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Chapter 89 - O Tratado

No fim da tarde, todos os Mirai se reuniam com Jeff no pátio coberto para contar sobre o plano e o ocorrido com Ralf.

-Caras, a gente precisa ir o quanto antes! -Trixie gritou. -Se pegaram o Julian, então eles podem matar ele!

-Calma, Trixie. -Heather disse. -Pode ser mentira deles.

-É. -Jeff concordou. -Eles podem estar blefando para atrair vocês.

-Mas pode ser verdade também! -Trixie retrucou. -E se for, podem matar o Julian!

-Não vão matar. -Zack disse. -Se fossem, não teriam como atrair a gente.

-E é por isso que nós vamos nos separar amanhã. -Paul disse. -Vamos fazer uns quatro grupos, e cercamos eles.

-E se der errado? -Karen perguntou.

-Então se deixem ser capturados, -Jeff disse. -Depois, se reúnam com Julian e usem o selo de escapatória.

-Boa. -Hector disse. -Amanhã a gente cai na porrada com eles.

-Isso aí. -Zack sorriu.

-Max... -Sherry disse. -Por favor não se machuca.

-Ah gente. -Luci falou. -Vamos todos cuidar um do outro. Eu tô com a impressão de quê alguma coisa ruim vai acontecer.

-Não se preocupem. -Jeff disse. -Eu vou estar lá.

-Meu irmão também. -Nathan sorriu.

-Eu vou ir buscar a Olívia e explicar tudo. -Erine disse. -Jeff pode me acompanhar até a casa da Erika?

-Posso. -Jeff disse. -Alguém quer vir com a gente?

-Eu vou. -Martha disse.

-Eu também. -Karen falou

-Tomem cuidado. -Paul disse. -Se a Luci está com um pressentimento ruim, então estamos em perigo.

-Por favor, galera. -Erine disse. -Pensem positivo.

-Ou calem a boca antes que a Trixie comece a gritar. -Scott disse.

-Sensível igual a uma mula dando coice. -Heather falou. -Vem, Trixie, vamos beber uma água.

-Gente... -Claire chamou. -Amanhã a gente vai estar no shopping quê horas?

-Vamos indo em horário alternado. -Paul disse. -Vão quando puderem ir. Mas não entrem em grupos maiores que três. Procurem alguém por lá, se não encontrarem, fiquem perto das lojas de videogame.

-Fechado. -Zack respondeu.

-Gente... -Erine suspirou. -Tomem cuidado.

-A gente vai. -Hector respondeu.

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Olívia estava jantando naquela noite quando Jeff chegou lá, acompanhado por Erine, Martha e Karen.

Os quatro estavam sentados junto de Erika no sofá.

-Olá. -Olívia acenou.

-Oi, Oli. -Erine sorriu. -Tudo bem?

-Bem, eu espero que sim. Todos vocês aqui significa que algum problema começou. Estão bem?

-Sim. -Erine sorriu.

-Cadê o Gerard? -Karen perguntou.

-Trabalhando. -Erika respondeu.

Olívia ficou aliviada, pois Erika estava sóbria. Normalmente àquelas horas da noite, ela estaria caindo pelos cantos da casa. Eram oito horas.

-Bem, nós estamos com problemas. -Jeff falou. -E viemos convidar você para nossa missão amanhã.

-Missão? -Olívia ergueu a sobrancelha.

-É. -Martha disse. -Um professor nosso foi sequestrado pela Gyazom. Supostamente foi sequestrado.

Olívia ficou alarmada.

-Vocês... -Ela olhou para todos ali.

-O quê? -Erika se arrumou no sofá. -Não vão ir atrás, vão?

-Calma, Erika. -Erine sorriu. -Nós só precisamos que a Olívia envie o Lo Duplo. Ele precisa ir copiando o Jeff.

-Por quê? -Olívia olhou para ela.

-Preciso me fazer de alvo. -Jeff disse. -Mas não quero obrigar você nem nada.

