Sábado de manhã, os Mirai estavam reunidos no shopping. Lucielle havia programado aquela saída na semana passada, antes de tudo acontecer.
Scott e David chegaram depois de Hector, Max e Zack. Nathan também estava lá. Erine, Paul, Matt, Martha e Karen estavam sentados, juntos, na praça de alimentação.
-Ah, meninos! -Erine corria e abraçava cada um deles quando chegavam.
-Oi, molecada. -Paul sorriu. -Vocês sempre terminam lutando sozinhos.
Matt riu.
Ele fez alguns sinais com as mãos.
-Ah, que grande noite. -Max suspirou. -Parece que aconteceu faz muito tempo.
David olhou em volta.
-Ei, galera, cadê a Anne? Quero dar um abraço nela!
-É... -Karen coçou a cabeça. -A gente meio que brigou.
-Brigaram com ela!? -David indagou.
-Sim. Ela fez uma coisa horrível. -Martha suspirou.
Hector se lembrou de Axel no dia anterior.
-É... Ela fez por mal? -Ele questionou.
-Óbvio que não! -David disse.
-Ela disse que foi por amor. -Erine falou.
-Amor!? Mas e eu!? -David gritou.
-Cala a boca, seu imbecil. -Scott deu um tapa em David.
Erine contou aos meninos o ocorrido e como as duas brigaram.
-Ah... Merda. -David suspirou. -Karen, você tá soltei-Scott deu outro tapa em David.
-Chega, caralho!
-Qual é? É brincadeira!
-Você vai brincar de tomar porrada se falar mais merda.
-Chega. -Erine disse. -Scott pare de bater nele, e David, por tudo que é mais sagrado, para de ser assim. Nenhuma mulher gosta de ser tratada assim.
-Mas... -Ele olhou para Scott, que estava pronto para outro golpe.
-Mas então... -Hector suspirou. -Bem, acho que a gente devia falar com ela. Talvez algum outro dia, quem sabe?
-A gente vai lá depois de conversar aqui. -Scott disse.
-Scott... -Zack começou. Ele se lembrou da conversa deles no dia anterior. "Queria ser como o Hector...". -Ele tá certo. Eu vou com ele lá depois.
Scott sorriu.
-Já quero ir. -David disse. -Mas ei, você não vai ficar brava, vai, Erine?
-E se eu ficar? -Erine olhou para ele.
Scott olhou para ela com um olhar sanguinário.
-Não é meu problema. -Scott disse.
-Ei, carinha, calma. -Paul riu.
-É melhor não brincar com o Scott. -Erine riu.
-Que homem bravo. -Karen sorriu. -Não briga com a Erine, por favor. Fala pra Anne vir pedir desculpas, ela vai te obedecer...
-Karen! -Martha gritou. -Não fala isso! Que horror!
-O quê? -Scott ergueu a sobrancelha.
-Scott, não queira entender isso. -Paul riu.
-Acho que é uma piada meio duvidosa. -Nathan falou. Ele e Max estavam mais distantes do grupo naquele dia, pois estavam discutindo com Luci. -Sei lá, olha a cara deles...
Karen ficou vermelha.
-Espera, como você... -Scott ergueu uma sobrancelha. -Não, quer saber, foda-se.
-É, gente, acho que é hora da gente parar com esses assuntos. -Martha disse. -Hoje é sábado, vamos nos divertir!
-Vamos! -Hector exclamou.
-Esperem. -Erine interrompeu. -Antes disso, vocês vão contar tudo o quê aconteceu lá. Quero saber tudo. Contem e venham comer.
Os seis se sentaram com o grupo de Erine, e começaram a contar sobre o ataque da Gyazom. Contaram sobre Hector, Nosferatu e Axel. No entanto, eles não falaram sobre o espírito de Joe, o quê parecia muito errado de se fazer. No fim, Erine comemorava.
-NOSSA! FINALMENTE, HECTOR!
