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Chapter 67 - O Por do Sol se Aproxima

-Vocês foram salvos!? Como assim!? -Axel indagou.

-É isto mesmo. -O líder dos exploradores disse. -Nós entramos na caverna na segunda à noite. Eu nem sei como a gente aguentou tanto tempo assim. Mas aí... Nós acabamos encontrando o mutante que estava solto lá dentro. E fugimos. Aí na saída uns caras apareceram e salvaram a gente. É isso.

-Espera, não era para ter acontecido isso! Me disseram que vocês iam entrar hoje, e aí eu chamava a equipe de resgate quando a gente chegasse lá nas pedras.

-Sinto muito, chefe. Mentiram para você.

-INFERNO! -Axel berrou.

-Axel, você não tem como controlar tudo. -Suzie disse. -Pessoas morrem todos os dias. Mesmo que você viesse para cá antes, alguém ia morrer em outro lugar. A vida acontece assim.

-Bem, nós vimos que o mutante morreu, e voltamos durante a noite. As pedras já estão com a gente. Até a transportadora já veio buscar. Pelo menos você não vai precisar trabalhar.

-Eu... Eu não aguento isso. Alguns dos seus amigos morreram. E eu não estava aqui.

-Senhor... -O explorador olhou para ele. Apesar do homem ser bem mais velho que Axel, ele via uma maturidade imensa nele. -As coisas acontecem. Nada que você diga ou faça pode mudar isso. Desse jeito, você quem vai acabar se matando tentando salvar todo mundo. Nem Aureus era capaz disso.

Axel suspirou. Eles estavam todos sentados à mesa no hotel em que o grupo de exploradores passou a noite.

-É. Eu sei. No fim, eu tento lutar mais contra a morte do quê contra qualquer outra coisa. -Axel baixou a cabeça.

-Ninguém pode vencer a morte. -O homem disse. -Aqueles homens morreram, mas suas memórias permanecem. Vá para casa, Axel. Talvez você ache alguém precisando ser salvo hoje.

Axel suspirou.

-Talvez. Acho que vou dar uma caminhada. Preciso tomar um ar.

-Boa caminhada, amigo. -O homem sorriu.

-Obrigado.

Axel se levantou e saiu. O hotel ficava na beira da estrada. O sol estava baixo já. Logo estaria anoitecendo. Ele passou horas ali conversando com aqueles homens. E no final, sua viagem apenas o deixou infeliz consigo mesmo.

-Axel... -Suzie apontou para algo à distância.

-O quê foi?

-O quê é aquilo? -Ela apontou para alguma coisa que se movia à beira da estrada. Parecia uma pessoa.

Axel estreitou o olhar. Estava correndo.

-Uma criança? -Axel olhou bem. -Ah, merda.

Axel disparou, correndo pela estrada até se aproximar dela. A garota cambaleava enquanto corria.

-So-So... -Ela tentava falar.

Axel se ajoelhou perto dela. A menina se ajoelhou. Ela tentava falar e respirar ao mesmo tempo.

-Ei, menina, o quê aconteceu? -Axel a olhou nos olhos. Ela estava desesperada. -Consegue falar.

-Socorro... -Ela disse. -Ajuda... Meus... Amigos...

-Calma. -Axel olhou em volta. Havia um posto de gasolina do lado deles. -Vem, você precisa de água.

Ele comprou uma garrafa d'água para ela, e a menina bebeu desesperada. Ele comprou mais duas. Ela bebeu metade da segunda, e parou. Ela respirava pesadamente.

-Campo Mera. -Alex conseguiu dizer.

-Campo Mera? -Axel olhou para o atendente da loja. -Onde fica?

-Segue a estrada para lá. -O atendente disse.

-O quê aconteceu lá? -Axel olhou para ela.

-Atacaram. Prenderam meus amigos. -Alex começou a chorar. -Eu fugi. Fugi e deixei eles...

-Ei, ei, calma. -Axel sorriu. -Eu sou um herói. Tudo bem? Eu vou chamar uns amigos, e nós vamos dar um jeito nisso o quanto antes.

-Eles disseram que vão levar eles quando anoitecer.

Axel ficou alarmado com aquilo.

-Merda... -Ele olhou para o atendente. -Você, assim que puder, chame a polícia. Menina... É...

-Alex.

