Chapter 108 - Graxos III.

Graxos III, não passa de uma bola verde cheia de árvores, nunca vi tanta vegetação na minha vida, era um mundo completamente selvagem, quase que intocado a milhões de anos desde sua evolução, e você pode sentir isso pelo oxigênio no ar completamente limpo de qualquer tipo de poluição, respirar aqui é quase viciante para alguém com meus sentidos, assim como o cheiro forte da floresta. Acabei então me lamentando pela Terra, sabendo que muito tempo atrás, ela também era assim, um mundo aonde é mais difícil encontrar um ponto sem a presença de árvores, do que o contrário.

Esse é realmente um sistema estranho, a três planetas habitados aqui pelos graxosianos, dois deles são tecnologicamente avançados, mas esse planeta, parece selvagem e primitivo, me fazendo pensar como isso é possível, e quais as chances disso acontecer com outras raças. Já que os outros dois planetas, sabem muito bem da existência dele, e a até mesmo possuem leis contra o pouso ou contaminação cultural vinda de fora, parecendo muito com uma das leis da série Star Trek, a lei da não interferência em povos menos evoluídos, acho que os graxosianos, são um dos poucos que adotaram tal lei, a maioria das outras civilizações não se importam muito com isso.

De qualquer forma, chegamos exatamente no tempo calculado pela Galateia, e não demoramos muito para encontrar um local perfeito para o pouso, no topo de uma montanha medindo quatrocentos metros de altura, seu topo era engraçado, completamente livelado sem sinal de nenhuma planta ou vida animal cercado por formações rochosas, de acordo o Dick, essa montanha poderia ser um vulcão adormecido que teve sua abertura fechada naturalmente de alguma forma, seja o que for, ganhamos um bom lugar.

"Quanto tempo vai levar, Galateia?" Perguntei para nossa engenheira especialista nessa viagem, que no momento está abaixada com um joelho no chão movendo seus dedos na forma de pequenos tentáculos prateados sobre o interior do teto do Javelin, só demorou alguns segundos para ela remover a blindagem expondo o maquinário abaixo.

A placa de blindagem em questão tem um metro de largura e de altura, e no centro dela, um amassado do tamanho de uma laranja, isso foi causado pelo ataque do Lanterna Verde.

"Os danos não foram sérios, ele estava mirando precisamente no nosso sistema hidráulico, muito impressionante, vou precisar de algumas horas para deixar tudo consertado antes de voar." Respondeu Galateia, movendo seus dedos tentáculos sem parar sobre a nave, agora disparando fogo azul da sua ponta.

"Kilowog, passou metade da sua vida perseguindo naves espaciais, pratica leva a perfeição, demos sorte dessa vez." Falei para ela andando lentamente pelo teto do Javelin, indo até sua ponta esquerda.

A escada já tinha sido abaixada e todos meus amigos já estavam pisando em solo firme, conjurei algumas cadeiras e uma mesa que no momento está vazia, há poucos momentos ordenei para os Aurae, preparar uma bela refeição quente após acessar a Casa, vai fazer bem para todo mundo comer algo que não precise ser esquentado no micro-ondas.

Quanto a Casa dos Mistérios, a convoquei com sucesso na nossa esquerda, ela está de portas abertas emanando um cheiro delicioso da cozinha, o humor dela também está perfeito, a Casa, está literalmente cantando de alegria por estar num novo mundo. Nem acredito que fiquei preocupado esse tempo todo de não conseguir a chamar tão distante da Terra, preocupação tola.

Infelizmente, nem tudo são boas notícias, durante nossa viagem, Dick, encontrou um problema numa das camarás criogênicas, um dos milhões de reguladores responsáveis por manter a pessoa viva quebrou, e não temos nenhuma peça de reposição, Galateia, também confirmou que a se a usarmos dessa forma, corremos um risco de quarenta por cento de não acordar, isso colocou um fim a essa camará, a Kori, a removeu de dentro do Javelin a levando para minha Casa, ela pode ser inútil agora, mas vamos ver mais tarde, por enquanto precisamos do espaço extra para colocar mais suprimentos na nave, já que mais uma pessoa deve ficar acordada comigo agora.

