é um problema, basta se aprovado para a classe S e esses detalhes não serão relevantes."

"E se eu não conseguir?"

"Então você não tem valor. Na entrevista da inscrição você disse que seu sonho era ser um grande explorador, se é isso que quer, deve conseguir entrar na classe S."

"Mas a minha classe tem certos requisitos, eu preciso de mais tempo para conseguir a usar. Eu ainda nem tenho equipamentos mágicos para exploração. Não pode me dar mais tempo? Prometo que tenho a determinação necessária para ter sucesso, só preciso de uma chance."

"Sim e é exatamente apenas uma chance que estou te dando." Davi ficou quieto diante do tom poderoso daquela mulher.

Podia parecer uma forma fria de agir, mas aquela não era a primeira nem seria a última vez que ela via alguém com uma segunda classe. E ela já tinha aprendido por experiência que aqueles que seriam poderosos conseguiram derrotar até desafios impossíveis. E o resto dificilmente teria sucesso.

A pressão e desafios destroem os fracos e faziam os verdadeiros herois surgirem. Claro, era um método brutal e talvez até ineficiente, muitos talentos foram perdidos por causa disso. Mas inegavelmente ela teve grandes resultados.

"Entenda, não me importo com sua determinação ou dificuldades. Apenas prove seu valor para a humanidade, se é que o têm. Se conseguir, darei-lhe o que quiser."

Ela disse dando um passo à frente. O movimento brusco fez seus seios volumosos balançarem, atraindo de forma quase inconsciente o olhar do garoto para eles.

"Ah, claro, você é apenas um jovem, afinal de contas." Ela murmurou para si mesmo.

Um sorriso levemente pervertido surgiu naquele belo rosto. A mulher parecia apreciar a atenção que recebia dos homens apesar da sua idade.

"Você é até bonitinho. Então, se mostrar valor suficiente, posso te dar isso também."

"Espera, eu..." Davi tentou se explicar, pego de surpresa pelo rumo inesperado da conversa e quis desfazer o mal entendido.

A diretora riu suavemente, o que fez o coração do garoto relaxar, ela não tinha ficado irritada. Na verdade, parecia se divertir.

"Eu sei, uma mulher como eu, já fora do auge, não deveria mais atrair o olhar de um jovem, certo?" Ela provocou com um tom provocador querendo apreciar as reações do jovem diante de si.

Percebendo que a mulher estava apenas brincando, Davi relaxou. Seria realmente desastroso irritar alguém como ela.

Surpreendentemente, a diretora era muito mais amigável do que ele esperava, apesar de seu olhar imponente. Notando isso, ele decidiu entrar na brincadeira também:

"Não se preocupe, eu definitivamente desejo você. Você continua sendo a mais bela flor que existe, ficaria honrado apenas em poder acompanhá-la em um encontro. E, senhora, se me permitir a indelicadeza, devo dizer que esse termo realmente realça sua figura e seu batom vermelho lhe dá um toque especial."

A diretora pareceu gostar do flerte sorrindo levemente e até ficando levemente corada. Ela escolhia com muito cuidado suas roupas, então era bom ouvir elogios quanto a isso.

"Mas, para ser honesto, eu prefiro dinheiro," ele admitiu no final. "E também já dei meu coração a alguém."

A diretora riu novamente, na verdade, seria melhor dizer que ela gargalhou. Aquele estudante sem dúvidas era audacioso e ela adorava isso. Ser tratada sempre com absoluto respeito e reverência se tornava cansativo com o tempo.

"Você é divertido. Se não morrer, espero que volte para conversar mais comigo. Agora, pode ir. Mais uma coisa, não me chame senhora, sou Amélia"

"É um belo nome, sou Davi é um prazer."

Com um estalar de dedos, Davi foi teletransportado para o que deveria ser o hall principal. Mas talvez por um erro, ou talvez como uma forma de brincadeira, o lugar para o qual ele foi mandado era diferente.

Ele sentiu um certo calor, tal qual o vapor de água o cercava. Então seus olhos entenderam a cena diante de si.

Eram lindos, porém modestos seios de uma garota que mais parecia uma boneca. 

Ela estava completamente pelada enquanto penteava o próprio cabelo, expondo seu corpo de forma completa.

Seus olhos eram profundamente vermelhos, com o brilho que parecia pertencer a uma joia. E seu corpo era pequeno e esguio, revelando uma pele branca e tão perfeita que parecia de porcelana. Completando a sua aura de outro mundo, ela tinha um belo cabelo prateado que se estendia até quase tocar o chão.

Apesar da situação surpreendente a garota não demonstrou muita reação, encarando Davi por um instante antes de perguntar:

"Por que está aqui?" Tal qual ela dizia isso com um tom calmo, uma espada de energia se materializou em sua mão.

Antes que o garoto pudesse perceber seus pés estavam presos ao chão por correntes que tinham se materializado ali. E, em um instante, a lâmina daquela mulher estava apontando diretamente ao seu pescoço.

"Você é um inimigo?" Ela perguntou mais uma vez de forma monotônica.