-Alex, eu sou Axel. Sou um herói. Eu preciso que me mostre o lugar. Suba nas minhas costas, e me mostre quando estivermos perto do Campo. Tudo bem para você?

-Tá bem.

-Ei, cara, calma aí. Você não pode sair assim com uma criança. -O atendente disse. -Eu não posso deixar isso. Você tem alguma identificação de herói?

-Ah, desculpe, eu tenho. -Axel mexeu no bolso, e tirou sua carteira. Ele puxou uma identidade diferente. -Aqui.

-Certo. Axel, né? Vou liberar, mas vou avisar a polícia.

-Valeu, atendente anônimo. Você é meu herói! -Axel sorriu. Ele se agachou. -Sobe, Alex. Me mostra o caminho.

Ele começou a andar quando Alex subiu. Suzie andou ao lado dele.

-Axel, acho que é bom se apressar. Vai anoitecer logo. Você viu a hora? São 17 horas.

Axel não respondeu, precisava evitar de assustar Alex. Mas aquilo era preocupante. Ele precisava segurar aquelas pessoas por pelo menos uma hora até que as autoridades chegassem.

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Trevo se levantou. Ele sentiu a dor na cabeça, mas conseguiu se proteger. Seu corpo poderia se regenerar com luz do sol. Daí o nome Trevo, a sorte que ele tinha unida à fotossíntese que ele fazia.

Ele olhou em volta. Apenas meia hora havia passado desde que ele foi atingido. Precisava achar o culpado. Ele procurou e vasculhou o perímetro. Ele viu Andros andando com um cano à distância.

-Seu merda. -Ele riu. -Você vai se arrepender por isso.

Ele começou a andar lentamente, evitando ser visto por Andros, que estava analisando o campo, à frente da mansão havia um grande espaço, que estava sendo usado para manter os prisioneiros.

Andros começou a andar, tentando se aproximar do grupo. Lótus e Duque estavam falando com o grupo.

-Que bom que acordaram. -Lótus sorriu. -E então, dormiram bem?

-Vai se fuder. -Heather disse.

-O quê vocês querem? -Starla perguntou. -Por que estão fazendo isso?

-Por quê? Oras, vocês sabem. Queremos os Mirai.

-Mas qual o motivo disso? -Starla indagou. -Eles são crianças! O quê eles fizeram?

-Eles nos descobriram. Sem nenhuma explicação, os Mirai sabem sobre nós. Nossos superiores precisam saber como.

-Niccolo. -Hector respondeu. -Está respondido. Ele contou que estava sendo perseguido por um assassino por saber demais.

-O quê ele sabia? -Lótus sorriu.

-Não sei. Ele nunca me contou.

-Entendo. -Lótus sorriu. -Isso significa que vocês não sabem de alguma informação importante. Nesse caso, é só ir até o nosso superior, Oblivion, e dizer que não sabem. Ele vai deixar vocês saírem e acabou.

-Vai uma porra. -Hector riu.

-Se ele é tão superior assim, por que ele mesmo não veio? -James perguntou.

-Porquê um homem extremamente ocupado jamais perderia tempo com crianças. Simples assim.

-Então qual o ponto em levar as crianças para ele? -Julian questionou.

-Ele quer saber. É isso.

-Você não sabe mentir. -Starla denunciou. -Dá pra ver na sua cara que isso é uma desculpa esfarrapada.

-Oblivion tem seus motivos para querer saber dessas crianças. -Duque interrompeu. -Ele não contou para Lótus. E ele também não gosta da Lótus, já que ela é uma incompetente.

-Deu pra perceber. -Starla riu.

-É. Além de tudo é burra. -Heather provou. -Você pensa que é assim, aparece aqui, bate em todo mundo e depois é a boa menina? O Oblivion já é seu namorado? Ou ele é seu dono?

-Você fala muito para quem tem uma boquinha tão fácil de esmurrar. -Lótus riu.

-E aí ameaça uma criança. -Starla provocou. -Nossa, seu chefe nunca vai te notar.

-Ah, foi com você que essa menina aprendeu a ser uma putinha?

-Quero ver você me chamar assim comigo desamarrada. -Heather falou.

-OLHA SUA...

Zeta e Theta riram alto.

-Olha, Lótus, elas irritaram você.

-Tadinha da Lótus, uma criança xingou ela.

Starla e Sonia riram junto.

-Parem! -Lótus gritou.

