Myrella viu a multidão se reunindo próxima ao hall do shopping. Ela se aproximou da sacada, estava andando junto de Scott e Tammy no segundo andar. Sua altura facilitou olhar para a multidão, visto que era mais alta que todos do grupo. Lá embaixo, um homem gritava algo, e era rodeado enquanto o fazia.
-Gente... -Ela chamou. -Tem alguma coisa acontecendo lá embaixo.
Scott se aproximou dela, e olhou.
-É uma briga...? -Ele ergueu a sobrancelha.
-Não. -Tammy falou. -Olhem ali. -Ela apontou para um canto, onde se viam Luci e Olívia.
-Que merda! -Scott bradou. -Vamos atrás delas.
Scott se virou e saiu andando. Alex se aproximou dele, saindo de uma loja de sapatos.
-Alex! -Myrella chamou. -Vamos descer. Rápido.
-O quê? Por quê?
-Tem alguma coisa acontecendo lá embaixo. Vamos!
Os quatro desceram correndo, procurando por seus colegas freneticamente. Enquanto isso, Olívia e Luci corriam, tentando evitar qualquer que fosse o problema. Anne havia disparado em sua frente, e observava para ver se o caminho estava limpo.
-Merda, Oli! -Luci gritou. -Você disse a ele que a Erika tá em casa!
-Ah não! -Olívia gritou. -Eu tenho que voltar e...
-Calma! -Luci respondeu. -Vamos ligar para eles!
-Não dá tempo agora! -Olívia gritou. -Se a gente parar, vão saber onde estamos!
-É...
-Ei! -Tammy gritou para elas. -Escutem!
-Gente... -Myrella disse. -Parem. O quê houve?
-O homúnculo... -Olívia respondeu. -Tinha um na entrada.
-Merda. -Scott falou. -Vocês duas vieram sozinhas?
-A Anne veio com a gente. -Luci disse.
-E cadê ela?
-Anne! -Olívia gritou. -ANNE!
-Calma, não grita. -Scott disse. -Gritar vai atrair atenção. Vamos atrás do resto da galera.
-Isso. -Luci concordou.
-Alex, cadê a Trixie? -Scott olhou para ela.
-Ela ficou na loja lá em cima. Vamos voltar?
-Eu vou lá procurar ela. Procurem na praça de alimentação, devem estar lá em cima.
-Como você sabe disso? -Myrella disse, alarmada.
-A Erine... Deve estar lá. Só vão.
-Fazendo o quê lá!? -Alex gritou.
-Não interessa. Vão. -Scott se virou e correu de volta para as escadas.
-Que estranho... -Luci falou. -Será que...
-Não é. -Myrella falou. -A gente tá junto desde que veio para cá. Ele só tá sendo estranho mesmo.
-Não. -Olívia disse. -É onde a Erine estaria.
-Por quê? -Myrella questionou.
-Ano passado... -Olívia começou a falar. -Niccolo e eu trouxemos o Scott aqui com outros garotos...
Ela contou uma versão resumida do assassinato de Joe.
-Que horror... -Myrella olhou para longe. Talvez Scott não fosse alguém tão ruim. Ter presenciado sozinho a morte de Joe e Niccolo deve ter sido traumático.
-Vamos logo! -Alex gritou. -Cadê o resto!?
Resto? Myrella percebeu que Alex não tinha brilho nos olhos.
-Alex... -Myrella falou baixo. -Quê horas eu cheguei aqui?
-Não sei. Junto com... -Alex sorriu. -Esperta. Muito esperta.
-Merda! -Luci falou.
-Acalmem-se, meninas. -O homúnculo Alex sorriu. -Fiquem calmas e nós vamos poder nos juntar ao grupo. Daqui 40 minutos nós vamos soar o alarme de incêndio, e vocês vão negociar conosco. Encontrem seus amigos e os avisem!
O homúnculo começou a derreter.
-Vamos para a praça, agora! -Luci gritou.
As quatro correram freneticamente escadas acima.
--
Hector e Claire estavam tomando sorvete juntos quando viram Alex e Trixie juntas.
-Oi. -Claire falou.
-Menina! -Trixie riu. -Pegou o bonitão! Isso aí!
