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Chapter 88 - Os Homúnculos

Enquanto o grupo debatia na sala da pedagogia, Max e Sherry estavam sentados em um canto do pátio. Sherry chorava.

-Sherry, por favor, para. -Max estava com os olhos marejados. -Meus amigos precisam de mim.

-Eu também preciso. -Sherry soluçou. -Eles são mais importantes que eu?

A voz dela falhou. Max baixou o olhar. Joe morreu por eles, em prol dos Mirai. Erine, apesar das objeções no início, lutou junto deles. Por que Sherry era diferente assim?

-Você importa mais quê qualquer um. -Lágrimas rolaram pelo rosto de Max. -Ano passado meu amigo morreu e eu não pude fazer nada. Eu não posso deixar mais ninguém morrer assim.

Sherry olhou para ele, com o rosto vermelho. Max entendia ela, seus sentimentos de impotência com relação à decisão dele.

-Max... -A voz dela falhou.

-Eu não posso te prometer que vai ficar tudo bem. Não posso. Mas eu vou tentar. Eu te prometo que eu tento.

-Não, amor. -Ela deitou a cabeça no ombro dele. -Não tenta nada, por favor. Só me promete que vai ficar bem.

-Sherry... -Max olhou para longe. No pátio do colégio, alunos jogavam jogos e corriam pelas quadras. -Eu vou ficar bem. Eu te prometo.

-Eu te amo. -Sherry respondeu.

Julian saiu da sala da pedagogia. Ele caminhou até a sala dos professores. Ele parecia mais calmo. Alguma coisa estava acontecendo.

Scott saiu da sala, e olhou para longe. Ele então olhou para Max e Sherry.

-Ué? -Ele disse. -Max, o Julian falou com você?

-Não. -Max respondeu, tentando manter a voz serena.

-Merda. -Ele olhou para a sala dos professores. -Sherry, vai para a nossa sala e vê os cadernos do Ralf. Max, eu acho que aquele não é o Julian.

-O quê? -Max olhou para ele. -Como?

-Ele disse que ia falar com vocês. -Scott franziu o rosto. -Ele tá fazendo algo estranho.

-Merda... -Sherry se levantou. -Eu vou subir.

Ela correu para a sala, enquanto Scott e Max foram atrás de Julian. Nathan, Hector e David saíram atrás deles.

-Ele é falso? -Nathan perguntou.

-Deve ser. -Scott olhou em volta. Os alunos de sua turma haviam em sua maioria sido liberados, pois o incidente levou a uma enorme comoção. Na diretoria, pais de alunos gritavam, professores e funcionários do colégio discutiam. -Mas tem chance de algum impostor estar lá também.

-Eu vou lá. -Nathan disse.

-Vou atrás do Zack. -David disse. -Se alguma merda acontecer com ele, ele vai precisar de ajuda.

-E eu... -Hector coçou a cabeça. -Acho que vou avisar a galera da minha turma.

-Hector, vai ver a Sherry! -Max disse. -Rápido! Ela foi para minha sala!

-Beleza! -Hector correu para o prédio.

Max e Scott se dirigiram à sala dos professores. Lá dentro, Julian estava parado, olhando para a porta.

-Olá. -Ele disse.

-Quem é você!? -Max gritou.

-Eu? -Julian sorriu. -Sou o Julian.

-Não, não é. -Scott falou.

-Sim, eu sou. Não o Julian que vocês conheceram. Meu criador, Hikiro, me mandou para cá.

-Como? -Max bradou. -Cadê o Julian!?

-Julian foi pego. Nós tomamos ele. Soltamos um mutante na rua do Ralf, e o resto... Vocês sabem.

-Filhos da puta! -Max ficou em posição de luta. -O quê você quer!?

-Queria espionar vocês. Sabe, nós precisávamos chamar sua atenção. Agora, eu acho que vocês precisam ficar cientes de algumas coisas.

-Vocês também vão precisar. -Scott disse. A Marca Etérea se espalhou por seu corpo.

-Scott... O garoto que enfrentou Atlas de frente. Curioso. Achei que fosse maior. -Ele riu. -Entenda, tudo isso foi previsto e preparado por nós. Hikiro, meu criador precisou apressar as coisas depois da morte do Crash.

-Quantos de vocês têm aqui!? -Max gritou.

-Tinham dois. -Julian sorriu. -Ralf e eu. Nós homúnculos não duramos muito tempo. Mas agora estamos de olho em vocês. Nos próximos dias, Majoris virá dar oi a vocês. Tenham certeza de que serão meninos calmos, pois a equipe dele é muito superior à Equipe Lótus. Estejam no shopping de Gardeville amanhã, e poderão ter seu amado professor de volta.

Julian riu, e então derreteu.

-Puta que pariu! -Max gritou.

-Vamos atrás dos outros! -Scott bradou. -Agora!

Sherry e Hector chegaram ao pátio no junto dos dois.

-O caderno não tinha nada! -Sherry gritou. -Julian mentiu!

-Não era o Julian. -Max falou. -Ele disse que era outra coisa.

-O quê? -Hector ergueu a sobrancelha.

-Um farsante. -Scott respondeu. -Ele parece com Lo Duplo.

-Quem? -Max olhou para ele.

-Aquele negócio que a Olívia invoca. Ela falou dele algumas vezes.

-Cacete, é verdade! -Max olhou para Hector. -Ele disse que foi enviado por um cara chamado Hikiro, e eles pegaram o Julian.

-Pegaram? -Sherry ficou alarmada. -E agora?

