Aleph percebeu que deveria tomar uma medida mais proativa em relação a situação, porém percebeu que um shineid estava preparando um ataque covarde contra Letícia, rapidamente com golpes precisos eliminou as shineideas que o cercava. Naquele momento, não pensou em qual seria a melhor estratégia, apenas precisava defendê-la, conseguiu desviar, mas a espada do shineid o acertou no ombro direito, o sangue preencheu sua vestimenta e seu braço estava imóvel.
O shineid começou a achar graça.
— Essa espada está envenenada e em poucos minutos você irá sucumbir... Para qualquer ser humano, esse veneno é extremamente letal.
Aleph sentiu sua vista ficando turva por um instante e seus movimentos estavam lentificados. Um dos braços estava imóvel, ele segurou a espada com a mão esquerda, sua voz estava ficando fraca.
— Não vou ter escolha. A não ser...
Sua vista gradativamente estava escurecendo, escutava ao longe a voz trêmula de Letícia tentando conter o sangramento, porém não estava conseguindo captar a mensagem adequadamente, pois sentia um zumbido preencher seus ouvidos.
— Eles me querem. Por favor, fuga! Não precisa fazer isso por mim. — disse Letícia com uma expressão de aflição.
— Não posso aceitar. — disse Aleph tentando se apoiar com a ajuda da espada.
Letícia estava aflita tentando conter o sangramento que não parava, olhou em todas as direções, mas não sabia a quem recorrer ou o que deveria fazer.
O shineid que havia atacado Aleph estava extasiado com a expressão de desespero que Letícia estava transmitindo. Preenchido por aquela satisfação, ele preparou o ataque, pois seria o vencedor daquela disputa. Letícia pegou rapidamente a espada, quando as espadas se chocaram, um brilho azul preencheu a lâmina da katana, desprendendo cristais de gelo da lâmina, a espada do shineid começou a ficar congelada até o shineid ficar completamente congelado, desaparecendo como se um vento carregasse um pó fino azul.
Uma onda gelada foi se expandindo, as outras shineideas começaram a ficarem congeladas e a desaparecerem instantaneamente. Letícia se surpreendeu, pois não sabia como havia produzido aquela habilidade.
Os cidadãos se detiveram da fuga ao presenciarem aquele evento, pois observaram impressionados as shineideas desaparecerem uma após a outra quando entravam em contato com a onda congelante.
Aleph ao presenciar aquela cena se recordou de algo de quando ele era criança, em que estava cercado pelo fogo acompanhado por uma menina mais jovem que o tentava tranquilizar devido as chamas se aproximavam que se detiveram com uma grande barreira de gelo.
— "Como eu podia ter me esquecido... Ela lembra a pessoa que me salvou."
A onda de gelo estava se espalhando, Letícia não sabia se esse poder iria afetar também os cidadãos do vilarejo, pois era uma habilidade desconhecida, começou a temer aquele poder, pois não sabia o que poderia fazer para controlá-lo, como faria para não congelar todos ao seu redor. E devido ao medo, a energia que estava emitindo se descontrolou e começando a se espalhar em todas as direções, a temperatura corporal começou a baixar, sua vista começou a ficar turva e caiu ao chão, pois grande parte da sua energia havia sido utilizada.
Aleph cambaleando se aproximou e a tocou, Letícia estava com a pele muito fria, mas estava respirando. Ela abriu com dificuldade os olhos, pois estavam pesados e com uma voz fraca chamou por Aleph.
— Princesa Letícia, está tudo bem agora.
— Mas... Você está machucado! O veneno... Tudo é minha culpa.
— Não se preocupe, o veneno não me fez tão mal assim.
Apesar de não ser a verdade, Aleph estava quase sem forças, ele nunca havia sido exposto aquele veneno.
— Não se aproxime de mim, você também ficará congelado.
— Não a abandonaria assim.
Aleph se aproximou de Letícia, pois iria levá-la a um local seguro, porém antes de tocá-la, sua vista escureceu completamente e ele ficou inconsciente.
As pessoas do vilarejo estavam impressionadas, pois aquela moça havia conseguido eliminar as shineideas e começaram a si questionar se ela era a guerreira das lendas. Os cidadãos que estavam próximos perceberam que Aleph estava prestes a desmaiar, mais dois homens o seguraram antes que ele viesse ao chão.
Letícia e Aleph foram levados até a hospedaria mais próxima, pois os cidadãos sabiam que havia um curandeiro hospedado lá e que poderia ajudá-los.
O curandeiro examinou Aleph e pelas características do ferimento e os sintomas apresentados era envenenamento, o tratou com um antídoto específico, além de utilizar sua magia de cura para tratar a lesão do ombro que ficou completamente recuperado. Tranquilizou os aldeões sobre a condição de saúde dele.
Aleph se levantou abruptamente, olhou para todos os lados procurando por Letícia. O curandeiro se aproximou solicitando que se acalmasse, pois o levaria até onde ela se encontrava. Eles estavam seguindo por um corredor.