Ela pulava e batia palmas. Ela abraçou Hector.
-Então é isso. -Luci disse. -O plano deles parece ser a causa dessa falha no tempo. Vocês realmente são nossa única esperança, meninos.
-Valeu. -Hector sorriu. -Bom, precisamos agora só moer aqueles caras na porrada que tudo fica tranquilo. E não se esqueçam, se alguém encontrar o Ninguém, não deixem ele falar nada, deitem ele no soco.
-Pode deixar, chefe! -Paul bateu continência, junto de Matt.
O grupo riu.
-Bem, eu não tenho ideia de como vencer esses caras com esse "poder supremo". Mas podemos roubar esses objetos aí antes deles. -Luci falou.
-Não. -Zack respondeu. -Se a gente pegar antes deles, eles vão vir atrás. E aí...
-Aí fudeu. -Scott disse.
-Mas, a gente pode destruir esses objetos. -Zack falou. -E aí não tem como eles conseguirem!
-É a melhor ideia que a gente tem. -Hector disse.
-Vamos esconder os objetos em Arcádia, e lá a gente joga eles no mar. -Erine falou. -Acho que soda cáustica não derrete eles, então basta jogar no fundo do mar que tudo fica bem.
-Um plano B interessante. -Zack riu. -Só armar mais uns dois...
-E aí a gente vence essa guerra. -Max disse. -Vamos achar esses objetos, tomar eles e se livrar para sempre. E aí, quando a Gyazom perguntar, a gente arrebenta eles.
-Perfeito. -Nathan disse. -Na próxima vez, não vai ter conversa nem defesa pessoal. A gente vai cair matando.
-Isso aí! -Karen gritou.
-Eles vão se arrepender de mexer com a gente! -Erine riu.
-Bem, chega de conversa! -Paul falou. -Acho que é hora de se divertir!
-É isso aí! -Hector comemorou.
Naquela tarde, eles se divertiram, e muito. Foram ao fliperama do shopping, viram lojas videogames, de livros, e, ao fim da tarde, quiseram ir ver um filme. Scott, Hector e Zack, no entanto, não foram. Ao invés disso, eles foram até a casa de Anne, vê-la. Quando chegaram lá, foram recebidos por uma mulher sorridente.
-Olá, meninos, posso ajudar? São novos vizinhos na área?
-Oi, eu sou o Hector! -Hector sorriu. -Esse é o Zack e esse o Scott. Somos amigos da Anne.
-Amigos? Vocês são tão novinhos! Entrem, entrem. Eu sou a Lurdes, mãe da Anne.
Os três entraram, e andaram pela casa. O visual da casa não combinava com Anne em nada. Lurdes os levou ao quarto de Anne.
-Oi, querida, você tem visita! -Lurdes bateu na porta. Sem resposta. -Ela brigou com as meninas. Acho que vocês sabem. Ela não fala com ninguém desde ontem.
-Deixa. -Scott falou.
-Podemos entrar? -Hector bateu na porta e perguntou. -Se não responder, vou entender como um sim.
Nenhuma resposta. Hector abriu a porta. Os quatro entraram.
-Meninos, eu acho que... -Lurdes começou.
Anne estava deitada na cama, em silêncio.
-Ei, Anne, acorda. -Hector chamou. -Somos nós, tudo bem.
Ele pôs a mão no ombro dela.
-Oi, filha. São seus amigos. -Lurdes chamou. -Você quer conversar com alguém hoje?
-Anne! -Zack chamou. Ele ficou preocupado com aquilo. Anne não respondia. -Ei, acorda!
Scott parou ao lado da cama.
-ACORDA, PORRA! -Ele deu um chute na cama.
Anne deu um pulo. Ela estava com o olhar abatido. Ela tirou o cabelo do rosto.
-O quê... O quê vocês três estão fazendo aqui? Quê dia é hoje?
-Sábado. -Scott respondeu. -A gente voltou antes da hora.
