O sistema solar de Uxor, não tem nada de interessante no geral, apenas uma dúzia de planetas sem nenhuma capacidade de criar ou sustentar a vida sendo mantidos juntos por dois pequenos sois, um azul e o outro vermelho tão próximos, que visto de longe, parecem até mesmo um único astro, só que com duas cores diferentes. Como dito, esse sistema solar não tem nada de útil, nem mesmo para mineração ou qualquer outro tipo de serviço semelhante, mas hoje, ele é o sistema mais importante do Setor Vega, não pelo que ele, e sim pela sua posição no mapa estelar.
Os líderes da aliança escolheram esse lugar bem, sem nenhum tipo de vida próxima numa posição perfeita entre Tamaran e onde as forças da Cidadela estão, também próximo da frota do General Ph'yzzon. Dessa forma, conseguimos gerenciar o tempo quase que perfeitamente para a armadilha acontecer. Também a lugares para nos escondemos, os planetas têm sua composição quase toda de metal sem valor, o que vai interferir nos sensores de acordo a Galateia, que está nesse momento do meu lado, olhando para uma série de telas holográficas na nossa nave doada pela mãe da Kori.
Era uma nave estelar classe seis, ela não tem muita capacidade ofensiva comparado ao que vamos encontrar aqui hoje, algumas naves estão na classe nove de acordo aos bancos de dados da Galateia, duas dessas naves tem poder o bastante para colocar fogo num planeta inteiro, mas capacidade ofensiva não é necessária para a nossa parte dessa armadilha.
O sistema de classificação de naves não é baseado no poder de fogo, e sim na tecnologia, a nossa nave é classe seis não pelo poder de fogo, e sim pela velocidade, defesa e pelos escudos furtivos que vão nos esconder com sucesso no meio de tudo isso. Para não chamar atenção dos sensores, que ficam mais poderosos a curta distância, não há nenhuma arma de grande poder ofensivo instalada, por isso mesmo, essa nave é apenas uma classe seis, e não uma sete ou oito.
"Quanto tempo?" Perguntei para Galateia, que está com os olhos grudados nos hologramas passando em alta velocidade na sua frente, tão rápido, que só posso pegar alguns trechos se entrar na minha super-velocidade.
"Pelos meus cálculos, temos mais meia hora antes da frota do General Ph'yzzon chegar, infelizmente, não posso prever quando as forças da Cidadela vão chegar." Ela me respondeu, e não pude evitar olhar para seu braço esquerdo faltando, ele foi totalmente arrancando até o ombro, Galateia, colocou uma espécie de adesivo da mesma cor do seu corpo cobrindo o machucado aberto.
"Não me importo de lutar ou de ficar trabalhando, mas esperar assim é quase tortura." Suspiro andando de um lado para o outro de frente para o observatório abaixo da cabine de comando da nave, onde a Kori, está repassando os sistemas sozinha, tenho que me juntar a ela daqui a pouco, mas estava um pouco agitado e resolvi dar uma volta pela nave para clarear minha mente, nave que tem o triplo do tamanho da Javelin, e está muito mais equipada que ela.
Como sempre, Galateia, não é a melhor pessoa para ter uma conversa fiada, ainda mais agora, trabalhando sem parar na estratégia. Para evitar sermos detectados, separamos a nossa pequena frota e as escondemos atrás dos planetas e luas desse sistema solar, estamos relativamente separados, mas com velocidade de cada nave demoraria apenas alguns segundos para nos reunirmos numa formação, e para isso acontecer de forma organizada e precisa, um plano tem que ser feito e enviado para todas as naves, um plano de voo, com informações precisas individuais para cada nave. Normalmente, ela já estaria fundida aos sistemas desse motor futurista, mas ele é tão avançado, que demoraria demais, então ela decidiu que ajudaria mais a missão realizando esses cálculos junto da Guarda Real e do seu segundo comandante, que está na nave-mãe protegendo o Rei e Rainha de Tamaran.
Complicado, assim como as pequenas armadilhas que plantamos no espaço também, minas espaciais, mas elas não foram postas para fazer parte da nossa armadilha, em vez disso, era nosso plano de fuga caso tudo de errado e a coisa toda exploda na nossa cara, e quem está responsável por isso são os Senhores da Guerra, sua grande frota não pode ficar acomodada e escondida como a de Tamaran, em menor número no momento, então eles estão apenas alguns minutos via hiperespaço de distância, assim como a frota de Eufórix.
