Chapter 118 - Eufórix.

As coisas ficaram estranhas por algum tempo, até que remodelei a sala que estamos para algo mais confortável, com uma mesa grande no centro com cadeiras para todos, adicionei janelas de vidro transparente para dar a ideia de que eles podem fugir esperando que isso os deixe mais relaxados, também coloquei uma lareira acessa, a Casa, pode controlar sua temperatura interna, mas é aconchegante ter uma lareira num lugar tão frio como é esse planeta, também servi copos cheios de café quente, que ninguém ainda bebeu.

Então, todos nós sentamos separados, Eu, Dick e Kori, de um lado, e do outro, os quatro seres estranhos, na minha frente o homem telepata que atacou o Dick, que não está nada feliz com isso, o líder dos Ômega Man.

As apresentações foram feitas de forma rápida, e o silêncio retornou por alguns segundos, até que Primus, o homem de barba, bigode e cabelos longos ruivos vestido de branco e pretor, o líder desse grupo, deu o primeiro passo.

"Quero pedir desculpas pela invasão mental, e também agradecer pelo salvamento, estávamos realmente por um fio."

Acenamos para eles em confirmação e voltamos ao silêncio.

"Ainda bravos pelo ataque? O que vocês esperavam? Estamos presos nessa prisão magica há horas, é claro que atacamos!" Quem falou foi Kalista, foi ela quem estava portando uma espada feita de mana pura, ela é a feiticeira do grupo e também pertence à realeza Euforiana.

"Demoramos um pouco para fugir da armadilha após resgatar vocês." Contra-atacou Dick.

Tecnicamente, isso é uma mentira, ninguém estava esperando o plano todo ir para o ralo de forma tão ruim, e naquele ponto, estávamos pensando em apenas fugir, foi sorte a Blackfire, me mostrar onde eles estavam, se não fosse por isso, o resultado teria sido fatal para esse grupo.

"E isso não é uma prisão, é uma casa, minha casa." Falei para ela.

"Uma casa? Uma simples casa não poderia ser tão poderosa." Continuou ela.

"Isso por que ela não é uma casa normal."

Silencio mais uma vez.

"Desculpe pelo ataque, realmente sinto muito." A segunda mulher do grupo, aquela com pelo branco e características felinas, vestida com quase nada, se chama Felicity.

Ela junto do ser grande e largo do seu lado sentado numa cadeira duas vezes maior do que a nossas, eram os mais calmos, aquele que me atacou se identificou como Charis-Nar, um Changralyniano, uma raça antes pacifica que se encontrou com a Cidadela.

"Não temos tempo para brigar, agradeço mais uma vez, e me desculpo, mas temo que agir, me atualizei um pouco pelas memórias dele, então é uma honra a conhecer, Princesa Koriand'r." Primus, fez uma pequena reverência seguida por quase todos do seu grupo, menos a Kalista.

"Sua irmã está causando muitos problemas." Falou Kalista, cruzando os braços.

"Eu sei, lamento muito pela traição e por tudo que minha irmã fez vocês passarem." Kori, abaixou realmente a cabeça para eles, e não estava errada em fazer isso.

Blackfire, capturou os Ômega Man, usando uma armadilha sem vergonha, para piorar, os humilhou por muito tempo em demonstrações públicas, ainda bem que ela não se rebaixou ainda mais para usar tortura física neles, mesmo assim, foi algo grande, muito grande.

"Não culpamos a família pela ação de poucos, essa não é a hora de apontar dedos, e sim agir, temos que evitar uma guerra." Primus, a voz da razão do grupo dele, moveu a conversa para o que realmente importa.

"Temos que voltar para um dos planetas aliados, Eufórix, de preferência." Avisou Kalista.

"E nossos outros companheiros?" Perguntou Felicity, parece, que eles não viram com o grupo inteiro para o chamado da Blackfire, e alguns deles não foram capturados.

"Nossos companheiros sabem que não devem agir ou tentar nos resgatar, eles estão seguros por isso." Charis-Nar, falou pela primeira vez, sua voz é grave e rouca como uma pedra batendo contra outra.