"Como está aí em cima?" Perguntou Dick, sentado na sua cadeira com a Ravena, a duas cadeiras vazias separadas dele, os dois acabaram de mover os suprimentos extras para o Javelin.

"Vamos ficar por algumas horas, onde está a Kori?" Perguntei sabendo a resposta.

"Esse é um mundo novo, onde você acha?" Respondeu Dick, pegando uma bebida.

Kori, não conseguiria ficar parada estando num mundo não explorado, ainda bem, isso pode animar um pouco ela, não vai ser um problema desde que ela fique longe dos nativos, e de qualquer outra coisa.

Levantei minha cabeça e comecei a flutuar até passar pelas rochas ao nosso redor, tendo uma visão perfeita do mar de árvores ao meu redor, havia tantas, que nem posso ver o chão sem usar meus poderes. Outra coisa boa num mundo assim, é o relativo silêncio, a natureza é fácil de bloquear, não demorou muito para achar a Kori, ela é a única coisa fazendo barulho num raio de vinte mil quilômetros.

Como pensei, ela se envolveu num problema.

Voltei a pousar no teto do Javelin, e andei até a beirada onde Dick, ainda estava esperando, olhando para cima com uma lata de refrigerante na mão.

"Muito ruim?" Perguntou ele com um sorriso no rosto.

"A confusão esperada, mas nada de mais, pelo menos ela não se envolveu com os nativos." Responde para ele, que se acalmou e voltou a tomar sua bebida em paz.

"Não entendo a animação excessiva da Kori, ela está quebrada?" Perguntou Galateia, ainda com a cabeça abaixada, mexendo na nave.

"Você também fica bastante animada quando o assusto envolve tecnologia, vocês dois têm a mesma emoção, só com gostos diferentes."

Acho que falei algo certo, ela parou imediatamente seu trabalho e levantou a cabeça para ficar com uma expressão pensativa, como se estivesse tentando resolver um problema matemático.

"Você está certo." Foi tudo que ela disse para logo depois voltar ao trabalho.

Estou feliz por minha criação não ser tão fria sentimentalmente, ela entende e tem emoções, seria difícil ensinar algo assim para ela se não tivesse, acho que fiz um trabalho de mestre, conseguindo algo assim de primeira.

Pera, não foi de primeira, acho que errei na sua construção dez ou vinte vezes antes de conseguir o resultado final.

Dez minutos depois, Kori, se aproxima bem no momento em que recebe a notícia de que o almoço está pronto.

"Dio, vê o que peguei!" Gritou ela animada, se aproximando voando lentamente do teto da nave.

Ela aprecia até aqueles pescadores nas fotos mostrando orgulhosamente o peixe o segurando pelo rabo com um sorriso no rosto, o problema é que não era um belo e enorme peixe, e sim um bicho que é um cruzamento entre uma vaca e um roedor de pele rosada, sem pelos com longos dentes e um longo rabo de rato, onde a Kori, está o segurando com orgulho mostrando sua caça para todos.

"Isso é incrível, Kori, porque você leva para dentro da Casa, vamos preparar ele para o jantar, a comida já está pronta." Falei isso com um grande sorriso, mas morrendo de nojo do ser rato/vaca.

"Mas eu queria comer ele agora." Falou ela, olhando tristemente para o animal.

"Claro, mas vai demorar para assar ele, você quer esperar mais algumas horas antes de comer?"

Os Tamaraneanos tem nove estômagos, só havia uma resposta para essa pergunta, e foi a Kori, voando em disparada para dentro da Casa, que já foi avisada sobre o que fazer com a presa, e de como deve a descartar, de noite vou inventar alguma desculpa ou assar algum porco e dizer que foi o animal, tudo isso para não ferir os sentimentos da minha melhor amiga, vale a pena.

"Dio, o que diabos foi aquilo?" Perguntou Dick, após ver sua namorada trazendo um rato gigante do tamanho de uma vaca para dentro da minha casa.

"Ela acha que vai ser o jantar." Falei flutuando para fora da minha nave em direção ao chão lentamente.

