-E então, o quê planeja? -Julian encarou Crash.
-Eu planejo levar os Mirai para o Doutor.
-Por quê?
-O Doutor acredita que esses meninos saibam muito mais do quê realmente aparentam.
-Ah eu sei de muitas coisas. -Scott disse.
-Do quê você sabe? -Zap olhou para ele, sério.
-Sei onde sua mãe estava ontem de noite.
Zap arregalou os olhos.
-Mas que merdinha!
Zeta e Theta riram descontroladamente.
-Cara, essas crianças são hilárias!
Apesar dos risos, a morte de Trevo deixara todos abalados.
-O quê isso quer dizer? -Julian indagou. -Acha que eles têm alguma resposta que seu Doutor não conseguiu!?
-Exatamente. -Crash olhou para as crianças. -Perceba, eles de repente estavam no caminho de Niccolo no exato momento em que Niccolo havia traído a organização. Acho que você sabe que tem coisa aí.
-Não tem! -Zack gritou. -A gente só achou estava no lugar errado, na hora errada!
-Entendo. -Crash suspirou. -Mas se é assim, então vocês podem apenas dizer ao doutor. Eu mesmo vou proteger vocês lá. Que tal?
-Você acha que eu vou acreditar nisso!? -Hector indagou. -Nosso amigo morreu por causa de um de vocês! Ele não tinha feito nada!
-Eu soube disso. Joe Ardens. Pobre menino. Eu queria pedir desculpas a vocês por isto, mas não se faz esse tipo de coisa.
-Que bom que você sabe!
-Hector... -Julian começou.
-Não! Eu sou o líder dos Mirai! Eu cansei de fugir e me esconder de vocês! Se você quer alguma coisa, fala na minha cara!
Crash olhou para ele e se aproximou.
-Ah, você? Entendido. Que tal se a gente negociasse, Hector?
-Hector, não! -Julian gritou.
-Hector, não faça besteira! -Starla gritou.
-Negociar o quê? -Hector encarou Crash.
-Sua liberdade. -Ele olhou para as crianças em volta.
-Minha... Não! Não vou abandonar meus amigos! Eu... Eu vou acabar com você!
-Interessante. -Crash sorriu. -Você daria sua vida para salvar eles?
-SIM!
-SEU COVARDE! -Starla gritou.
-Neste caso, eu posso soltar seus amigos. -Crash falou. -Basta vir só você comigo.
-Nossas ordens foram... -Lótus começou a falar.
-Cale a boca. -Crash interrompeu. -A escolha é sua, Hector.
-Eu... -Será que aquilo era real? Se fosse mesmo, então ele podia salvar seus amigos. -Eu... Aceito.
-Ótimo. -Crash sorriu. -Lótus, quando o Trincheiro chegar, avise ele, e solte os colegas do Hector.
-Crash...
-Eu te dei uma ordem. É melhor fazer o quê eu falei.
-Eu sou quem dá as ordens aqui! -Lótus gritou.
-É? Se eu te matar aqui, quem vai dar as ordens?
Ela se encolheu.
-Crash... Você ficou louco?
-Sempre fui.
-Merda...
-Hector, não! -David disse.
-Cara, que ideia de merda! -Max falou.
-A gente nem sabe o quê eles vão fazer com você! -Zack gritou. -E se te matarem!?
-Porra, Hector, ajuda, cara! -Nathan falou.
-Que merda! -Claire gritou. -Não faz isso!
-Hector... -Scott olhou para ele. -Você vai se sacrificar assim por nós... -Ele olhou para Crash. -Eu vou junto com você.
-O quê? -Starla gritou.
-Scott... -Hector sorriu. -Você é louco.
-E por que eu deveria levar os dois? -Lótus olhou para eles.
-Porquê eu vou ajudar o Hector. Alguém precisa proteger esse idiota. -Scott riu.
-Scott, não! -Ralf gritou.
-Scott, sim! -David riu. -Agora eu tenho mais fé que vocês vão voltar.
-É! -Max sorriu.
-Merda! -Zack gritou. -Vocês vão morrer! Só vocês dois não vão aguentar toda a Gyazom!
-Por isso eu vou com eles! -Nathan exclamou.
-Ótimo! -Hector se esticou nas amarras. -Nós três aqui vamos fazer uma visitinha para o Doutor.
-NÃO! -Zack gritou.
-Vocês são uns idiotas! -Heather gritou. -Isso não é uma brincadeira!
-Não mesmo. -Hector olhou para ela. -Claire, você consegue cuidar deles enquanto eu fico fora?
-O quê...? -Claire estava boquiaberta.
-Eu cuido! -Max gritou. -Podem ir que eu cuido!
-Crash! -Hector gritou. -Estamos prontos!
-Não, eles não estão! -Julian gritou. -Eu só aceito se eu for junto!
-Fica quietinho aí, Julian. -Scott falou. -Você não tem nada a ver com isso. Eu quem decido o quê eu quero.
-Scott, para! -Trixie gritou. -Por que você é tão metido assim?
-E então, está decidido? -Crash perguntou.
-Sim. -Scott, Hector e Nathan disseram juntos.
-Lótus, desamarre os três. O sol está quase se pondo. Eu diria que apenas uns quinze minutos até o Trincheiro chegar.
Os três ficaram ali, esperando para ser desamarrados enquanto o restante dos amigos protestavam. Max estava quieto, assim como David. David calmamente soltava faíscas elétricas, queimando lentamente a corda e se soltando.
James fazia a mesma coisa. Zeta observava enquanto ele se esforçava.
-Assim que ele aparecer, nós vamos ir. -Lótus disse. -É bom que não tentem nenhuma gracinha.
