Felipe faz pezinho para sua amiga descer e mesmo assim ele quase a deixa cair, cambaleou de um lado para o outro com muita dificuldade.
─ Ainda bem que te conheço e vê se para de tomar bomba garoto! ─ Patrícia se juntando aos amigos, na frente da entrada do matadouro.
─ Que isso Patrícia? Foi você quem se mexeu muito, por isso que tive de me virar para não deixar você cair, ainda bem que eu sou o cara, isso sim. ─ Felipe tentando sair por cima como sempre.
Os jovens olham o tamanho do matadouro e começam a entrar.
─ Esperem, deixe-me acender isso. ─ Alan pega um pedaço de madeira no chão e após desenhar com o seu dedo médio direito vários círculos apontados para a madeira, ela acende exatamente após ele sussurrar umas palavras.
─ Você consegue gerar fogo com magia?! ─ Patrícia fica fascinada ao ver o que ele fez.
─ Com o conhecimento certo qualquer bruxo com um gral elevado de mentalização e vontade, pode fazer. Difícil é ter controle sobre o fogo, pois as salamandras são muito complicadas.
─ Gente me desculpe, mas eu não vou entrar não! ─ Felipe está com muito medo, ele fica parado na porta enquanto os outros entram e esperam por ele.
─ Você viu algo? ─ Patrícia pergunta, enquanto olha atentamente para dentro do matadouro analisando bem o ambiente, ela percebe que a porta da frente está caída bem próximo a eles, ela está toda enferrujada.
─ Eu vi um vulto enorme vigiando agente e quando Alan apontou o fogo na direção dele, ele simplesmente se escondeu muito rápido. Não consegui ver direito, mas sei que ele é muito, muito grande mesmo! Deve ser aquela coisa que vocês expulsaram da sua casa. ─ olhando para Amanda. ─ Agora ele quer fazer o mesmo conosco! ─ diz ao se aproximar dos outros, ele está quase cagando nas calças de medo.
─ Então quer dizer que todas as histórias que você conta são mentiras? Onde está a grande coragem que você diz ter? ─ Amanda vai até ele e bate o seu dedo indicador no meio do peito dele.
─ O que ele fala não se escreve, vai por mim. ─ Patrícia ironizando.
─ Seja o que for temos de enfrentar, vamos. ─ Alan vai entrando e as meninas vão atrás.
─ Eu vou ficar aqui esperando. ─ Felipe olhando para as paredes do matadouro, ele volta até o lado de fora.
─ Suponho que se ficarmos juntos seremos mais fortes, mas se quer ficar sozinho, ok. ─ Alan continua seguindo com as suas amigas.
─ Eles pensam que eu tenho medo de ficar aqui sozinho, melhor aqui do que lá dentro com aquela coisa. ─ olhando a lua que está cheia e muito brilhante, bem no meio do céu.
Felipe vai caminhando pelo lado esquerdo do matadouro, indo em direção aos fundos onde ele se depara com várias lápides e se dá conta de que está no cemitério. Ele vai caminhando até que vê algo se movendo rápido pelas sombras e se assusta bastante, o fazendo voltar correndo para a entrada novamente.
─ Que tipo de gente doentia construiria um matadouro dentro de um cemitério?! ─ ele chega no portão do matadouro e senta em uns tijolos, nesse local passa luz pelos buracos do grande portão enferrujado. De repente…
─ BLOW. ─ um som de explosão veio da rua próximo dali e as luzes dos postes e das casas em volta se apagam.
─ Droga! Era só o que faltava mesmo, eu devia ter ido com eles! ─ Felipe totalmente desesperado, vendo coisas se moverem nas sombras e não tem nem para onde correr.
Dentro do matadouro.
─ Este lugar possui uma carga energética, muito forte! ─ Patrícia sentindo as energias do local, enquanto caminha por um corredor central. Eles vão passando por várias salas do matadouro, salas do lado direito e lado esquerdo.
─ Local perfeito para abertura de um portal. ─ Amanda.
─ Lembrem-se, temos de ficar juntos a todo custo. ─ Alan indo um pouco mais à frente das duas jovens.
Eles vão seguindo pelo corredor central, de repente os jovens passam por um lugar que chama a atenção deles, pois era ali onde se matavam os porcos e eles notaram isso de imediato ao observar as ferramentas enferrujadas no chão e nas mesas de cimento ensanguentadas. Por toda parte desta sala há sangue e o cheiro ruim é muito forte.
─ Vocês estão vendo isso? ─ Patrícia para de caminhar, os outros não percebem e vão seguindo sem nem mesmo ter ouvido o que ela havia dito.