-Mas... Por quê? -Ela se sentou.
-Fomos atacados. -Hector falou. -Passou na tevê e tudo.
-Ah, céus, eu vi tudo no jornal! -Lurdes falou. -Vocês estão bem?
-Sim. -Hector sorriu. -Nós estamos muito bem!
Ele estava mentindo, e era evidente. Anne e Lurdes perceberam aquilo.
-Eu... Eu fiz uns biscoitinhos hoje. A Anne não quis comer, mas eu fiz mais e mais. Tem muitos aqui. Vocês querem?
-Claro! -Hector sorriu. -Eu posso ir com a senhora buscar?
-Por favor. -Lurdes sorriu. -Vamos lá.
Zack olhou para Anne.
-Então... -Ele coçou a cabeça. -A Martha, né? Eu acho que... Sei lá. Não sei o quê dizer.
-Não devia dizer nada. -Anne baixou a cabeça. -Eu sou um monstro.
-Você só fez merda por causa de mulher. -Scott virou o olho. -O David faz isso toda hora.
-Ele nunca mandou ninguém pro médico... -Zack resmungou.
Scott olhou feio para ele.
-Não. Mas eu vou acabar mandando ele se ele fizer mais merda.
-Ah. Vou ficar quieto. Desculpa. Eu vou ajudar o Hector. Tchau.
-Tá.
-Ei, moleque. -Anne olhou para ele. -Por que você veio? Veio me dizer que tudo bem, não fiz nada de errado e que mereço perdão?
-Não. -Scott se lembrou de como Crash morreu, segundo Hector. Crash não morreu pedindo perdão. Ele morreu em redenção. -Você fez uma cagada imensa. Agora todo mundo está bem. Mas você não precisa de perdão. Isso você já tem. Você precisa de redenção.
-Redenção?
-É. Sabe o quê é isso?
-Sei. É só... Você fala bonito. Achei que você era mais bruto nas palavras.
Ela deu um fraco sorriso.
-Você tem que beber água. Parece uma múmia. Sério, para de drama e vai tomar um rumo. Se você ficar chorando aí, vai todo mundo te esquecer.
-Mas...
-Mais nada. Vai logo.
Anne se levantou da cama e foi à cozinha.
Scott foi logo após. Ele não entendia o porquê de Karen mais cedo ter tratado aquilo como uma piada. Mandar Anne fazer as coisas foi bem efetivo. Parecia uma ótima forma de tratar as coisas.
Ele chegou na cozinha, e viu os amigos comendo biscoitos com Lurdes.
-Quer? -Hector perguntou.
-Sim. -Ele pegou alguns biscoitos, e comeu.
Anne veio até eles e comeu também.
-Está melhor? -Lurdes perguntou.
-Um pouco. -Anne falou. -Eu acho que precisava ouvir... Algumas verdades.
Ela olhou para Scott e sorriu.
Hector sorriu também.
-Scott é bom com as palavras. -Ele riu.
-É. No final, o Scott diz umas verdades duras, mas é pelo nosso bem. -Zack riu.
-Então você é bem parecido com a Anne. -Lurdes sorriu.
-É. -Anne concordou. -Acho que vou tomar um banho. Obrigada, meninos. Quando puder, eu saio com a galera de novo.
-Ótimo. -Scott suspirou.
-Qual é o segredo pra fazer ela te escutar? -Lurdes perguntou.
-Nenhum. -Ele pensou por um tempo. -Todo mundo me escuta quando eu falo. Então sei lá.
-O Scott tem um personalidade meio... Forte. -Zack sorriu.
-Até a cabeça-dura da Anne escutou ele. -Lurdes sorriu. -Acho que ele sabe bem do quê tá falando.
-É. -Scott sorriu.
Os quatro riram e conversaram por algumas horas após aquilo. As coisas não voltariam a ser como eram antes, mas ao menos poderiam ficar bem dali para frente, enquanto estivessem juntos.