Os três ficaram ali em pé, ao lado de Lótus.
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-Ótimo, doutor, estou pronto. -Trincheiro disse.
-Muito bem. -O doutor olhou para ele. -Assim que todos se reunirem, traga-os para mim.
-Sim senhor.
-Olá. -O garoto de capa marrom se aproximou deles enquanto conversavam.
-Olá. -Trincheiro sorriu para ele.
-Nem tente. -O doutor virou o rosto para o garoto, o fitando com seus olhos brancos. -Eu já disse, você vai em alguma missão quando for mais velho.
-Sim senhor. -O garoto sorriu. -Eu vim aqui para ponderar sobre aquelas máquinas quebradas no laboratório. Eu não consegui consertar o produto danificado que o senhor me deu.
-Que pena. Tente ajudar algum dos outros cientistas, talvez haja alguém precisando de ajuda por aí.
-Eu tentarei, doutor. Mas antes, eu vim ao senhor para passar q informação de que o Hikiro estava solicitando uma análise no projeto dele. Ele informou que os clones estão quase prontos. O senhor precisa avaliar eles.
-Ah, o Hikiro. -O doutor sorriu. -Obrigado por me avisar. Trincheiro, pode ir.
Trincheiro deu um pulo no ar, e seu corpo se torceu em um vórtice. O garoto deu um pulo na direção, e largou sua capa. Os dois foram engolidos pelo vórtice em uma questão de segundos.
O doutro parou, observando aquilo.
-Ah, garoto. Eu esperei demais de você. Uma pena.
Ele não se importou tanto, afinal, todos os dias, algum aprendiz deixava a organização, e ele não causaria um desastre, como Niccolo fez.
O doutor jamais entraria em pânico como quando Niccolo escapou. Dessa vez, não mandaria um assassino atrás dele.
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Trincheiro saiu do vórtice na frente do Campo Mera. A viagem durou apenas dois segundos. Ele viu o garoto ao seu lado.
-Ah, moleque, que merda. Por que você veio?
-Eu quero ver a missão com meus próprios olhos. Quero ver Crash, quero ver Lótus e os Mirai.
-Beleza. Pode vir. Mas fica junto de mim, se você se perder, todo mundo vai se ferrar.
O garoto sorriu.
Foi a primeira vez que Trincheiro viu ele sorrindo. O cabelo e os olhos castanhos do menino brilhavam refletindo a última luz do dia.
-Não se preocupe. Eu estarei de volta junto com você. Agora me mostre.
Crash e Lótus estavam ali, com três meninos entre eles. Trincheiro se aproximou. Atrás deles, um grupo de aproximadamente 30 pessoas amarradas estava gritando e xingando.
-Lótus. -Trincheiro olhou para ela e acenou. -Crash. E vocês três... Os Mirai?
-Sim. -O menino do meio disse. -Meu nome é Hector. Eu sou o líder dos Mirai. Estes são Scott e Nathan. E você?
-Eu sou o Trincheiro. Parece que você decidiu vir conosco. Que bom. Eu só me impressiono que tenham três apenas. Vocês são tão poucos assim?
-Não. -Crash respondeu. -Mas esses três concordam em ir para uma entrevista com o doutor.
-Sei. Bem, juntem a equipe, e nós vamos todos pular para a viagem até a base da organização.
-Certo. -Lótus disse. -Juntem-se!
O grupo começou a se juntar.
-Trincheiro... -Hector olhou para ele. -De onde vem esse nome?
-Eu me teleporto. Sumo como um soldado adentrando em uma trincheira. É isto.
-Ah, eu esqueci. -Lótus falou. -Trevo está morto.
-O que? -Trincheiro ergueu a sobrancelha. -O quê houve?
-Ele irritou o Crash quebrando o código de honra.
-Ah. Que bom que o Crash já resolveu o problema.
-É.
-Muito bem, agora que estamos todos prontos, vamos. -Trincheiro disse. -Quando chegarmos lá, vou mandar alguém para desamarrar essas...
-AGORA! -Hector berrou.
Hector e Nathan seguraram em Scott, que libertou uma onda de choque. Sua marca Etérea surgiu, e ele lançou ondas elétricas contra o lado com Crash e Lótus. Crash rolou pelo chão, o pânico espalhado pelos membros os fez sair de formação.
David se levantou, livre de suas amarras. Ele correu e começou a afrouxar as cordas de todos, que logo se levantaram. Zack se ergueu com uma lança de luz, e cortava, junto de Heather, que arrebentava as amarras usando seus punhos de pedra.
Crash pulava em círculos, esquivando de Scott. Lótus correu, e foi na direção dos alunos. O homem que atacou James anteriormente a puxou, e todos se reorganizaram. Os estudantes se postaram em pé, Julian, Anny, Andros, Sonia e Starla se colocaram à frente.
-Caras, vocês três são loucos! -Julian riu.
O vento de Max preencheu o campo. Uma onda de ar circulou seus punhos. Nathan rugiu, e sua aparência se transformou.
-É hora do segundo round! -Hector sorriu.
Zap riu.
-Muito bem! -Ele disse. -Agora vocês vão ir do jeito difícil.
Ele lançou seu ataque contra Julian, que agora sabia desviar. Ele imitou Crash, e esquivou. Nathan pulou contra o lutador de Elite. Trixie, Claire, Zack e Tristan começaram a correr.
-TODOS VOCÊS! -Claire usou seu poder para aumentar o efeito da mensagem. -SE ESPALHEM!
Lótus percebeu aquilo, e sorriu.
Era hora da verdadeira guerra começar.