Vantru abaixou a mão. Aquilo não era um blefe, totalmente, ele havia condensado sua mana e o pouco de Ji nela para colapsar se o fugitivo tentasse atacar. Vantru se levantou e pegou a lança, seu corpo doía, suas feridas sangravam, mas ele não podia fazer nada aqui então começou a se mover para longe.
(Então e essa a diferença entre eu e alguém de quinto circulo. Se ele estivesse no seu melhor estado e equipado eu poderia realmente ter morrido! Preciso sair daqui e encontrar ouro lugar.)
O local que ele estava indo não era para cidade mais sim um local em direção a onde ele poderia se esconder. Apesar de ferido e quase sem energia Vantru manteve uma velocidade bastante constante, a noite não tinha uma única luz, mas sua visão era muito melhor que de um humano e ele encontrou o local que poderia se esconder.
Era uma caverna pequena entre troncos de árvores caídas. Ele entrou nela e olhou para o fundo da caverna, não havia nada la a não ser insetos e musgo. Com isso ele respirou fundo e bloqueou a entrada com parte de um dos troncos caídos, para logo em seguida se sentar de pernas cruzadas e tirar pílulas de dentro do armazenamento.
Ele jogou a maioria delas em sua boca e começou a circular sua energia. Seu tempo não foi gasto apenas nisso, agora ele teria que tomar mais cuidado ainda, alguém sabia como ele se parecia então mudar a aparência seria fundamental assim como se afastar desse lugar. Sua mente pensou nos pontos do mapa, mas descartou a maioria deles, no fim o melhor lugar era a cidade mais próxima da capital de Azur.
(Devo evitar a capital, mas posso conseguir algo bom de uma cidade próxima. Preciso me fortalecer de outras maneiras! Acho que devo focar em mana por um tempo.)
Seus olhos se fecharam e seu foco foi totalmente em se curar e recuperar sua energia.
Em contra parte, na cidade de Fynter as pessoas estavam em torno de um dos fugitivos, Farlei. Seu corpo estava todo maltratado, ele havia sido espancado por algum tempo, isso não era apenas por ele ter tentado fugir mais também para que eles descontassem suas frustrações em alguém.
Horas já tinham se passado e nada havia acontecido, com isso pensamentos perturbadores começaram a aparecer. Do que Farlei havia dito Jone era um mago, isso pegou todos de surpresa. Ele não puderam notar que um de seus prisioneiros era um mago, então isso queria dizer que ele era mais habilidoso que Turg.
Pensamentos de seu algoz tendo morrido ou fugido eram comuns, mas o que o faziam temer era que se ele não voltasse todos morreriam naquela cidade sem que ninguém notasse. Algumas pessoas até mesmo tentaram cavar para sair, mas era inútil pois até mesmo no subsolo havia uma barreira.
A noite se foi e quando o raios de sol surgiram as expressões eram sombrias. Turg olhava para fora da cidade com olhos injetados em sangue, estava claro que não dormiu desde ontem, sua mão apertava fortemente uma adaga comum.
Ele sabia que não serviria de nada contra o demónio que os aprisionou, mas mesmo assim ele se sentia ao menos capaz de lutar. Ele olhou para o céu, seus olhos estavam tão fundo que parecia que ele morreria em pouco tempo, e começou a andar pela cidade perdido em pensamentos. Seus passos eram lentos e constantes, mas mostravam falta de esperança, ele era como um cadáver ambulante.
Não demorou para chegar onde Grio ainda estava deitado. Seu corpo não havia se movido um centímetro desde que ficou naquele lugar e não parecia que se moveria, mas agora seu corpo era massivo, cerca de um metro e setenta de altura e dois de comprimento mais ainda se contar a longa cauda.
Seu corpo era recoberto de cristais que ocasionalmente brilhavam com raios e se mesclavam a sua pelagem marrom amarelada. Turg olhou para ele e trincou os dentes, sabia que aquela coisa tinha feito muita coisa com as pessoas fora da cidade, ele mesmo viu a pilha de cadáveres que trouxe.
Ele tinha um pensamento, a adaga em sua mão balançou mais só isso, logo Turg seguiu seu caminho para se encontra com os outros.