Os quatro começaram a rir e conversar. A sorveteria tinha poucas pessoas. Um homem com cabelo grande tomava um milk shake próximo a eles. Ele encarava Hector incessantemente.
Não demorou para Scott chegar correndo até eles.
-Trixie! -Ele bradou. -ALEX!?
-Sim? -Alex se encolheu.
-PUTA QUE PARIU!
-Quê foi? -Hector perguntou.
-Tinha uma Alex com a gente agora e...
-Mas eu tô aqui. -Alex falou.
-É. Parece que ele tá tentando ser pego... -Scott olhou para longe.
-Algo me diz que é bom a gente ficar longe do resto do grupo, né? -Hector sugeriu.
-Sim, é melhor. A gente vai ter que caçar os homúnculos, um por um.
-Não, não vão. -O homem do Milk shake disse. -Crianças idiotas não deveriam falar seus planos assim em público.
-Quem é você!? -Hector assumiu posição de luta.
O atendente da sorveteria de longe avistou a confusão.
-Ei! -Ele bradou, de longe. -Quê confusão é essa?
-Perdão! -O homem gritou. -Vamos, sentem e fiquem calmos.
-O quê você quer? -Hector falou.
-Negociar. -O homem respondeu. -Temos sérios problemas com vocês, Mirai.
-É. Vocês tem sérios problemas.
Hector se sentou em uma das mesas da sorveteria. A sorveteria do Shopping era razoavelmente grande. Atrás deles, plantas decoravam a passagem para o corredor.
As luzes amareladas refletiam nas mesas escuras polidas.
-Muito bem. -O homem disse. -Meu nome é Pingo.
Trixie deu uma risada.
-Pingo? Que nome de mendigo! Até rima!
-Não rima não. -Scott falou.
-O quê?
-Idiotas. -Pingo resmungou.
-Quem é idiota, seu velho de merda? -Scott olhou feio para ele.
Pingo suspirou e colocou o copo vazio em cima da mesa.
-Vocês. -O cabelo grande do homem estava desgrenhado. Sua barba curta e olhos castanhos se curvavam em uma expressão hostil. O nariz fino se curvava facilmente conforme o rosto se movia. -Antes que comece a bancar o macho alfa, saiba que a vida do seu professor tá no fio da navalha.
-Filho da puta! -Hector falou. -Scott vamos aleijar esse bosta!
-Vamos!
-Quietos. -Pingo disse. -Vocês estão sendo vistos pelas câmeras de segurança.
Scott fechou a cara. Ele se controlou e se acalmou.
-E daí? -Hector falou. -Os seguranças não vão ficar do seu lado!
-Os seguranças vão botar pra quebrar em vocês! -Trixie concordou.
-É isso mesmo! -Alex riu alto.
-Parem, imbecis. -Scott falou. -Não são os seguranças.
-Inteligente. -Pingo sorriu. -Esquentadinho, mas a cabeça tá fria e pensando. Impressionante, Scott.
-Como você sabe o nome dele? -Trixie arregalou os olhos.
-O Hector disse. -Alex explicou.
-Convivência com idiotas deixa um homem irritado. -Pingo falou. -Se vocês fossem mais espertos, o Scott seria menos irritado.
-Fala de uma vez o que você quer, seu merda. -Scott falou.
-Quero negociar. Em um período de tempo, vamos acionar o alarme de incêndio. Queremos que quatro de vocês venham com a Gyazom. Dois meninos e duas meninas.
-E o quê vocês querem? -Alex questionou. -Vai vender a gente?
-O Oblivion quer analisar para ver se algum de vocês se enquadra como receptáculo.
-E se a gente não for? -Scott indagou.
-Seu precioso professor vai misteriosamente se suicidar pulando pela sacada do andar mais alto do prédio.
-Merda... -Hector falou.
-É. Vai ser uma merda. Estejam na sacada do último andar quando o sol se por. Tentem alguma gracinha, e vocês vão sofrer as consequências.
-Quem você pensa que é? -Trixie olhou feio a ele.
-Sou Pingo, membro da elite da Gyazom. É melhor correr e encontrar seus amigos, Hector.
-É. Vamos, gente. -Hector olhou feio para Pingo.