— Foi você quem me curou?
— Felizmente, tinha o antidoto.
— Meu nome é Aleph. Como posso lhe agradecer?
— Me chamo Lowell. Não posso aceitar seu agradecimento, porque não pude fazer nada em relação a sua acompanhante... Nem mesmo a minha habilidade de cura pode reverter. É a primeira vez que vejo algo assim.
Aleph entrou no quarto, se aproximou de Letícia e a tocou na testa, porém ela estava completamente congelada em um estado de sono profundo.
— Creio que o único que poderá ajudar será o Mestre Yoshi. Recomendo que o procure imediatamente, porque ela não poderá ficar assim por muito tempo.
Aleph se aproximou de Letícia e a segurou nos braços.
— Obrigado pelo atendimento.
E em um movimento com a espada eles desapareceram.
Lowell ficou se questionando quem seria realmente aquele rapaz por apresentar um poder tão diferenciado.
...
No Castelo de Risny, o Rei do Inverno Hayden foi convocado ao salão do trono. Risny e alguns cavaleiros de elite estavam presentes. Hayden ficou ajoelhado diante de Risny.
— Suprema Rainha Risny, eu não sabia que Letícia seria a pessoa que você procurava, não sabia que ela escondia esses poderes.
O Comandante Eisen se recusou a escutar as desculpas que Hayden tinha a dar.
— Você é mesmo um incompetente. A presa estava debaixo do seu nariz e você não a percebeu.
— De qualquer forma, mesmo que indiretamente estava cumprindo as ordens.
Hayden se levantou e ficou em pé diante de Eisen. Hayden não suportava o comandante Eisen, pois além de possuir atributos admirados por Risny, ele era temido pelos demais shineids, porém isso era mais uma motivação para tomar o posto dele e confrontá-lo.
— Irei cumprir com a vontade da Rainha Risny e irei ocupar seu posto. E serei o 1º cavaleiro de elite.
— Mas, ele nem é mais o 1º cavaleiro de elite. — Vyza se interpôs na conversa.
Vyza é a guerreira de elite da 2ª divisão, possui cabelos longos ondulado violeta e 1,70m de altura. Geralmente, utiliza vestidos chamativos pretos com rendas e fitas. Possui um grande conhecimento sobre veneno e poções.
De repente, o olhar de Eisen mudou para um ar mais obscuro como se Vyza não devesse ter falado aquilo naquele momento. Ela sentiu o olhar assassino dele e se teleportou no mesmo instante, pois não queria enfrentá-lo.
— "Então, se ele não é mais o 1º cavaleiro de elite, então quem será?"
— Porque você não tenta descobrir e derrotá-lo, se for capaz. — disse, a Rainha Risny rindo, após ouvir o pensamento de Hayden.
...
Enquanto isso, no reino do Inverno, Laurenn estava na biblioteca revisando os documentos reais, pois queria fazer um relatório adequado para a próxima reunião, pois apesar de alguns funcionários serem contrários a que Laurenn assumisse, não poderiam recusar fornecer a documentação solicitada. Ele verificou o orçamento e os números não estavam coincidindo, o que o reino estava recebendo não estava sendo repassado apropriadamente para a população. Então, resolveu conferir outros documentos que também estavam corrompidos e cada vez que olhava compreendia menos ainda como a situação havia chegado naquela proporção. Após conferir tudo, foi reportar a situação ao rei Hayden.
Hayden retornou ao reino do Inverno com a ajuda de Latifa, a cavaleira de elite possuía uma chave de portal que direcionava do castelo de Risny ao Reino do Inverno, logo após chegar ao castelo, entrou imediatamente em seu quarto, ignorando todos que estavam ao seu redor, estava furioso por ter sido humilhado daquela forma.
Laurenn pediu permissão para entrar, porém Hayden não o escutou.
— Majestade, aconteceu alguma coisa?
— Saia imediatamente daqui! Não tem nada que um inútil como você possa me ajudar!
Hayden gritou jogando um copo de vidro na direção de Laurenn que se estilhaçou na porta logo atrás dele.
— Desculpa se lhe incomodei.
Laurenn se curvou e se retirou do quarto, deixando o relatório sobre a mesa. Uma das assistentes que aguardava no exterior do aposento, perguntou a Laurenn se estava tudo bem.
— O Rei gostaria de ficar um pouco sozinho.
— Vossa Alteza, estava perguntando em relação ao senhor, seu rosto está sangrando.
Quando o copo se estilhaçou na porta um pequeno fragmento acabou cortando o rosto de Laurenn.
— Isso não é nada, logo irá cicatrizar. Você deveria descansar, pois já está tarde.
No seu quarto, Hayden estava apertando sua mão com tanta força que acabou ferindo a palma da mão. Ele pegou o relatório que Laurenn havia deixado em cima da mesa, olhou por cima, jogou na lareira e olhava aqueles papéis que se desfaziam sob as chamas.
— Preciso eliminar Letícia e Laurenn para sempre.