Na grande casa todos se reuniram, já era meio dia, as faces de todos já diziam tudo. Todos estavam com pensamentos sombrios sobre seus destinos, Fhari estava de braços cruzados sentada na cadeira enquanto os outros vinte estavam em volta da grande sala. Ninguém falou nada por algum tempo até que um homem de meia idade falar.
"Como algo assim veio a acontecer? Não deveríamos ter nos envolvidos com transporte de escravos!"
Ele não era particularmente bonito, mas a parte inferior de seus cabelos estando grisalha lhe davam um ar mais elegante, ao menos se estive bem vestido. Todos na sala ficaram com expressões ainda mais feias, alguns até mesmo olharam para Turg e Fhari.
"Isso foi ideia suas! Se tivéssemos mantido o trabalho normal, de venda de armas e drogas, isso não aconteceria!"
Outro falou, uma mulher na casa dos trinta gordinha com seus cabelos preso em um coque. Muitos assentiram e mais falas de ressentimento surgiram, era claro que eles estavam usando isso como forma de desabafar mais irritava fortemente Turg.
Quanto mais ele ouvia mais suas veias saltavam, ele não estava dormindo bem, suas refeições eram extremamente regradas por eles não poderem esbanjar alimentos nessa situação. Tudo isso, mais o stress acumulado de ter que lidar com o demónio que os prendeu chegou no seu limite.
"ENTÃO OQUE?"
Sua voz se elevou fortemente e o silencio se instaurou. Mesmo que ninguém pudesse usar magias Turg ainda foi o líder e o mago mais forte daquele lugar, mesmo agora havia certo nível de medo pelas lembranças de seu antigo poder.
"Eu sei que as coisas não estão nada bem. Não vou mentir, talvez ele nos mate quando voltar."
As pessoas ficaram com expressões ainda mais sombrias, mas alguém, um dos guardas sobreviventes falou.
"Como sabe que ele vai voltar? Ele não só nos abandonou para morrer aqui?"
"Ele deixou a fera magica na cidade! Eu mesmo passei por lá e a vi dormindo, possivelmente ainda se recupera dos ferimentos e se fortalece."
Todos ouviram, mas isso não mudou muito seus semblantes sombrios. Então Fhari levantou, todos olharam para ela agora, e colocou suas mãos na mesa.
"Então esta sugerindo que tentemos conter a fera e usar ela como barganha com ele quando chegar?!"
Turg assentiu, tinha um singelo sorriso no rosto dele. De todas as pessoas que ele conseguiu ao longo dos anos Fhari era a mais inteligente e perspicaz delas. Todos na sala pareceram aprovar isso e começaram a falar em preparar coisas para segurar a fera, mas Fhari olhou para Turg de canto e sorriu sombriamente para si mesma.
(Acha que eu não notei ne? Você quer se livrar de todos nós e tentar ganhar favor com ele, mas não vai dar certo!)
Logo a noite chegou e mais um dia passou. Alheio a tudo que aconteceu na cidade Vantru cultivava silenciosamente na pequena caverna, suas feridas haviam se fechado e muita de sua energia retornou, mas ainda não estava em seu melhor. Contudo não podia atrasar tanto já que a barreira na cidade perderia seu efeito no próximo dia e estando tão longe não podia dar nenhum comando a Grio.
"Vai servir, mas nada de voar."
Seu corpo saiu da caverna chutando o tronco da entrada e correu em direção a cidade. Levaria horas, talvez até um dia para chegar no local então ele ja estava preparado para matar se eles fugissem.
Sem que ninguém soubesse disso, as pessoas na cidade estavam juntas perto de onde Grio ainda repousava.
Todos tinham alguma coisa em mãos, cordas, bastões, redes, facas, qualquer coisa que ajudasse ou servisse para conter uma fera. Na frente de todos estava alguém maltrapilho, era Farlei que ainda estava todo machucado da surra do outro dia.
Ele estava com uma rede em suas mãos claramente com medo de fazer qualquer coisa enquanto olhava para a grande fera adormecida. A rede em suas mãos possuía cordas longas que as pessoas mais fortes que sobreviveram estavam segurando prontos para puxa quando e conter.
Mais atrás estavam Fhari e Turg, ambos olhavam para frente com olhares nervosos, nenhum deles estava tão a vista quanto as outras pessoas. Fhari segurava uma espada curta entre o sobre-tudo e seu colete enquanto olhava de canto para Turg.