-Agora a gente vai ter que achar ele. E rápido. -Scott falou.

Nathan chegou correndo, Starla seguia ele.

-Meninos! -Ela exclamou. -O quê houve? Cadê o Maurice?

-Sendo um inútil. -Scott respondeu. -A Elaine pelo menos estaria aqui.

-Scott! -Starla arregalou os olhos.

-Professora, o Julian tá em perigo. -Max falou. Ele contou sobre Hikiro e os homúnculos. -Amanhã, a gente vai se encontrar no shopping. Vamos tentar levar a Olívia e aí a gente procura alguma resposta.

-Então a gente faz o quê? -Nathan perguntou.

-A gente ataca eles direto. -Hector respondeu. -Se o seu irmão e o Jeff forem junto com a gente...

-Então a gente tem vantagem. -Starla respondeu. -Eu vou levar o Nosferatu. Vou cuidar dele e da Sherry se ela for junto. Precisamos da Trixie também.

-É muita gente. -Scott respondeu. -Vão perceber fácil.

-Vamos ter que nos dividir em grupos. -Hector explicou. -A Erine e a turma dela vão ter que ir também. Só precisamos estar dentro do Shopping lotado. Talvez todos estejam prontos amanhã.

-A Olívia pode evacuar de novo aquele lugar. -Max falou. -Se fizer, aí a gente consegue se ajudar.

-Isso. -Scott disse. -Vamos atrás da galera, e vamos ter que evitar se agrupar. Zack vai ter que fazer um plano. E eu espero que a mãe dele não se meta lá.

-Vamos com calma, gente! -Starla disse. -Uma coisa de cada vez! Vamos primeiro nos encontrar lá. Evitem ir de manhã cedo, vamos de tarde.

-Isso. -Hector disse. -Vamos dar um jeito de achar o Julian.

-E de sobreviver quando o Jeff pegar aqueles merdas. -Scott falou.

-Parece um bom plano. -Nathan disse. -Vamos todos nos separar e então cercar eles.

-Mas tentem não se meter em perigo. -Starla disse. -Vamos pegar o Julian e sair, o Nosferatu pode ajudar a gente a descobrir quem é que está atacando.

-Ótimo. -Hector respondeu. -Eu só espero que o inimigo não seja forte como o Crash era.

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Julian acordou na pequena sala escura. Ele estava sentado amarrado em uma cadeira. Sua cabeça doía.

-O quê...?

-Calma, garotão. -Uma voz disse. -O Miragem teve que usar uma forcinha pra te apagar.

Julian olhou em volta. Ele viu um corpo caído no chão. Era um guarda. Suas costas tinham um ferimento bizarro, como se alguém houvesse passado algo enorme por ele de maneira que desmanchasse sua carne.

-Quê merda é essa? Quem é você...?

Sua visão tremeluziu, e um homem surgiu do nada, como se tivesse saído de uma miragem.

-Meu nome é Majoris. Eu sou um representante da organização não governamental Gyazom. Prazer.

-Merda...

-Calma, rapaz. Me escute, eu só quero conversar com você. -Majoris se aproximou de Julian, que pôde vê-lo.

O homem era baixo, careca e branco. Seus olhos azuis encaravam Julian. Uma capa amarela estava presa em suas costas.

-Conversar? Vai me pagar uma cerveja?

-Eu posso. -Majoris sorriu. -Venha, vamos sair daqui.

As cordas de repente se soltaram. Foi como se algo houvesse cortado elas atrás de Julian.

-Tem mais alguém aqui? -Julian estava alarmado. Ele sentia uma presença sinistra ali.

-Sim. Meu colega Blecaute está aqui conosco. Mas não tente nada. Ele é meio violento, pode acabar te matando. -Majoris se aproximou de Julian e tocou sua testa. -Bem, agora não vai mais tentar. Todos que eu toco começam a se mover como uma marionete minha. Tente gritar ou avisar alguém, e eu vou te suicidar.

Julian sentiu seu corpo se levantar calmamente. Ele se pôs em pé, e caminhou em direção à saída da sala, seguido por Majoris.

-Filhos da puta, o quê vocês querem com meus alunos!? -Julian gritou.

-Oblivion quer eles. -Majoris falou num tom debochado. -Se você se comportar, vai conhecer ele logo, logo.

Julian ficou ainda mais alarmado. Se Oblivion viesse, então não haveria escapatória.

-É lógico. Ele vai mesmo vir? -Julian pensou em alguma saída. Se Majoris o fizesse se jogar de um lugar alto, então ele poderia usar seu poder para desacelerar a queda.

-Vai. Por que eu mentiria sobre isso? -Majoris disse.

-Não sei. Mas se ele vier, eu quero ter uma conversinha com ele. -Julian olhou feio para Majoris. Ele percebeu que estavam agora aparecendo no shopping de Gardeville.

-Ah você com certeza vai ter. -Majoris sorriu. -Mas é melhor saber pensar no quê falar para ele. Oblivion pode ser bondoso, mas se você irritar ele...

-Já sei.

-Que ótimo. Agora, seja legal, e vai fazer tudo do jeito que eu pedir. Vamos tomar uma cerveja, e vamos apenas esperar até amanhã aqui no shopping. Beleza?

-Beleza. -Julian suspirou. Alguma coisa estava muito errada. -O Oblivion vem amanhã?

-Não sabemos ainda. Mas os Mirai vêm. Eles decidiram se reunir aqui amanhã, e então nós vamos conversar todos juntos, como bons e educados camaradas.