"E vai ser?"

"Claro que não!" Falei em voz baixa pousando no meio dos dois, o fazendo relaxar.

Não sou muito fresco com comida, dependendo da situação, posso comer até mesmo coisas piores do que o rato/vaca, mas é claro, esse tipo de situação provavelmente nunca vai acontecer, já que não preciso comer ou beber para sobreviver, não gosto nada de jogar comida fora, cresci em Gotham, sei o valor da comida, mas um rato gigante é meu limite. Infelizmente, ainda não consegui provar a culinária de outro mundo, deve haver um bicho mais bonitinho para assar por aí.

Assim que a Kori, guardou o animal na cozinha que virou poeira assim que ela saio pela porta da frente, meus servos mágicos começaram a trazer a comida em cima de travessas de prata que na visão de todos flutuavam no ar, toda essa comida deliciosa foi colocada na mesa ao nosso alcance, e não ouve cerimonia, comemos com prazer enquanto bebemos, só foram poucos dias, mas uma refeição quente caseira realmente faz falta.

Após comermos a sobremesa, Galateia, avisou que os reparos estavam prontos, e se juntou a nós poucos segundos depois, sentando do meu lado na mesa, ela não come, então ficou apenas olhando para nós completamente cheios sentados.

"Vamos agora?" Perguntou Ravena, tomando chá depois de um belo almoço.

"Os cálculos já estão prontos e a nave completamente operante." Falou Galateia.

"Ainda não decidimos quem vai acordado, e não quero ser congelado de barriga cheia." Disse Dick.

Temos uma capsula de estese a menos, isso quer dizer que mais alguém vai ter de ficar acordado nessa longa jornada comigo e a Galateia, não vai ser fácil, viver muito tempo em uma lata de sardinhas cria atritos em qualquer grupo, não importando quão unidos eles sejam.

"Kori, vai dormindo com certeza." Falou Ravena, olhando para sua amiga, que não se importou com isso comendo uma bela costela.

Temos que pensar nos suprimentos, ela come demais, demais mesmo, para fazer essa viagem acordada, pelos meus cálculos, os suprimentos guardados no nosso espaço limitado durariam apenas uma semana com ela acordada.

"Quanto a mim, não me importo de ficar acordada." Continuou a Ravena.

"Galateia, você não pode consertar as capsulas como fez com o teto?" Perguntou Dick.

"Já analisei a máquina, ela é muito avançada para meu nível atual, metade do seu funcionamento visa manter os ser biológico vivo em êxtase entrando assim numa complicada zona de estudo biológica, recomendo encontrar um especialista no planeta próximo."

Kori, largou sua peça de carne e olhou para nós com o rosto todo manchado de molho, ela falou muito séria, o que tornou a cena um pouco engraçada.

"O uso da tecnologia Psion, é proibida em quase todos os setores, meu pai falou que isso é apenas uma das formas que as outras raças pensaram para reduzir o poder econômico deles, minando as vendas de armas."

"É melhor não tocar nisso, não conhecemos ninguém especifico de confiança que saiba fazer o trabalho, então vamos chamar muito atenção procurando por aí alguém, é melhor deixar o Dick, acordado." Fiz minha sugestão.

Falei isso por que lembrei agora da forma que a Ravena, falou de como seu sono criogênico foi bom para ela, e quero a Ravena, no seu máximo para o que pode acontecer a partir de agora.

"Não gosto de ficar tão vulnerável deitado daquela forma, mas por mim tudo bem, e para você?" Perguntou ele olhando para Ravena, que acenou em confirmação.

"Tudo bem então, que tal dormirmos aqui hoje e irmos embora amanhã de manhã? Um dia a mais, um dia a menos numa viagem com essa duração, não é grande coisa." Sugeri.

Não houve reclamações contra isso também, e depois de mais uma sobremesa, uma quantidade absurda de sorvete com muitas caldas de opção, continuamos conversando agora em poltronas confortáveis abaixo das asas do Javelin, nos provendo uma boa sombra, junte isso ao vento constante, um clima não tão quente e o cheiro das árvores, e você tem o paraíso para um bom cochilo.