Deixei Galateia, com seus cálculos e andei pelo corredor branco largo até as escadas, essa nave era tecnologicamente incrível, mas era tão vazia de decoração ou de qualquer outra coisa não essencial, que é um pouco chato ficar aqui, de qualquer forma, subi um lance de escadas e foi em frente, dando de cara com uma porta branca circular que se abriu sozinha assim que me aproximei revelando uma sala ampla no formato de meia-lua. No centro da sala, sentada numa cadeira branca que está literalmente nascendo do chão, e não apenas presa a ele, está Kori, suas duas mãos estão levantadas sobre duas esferas brancas, também nascendo do chão, na sua frente, na esquerda e direita, telas holográficas flutuando no ar, no centro de sua visão, uma bela janela mostrando o planeta vermelho, o terceiro desse sistema solar onde estamos nos escondendo, não estamos sozinhos, na nossa esquerda e direita a uma quantidade enorme de naves próximas, mas em silêncio.
"Falta muito tempo?" Perguntou Kori, seus olhos e cabeça se moviam rapidamente entre os hologramas e a vista na sua frente, ela deve estar duas vezes mais agitada do que eu.
"Só mais alguns minutos." Falei me aproximando da cadeira, quero ver se minha amiga estava perturbada, mas tudo que vi no seu olhar foi ferro, ela está pronta, e muito bem vestida, seu traje agora parece mais uma armadura roxo escuro colada ao seu corpo, mas claro, havia um pouco de pele exposta, sua barriga, ombros e braços estavam de fora, mais seus punhos e mãos estão cobertos por luvas, seu peitoral é a maior mudança, ele é um pouco maior que o busto dela, uma camada adicional de defesa, e no centro do peito, um círculo de luz amarela, um núcleo de energia, veja bem, o traje é uma armadura, isso quer dizer que ela possui um campo de força básico protegendo o seu corpo exposto, fora também sua resistência. Para completar, longos cabelos vermelhos soltos, sim, a princesa guerreira está pronta para guerra.
Assim que fiquei do seu lado, uma cadeira igual a que ela está sentando surgiu do chão com os dois orbes brancos na frente dela, quando me sentei a cadeira sozinha arrumou minha posição do lado da Kori, mas não muito próximo para não atrapalhar seu trabalho. Essa nave, tem um sistema de interação avançado, ou seja, sem botões ou manche para guiar a nave, tudo é feito com uma interação mais sutil e mental, o que, na minha opinião, vai deixar a Kori, duas vezes mais mortal como pilota.
As telas holográficas se iluminaram na minha frente, as comandei mentalmente, focando no que está flutuando no espaço ao nosso redor, todos estão bem escondidos, mas se você sabe o que está procurando, não fica difícil achar. Nem tive tempo de pensar muito nisso, recebemos uma ligação de longe.
"É o general!" Avisou Kori, já mexendo nos sistemas.
"Galateia..."
"Estou aqui."
Ela se adiantou antes de eu poder a chamar, e como planejado, Galateia, colocou um dos seus joelhos no chão e o tocou com sua mão, no mesmo segundo, todo o espaço ao nosso redor foi mudada, um holograma, estávamos mais uma vez na cabine do Javelin, a ilusão é quase perfeita, mas não podemos nos mover muito.
"Coloquei as máscaras, vou aceitar." Comentou Kori.
Sendo essa uma nave espiã, ela veio com alguns aparelhos interessantes, um deles pode literalmente disfarçar a nave para os sensores dos outros, mas sem mudar sua aparência, de certa forma, agora somos o Javelin, e temos dados para isso graças a Galateia, que sabia até mesmo seu peso exato e quanta energia ela gastava devido à sua ligação. Estamos exagerando um pouco no nosso engodo, mas cuidado nunca é demais.
Um segundo depois, o rosto do General Ph'yzzon, surgiu na tela holográfica na nossa frente.
{Saudações, como você está, Rainha Koriand'r?} Perguntou o General num misto de preocupação e felicidade por nos ver com vida, afinal, mandamos apenas uma mensagem para ele o chamando de volta para Tamaran, sem muitos detalhes do que aconteceu depois de nossa fuga.
"Levando em consideração tudo, eu vou ficar bem." Comentou minha amiga.
{Minha Rainha, seu plano, a senhora realmente tem certeza de que quer seguir por esse caminho?} Perguntou ele em seguida.