"Isso é bem frio e calculista." Falou Dick.

"Não temos escolha, somos o único grupo nesse sistema que pode ir contra a Cidadela, sem causar uma guerra, precisamos existir, e isso não aconteceria se eles tentassem nos resgatar." Primus, explicou.

"Kori, quanto tempo temos até que sua irmã consiga todo o controle?" Perguntei.

Agora que a Kori, foi vista atacando a Rainha, algo que não precisava acontecer já que ela tem o direito ao trono de acordo as ordens do seus pais, que ninguém sabia ser falsas, isso vai dar para Blackfire, munição mais do que o suficiente para ir contra o bloqueio a sua autoridade no planeta, e mesmo sem a sua frota, ela vai ter o bastante para começar uma guerra.

"Não muito, alguns dias na contagem da Terra."

Foi a resposta que eu não queria ouvir.

Agora tenho quase certeza que o plano original não vai dar certo mesmo com os Ômega Man, resgatados, acabamos de queimar isso com a exposição da Kori, e toda aquela fuga, fora também o que eu e a Raven, fizemos para escapar, muitos Tamaraneanos, vão com certeza, nos considerar inimigos, reforçando ainda mais o poder da Blackfire.

"Vamos deixar isso para outro momento, agora, temos que sair desse planeta e juntar mais aliados." Lembrou Dick, e ele está certo.

Nem todas as notícias são ruins, temos os Ômega Man, e com eles, os outros mundos da aliança do nosso lado, espero.

"Vamos ajudar nos que podermos, mas, pelo que li na mente dele, não temos como sair dessa planeta, estou errado?" Perguntou Primus.

"A nossa nave foi destruída durante a fuga, mas a casa em que estamos, pode se mover limitadamente entre mundos." Expliquei, sem explicar muito.

"Então, o que estamos esperando?" Perguntou Kalista.

"Vamos mover suprimentos para Casa, vocês também têm que comer algo, tomar um banho e descansar um pouco." Explicou Dick.

Olhando bem, eles não estão num estado muito bom, fisicamente os Ômega, não estão feridos, mas sua pele está pálida e doentia, eles não tomam banho a um bom tempo, e também estão magros, a comida que eles ganharam só foi o bastante para os deixar vivos, mesmo assim, é impressionante o quão bem eles lutaram nessa situação.

"Infelizmente, não temos tempo para isso." Voltou a dizer o gigante Charis-Nar.

"Temos sim, a Casa, se move mais rápido do que qualquer nave, e vamos ser sinceros, vocês não podem nos ajudar no estado que estão, e nos também precisamos de descanso depois do que aconteceu."

É claro, que eles não queriam descansar, em vez disso, gostariam de pular na garganta da irmã da Kori, agora mesmo, mas eles aceitam no fim.

Com um pedido mental, a Casa, criou outra porta na nossa esquerda que apontei para eles.

"Aquela porta leva para outro apartamento, com dois banheiros e vários quartos, e bom ter um pouco de privacidade, o jantar já está sendo preparado." Falei com eles me levantando.

"Privacidade é algo que estava em falta já faz um tempo, obrigado." Agradeceu Primus, se levantando junto dos outros, mesmo Kalista, não resistiu a ideia de um banho quente, assim como sua companheira felina, que se atirou na direção da porta, deixando o Changralyniano, por último.

Quando a porta foi fechada, só sobrou nos três próximos da mesa.

"O que vocês acham?" Perguntou Dick.

Isolei as partes da Casa, então eles não podem nos escutar, e sei exatamente o que eles estão fazendo agora, mas sem espiar, é claro, não sou um tarado.

"Sólidos e muito bem treinados, eles também tem um forte laço entre eles, assim como nós."

"Concordo com a Kori, no estado que eles estão, cansados e famintos, eles lutaram muito bem, fora também que não podemos duvidar muito dos novos aliados, estamos com poucos no momento." Falei.

"Quanto tempo vamos ficar?" Perguntou Kori.

"De dez a doze horas deve ser o bastante para colocar tudo em ordem e descansar, agora vou colocar a Ravena, num dos quartos lá em cima, é vocês?" Perguntei para os outros dois.