Ficamos assim descansando por algumas horas, depois disso, as meninas foram correndo para minha Casa, lembrando que havia um banheiro gigantesco que se parece mais uma piscina no meu quarto, sim, também tenho que tomar um bom banho antes de ir, o Javelin tem um chuveiro, mas ele é tão apertado que tira o relaxamento de um bom banho, fiquei mal-acostumado com os luxos da minha casa.

Meia hora depois que as meninas entraram, escutei um barulho alto e facilmente reconhecido do outro lado do planeta. Num mundo silencioso como esse, minha audição sobe para outro patamar.

"Duas naves acabaram de entrar na atmosfera, eles não foram nada sutis." Falei para Dick, colocando um dedo dentro do meu ouvido que ficou com sensação de tampado, a explosão da entrada atmosférica causou isso.

"Eles estão fazendo leituras do planeta, coloquei o Javelin no modo furtivo." Falou Galateia, como ela não precisa de banho para limpar seu corpo, ela ficou conosco.

"O que você acha Dick? graxosianos?" Perguntei.

"Não, eles ficaram esse tempo todo observando esse mundo o deixando evoluir por si mesmo, eles não entrariam fazendo tanto barulho, é alguém que não presta, com certeza." Respondeu nosso detetive.

Galateia, se levantou da cadeira e voou na direção da entrada do Javelin, ela não pode controlar todos os sistemas sem estar ligada diretamente a máquina. Segundos depois, sua voz ecoou pelos nossos comunicadores.

{Pelas leituras que fiz do planeta antes de pousar, eles estão se aproximando de uma pequena vila com quarenta pessoas, tempo de chegada, dez minutos na sua velocidade atual.}

"Galateia, tem como escanear as naves deles sem que eles percebam?"

{Não posso dar uma porcentagem correta sobre isso sem primeiro fazer a leitura inicial, mas julgando pelo que consegui até agora, as chances são ao nosso favor, devo prosseguir, Dick?}

"Sim, não gosto de lutar no escuro, e se eles perceberem e virem atrás de nós, que seja."

{Naves identificadas, um planador estelar e um navio escravo gordaniano classe quatro.}

Não faço menor ideia do que seja uma nave classe quatro, e também não reconheço a raça, mas só o nome da sua nave ter a palavra escravo, já me dá um bom resumo do que eles são.

"Gordaniano!? Temos que ajudar!" Gritou Kori, voando para fora da porta da Casa, já com sua armadura com seus longos cabelos vermelhos molhadas grudados ao seu corpo, atrás dela, Ravena, também veio já pronta para batalha, mandei uma mensagem telepática para elas assim que isso começou.

"Eles estão aqui para caçar escravos?" Dick, perguntou.

"Sim, senhores de escravos, eles servem os Psions, metade do que eles capturam vem de mundos selvagens assim, presas fáceis, vendidas como escravos ou experimentos!" Explicou Kori, de forma rápida, quase que passando por cima das suas próprias palavras.

"Como você os conhece?" Perguntou Ravena.

"Eles são do sistema Vega."

Claro que são.

Já escutei mais do que preciso para agir, e já estava em pé, vestindo minha armadura completa sem meu elmo pronto para voar.

"Eu e você." Falei para Kori, nós dois somos os únicos que podem voar tão rápido sem abrir um portal com a Ravena, que é melhor ser deixada aqui para caso for preciso.

"Cuidem disso rápido, esse mundo é protegido por um Lanterna Verde." Avisou Dick.

{Aviso Dio, os gordanianos possuem uma tecnologia nomeada Sonda Mental Grappler, que pode controlar fisicamente os que estão próximos, esse é o método mais conhecido de colheita de sua raça, eles pousam próximo da cidade e controlam seus residentes os fazendo andar para dentro da nave, aonde são presos, mas esse aparelho só funciona numa raça específica calibrada anteriormente.}

"Vamos logo, Dio!" Gritou Kori, voando rápido, deixando um rastro de fumaça do seu cabelo subitamente seco pela energia a cobrindo.