"Sim, vamos tomar Tamaran, e libertar meus pais, assim vamos conseguir mais uma vez o apoio da aliança."
{Isso é verdade, mais a dificuldade do plano….}
"Temos um bom plano também General." E assim, falei o plano de ataque a Tamaran, o mesmo plano que usamos a pouco para conquistar o planeta, o plano que funcionou, temos que ser convincentes na nossa ideia falsa já realizada de atacar o planeta.
Demorou um pouco para ele nos responder após eu contar meu plano, afinal, os riscos são altos.
{Sim, com os Ômega Man e nossa frota, isso é possível, mas minha Rainha, mesmo se o plano der certo, o povo nunca vai aceitar você como regente depois disso, mesmo com o apoio dos seus pais.} Sim, Kori, já sabia disso, e mesmo assim prossegui com seu plano.
"Perde o trono é algo pequeno comparado a evitar uma guerra que vai acabar com nosso povo, General, o senhor está conosco?" Perguntou Kori, olhando diretamente para os olhos brilhantes do homem do outro lado da tela.
{Claro que sim minha Rainha, estamos a poucos momentos de distância do encontro, minha frota e meus soldados, estão sobre seu comando!} Ele enviou o local exato em que sua frota vai sair do hiperespaço, um gesto de total confiança.
"Até lá então." Sorrindo, Kori, desligou a ligação.
"Acho que deu tudo certo." Comentei vendo a ilusão criada pela Galateia, desaparecer.
"Sim, vou avisar os outros, com a localização de saída que temos, os bloqueadores vão funcionar melhor ainda." Avisou Kori.
O espião junto da frota do general tem que avisar a Blackfire, do plano falso, presumindo que ela já não sabe, para o plano prosseguir, mas ele não pode saber o resto da armadilha, por isso, colocamos bloqueadores de sinais, vamos os ativar assim que eles chegarem, se tudo correr bem, o espião não vai ter escolha a não tentar entregar a mensagem de outra forma, escapando com uma nave menor ou voando para longe da zona de interferência que vamos criar.
"Você está bem?" Perguntei para Galateia, que ao se levantar do chão, tremeu um pouco para os lados como se estivesse tonta.
"Hologramas gastam muito da minha energia se eu não estiver conectada diretamente ao sistema da nave."
"Precisa de algo?"
"Apenas de alguns minutos." Ela falou isso saindo pela porta, e quem entrou em seguida foi o Dick e a Ravena, ele está usando a mesma roupa preta que ele usou durante o ataque a Tamaran, com o capacete desativado e sua máscara preta cobrindo os olhos, quanto a Ravena, ela usa o mesmo traje coberto pela sua longa capa roxa com enfeite de penas nos ombros e capuz cobrindo quase todo seu rosto.
"Ouvi tudo, pareceu perfeito, quanto tempo temos?" Ele falou rapidamente.
"Quatro minutos." Kori, respondeu.
"Então, vai começar." Falou Ravena, de cabeça baixa, talvez sentindo o medo e apreensão das naves ao nosso redor, estamos indo para guerra.
"Alisand'r e os Ômega Man, também estão prontos lá em baixo, menos a Kalista, ela está andando de um lado para outro, um comportamento tão agitado não é um bom sinal antes de uma missão." Dick, comentou parecendo concentrado e sólido como sempre, mas posso facilmente perceber seu corpo tenso e preocupado junto de um olha discreto para mim, ele está se referindo a conversa que tivemos no planeta.
"Ela vai ficar bem, seus sentimentos são de preocupação com sua equipe e com seu povo, ela pode parecer explosiva, mas tem um cérebro e coração escondidos abaixo disso." Com a garantia da Ravena, Dick, não falou mais nada, e também não olhou mais para mim.
"Eles chegaram!"
E assim, quatro minutos se passaram como um raio durante nossa breve conversa, uma tela holográfica enorme surgiu na frente para todos verem um ponto específico entre dois planetas desse sistema solar, o túnel do hiperespaço se abriu, enorme, o maior que já vi, e dele, naves e mais naves saíram e avançaram para não se chocarem com as que vem atrás, na frente delas, a única nave classe oito de Tamaran, a K'Norfka, comandada pelo General Ph'yzzon.
{Os bloqueadores foram ativos!} Avisou Galateia, pelo alto-falante.