"Ande! Jogue logo se quiser viver!"
Alguém gritou entre as pessoas, Farlei tremia, mas se aproximou ainda mais e jogou a rede. Ela caiu sobre a fera quando tocou o chão as pessoas com cordas nas mãos puxaram. A fera tombou para o lado e a rede se envolveu nela, rapidamente outras pessoas chegaram com pedras e começaram a coloca-las para segurar a fera e prender as cordas com mais firmeza.
Parecia estar tudo indo bem, mas para Grio aquela ação foi o mínimo necessário para ele começar a abrir seus olhos. Sua visão estava borrada, ele sentia que passou muito tempo, seu olho direito parecia ainda mais estranho já que ele havia sido regenerado, mas nada disso lhe atrapalhou muito. Sua visão embaçada e seus outros sentidos começaram a normalizar.
Logo ele olhou em volta, não encontrando Vantru ou mesmo sentido seu cheiro nas redondezas. Ele começou a se levantar, mas algo o impediu, haviam cordas e uma rede o prendendo.
(Estranho. Ele não está aqui, mas esses vermes se atrevem a fazer isso só pode querer dizer que saiu e não voltou. Hehe, me sinto otimo!)
Grio começou a força para se levantar e quando todos notaram isso correram para segurar as cordas, mas de nada. Sua força havia aumentando em muito com sua evolução e com a ajuda de Vantru ele sofreu uma mutação ainda maior, com seu levantar as rede sobre suas patas foi arrebentada e ele soltou um rugido cheio de empolgação, se alguém pudesse entender as feras saberia que ele estava rindo.
Ele deu um passo a frente e chegou de frente com Farlei que congelou no lugar. Em pé Grio era realmente alto sua bocarra se abriu em um sorriso e ele passou por Farlei como se não o notasse. Porem assim que passou por ele sua calda chicoteou, esse golpe rasgou o pobre coitado ao meio.
As pessoas em volta deram passos para trás e fizeram menção de fugir, mas contra uma fera magica de quarto circulo. Ele bateu a pata direita no chão e com um rosnado e muralhas de pedra começaram surgir em torno no local, prendendo as pessoas la, e aquelas azaradas que foram pegas quando surgiram foram empaladas.
Mas nesse momento alguém surgiu gritando para Grio.
"Por favor me poupe isso foi, argh"
Antes que Turg pudesse termina de falar Fhari o jogou no chão e apunhalou ele nas costas. A visão deles fazendo isso deixou Grio pensativo, mas não se importou e raios correram por seu corpo quando ele rugiu de alegria e uma explosão de raios voaram para todas pessoas no local.
Fhari colocou o velho Turg quase morto na frente do raio amarelo e ambos sentiram a agonia passar pelo seus corpos. Ninguém normal sobreviveria aquilo sem usar magia ou ter um corpo anormalmente forte.
Grio ficou satisfeito com isso e passou a caminhar pela cidade como se ele mandasse naquele lugar a partir de agora.
No próximo dia Vantru chegou na cidade, ele usava roupas novas já que suas antigas estavam muitos danificas, suas roupas eram uma camisa longa amarela com mangas dobras, uma calça azul e sandálias de couro. Sua aparência havia mudado, mesmo mantendo suas orelhas lupinas, sua pele agora tinha um tom azul suave e seu corpo era mais humanoide que feral, agora ele parecia um Kemo segundo as descrições.
Quando chegou notou que não haviam sinais de vida exceto Grio que se aproximava dele orgulhoso de sua nova forma. Ele contou o que aconteceu e como ele lidou, no fim para ele aquelas pessoas não importavam.
(Bem eu pretendia liberta-los de qualquer jeito, mas iria os jogar na floresta com seus nucleos de mana quebrados e se sobrevivessem era a fortuna deles.)
Quando ele ia sair da cidade uma aura fraca de vida surgiu. Vantru andou até ela e tirou um corpo carbonizado de cima para ver Fhari com boa parte de seu corpo chamuscado. Ela olhou para ele com uma visão turva.
"foi... tudo culpa... dele... Turg... merda."
Ele colocou sua mão sobre a cabeça dela e com um pulso de Ji a matou. Vantru se afastou e jogou fogo na cidade, refez a formação e deixou aquele local, era hora de ir para outro lugar.