Pingo sorriu e fez um sinal de ponteiro correndo com o dedo indicador.
-Claire, por que você ficou tão quieta? -Trixie perguntou.
Claire tremia enquanto olhava para trás.
-Muito assustador... -Ela gaguejou.
-Vamos atrás do pessoal. -Hector falou.
-Cuidado com o quê falam. -Scott avisou. -As câmeras.
-A coisa tá feia. -Alex concordou. -Vamos reunir o grupo.
-Vamos. -Hector falou.
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Max e Sherry estavam abraçados, Heather e Ralf apostavam queda de braço em uma das mesas da praça de alimentação.
-Mas caras, a gente precisa de atenção total! -Zack disse.
-Nada. -David falou. -Vamos só esperar alguma coisa acontecer.
-Voto no David! -Sherry falou. -Quero aproveitar com você, amor.
Ela deitou a cabeça no ombro de Max. Max estava preocupado com David. Se esperasse algo acontecer...
-Não. -Max se levantou. -Eu voto no Zack. A gente não pode ficar parado esperando.
-Ah, quê isso? -David sorriu. -Vamos lá, senta e relaxa!
-A gente precisa procurar a galera. Já é quase noite, e ninguém deu sinal de vida.
-Ele tá certo, gente. -Heather falou. -Ficar esperando vai trazer problemas e... Ah, olha só...
Claire e Hector se aproximavam deles de mãos dadas.
-Uau! -David disse. -Que surpresa! Um total de zero pessoas está em choque aqui!
-Pois é. -Hector sorriu. -E aí, cadê todo mundo?
-Sei lá. -David respondeu.
-Bem, vamos atrás deles. -Claire falou. -A gente não pode ficar parado.
-Foi o quê o Max falou. -Zack disse. -Pelo menos vocês me escutam.
-É claro. -Claire sorriu.
-Mas vai ficar tudo bem comigo aqui. -Hector sorriu.
-Hector... -Zack falou. -Cadê a Glória?
-Quem?
Zack ergueu uma faca de luz que ele havia produzido no meio tempo.
-Farsante! Eu sabia que tinha alguma coisa errada!
-Todo mundo sabia. -Claire disse. -Estavam esperando a gente levar vocês até nosso criador.
-O quê? -Heather disse. -Não, a gente não tava!
-Mas você estragou tudo, Zack. -Hector disse. -Agora não tem como...
-QUIETO! -Zack avançou contra eles e esfaqueou os dois. Os homúnculos começaram a derreter e rir.
-Zack, idiota! -Max gritou.
Pânico se instaurou na praça de alimentação. À distância, pessoas começaram a gritar e correr, crianças começaram a chorar e famílias fugiam, desesperadas.
-PORRA! -Heather gritou. -VAMOS SAIR DAQUI!
O grupo rapidamente correu e se misturou à multidão. Em poucos minutos, o andar estava vazio.
Na sala de segurança, Majoris riu. Ele de pegou um telefone e ligou.
-Miragem, preciso que você encerre as atividades do Shopping aí da sala de controle. Parece que as coisas vão sair mais rápido que o planejado.
Os alto-falantes do shopping se acionaram, e uma voz ecoou deles.
"ATENÇÃO, CAROS CLIENTES, DEVIDO A TUMULTOS CAUSADOS POR UM GRUPO DE JOVENS DELINQUENTES, ESTAREMOS ENCERRANDO A ATIVIDADE NESTE ESTABELECIMENTO POR HOJE. POR GENTILEZA, ENCAMINHEM-SE PARA AS SAÍDAS!"
Vickie e Lincoln sorriram.
-Lin, será? -Ela disse, alegre.
-Sim. É a Hazard, com certeza! Vamos nos esconder e esperar todo mundo sair!
-Nossa, mal posso esperar por isso!
Nathan e Nate, no fliperama, pararam de jogar e começaram a ajudar na evacuação da loja. Enquanto apenas os funcionários ficavam, eles se esgueiraram pelos corredores do shopping, que rapidamente se esvaziaram.
-Nate... -Nathan murmurou. -Tá começando.
-Tá mesmo. Se prepara, maninho.
-Eu tô pronto. Espero que o Jeff também.