"Vou colocar o Javelin no ar, só para garantir." Falou Dick, já correndo para dentro da nossa nave roubada.

"Tomem cuidado!" Pediu Ravena, assim que segui a Kori.

Cortamos o ar voando na diagonal como uma faca perfurando o azul, Kori, estava dando tudo de si, mas ela não sabe para onde ir, por isso passei seu rastro de fogo vindo dos seus cabelos e tomei a frente, mostrando o caminho.

Como eu amo voar!

Antes de sair da atmosfera após quebrar a velocidade do som, fiz um mergulho transformando nossa subida numa queda formando uma parábola invertida comigo na frente ganhando ainda mais velocidade, ficou um pouco difícil de ver por conta das liberadas ao meu redor, mas isso vai se acalmar daqui a pouco. Olhei rapidamente para trás e vi que a Kori, também está me seguindo sem nenhum problema, na verdade, ela parece estar amando essa temperatura.

{Abaixo!} Avisei ela usando telepatia.

A pequena vila fica próxima de uma imensa floresta que cobre todo o leste, norte e sul, no oeste eles têm o oceano, eles construirão suas casas simples de palha e pedra num bom terreno alto, alguns quilômetros antes da areia, era um lugar pequeno e talvez até mesmo calmo, mas na praia agora a uma nave estelar de metal bronze pousada. Diferente das naves pirata, essa tinha um corpo mais gordo, como um avião cargueiro do exército, suas asas não eram tão grande e ele não parecia ter mais do que motores dois motores, é uma nave de transporte, a traseira dela está aberta, e sua porta se transformou numa rampa prateada virada para a vila, e alguns quilômetros de distância da nave, vi quatro filas de homens, mulheres, idosos e crianças de todas as idades andando uma atrás da outra na direção deles.

O aparelho de controle da mente.

Vou fazer um chute imenso, e dizer que ele está sendo transmitido pela antena saindo do telhado no centro da nave transporte.

Começamos a reduzir velocidade, foi quando percebe que está faltando o planador estelar, foi quando o vi na nossa esquerda.

{Cuidado!} Gritei telepaticamente, mas estamos indo muito rápido e ele nós viu primeiro, das quatro asas, quatro disparados de energia verde perfeitos vieram na nossa direção parecendo lanças de luzes.

Desviei de um, mas fui acertado pela outra bem na lateral do meu corpo.

Já fui atingido por armas de energia antes, mas isso é outro nível, senti meu sangue ferver e a carne queimar mesmo sabendo que a armadura me protegeu do pior, e a explosão causada pelo choque também me desorientou. Quando dei por mim, atingi algo fofo.

"TRUUNUNUNUNUNUNNNNNNNNNNNNNN!"

Cai na praia criando uma bela trincheira de dois quilômetros. Levantei do chão sentindo meu corpo doer e vendo a fumaça saindo de mim, essa é a temperatura do disparo inimigo. Olhei para cima, só para ver a Starfire, que não foi atingida, perseguindo o planador estelar. Ela sempre voou melhor que todo mundo.

Agora consegui dar uma boa olhada no planador estelar, e ele se parece muito com um caça da Terra, algo feito para velocidade e ataques rápidos atingindo velocidades hipersônicas, mas diferente dos da Terra, esse caça tinha quatro asas e assim que a Starfire, disparou contra ele de longe, quatro drones do tamanho de bolas de basquete foram soltos da parte de cima dele se juntando a formação lado a lado.

Posso confiar isso a Kori, tenho que cuidar do chão.

Não cai longe da nave negreira, só alguns quilômetros percorridos a pé, parei a esquerda deles, e vi com atenção pela primeira vez os graxosianos, povo nativo desse mundo. As imagens do arquivo sobre eles não estavam mentindo, eles se parecem muito com os elfos da Terra, bonitos, esveltos e com orelhas pontudas empinadas, só que sua pele tem um tom dourado fraco, belos, todos eles, faz sentido serem alvos dessa forma, fora também que seu traço racial é uma regeneração poderosa.