"Vou ajudar a Galateia." Falou Kori, se levantando.

"Tenho que dar uma olhada no sistema de comunicação, vamos ter que o levar conosco." Contou Dick.

A Casa, é ótima para se mover rapidamente, podemos ir para outro planeta na velocidade de um pensamento, só que não podemos nos locomover como uma nave no espaço, vamos precisar chamar ajuda de um planeta aliado, nem pensei nisso até ele falar, se o sistema de comunicação tiver sido perdido ou não poder ser removido com segurança do Javelin, vamos ter que voar até o planeta mais próximo e depois trazer a Casa, o que pode levar a mais problemas, mas não temos escolha.

Com todo mundo tendo o que fazer, começamos a agir, a intenção é acabar rápido com o trabalho para descansar algumas horas.

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Tudo foi guardado rapidamente, não havia muita coisa já que estávamos usando a Casa, como um armazém para a viagem, por conta do pouco espaço que tínhamos no Javelin, mesmo assim, o importante foi guardado, no caso, o aparelho de comunicação. Depois disso, todos nos juntamos para um jantar, todos menos a Ravena, descansando na sua cama num quarto no andar de cima, de qualquer forma, foi um jantar interessante, passamos metade do tempo dele explicando o que era cada prato, já que toda a refeição foi feita na culinária da Terra, mas deu tudo certo no final.

Depois do jantar, conversamos mais um pouco na mesa, mas nada muito sério, não podemos fazer ou planejar coisa nenhuma sem antes conseguir alguma informação do que está acontecendo, então, dez horas depois, das quais quase todos usaram para dormir, inclusive eu, estava na hora de ir embora desse mundo congelado, e para o choque da Kalista, nos teleportados para outro mundo na velocidade de um pensamento, algo que ela duvidou que seria possível mesmo após eu explicar um pouco sobre minha residência.

Voltamos para o mundo pântano, estamos relativamente próximos do planeta Eufórix, e a Galateia, pensou ser possível utilizar os chamarizes projetados para chamar a atenção do Lobo, fora do planeta, para aumentar o sinal do nosso comunicador. Primus, conseguiu então enviar uma mensagem em código, o transporte chegou quatro horas depois, uma nave um pouco menor do que nos perseguiu há pouco, só que de uma cor forte verde-musgo, e ela nos levou para o mundo que está na nossa frente agora.

"É lindo, não é?" Perguntou Primus, depois de se aproximar e ficar parado do meu lado de frente para a grande janela da nossa nave transporte que nos partiu ver a atmosfera do planeta.

Já vi muitos mundos tomados de vegetação desde que essa aventura começou, mas Eufórix, é completamente ridícula comparada a eles. Não é apenas vegetação, e sim seu tamanho, cada árvore nesse lugar é maior do que cidades, é difícil até mesmo imaginar isso, não há nenhum ponto nesse mundo que não esteja coberto pelas folhas, a luz natural vinda do sol apenas consegui tocar o chão passando pelos buracos entre as folhas do tamanho de edifícios quando elas são movidas pelo vento, a luz dança nesse mundo de forma única e bela.

"Estou sem palavras."

O transporte continuou voado entre as folhas que são maiores que nossa nave sem poder ir em linha reta nem mesmo por um segundo, pouco depois, estamos de frente para a maior árvore que já vi na minha vida, e num dos seus galhos, está uma cidade com grandes torres, havia uma conexão criada por pontes que fazem curvas impossíveis se conectando a outros galhos e outras cidades, era como um organismo complexo.

"Estamos indo para Aesad, a capital desse mundo, bem ali." Primus, apontou a maior das cidades cheia de torres e outras construções que estamos nos aproximando.

"Algum costume que devo saber?"

"Não, somos um povo bem aberto, só não tente ter contato físico direto com a Rainha Lykan, e vamos ficar bem, sou eu que está com problemas."

"Como assim?"

"Cai numa armadilha junto da filha da Rainha, ela já não gosta muito do fato que sua filha é minha segunda em comando, e agora tem um motivo muito bom para deixar isso claro." Ele riu.