Da primeira vez que vi a frota, não tive uma visão clara e ampla de quão grande ela era, mas aqui está, bem na nossa frente, milhares de naves dos mais variados tamanhos, tantas que não faz sentido contar, a maior delas é a N'Norfka, as menores e ainda assim maiores que as outras são cerca de vinte, naves de batalha portando milhares de jatos e planadores junto de seus pilotos.
Demorou dois minutos para toda a frota sair do hiperespaço e tomar uma posição próxima uma da outra no espaço, uma precisão e trabalho imenso realizado com agilidade.
"Ele está ligando de novo." Falei abrindo a comunicação, só que agora, sem o holograma ou enganos, isso já não é mais necessário.
{Minha Rainha, as comunicações de longa distância foram afetadas, o que está acontecendo?} Perguntou General Ph'yzzon, sendo transmitido por outra tela holográfica do lado da que está mostrando sua frota, ele está reto como um soldado em posição de sentido, mas seus olhos estão indo para todos os lados, percebendo a mudança clara no interior da nave em que estamos.
"Sinto muito pela mentira General, é melhor outro explicar." Comentou Kori, passando a ligando para seus pais.
Mais uma tela se abriu, agora estamos vendo a Rainha Luand'r e o Rei Myand'r, lado a lado sentados em tronos de pedra vestidos para batalha, a mãe da Kori, está usando uma roupa parecida com a dela, só que branca e dourada, já seu pai, veste uma armadura roxa completa armado com uma lança prata com apenas sua barba e cabelos selvagens amostra.
{Meu Rei, minha Rainha!} Demostrando mais reverência do que com a Kori, o general se curva profundamente.
{Um engodo, General, a missão já foi realizada, Tamaran, está mais uma vez sobre nosso reinado.} Falou o Rei Myand'r.
{Isso quer dizer que…}
{Sim, isso é uma armadilha.} Confirmou a Rainha Luand'r.
{Eu não entendo minha Rainha, como isso tudo é possível? Os senhores não deveriam poder retomar o controle politicamente, o conselho não permitiria tal coisa.}
Tivemos que contar um resumo do que aconteceu durante nosso ataque ao planeta, o general não gostou muito do nosso ataque, deu para perceber isso, mas isso se tornou um assunto menor assim que a Rainha, contou a ele o que encontramos em Zoriss, o efeito foi automático, o General levantou a cabeça mostrando seus olhos verdes brilhantes, que de um segundo para outro foram de frios e sem cor para tomados de chamas de pura ira.
{Prometi que meu povo não passaria por isso!} Foi tudo que ele falou.
{Sim meu amigo, eu estava lá quando você fez tal promessa, mas agora não é tempo para luto e dor, temos que queimar os malditos antes de lamentar!} Falou Rei Myand'r, num tom de voz forte e bruto, como é comum para ele.
"Lamentamos mentir, mas era preciso, o General deve saber por quê." Disse Kori, mudando de assunto.
{Sim, o traidor, eu tentei o encontrar, vasculhei toda minha frota e não tive sucesso, para minha vergonha. Foi essa falha que colocou a Princesa Koriand'r, em perigo, devo ser punido por isso.} Ele abaixou a cabeça mais uma vez.
{Uma falha compreensível, é tão difícil encontrar um traidor no meio de uma frota imensa como a sua quanto achar um Glorg, no meio de uma pilha de Zarnics.}
Não faço ideia do que o Pai da Kori, está falando, mas acho que se parece com a frase, uma agulha no palheiro.
{Bloquear o sinal não é o bastante, temos que cercar toda a frota, posso não ter encontrado o espião, mas garanto que ele não está em nenhuma das minhas naves fortalezas, assim como em outros dez por cento da frota, vou os avisadar!}
{Já nos adiantamos nisso também!}
Assim que a Rainha acabou sua frase, uma parte das nossas forças conjuntas começou a se aproximar da frota do General, não era só naves de Tamaran, mas também de Eufórix e de Okaara, apenas algumas delas ficaram aqui, é por meio delas que as outras vão saber quando se aproximar. O olhar do General foi de conhecimento e aliviou, ele entendeu que não estamos sozinhos nessa armadilha, no fim, ele até se permitiu um sorriso rápido.
{Acabamos de interceptar uma tentativa de comunicação para fora.} Antes mesmo da nossa frota cercar completamente a do General, Galateia, nos avisa.
"Quem e onde?" Perguntei em voz alta.