Não posso deixar que eles se aproximem mais, não quero os envolver na luta, e também não posso mandar toda a nave negreira para o espaço, pode haver gente inocente dentro, algo está impedindo meus sentidos, algum tipo de campo de energia, vai saber.

Saco minha espada negra de punho cinza e a enfio na areia, abaixei meu corpo colocando um joelho no chão e minha palma aberta poucos centímetros de distância do pomo da lâmina, assim que fechei meus olhos, entoei o feitiço.

"Επικαλούμαι το κρύο της θλίψης του ποταμού Cocyte!" {Eu Invoco o Frio da Tristeza do Rio Cócito!}

Sinto a névoa da cor do piche se materializar na ponta do meu dedo. Rapidamente, abro olhos e desenho um círculo na horizontal acima do pomo da minha espada para logo em seguida bater nele com minha palma, como se fosse um botão de ativação para alvo.

"TRUUNMM!" "TRUUNMM!" "TRUUNMM!" "TRUUNMM!" "TRUUNMM!"

Um cilindro de gelo inclinado nasceu do chão atingindo dez metros de altura, e ele não foi o único, dois, três, quatro, cinco, dez cilindros de gelo com dois metros de base e dez metros de altura surgiram próximos um do outro tornando o clima antes quente agora frio, todos esses cilindros continuaram nascendo criando assim uma parede bem no meio do caminho dos groxasianos controlados pela mente, que ainda continuam andando em direção da parede.

Levantei rapidamente puxando a espada, e com um simples movimento a joguei. A espada girou e girou atingindo no final o topo da nave de escravos, bem na antena a derrubando, segundos depois, começo a escutar gritos de pânico dos groxasianos, que começaram a correr como loucos, me deixando sozinho para lidar com o inimigo, e havia dois deles, eles estavam esperando cada um de um lado da entrada no fim da rampa pelos escravos, eles só me perceberam agora.

Totalmente diferentes dos esbeltos e belos groxasianos, os gordanianos, são répteis de dois metros de altura com o corpo curvado para frente, suas costas são grosas e eles só tem quatro dedos em cada mão, sua pele é verde coberta por escamas e seu rosto é reptiliano, sem pelo ou sobrancelhas, os dois estão equipados com uma armadura amarela que deixa os braços do lado de fora assim como seus rabos, os dois estão armados com rifles prateados de energia.

"BLOOOMMM!"

Antes de conseguir fazer algo, um meteoro de fogo do tamanho de uma bola de basquete cortou o ar em sua queda deixando um rastro de fumaça por onde passou atingido areia poucos metros a minha frente, olhei para o lado e vi a Starfire, disparando com as duas mãos seus starbolts, querendo com certeza atingir algo o último drone e o planador estelar que está se mostrando difícil ser acertado, se mantendo próximo da vila assim impedindo que a Starfire, ataque com mais força.

Tenho que ir mais rápido.

Pulei na direção da rampa da nave na minha frente chegando a cinco metros de altura, no meio do ar, coloquei o meu escudo prateado na frente do meu corpo bem no momento que os dois soldados levantaram suas armas e começaram a disparar loucamente.

"zumm!" "zumm!"

As listras de luz passaram ao meu redor, mas não acertaram meu escudo ou a mim, mas só por estar próximo delas, senti seu calor. Normalmente, balas comuns são mais perigosas para mim do que armas como essa, diferente do disparo dos drones, os disparos da arma são mais finos com o intuito de perfurar e não explodir, e isso é fatal para mim.

"Blaw!"

Apenas um dos disparos acertou a lateral esquerdo meu escudo explodindo em faíscas, mas isso não impediu meu pouso a dois metros de distância dos dois répteis, que largaram suas armas rapidamente e levaram suas mãos as costas, sacando armas brancas, dois machados de cabo curto com uma lâmina de energia vermelha.

"A pele desse é minha!" Gritou um deles avançando.

Bom saber que o tradutor ainda funciona.