Então Kalista, é filha da Rainha.

De qualquer jeito, finalmente chegamos, pousamos numa ponte de pedras brancas, talvez seja sua zona de pouso, e para minha alegria, não havia ninguém próximo.

Ficamos esperando as portas da nossa nave em formato de lágrima se abrirem, os Ômega Man, ficaram na frente do nosso grupo e saíram primeiro, quando as portas se abriram, fui mais uma vez imundado com as sensações de um planeta totalmente novo graças aos meus sentidos aumentados, um mundo cheio de vida, e devo dizer, esse é o planeta mais agradável até agora, um planeta inteiro cheirando a grama molhada recém-cortada com uma concentração de mana vital ridícula no ar, parece até mesmo a versão contraria do Submundo.

"Minha filha, retornou para mim."

Os Ômega Man, com a Kalista, na frente, pararam poucos metros de distância da mulher vestida belamente com um vestido longo branco cheio de joias coladas a ele de enfeite, essa mulher também tinha pele e olhos totalmente brancos, seu cabelo preto está preso acima da cabeça onde uma coroa simples verde está posicionada, ela não parece ter mais do que trinta anos, mas vai saber quantos anos essa raça vive. A Rainha Lykan, está acompanhada de mais algumas mulheres dez metros atrás dela, suas criadas eu acho, um passo atrás dela está outro homem, esse aparenta ter setenta anos, seu corpo e albino, cabelos longos soltos e quase despenteados, vestido com uma túnica vermelha, talvez o segundo em comando aqui.

"Mãe, é bom a ver ainda viva." Comentou Kalista, de forma quase que fria.

"Sim, mas não vou viver tanto tempo se você continuar agindo dessa forma, e você, Primus, tem algo a dizer?" Dessa vez o olhar quase que acolhedor da rainha se transformou em gelo frio assim que ela olhou o líder dos Ômega.

"Humildemente peço seu perdão pela minha falha de julgamento, não deveria ter caído em tal armadilha." Primus, se curvou se desculpando.

A rainha continuou olhando para ele por alguns segundos até virar a cabeça e olhar para nós, Primus, fez a gentileza de nos apresentar rapidamente e explicar que foi por nossa causa, que eles estão aqui agora.

"Não precisa dizer isso, os feitos da Princesa Koriand'r, e do seu grupo durante o resgate, já estão na rede, e devo dizer, foi um incrível espetáculo."

Claro, já estamos na internet, isso é ruim.

"Seja bem-vinda a Eufórix, Princesa Koriand'r, nossa aliada." Cumprimentou a Rainha, e Kori, fez um gesto simples com a cabeça, honrando seu status de realiza enquanto falava.

"É um prazer enorme conhecer seu belo mundo, Rainha Lykan."

Não temos tempo para tanta educação, então Kalista, apressou as coisas.

"Não temos tempo para isso agora, mãe, as coisas saíram do controle, vamos ter uma guerra."

A Rainha moveu sua cabeça para um lado e para o outro, como se estivesse conversando com uma criança de dez anos, e suas próximas palavras deram um soco em todos nós.

"Ah minha filha, suas notícias estão desatualizadas, a guerra já começou!"

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"Eles atacaram de surpresa e com ferocidade, depois de falhar na sua perseguição, eles foram diretamente para Sindromeda!"

O senhor albino que estava junto da Rainha durante nossa chegada, está agora nos relatando o que aconteceu, ele se apresentou como Alonzo Dulak, o Ministro da Defesa, desse mundo. Fomos levados depois daquela notícia para dentro do castelo, que era imenso e belo, mas não estou com a cabeça para isso no momento, nosso destino foi uma sala pequena circular, no centro, um holograma tridimensional apontado para cima, era um réplica do mundo chamado Sindromeda, não dá para ver sua superfície, todo o globo está coberto por uma forte camada de névoa rosa.

"Por que alguém atacaria Sindromeda? Aquele lugar é um inferno!" Perguntou Kalista.

