Daniel havia sido ordenado a matar Aleph e Letícia, ele estava indo na direção deles com um olhar tão frio que surpreendeu até Aleph. Daniel começou a caminhar lentamente com passos leves quase inaudíveis, apontando a adaga para Letícia, porém sua mão estava trêmula e sua voz apresentava um tom de pesar.
— Você não irá ordenar para seu cavaleiro a defender?
Aleph iria se colocar na frente de Letícia, ela esticou o braço impedindo a passagem de Aleph, olhou com firmeza para Daniel.
— Cavaleiro Daniel, mostre a sua lealdade neste momento.
Daniel girou rapidamente no ar, lançou a adaga no homem que o havia ordenado anteriormente, foi um golpe fatal. Os capangas sacaram as espadas e começaram a atacar Daniel que se esquivou e desarmou os oponentes, imobilizando-os. Outro capanga veio correndo na direção dele, Daniel pulou e no salto retirou uma arma que estava escondida próximo ao seu calcanhar e acertou o homem na cabeça. Aleph abraçou Letícia, impedindo que ela observasse todo aquele massacre, escondendo o rosto dela em seu peito. Daniel eliminou todos sozinho. Após derrotar todos, ele se ajoelhou no chão diante de Letícia.
Aleph imediatamente pegou sua espada com a ajuda do portal sem que os outros percebessem e apontou para Daniel, ao mesmo tempo que protegia Letícia.
— Aleph, espere!
— Você não vê, ele quis matá-la.
— Mas... Ele também me defendeu.
Letícia estendeu a mão para Daniel para ajudá-lo a se levantar. Porém, ele não a pegou, pois estava sujo de sangue.
— Eu tentei matá-la. Como você poderia confiar em mim?
— Cabe você decidir acolher a mão que lhe estendi. Confio na sua vontade de aprender.
— Ainda posso ser seu cavaleiro?
— Claro que pode.
Lágrimas percorreram os olhos de Daniel, nesses anos todos, Letícia foi a única que o tratou como um ser humano e não como uma ferramenta de matar.
Aleph deixou Letícia em um local seguro, enquanto ele e Daniel iriam enterrar os corpos. Eles dois retornaram ao local e Aleph falou com um olhar extremamente frio e o empurrou contra uma árvore.
— Não sei por que motivo, Letícia confia em alguém como você... Porém, não se transforme em um cão sarnento que morde a mão que lhe alimenta, entendeu bem.
Aleph o soltou.
Daniel iria se preparar para enterrar os corpos, pegou uma pá e iria começar a cavar. Aleph fez um gesto de que não era necessário. Estendeu levemente a mão, abriu um portal embaixo dos corpos e eles foram enterrados. Daniel ficou boquiaberto e logo questionou Aleph.
— Quem é você?
— Alguém que está tentando ganhar a confiança de um assassino.
— Achei irado.
...
Daniel explicou a situação para Letícia, ele já sabia que ela era a princesa do Reino do Inverno e lhe informou que vários mercenários de diversas localidades haviam sido contratados para caçá-los. Letícia logo o questionou.
— Você sabe quem está atrás da minha vida?
— A identidade da pessoa eu ainda não sei ao certo, porém é um General Shineid com muita influência no Reino do Inverno.
— Você parece até um espião.
— Sempre tive vontade de ser um.
— Você poderia investigar algo para mim no Reino do Inverno?
— Seria um excelente treinamento.
Aleph não estava acreditando se eles estavam falando sério ou não aquilo. Aleph informou a Letícia que iria dar algumas instruções para Daniel antes da viagem. E eles saíram dali.
— Tenho minhas suspeitas sobre o verdadeiro mandante. Por isso, resolvi lhe ajudar.
E entregou uma chave para Daniel e explicou como utilizá-la. Essa chave pode abrir portais que foram ocultos previamente. Quando em contato com um portal, a magia é ativada, possibilitando a abertura do portal. Aleph espalhou alguns portais pelo caminho e os ativou. Ele entregou um pergaminho com a localização de alguns portais que poderiam ajudar Daniel.
— Esses portais irão me ajudar na minha função como espião. Eu estava suspeitando de você, mas até que você é uma pessoa legal.
— Acho que vou considerar isso um elogio.
Daniel se despediu de Letícia e seguiu as instruções de Aleph, ele se surpreendeu como pode chegar tão rápido ao Reino do Inverno.
Aleph foi até onde Letícia estava, ela aparentava estar bem pensativa, olhando pela varanda. E ficou ao lado dela.
Letícia estava com medo, pois eles haviam sido atacados novamente. Ela não entendia o que estava acontecendo realmente, porque estariam atrás de matá-la, ela não conseguia compreender e começo a ficar um pouco trêmula com aquelas incertezas. Aleph a cobriu com um casaco, colocou a mão nos ombros dela e a olhou nos olhos.
— Amanhã, iremos ao reino da Primavera, lá sua segurança estará garantida.
Letícia abraçou Aleph que ficou surpreso com essa ação por parte dela, ele conseguiu sentir as mãos trêmulas dela segurando sua roupa.
— Letícia, irei ficar ao seu lado... "Com certeza, a experiência de um campo de batalha e toda essa situação é bem complicada para quem sempre esteve em segurança em um castelo."
— Muito obrigada... Neste momento, somente tenho você em quem posso confiar.
Eles estavam abraçados. Aleph segurou gentilmente uma mecha do cabelo dela.
— Pode ter certeza de que irei lhe proteger...