A briga logo foi interrompida.

Andros foi empurrado pelas costas quando chegava perto do grupo.

-Opa, acertei ele. -Trevo riu. -Não me viu chegando?

-FILHO DA PUTA! -Andros gritou.

Trevo pulou contra ele, e os dois rolaram no chão, brigando. Zeta e Theta riram. Duque ficou olhando. Lótus sorriu vendo aquilo.

Andros chutou Trevo no saco, e socou a cara do homem. Trevo tentou se levantar, e Andros o bateu com o cano no rosto.

Lótus bateu palmas.

-Olha, ele é bom. Merece meu coração. -Lótus riu.

Andros correu na direção dela, mas caiu no chão. Ele tossiu, e se contorceu. Zap estava rindo ao lado de Lótus.

-Aí, não se mete. -Zeta disse. -Vamos ver o herói.

-Não. -Zap deu mais um choque em Andros. Ele começou a rir.

-PARA COM ISSO! -Sonia gritou.

-ANDROS! -Anny gritou.

As crianças gritavam, apavoradas diante da visão.

-EU VOU TE MATAR! -Hector berrou.

Zap riu mais uma vez, e apontou o dedo para Andros.

-Zap, o quê foi que eu falei? -Uma voz ecoou de longe.

Zap parou no mesmo instante.

-Crash!? Espera, eu só...

Crash se aproximava lentamente. Trevo se levantou, e tentou ir para cima de Andros, mas Crash olhou para ele, e lhe deu um tapa. Trevo caiu de novo. Zap ergueu as mãos.

-Crash... Eu não queria...

Crash chegou perto, Zap apontou para ele. Crash apenas saiu da direção que ele apontava.

-Eu avisei você. E você brincou comigo.

Crash rapidamente segurou o braço de Zap com o punho, e Zap se contorceu de dor.

-POR FAVOR, NÃO! -Zap desesperado berrava.

-Crash, devagar! -Duque disse.

-Por que eu deveria ter calma com ele? -Crash olhou para Duque.

Os olhos verdes de Crash intimidavam qualquer um que olhasse diretamente.

-Se alguma dessas crianças resolver revidar, o Zap pode neutralizar elas. E também, tem o menino no chão.

Crash olhou para Andros. Ele tocou na testa do rapaz.

-Ei, você está bem?

-O quê...? -Andros olhou para o homem. -Sim...

Sua voz estava trêmula.

-Desculpe por isto. Eu tento controlar esses merdas, mas eles não se comportam.

Crash ergueu a mão direita, e segurou o cano que Trevo tentou acertar em seu rosto pelas costas, à esquerda.

-Merda! -Trevo deu um gritinho.

-Então... -Crash esmagou o aço do cano com a mão. -Você quer ser o cara que toma a liderança de repente?

-Não... Eu só... Ele me atacou! E você vai defender ele!?

-Abaixe o tom.

-NÃO!

Crash jogou ele no chão com facilidade.

-Fique aí, deitadinho. Lótus...

-Certo.

-Ei, Trevo, querido. Me conta, o quê aconteceu?

-Eu... Eu... -Trevo olhou para ela, hipnotizado. -Eu vi uma garotinha sozinha na sauna. Ela se escondeu lá. E aí eu fui lá para aproveitar que ninguém viu ela. Mas... Esse cara apareceu e me bateu várias vezes na cabeça.

Lótus olhou para Crash.

-E no fim, você só provou o quê era. -Duque disse.

-O quê!? -Trevo gritou. -Não! Você me obrigou!

-Sim. -Lótus sorriu. -Parece que você irritou o Crash. Eu não posso te salvar agora. Comece a rezar.

-Sai de perto de mi-gahw -Trevo se engasgou quando o punho de Crash o agarrou pelo pescoço. Crash o ergueu, e saiu andando com ele.

-Merda... -Zap resmungou. -Se eu desfibrilasse o garoto aqui mais uma vez... Ia junto com o Trevo.

Crash levou Trevo para fora do campo de visão. O grito agonizante de Trevo ecoou pelo campo. Crash voltou, e sua roupa estava suja com gotas de sangue.

Andros se encolheu.

-Certo, agora eu vim aqui para conversar como gente. -Crash se sentou, frente a frente com Julian. -Eu soube que você é o ex-herói que cuida dessas crianças. Olá, Julian, meu nome é Crash.