Mesmo com seu corpo robusto, o réptil avançou rápido balançando seu machado na diagonal de cima para baixo, dei um passo para trás desviando e quando seu movimento acabou, avancei dando um bom soco da esquerda para direita no seu rosto, sem efeito, o gordaniano, parece nem ter sentido, ele apenas balançou de novo seu machado querendo agora me partir ao meio, mas coloquei meu escudo na frente do golpe o parando, fiquei surpreso com sua força. Agora sabendo mais ou menos o quão forte e resistente sua raça é, empurrei meu escudo o fazendo abrir a guarda e dei outro soco, agora com um pouco mais de força, atingindo o centro do seu estomago, seu corpo se curvou em dor, aproveitei para atingir com a lateral de baixo do meu escudo a parte de cima do seu crânio protegido pelo elmo.

Eles são duas, não, talvez três vezes mais fortes e resistentes que um humano comum. Ao lutar com outras raças, sempre tenho que regular melhor minha força para não os matar com apenas um golpe sem querer, isso é importante.

Com um caído no chão, o outro avançou dando um pulo com seu machado levantando, ele bateu com força sua arma no chão, já que recuei saindo do caminho para avançar um pouco depois querendo acertar um chute no seu rosto, mas esse soldado é mais inteligente, ele quase se deitou no chão saindo do caminho do meu chute, e depois torceu seu corpo para esquerda balançando seu rabo atingido a lateral das minhas pernas.

Cai no chão de costas para ver o gordaniano em pé na minha frente balançando sua arma para baixo.

"BLAW!"

Parei sua arma com meu escudo, mas ele levantou o machado de novo e continuou a bater sem piedade ou habilidade contra o escudo fazendo faíscas voarem para todo lugar, uma ação completamente bruta. Estava quase ficando com raiva e resolvendo cuidar disso de uma forma mais seria, quando vi no horizonte a Starfire, em cima das asas do caça alienígena, dando um belo soco nela a fazendo explodir em chamas, mas atrás dela vindo em alta velocidade, o segundo drone, estava quase na posição perfeita para a pegar de surpresa.

Deixei meu escudo para trás aparecendo nas costas do gordaniano bem no momento que ele estava acabando seu próximo movimento, agora usando minha velocidade o mundo se move devagar, então segurei a parte de cima do pescoço da armadura dele, e usando uma combinação de força bruta e telecinese, tirei seu corpo do chão o girando para esquerda fazendo uma volta quase completa para pegar velocidade o lançando no final para cima.

Foi perfeito, ele voou como uma lança redonda em linha reta passando por cima da Starfire, que acabou de perfurar o caça, atingindo o drone em cheio.

"BLOMMMMMMMMMM!" "BLOMMMMMMMMMM!"

As duas naves inimigas explodiram quase que no mesmo momento, e agora só há pedaços delas em chamas caindo no chão, e no meio desses destroços, o gordaniano ainda vivo, mas bastante ferido, que caiu no mar.

Com isso feito, olhei para dentro da nave que estou esperando mais alguns soldados armados, mas não havia nenhuma, talvez graças ao controle metal, mais do que dois soldados esperando aqui não seja necessário.

{Dio, temos outro problema!} Gritou Dick, pelo comunicador.

"O que aconteceu?"

{A outra nave na órbita do planeta! Uma bem grande, Galateia, a classificou como classe 6, capacidade ofensiva o bastante para acabar com uma cidade grande sozinha!} Explicou Dick.

"Qual é o plano!?" Não esperei uma resposta e me atirei para dentro da nave correndo na minha velocidade máxima, não temos muito tempo, tenho que verificar cada lugar dessa nave e salvar os escravos caso haja algum aqui.

{Não temos escolha, enviamos uma mensagem para Graxos IV, o Lanterna Verde, é o único que pode cuidar dessa situação com segurança.}

Ele não está errado, estamos falando aqui de uma nave com poder de fogo para acabar com uma cidade, é quase como ter que lutar contra uma bomba atômica, e essa sendo a nave mãe, pelo menos deduzo isso, ela vai ser grande, muito grande para cair com apenas alguns golpes protegida por um poderoso campo de força, não, é arriscado demais lutar contra isso tão próximo do planeta, qualquer disparo perdido pode acertar a floresta, o fogo vai consumir tudo depois disso.

