O meu nome é Samantha e eu tenho dezassete anos.
Frequento o segundo ano de um curso de culinária e estava prestes a entrar em estágio numa pastelaria na outra ponta do país.
Se estava nervosa? Vocês nem imaginam o quanto. Era o meu primeiro estágio,ainda por cima bem longe de casa.E o medo de não conseguir acompanhar o ritmo era gigantesco.
No dia da minha partida para a pastelaria estava animada. Chegando lá ai ficar hospedada num quarto que existia por cima do estabelecimento, pelos vistos os donos tinham mudado de casa então eu ia ficar com o andar de cima por minha conta.
-Boa tarde! Deves ser a nova estagiária.- Um homem por volta dos seus vinte e poucos anos sauda-me,quando sai da carrinha escolar que me levou até ao meu destino.
- Boa tarde, Eu sou Samantha a garota do estágio.-estiquei a mão.-Prazer.
-Eu sou o filho dos donos. -Correspondeu ao cumprimento e logo soltou. -Esta pastelaria e outras nas redondezas estão ao meu cuidado. -apenas assinto confusa,ele nem ao menos me disse o seu nome. -Ah,desculpa. -Riu atrapalhado. -Chamo-me David e vou ser o teu chefe até ao final do estágio ou quem sabe até mais.-sorri e tentei matar a esperança que nasceu em mim de me sair bem e conseguir o trabalho.-Mas vem, vou te mostrar onde vais morar.
Entramos numa porta e subimos poucas escadas ,chegando dentro da casa David mostrou-me o espaço que era composto por uma cozinha,uma sala,dois quartos e uma casa de banho. Mais do que suficiente para me aguentar nos pouco tempo que ia ficar lá .
-Começas os estágio às 5h da manhã,agora deixo-te à vontade, foram muitas horas de viagem deves estar cansada e precisar de um descanso.
O que era verdade. Sentia-me como se vários elefantes estivessem a dançar o limbo nas minhas costas e ombros.
Apenas assenti sorrindo franco e depois de boas noites trocados o mesmo deixou-me sozinha,e eu comecei a busca da casa de banho para poder tomar banho e dormir.
Após ajeitar todos os meus objetos higiênicos, tomei um banho e dei uma escovada nos dentes,segui em direção a um dos quartos que iria adotar e aconcheguei-me na cama. Antes de tudo informei por mensagem a minha mãe sobre a minha chegada e do apartamento, liguei o despertador e deixei-me ser puxada pelo sono, afinal no dia seguinte eu ia começar o dia bem cedo.
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No dia seguinte David apresenta-me à equipa com que vou trabalhar e tenta me acomodar no local, se mostrando muito paciente comigo e ficando do meu lado e ajudando-me em tudo o que necessito.
A cada passar de dia mais as minhas inseguranças se desvanecem e sinto confiança em mim e no meu trabalho.
Aprendo várias coisas novas e até crio algumas amizades.
Contínuo a manter contacto com os meus amigos da turma,onde trocamos várias experiências sobre tudo. A minha mãe insiste em telefonar todos os dias visto que é a primeira vez que fico tanto tempo fora de casa,e por mais que eu reclame ela sabe que isso ainda me dá mais confiança. É importante sentir o seu apoio e receber o seu carinho.
Passou uma,duas semanas e o ritmo continuava o mesmo.
Sem eu desconfiar que numa noite tudo isso mudaria. Uma fatídica noite em que a minha vida virou de cabeça para baixo. O que me aconteceu era narrado todos os dias na televisão, sobre outras pessoas e agora essa tragédia era sobre mim. Narrada por mim. Vivida por mim.
Porque essa era mais uma cicatriz que marcaria a minha pele até o último dia da minha vida.
629 palavras.