-Certo. -Erika suspirou. -Ela não vai.

-Não? -Martha questionou. -Por quê?

-Eu perdi um filho por causa dessa gente. -Erika engoliu em seco. -Não quero perder minha filha.

Filha. Erika havia, informalmente, adotado Olívia. Olívia era maior de idade, portanto, não precisava disso. Mas o vínculo entre elas era extremamente forte. Ambas se encontraram quando haviam perdido suas famílias.

-Erika, a gente precisa dela. -Karen disse. -Nós vamos proteger ela com nossas vidas, tudo bem?

-Pior ainda! Vocês precisam parar com essa loucura! Vocês podem morrer também!

-Desculpe. -Erine disse. -Nós não vamos insistir.

-Mas como sabem que ele foi sequestrado pela Gyazom? -Olívia olhou feio para Erine. -Você veio aqui e nem disse o quê aconteceu com o professor...

Olívia estava incomodada com aquilo. Ela prometera sair com Anne.

-Calma, Olívia. -Erika disse.

-Por favor, eu explico. -Martha falou. -Podem ficar tranquilas as duas.

Os quatro contaram toda a situação para as duas. Erika franziu a sobrancelha várias vezes. Olívia estava nervosa demais com a situação. Era ele. Hikiro estava atacando.

-Ah, merda. -Olívia começou a andar em círculos pelo meio da casa.

-Tudo bem? -Erika perguntou. Ela se levantou e pôs a mão no ombro de Olívia.

-Não. Eu sei quem é. -Olívia olhou para ela.

-Como assim? -Martha olhou para ela. -Você sabe?

-Sim. É o Hayashi. A gente estudou junto. Ele quem me apresentou a Organização. Ele surtou porquê gostava de mim e eu dei um fora nele.

-Caralho! -Karen praguejou. -Então é melhor você nem ir.

-Eu... -Olívia respirou fundo. -Eu tenho que ir.

-Não! -Erika exclamou. -Não pode ir!

-Erika... Mãe... -Olívia olhou para ela com os olhos marejados. -Eu preciso ir. Só eu posso parar o Hayashi.

-Eu não posso te perder! -Erika a abraçou e começou a chorar.

-Não vai me perder. -Olívia olhou para os colegas. -Ontem à noite, eu trouxe a Anne aqui.

-Oi? -Erine olhou feio para ela.

-A gente decidiu que ia fazer uma busca. Se eu for com vocês amanhã, vou levar ela junto. E também, quando terminarmos de eliminar o Hayashi, vocês vão me ajudar com outra coisa.

-Como assim!? -Martha ficou em pé. -Você quer que a gente aceite isso tudo de bom grado!? Esqueceu o quê a Anne fez!?

-Não. Não esqueci. Mas é por um bem maior.

-O quê você quer? -Jeff se levantou. Ele pôs a mão no ombro de Martha. -Senta, e fica calma.

-Vocês vão me ajudar a encontrar o Jake Ardenbrough.

-O quê!? -Erika olhou para ela. -Como?

-Não sei. Mas vamos achar um jeito.

-Não gosto da ideia de trabalhar com a Anne depois do quê ela fez. -Karen disse. -Se você mantiver ela longe da gente, então eu aceito.

-Ótimo. -Olívia apertou a mão dela.

-Negócio fechado. -Karen disse e sorriu.

-Procurar o Jake é perigoso. -Erika avisou. -Ele sumiu por uma razão.

-Uma razão injusta. -Jeff disse. -Vamos trazer ele de volta e ele vai se redimir dos crimes que cometeu.

-Se ele estiver vivo. -Erika reclamou. -Jake pode muito bem ter deixado esses correios programados.

-Ele pode. Mas precisamos descobrir o quê houve com ele. -Jeff respondeu. -Eu só espero que ele ainda esteja são.

-Ele matou dezenas de pessoas. -Erika falou. -Jake morreu!

-Como você sabe? -Karen perguntou.