Todos estamos sentados num círculo perfeito ao redor do centro, onde Alonzo, está nos apresentando os fatos em pé junto da Rainha Lykan, próxima da porta junto de suas servas.

"É uma posição estratégica perfeita, bem próximo das nossas linhas defensivas e do território da Cidadela, uma entrada para nosso território." Respondeu o ministro.

"Um lugar tão importante, por que não estava mais bem guardado?" Perguntei, afinal, faz sentido proteger suas fronteiras.

"Por que não era preciso. A muitos ciclos atrás, Sindromeda, foi atacada pelos Psions, eles realizaram um experimento global cobrindo todo o planeta com essa névoa roxa que teve efeitos, desagradáveis, uma das raças no planeta foi levada a extinção, as outras duas conseguiram ficar imunes aos afeitos da névoa toxica, mas para todos os outros, esse é um mundo doente."

Inesperado, e brilhante.

"Minha irmã armou isso, ela usou o fogo criado pela nossa fuga para alimentar a raiva no meu povo, por isso esse ataque aconteceu depois da nossa fuga." Comentou Kori, de cabeça baixa.

"A Princesa Koriand'r, está apenas metade correta sobre isso!"

"Como assim?" Perguntou Primus.

"É verdade que a nova Rainha usou isso como catalisador para o ataque, mas Sindromeda, não é um mundo fraco e fácil de conquistar, eles não atacaram apenas com raiva, houve estratégia, uma boa estratégia." Alonzo, se moveu para esquerda mudando o holograma gigante. Não estamos mais vendo o mundo, e sim uma reprodução do ocorrido feito por talvez um satélite.

Enquanto a gravação seguia em alta velocidade, o ministro nos fez um resumo do que aconteceu.

"A Cidadela apareceu primeiro, suas armas de fótons não fizeram muito estrago graças névoa ao redor do planeta, isso deu tempo para o povo de Sindromeda, conseguir montar uma defesa, logo começou uma batalha imensa no espaço, pouco depois, vindos da direção do sol, os Branx, apareceram com seus navios de guerra, era uma armadilha, as forças de Sindromeda ficaram presas entre dois extremos, foi quando as defesas no chão começaram a surgir, deixando tudo equilibrado de novo, até os Tamaraneanos surgirem. Em vez de se juntar a batalha, a nave mãe da Rainha, entrou na atmosfera e começou um ataque direto, todos eles estavam usando roupas de proteção, e com a supremacia aérea, as defesas foram destruídas, o mundo caio pouco depois disso."

O ministro estava certo, isso foi planejado, não havia como eles terem tantas roupas de proteção se não fosse o caso, fora também a informação onde estavam as defesas no solo.

"Eles avançaram depois disso?" Dick, finalmente se manifestou, ele ficou calado até agora, e estava analisando tudo isso muito melhor do que posso fazer, tenho certeza.

"Não, de acordo com nossos espiões, nossos inimigos estão fortificando sua posição e lidando com aqueles que sobraram, nesse mesmo momento, duvido que alguém naquele mundo possa lutar contra eles agora."

Isso significa que agora eles têm uma entrada fortificada para o ataque, defesa e suprimentos.

"Temos que atacar, agora, antes deles conseguirem solidificar sua posição." Falou Primus, todos próximos a ele concordaram.

"Estamos muito longe, nossos aliados mais próximos são os Okaara, mas ainda assim, vai demorar para eles montarem um ataque."

"Não, ainda temos a frota do General Ph'yzzon." Lembrou Alisand'r.

"Lamento informar, mas duvido que a frota do General Ph'yzzon, seja o bastante para mudar algo, eles estão em menor número." Negou o ministro.

"Eles não precisam atacar para vencer, apenas causar caos, atrasar o inimigo um pouco." Comentou o gigante de músculos dos Ômega man, Charis-Nar.

Era uma boa ideia, mas tem um problema, e foi Dick, quem o explicou.

"Não sabemos se podemos confiar na frota do General Ph'yzzon!"

"Como assim?" Perguntou a Rainha, até aquele momento calada.