Patrícia começa a ver coisas, ela vê um homem usando um avental branco de plástico todo ensanguentado, ele acaba de matar um porco com um porrete, dando três porradas na cabeça do animal, que antes de morrer grita de dor por vários segundos. Ela chora ao ver o pobre animal morrer de forma tão cruel, e volta a olhar para o corredor, procurando os seus amigos, mas eles parecem que seguiram sem ela. O ambiente está deserto e muito escuro.
─ Preciso alcançá-los e rápido! ─ correndo.
Ela tenta chegar até os outros, porém mais à frente da li existe uma porta de ferro que se encontra fechada, ela é obrigada a voltar e quando passa pelo local onde o homem matou o porco, ela o vê arrancando a cabeça do animal, ele de repente olha para ela e ergue a cabeça em sua direção como se a oferecesse, o sangue ainda jorra do pescoço do animal.
─ Que Deus me proteja! ─ caminhando para trás perplexa com aquela cena horrível, até que sem perceber atravessa o espírito do demônio que se diz filho de Lúcifer, ele estava parado bem atrás dela. Imediatamente ela é fulminada com o seu corpo sofrendo uma espécie de colapso, como um ataque epilético, ainda de pé. Ela devia estar lutando com todas as forças, até que caiu desacordada no chão.
Enquanto isso…
─ Onde está Patrícia?! ─ Amanda olha para trás e não vê a sua colega.
─ Eu avisei para ficarmos juntos! ─ ele preocupa-se com ela também, mas sabe que destruir o portal agora é a prioridade.
─ Preciso esperá-la, ela deve estar vindo. ─ parando e olhando para trás novamente.
─ Não temos tempo Amanda, vamos. ─ ele puxa a sua amiga pela mão e caminha rápido em direção do que parece ser a última porta do corredor.
Quando eles chegam a um metro de distância da porta, Amanda solta a mão dele por que vê Felipe pedindo socorro, neste momento uma força invisível atinge Alan quando ele se virava para olhar. Ele foi arremessado por vários metros e caiu na última sala do corredor. A porta fechou, trancando-o lá dentro.
─ Meu Deus! O que está acontecendo?! ─ Amanda tenta abrir a porta de ferro, mas não consegue.
─ Oinc, oinc, oinc… ─ o local fica cheio de grunhidos de porcos, e lentamente suas cabeças vão saindo das sombras, com os seus olhos vermelhos brilhantes.
─ Temos que fugir Felipe, vamos rápido! ─ ela vai até ele, então pega em sua mão e o puxa tentando correr, mas ele não se move. ─ O que aconteceu?
Amanda olha bem a face dele, iluminada apenas pela luz da lua que entra pelos vários buracos no teto, e percebe que cometeu um grave erro. Ela tenta se soltar, mas os espíritos que estão nele começam a passar pelo seu braço até o dela, e assim, ela vai sendo possuída também.
Alan encontra-se em apuros, trancado na sala principal do matadouro.
─ Vocês sempre foram uns idiotas irresponsáveis! Entrar em um ambiente hostil onde um demônio de primeira grandeza está, ainda mais sem nenhum atributo mágico de proteção ou mesmo o poderoso círculo traçado antes da confrontação, é o mesmo que cometer suicídio! ─ a voz do Bill, ele parece muito cansado ou ferido e está escondido em outra sala ao lado.
─ Se eu o conheço bem tio, você está me lembrando do círculo e realmente não lembraria dele agora sem a sua ajuda. Para um demônio tão poderoso, precisaria do seu nome para conjurá-lo e não correr riscos. ─ ele curva-se ao chão, com um pedaço de tijolo quebrado ele traça o círculo mágico envolta dele. Ele houve uma voz estrondosa rugir e se aproximar da sala.
─ Ninrode está vindo! ─ Bill parece desesperado, ele continua escondido.
─ É isso aí! ─ ele fica feliz ao ouvir o nome do demônio, em seguida senta no chão e começa a pronunciar uma oração mágica para enfraquecer a poderosa entidade usando o seu nome.
─ MALDITOOO! ─ uma criatura enorme atravessa a porta trancada e embaixo dos seus pés há dezenas de porcos colados a extremidade baixa do seu corpo. Os espíritos mais fortes dos porcos sacrificados no matadouro, estes porcos são quem move o demônio. No corpo dele existem algumas correntes atravessadas, cruzadas no peito.
─ ARRRGH! ─ os gritos de dor do Bill, que está sendo punido por ter entregue o nome dele.