-Porquê... -A voz de Erika falhou. -Porquê quando o Joe nasceu, ele foi me ver no hospital. Ele disse que matou nosso pai. Disse tudo o quê ele fez com as pessoas que entraram no caminho dele. E depois de tudo, ele disse que ia matar o Abadom como forma de redenção.

-Abadom... -Jeff coçou a barba. -Que merda. Ele pode ter morrido mesmo.

-Mas não significa que morreu. -Olívia respondeu. -Vamos investigar isso a fundo.

-Concordo. -Jeff disse.

-Gente... -Erika se sentou. -Parem com isso. Por favor.

-Desculpe, Erika. -Jeff olhou para ela. -Mas isso tudo é por um bem maior.

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Naquela tarde de novembro, o vento uivava, e uma tempestade desabava sobre o mundo. Olívia estava sentada no sofá da sala assistindo desenhos. Sua casa era luxuosa e bonita, as paredes eram bem pintadas, tudo de última geração, comida boa, conforto e segurança eram o lema de seu pai.

Ela o odiava, no entanto. Olívia perdera a mãe aos onze anos, quando um dos inimigos de seu pai tentou matar as duas. Caimán surgiu e a protegeu, eliminando o homem. Seu pai a admirava por isso, mas demonstrou pouquíssimo luto pela perda da mulher.

Ela vivia com seu pai e suas empregadas. Ele acreditava que homens não deveriam trabalhar dentro de casa, e que limpeza era um trabalho unicamente feminino. Ele detestaria conhecer Hayashi.

Hayashi era o único amigo dela, e com razão. Ela detestava os outros adolescentes, e vice-versa. Mas Hayashi simplesmente não dava motivos para ser odiado. Ela odiava todos que o odiavam.

Mas logo ela perceberia que o ódio que Hayashi recebia o tornava lentamente em um monstro. Naquela semana, ela percebeu que um dos garotos de sua turma estava agindo estranho, ele parou de rir, de zoar e de chamar a atenção durante a aula.

Trent, era o nome dele. Trent era o principal inimigo de Hayashi: valentão e racista. Trent constantemente ridicularizava Hayashi, constantemente assediava Olívia. Algumas das pessoas simplesmente ignoravam aquele fato. Olívia não pediria ajuda ao seu pai, independente do que Trent fizesse.

Hayashi, no entanto, começou a mudar ao longo do tempo. No início, ele se enfurecia com as piadas de Trent. Depois, ele começou a falar sozinho após ver Trent, ele dizia coisas como "Ele vai ver quem é igual a todo mundo". Trent achava engraçado o nome "Hikiro" e acabou apelidando Hayashi assim. Ele dizia que todos da mesma etnia de Hayashi eram "Hikiros" os chamava de "todos iguais", e sempre que podia, batia em Hayashi para deixar marcas, porquê, segundo ele, Hayashi devia ter uma família de gente igual a ele, e sempre revezavam a ida à aula. No dia seguinte, ele conferia se Hayashi estava marcado.

Trent naquele mês estava aparecendo mais tarde no colégio, ele falava coisas estranhas e murmurava consigo mesmo o tempo todo. Ele estava convicto de quê sua família fora substituída por bonecos. Olívia achava aquilo ridículo. Mas ela sentia um fundo de incômodo: Hayashi era um ótimo artista, ele desenhava bem, pintava bem, e fazia esculturas muito bem.

Naquela tarde, noticiário, Olívia soube da prisão de Trent. O garoto foi levado para um asilo psiquiátrico por uma simples razão: saiu na rua gritando socorro após sua mãe ter derretido.

No fim, sua família estava tranquila fazendo compras, e o garoto estava à beira da loucura. Meses e meses com a teoria conspiratória de quê falsos bonecos estavam tomando o lugar de sua família. Totalmente louco.

Mas quando viu aquela notícia, ela não sentiu pena. Trent era um lixo de pessoa. Ela se sentiu apenas aliviada. Mas ainda assim, Hayashi prometera que Trent veria quem era igual a todo mundo.