"A irmã da Koriand'r, sabia do nosso plano em detalhes, e o planejamento do plano aconteceu numa sala só com nós e o General presentes, detalhes podem vazar, a preparação não foi tão secreta, mas ela tinha o plano inteiro, em detalhes."

"Você está dizendo que o General Ph'yzzon, é um traidor? Não acredito nisso, o conheço há anos!" Gritou o ministro.

"Meus amigos e eu concordamos que ele não nos traiu, mas de alguma forma, o plano foi descoberto, isso quer dizer que a informação do seu ataque vai vazar mais rápido ainda."

"No melhor dos casos, eles caem numa armadilha." Primus, entendeu o porquê do problema.

"Então? Vamos ficar só olhando eles fazerem o que quiserem no nosso jardim!?" Gritou Kalista, se levantando.

"Claro que não, milha filha tola, vamos nos preparar para uma guerra total."

"Isso, pode acabar com todo seu sistema." Falei em voz baixa, entendendo o que uma guerra total, com o poder que eles têm e suas tropas, vai causar.

"Infelizmente, não temos outra escolha, agora com a Cidadela e os Tamaraneanos, trabalhando em conjunto, atacamos agora e sofremos numa guerra desesperada e rápida, ou nos preparamos para algo longo com a possibilidade de vitória."

Olhando para os olhos do ministro, percebo que eles desistiram de tentar parar essa guerra antes dela acontecer.

"Chega disso, vocês precisam de um tempo, e eu quero um tempo com minha filha, sozinha."

"Rainha Lykan, concordo com a mobilização, mas se esperáramos, vamos perder uma chance de atacar, temos que agir antes para evitar o pior, uma guerra intergaláctica." Primus, tentou uma ação num momento ruim.

"Não estou vendo nenhuma outra opção a não ser essa, e não, não vou arriscar o tempo que temos para nos preparar, num dos seus planos mirabolantes, Primus." A Rainha Lykan, não deu espaço para conversa, se virou e saiu pela porta que foi aberta por suas criadas, no fim, ela deu um olhar significativo para Kalista, a chamando.

"Vou tentar convencer minha mãe, mas sendo sua filha, sei muito bem que isso é impossível." Falou Kalista, saindo da sala.

"Com sua permissão, também tenho assuntos importantes para cuidar, os criados vão os guiar para seus alojamentos quando quiserem." Alonzo Dulak, foi o terceiro a sair, nos deixando sozinhos sentados nas nossas cadeiras.

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Nossos alojamentos são um apartamento único com vários quartos e um sala enorme compartilhada, ele está bem em cima de uma das torres no castelo real, uma das suas paredes é um enorme vidro com a visão de frente para a imensidão verde desse mundo e suas luas, era lindo, e bem refinado, mas ninguém aqui está com vontade de pensar nisso, todos do meu grupo, fora os Ômega Man, que tem seus próprios alojamentos, estão aqui.

"Todos os lados estão corretos, não temos um plano de ação para evitar isso," Dick, nosso destemido líder, está de costas para nos tocando a parede de vidro.

"A guerra parece inevitável." Comentou Galateia.

"Não há nada de errado em tentar parar uma guerra!" Gritou Alisand'r, se levantando da sua cadeira, ela estava muito irritada desde que a fuga aconteceu, longe do seu centro de comando.

"Minha irmã levou esse sistema inteiro para um caos sombrio e sangrento, me sinto envergonhada e triste."

Sei muito bem que temos que fazer algo, algo provavelmente arriscado, muito arriscado, mesmo assim, conjuro uma garrafa de bebida que nem mesmo reparo o nome ou tipo, encho um copo vazio de cristal em cima da mesa e tomo tudo num só gole, só depois disso, falei em voz alta.

Só foi graças ao apoio da Blackfire, que a Cidadela conseguiu tudo isso, sem eles, as coisas voltam para a versão deles de guerra fria, vamos tirar ela do tabuleiro então!"

"Isso é loucura Dio, ela tem exércitos a protegendo, nem temos uma nave." Comentou Kori.

Dick, se virou para mim e falou.

"Ele está certo, só assim vamos conseguir parar essa guerra."