{Impossível dizer, foi uma tentativa sutil e bem inteligente, só conseguimos a detectar devido ao silêncio.}
Foi ordenado um silêncio de rádio para todos a não ser em casos de emergência, e mesmo assim, havia um protocolo a seguir, sem comunicações, temos silêncio, o que deixa fácil detectar qualquer tentativa como essa, já que ela não pode se esconder no meio do tráfego.
{Tem certeza que não podem rastrear esse maldito traidor!?} Gritou perguntando o Rei Myand'r.
{Absoluta, a conexão foi contada assim que tentemos a localizar.}
"Não vai demorar muito até ele tentar algo mais drástico, essa armadilha é grande o bastante para o fazer desistir do seu disfarce." Deduziu Dick, e ele estava certo, afinal, é para isso que serve o bloqueio.
{E estamos prontos para isso, mas agora não podemos ficar apenas parados esperando, temos que nos mover.}
{É como a Rainha Luand'r falou, tenho que avisar meus subordinados e os preparar para batalha, vocês já devem ter um plano traçado para minha frota, gostaria de começar a preparação imediatamente.} Ph'yzzon, não está errado, se ele não se preparar, sua frota é quem mais vai sofrer na batalha que vai começar.
{Os outros líderes da aliança também querem discutir, vamos acabar essa chamada.} Foi tudo que o Pai da Kori, falou antes de desligar na nossa cara.
"Bem, é isso." Falei enquanto me levantava da cadeira.
"Ravena, o que você achou?" Perguntou Dick, olhando para nossa amiga que ficou calada a reunião inteira, ela tinha sua própria missão, escanear o General Ph'yzzon, dessa distância, usando apenas sua imagem em tempo real como guia.
"Todas suas emoções, raiva, medo, fúria, tristeza e também esperança, tudo foi real, ele não é o traidor."
"Isso foi desonroso, o General Ph'yzzon, já provou sua lealdade e a Ravena, confirmou isso no nosso primeiro encontro." Kori, não gostou do pedido do seu namorado, e cruzou os braços sem olhar para ele.
"Eu tinha que ter certeza, muito tempo se passou desde aquele encontro." Essa foi a explicação do Dick.
Ele é um líder incrível, não estaríamos aqui se isso não fosse verdade, mas em missões assim, quando há muito em risco, ele fica superpreocupado e cuidadoso, ao ponto de uma quase loucura.
"Galateia, você pode avisar o pessoal lá atrás do que aconteceu aqui." Tentei mudar de assunto.
{Entendido.}
E assim, não havia mais nada para fazermos a não ser esperar, por isso, o silêncio voltou a reinar, para manter minha mente ocupada, voltei a sentar na minha cadeira e foquei minha atenção na nave, meu plano é fazer leituras por meio dos sensores, a interface facilitava muito, por isso, fiquei quase meia hora observando o movimento de um meteoro flutuando não muito longe de onde estamos.
Quanto ao traidor, para o nosso descontentamento, ele não fez mais nada, ou talvez tenha e não percebemos isso, o que nos deixou com medo.
Se passaram seis horas, e nessa passagem de tempo, a cada segundo, o medo de que o traidor teve sucesso de alguma forma ficou cada vez mais forte, até que a notícia chegou.
{Eles estão se aproximando rápido em formação de ataque.} Relatou Galateia.
Agora, só havia eu e a Kori, sentados lado a lado na sala de controle.
"Conseguimos!" Gritou minha amiga feliz.
Se o traidor tivesse conseguido os avisar, eles não viriam para um ataque de forma tão chamativa, muito menos numa formação de ataque rápido, na verdade, seria melhor para eles simplesmente mudar sua rota e atingir algum planeta da aliança agora desprotegido, já que as suas frotas estão concentradas próximas aqui.
"Mais alguma coisa? Tamanho, por exemplo?"
{Foi aconselhada a não tentar os escaniar usando os sistemas.}
Não importa muito isso agora, afinal, não podemos correr mais, por isso eles não estão se escondendo, vindo até nos na sua velocidade máxima.
Com isso feito, Kori, mudou nossa visão holográfica para onde estava a frota do Ph'yzzon, no exato momento que começou. De forma que parecia coreografada e treinada mil vezes, o bloqueio começou a se mover organizadamente divididos em cinco pontos diferentes ao mesmo tempo, mas nem todas foram embora, as naves que fazem parte dos outros planetas aliados e sessenta por cento da frota que trouxemos se foram, as outras, se juntaram a frota do General, que também está se reorganizando para ficar de frente do inimigo se aproximando rápido. Cinco minutos depois, milhares de naves se esconderam atrás de algumas luas ou planetas do sistema.