A boa notícia, é que não havia mais ninguém dentro da nave negreira, e só demorei quatro segundos para checar tudo, A metade dela é um grande espaço aberto no seu centro, fora isso, há apenas quatro pequenas salas de vários tipos.

Voltei então para a parte da frente da saída onde está o primeiro réptil que acertei ainda desacordado no chão. Do meu lado, Starfire, está segurando o segundo pelo rabo voando alguns metros de distância à minha esquerda, ela não parece feliz.

"Dick, acabamos aqui em baixo, dois inimigos no chão, nenhum escravo, os graxosianos também estão bem."

{Bom, porque aqui em cima as coisas ficaram complicadas, a nave nos percebeu e está vindo atrás de nós, e eu não sou tão bom piloto quanto a Kori, vocês tem de voltar, agora!} Gritou ele do outro lado do comunicador, pareceu até que estava correndo uma maratona.

Starfire, soltou o réptil no chão do lado do seu amigo, levantei minha mão usando telocinese para os deixar de costas um para o outro, depois os amarei com uma corda feita de ectoplasma cinza, criei até um pequeno laço de presente na cabeça deles.

"Vamos, Kori!" Falei para minha amiga que disparou para cima na minha frente.

A vinte metros acima do chão olhei para baixo e vi que os graxosianos, continuam correndo pela floresta se afastando da vila, o que é bom. Minha barreira continua lá, mas é melhor cuidar da nave. Levantei minha palma a colocando acima da nave conjurando de volta minha espada, só que em vez dela aparecer na minha mão, a fez surgir no motor da nave, sei onde ele está depois da minha busca.

"BLOMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM!"

A nave explodiu no momento em que peguei o cabo da minha espada e escudo, os colocando nas minhas costas. A explosão acabou com toda a nave que ficou em chamas, mas os gordanianos estavam bem, com isso feito, disparei para cima o mais rápido que podia.

Assim que saímos da atmosfera do planeta entrando no espaço, não demoramos para ver o Javelin, que provavelmente ficou voando em círculos ao redor do globo para escapar da perseguição da nave atrás dele, e lá estava ela, era quase do tamanho de um campo de futebol em largura e tamanho, disparando lasers para todos os lados enquanto o Javelin, voava para esquerda e direita como louco parecendo bem descontrolado e sem jeito diferente das manobras realizadas pela Starfire.

O Javelin, nos viu e continuou reto, e assim que ele entrou na distância perfeita, toquei o ombro da Starfire, nos levando a bordo.

Teve que segurar a Kori, no lugar para ela não voar assim como aconteceu com a Galateia, quanto aparecemos próximos da cabine do piloto, ela precisa pilotar.

"Bem na hora!" Gritou Dick, quase que tremendo na sua poltrona.

Ouve uma troca rápida comigo sentando na cadeira de copiloto e a Kori, na de piloto, e a primeira coisa que fez ao sentar, foi mover o manche bruscamente para esquerda jogando Dick, para o lado, caindo de cara na poltrona.

"Galateia, precisamos sair daqui!" Gritei segurando o manche para dar estabilidade a Kori, que está com dificuldades para desviar dos disparos.

Essa nave não nós quer capturar vivos.

{Sinal de energia da Tropa, detectado!} Avisou Galateia em vez disso, me fazendo olhar para a tela acima de mim, mostrando o que está atrás do Javelin.

Não foi apenas nós, os gordanianos também perceberam isso, parando seu ataque e movendo sua nave para esquerda, mas antes deles conseguirem virar completamente, um cometa verde atravessou toda a nave como uma flecha explodindo seu interior num poderoso flash verde que surgiu de dentro para fora, já do outro lado, o Lanterna, girou seu corpo apontando seu anel para os destroços, criando uma bolha gigante os envolvendo dessa forma salvando o planeta abaixo.

Kori, foi esperta e não ficou vendo o espetáculo, ela apenas se afastou o máximo que podia.

Dois Lanternas Verdes em dois planetas diferentes, estamos com certeza, sem sorte, e para piorar tudo, esquece de pegar o que tinha que pegar na minha Casa, agora vou ficar muitos dias sem quase nada para fazer.