"A probabilidade de um fim nos conflitos com a retirada dos Tamaraneanos, é substancial o bastante para uma tentativa." Agora temos Galateia, no plano, que nem sabemos qual é.

"Meus amigos, isso não vai dar certo, e mesmo que por um milagre de X'Hal, de certo, a Princesa Koriand'r, ainda não vai ganhar nenhum poder de acordo nossas leis, a última ordem da atual rainha, vai continuar em vigor."

"Então vamos colocar outro no trono, alguém que também não quer uma guerra total." Sugeri.

"O General? Sim, isso pode funcionar, mas depende das leis." Dick, foi rápido como sempre em entender minha intenção.

"Dick, ele não tem sangue real, sem isso, ele não vai poder se tornar rei, a não ser é claro, que ele de um golpe."

"O General nunca faria tal coisa, mesmo que fosse para salvar nosso povo, ele preferiria se matar."

Não conheço muito o General, mas acho que concordo com a Alisand'r, não temos muita escolha aqui, acho que agora estamos até mesmo pensando de forma errada, não que o objetivo de parar a guerra antes dela começar seja errado, é só que a estratégia pode dificultar ainda mais o que vai acontecer do que o início da guerra em si, claro, que os custo do conflito vão ser menores no final, muito menores.

Nesse momento eu daria de bom grado meu braço para poder falar com a Diana, quando a questão é estratégia, ela é o primeiro nome que me vem à mente, assim como suas aulas durante meu treinamento, mas claro, focamos em salvamentos e pensamento de combate urbano em vez de guerras intergalácticas envolvendo várias raças diferentes, mas o pensamento é o mesmo no seu básico, não é?

Se não podemos lutar com eles agora ou depois, podemos os fazer mudar? Os forçar a isso?

"Galateia, quanto tempo você acha que temos até que as outras frotas da Cidadela, cheguem preparadas para a guerra em Sindromeda?"

"Calculando com uma pequena margem de erro por falta de variáveis, doze dias terrestres."

"Kori, quanto tempo até a sua irmã arma os civis de Tamaran, para guerra?"

"Um dia ou dois, talvez menos, conhecendo minha irmã, ela já deve ter tudo pronto para quando a ordem for dada."

"Eles demorariam um pouco mais no transporte, já que eles não têm naves, vão ter que usar as da Cidadela, e todas elas estão em Sindromeda, agora." Alisand'r, completa o pensamento.

"Dio, o que você está pensando?" Perguntou Dick.

"Não podemos atacar eles agora, também não podemos evitar que a Cidadela, mova suas tropas, mas a vitória depende da aliança, os Tamaraneanos, são a chave, então vamos atacar o que eles precisam, o lugar que está nesse momento quase que desprotegido."

"Tamaran, você quer atacar meu planeta!" Kori, falou se levantando.

"Sim, por que não? Vamos cortar os soldados antes que eles cheguem ao campo de batalha, vamos apostar tudo na liberdade dos seus pais Kori, e na razão em vez da política."

"Nosso ataque inicial pode até dar certo, mas depois disso, não vamos conseguir manter isso em segredo, a Cidadela vai mover seu exército e nos atacar para retomar o controle, e não temos números para defender um mundo inteiro sozinhos." Dick, disse balançando a cabeça.

"Ai que entra a frota do General Ph'yzzon."

"O traidor vai entregar nossos planos, vamos ser atacados mais rápido ainda."

"Isso mesmo, por isso vamos avisar o General Ph'yzzon, apenas no momento certo, quando tivermos o planeta e avisado nossos aliados, quando quisermos, quando os outros estiverem em posição para uma armadilha!"

Vamos atrais eles, esse é o plano, perigoso, sim, mas não tenho nenhuma outra ideia, assim como os outros.

"Kori, é seu mundo, o que você acha?" Perguntei olhando para os olhos da minha amiga.

Kori, fica calada, pensativa, mas seria que o normal, é peso demais para uma só pessoa.

"Vamos salvar meus pais."

A decisão foi tomada, e agora temos um caminho a seguir, vamos para o ataque dessa vez.