Não podemos manter o bloqueio, isso vai avisar nosso inimigo da armadilha, os bloqueadores continuam ativos, e a frota do General Ph'yzzon, foi avisada e ordenada. Qualquer um que sair da formação vai ser atingido imediatamente sem hesitação, tirando assim a última chance do espião de fugir, o mantendo dessa forma preso no meio de nós, o que não era uma solução perfeita para o problema, mas era melhor que a segunda opção.
"Eles chegaram!" Kori, avisou.
Usamos as imagens do K'Norfka, vimos primeiro o espaço negro próximo do sistema solar, um túnel de energia do hiperespaço se abriu um segundo depois, seu tamanho era o bastante para engolir uma lua ou planeta pequeno inteiro numa só mordida. As naves inimigas foram cuspidas para fora dele imediatamente depois. Só que esse não foi o único túnel, mais seis surgiram na vertical lado a lado próximos, e não foi apenas naves da Cidadela, também reconheci naves dos seus cachorros, os Gordanianos, junto da organização criminosa a Guilda das Arranhas, em menor número.
O número não parou de aumentar e se concentrar no vazio, chegou num ponto que eles não tiveram outra escolha a não ser avançar para abrir espaço para o resto, e esse espaço, tocou a entrada do sistema solar, era um enxame cósmico de gafanhotos, que no caso são naves super equipadas com capacidade ofensiva o bastante para colocar fogo em planetas inteiros, e o carro chefe, as naves mais poderosas, ainda não chegaram.
Demorou dez minutos para os túneis serem fechados, e a visão na minha frente, a magnitude do que vai acontecer agora é difícil de explicar com palavras, e mesmo com minha supervelocidade e uma infinidade de tempo, vou demorar anos para contar todos.
"Galateia, como estão nossos números?" Perguntei em voz alta.
{Estamos em desvantagem, eles têm seis naves para cada uma das nossas.}
No final, não é tão ruim, temos o fator surpresa do nosso lado.
"Eles estão tentando entrar em contato com a K'Norfka." Kori, avisou.
A tela holográfica mudou se dividindo em duas, de um lado, o General Ph'yzzon, imperturbável com a cena e concentração de inimigos, na outra tela, a mulher que as ações nos levou para essa batalha, Blackfire, vestida com um traje inteiro preto e dourado, simples, mais real com seus longos cabelos pretos soltos criando um visual lindo. Não deu para ver muito do local onde ela está, mas com certeza, não é uma nave Tamaraneana.
{General Ph'yzzon.} {Princesa Komand'r.}
Saudações frias, e a Blackfire, não gostou nada da forma como foi chamada, ela era uma Rainha, ou pelo menos, é isso que ela ainda acha que é.
{Não vamos demorar nessa questão General, sabemos muito bem o que vai acontecer se a batalha começar, mas isso pode mudar, tudo que você tem que fazer é me entregar minha irmã traidora e seus amigos.}
Negociar é sempre bom, mas é verdade que os dois lados sabiam o que vai acontecer, as naves da Cidadela e seus aliados começaram a se esticar para os lados, a cena parecia até mesmo que eles abraçariam todo o sistema solar.
{Não sei o que você está falando, Princesa.} Respondeu o General, imperturbável diante da mudança acontecendo na sua frente.
{Já falei que não vamos prolongar a situação, estamos detectando a nave da minha querida irmã, no meio da sua frota tentando se esconder, vou dizer isso só mais uma vez, entregue ela para mim e se curve diante da sua verdadeira Rainha, e tudo será perdoado!}
As frotas da Cidadela se estenderam até se transformarem numa nuvem cósmica negra de destruição, e sem esperar uma resposta, começaram a avançar, lentamente de início, o rosto do General, era frio e imóvel como uma rocha, ele nem mesmo tremeu com o que vai começar, mesmo sendo uma armadilha, nossa armadilha, que o inimigo não faz ideia, não posso deixar de ficar nervoso e com medo.
Os dois lados ficaram se olhando por apenas um minuto, que pareceram horas de tensão, até a resposta ser dada.
{Não!}
A comunicação foi fechada em seguida, e as naves avançaram em alta velocidade para o ataque, dois minutos depois, a batalha finalmente começou.