-Oi, Axel. -Suzie disse. -Cheguei em casa.
Axel acordou. Ele sorriu. Era Suzie. Ela estava ali, estava bem. Ele se levantou, feliz, e então correu para a sala. Ele virou a esquina entre o quarto e a sala, e gritava, com lágrimas nos olhos:
-Mãe! Mãe! A Suzie tá bem! Eu tava com tanto medo...
Ele parou, e seu coração foi esmigalhado. O garoto ficou olhando, em choque, o caixão na sala. Suzie estava ali, morta. Sua mãe chegou perto dele, e o abraçou.
-Desculpa, filho. -Ela chorava. As pessoas ali no velório olhavam para ele, com pesar. Quem eram mesmo?
Axel não conseguiu chorar naquele dia. Ele não conseguiu sair do lugar. Não conseguia raciocinar. Ele perdeu Suzie, para sempre.
Axel acordou. Dessa vez, estava no presente. Melissa dormia ao seu lado. Ele se sentou na cama. Suzie estava ali, olhando eles, em pé ao lado da cama.
-Bom dia.
-Bom dia, Suzie.
-Hoje é dia de ir atrás de cumprir sua missão. Vocês sabe disso, né?
-Sei. -Ele afagou os cabelos de Melissa. -Odeio ter que viajar para esses lugares longes. Eu podia ir correndo, mas tem toda essa burocracia de herói.
-É. É o caminho que você escolheu. -Ela olhou para Melissa. -Talvez ela acabe se machucando por causa disso. Mas é por uma boa causa.
-Espero. Se eu voltar vivo, vou levar ela para se divertir. Não sei onde, mas vou.
-Ai, ai, que homem dos sonhos que você se tornou. -Suzie riu. -Esperava muito do meu irmãozinho, mas você foi muito além disso.
Axel sorriu. Suzie tinha muitos sonhos quando estava viva, e um deles era encontrar um príncipe encantado. Ela contava sobre como ele a faria se divertir, brincaria com ela, como ele a faria se sentir viva e segura. Depois de sua morte, Axel prometeu a ela que faria alguma mulher feliz do jeito que ela sonhava. Melissa chorou muito quando Axel contou essa história a ela.
Apesar de tudo, Suzie era ciumenta. Ela gostava de Melissa, só não gostava quando ela estava com Axel.
Mas ele precisava se levantar e se preparar agora. Na sexta à noite estaria voltando. Ele se levantou, e foi se arrumar. Melissa acordou logo depois. Ela sabia sobre sua missão.
-Então, você vai lá em casa sábado? Meus pais vão te adorar.
-Claro que sim! -Axel sorriu. -Só peço que não se preocupe demais. Eu vou ficar bem.
-Tá bem. -Melissa sorriu.
Os dois se beijaram, e Melissa foi embora, acompanhada por ele, enquanto Axel ia para o estacionamento, onde um motorista especializado o levaria para o local da missão.
Um belíssimo carro preto o levou estrada afora. Enquanto isso, os Mirai estavam explorando o jardim Mera.
Hector estava fascinado com a beleza das estátuas do local. Ele não tinha procurado saber muito sobre elas. Ele também percebeu uma pequena linha escura em algumas. Um vão. Provavelmente era a saída dos túneis de emergência.
Talvez ninguém percebesse aqueles detalhes, somente se soubesse dos túneis subterrâneos. Seu único medo foi que talvez a organização pudesse saber daquilo, e iria usar aqueles túneis para poder atacá-los de surpresa. As linhas telefônicas estavam funcionando normalmente até o momento. Hector analisou mais alguns lugares enquanto explorava o jardim.
Max e Rory caminhavam pelo perímetro que estabeleceram pela mansão, indo do estacionamento até o redor da mansão. Não haviam muitas rotas que poderiam usar para a luta. Mas o espaço aberto daria uma vantagem para todos.
Naquela manhã, uma brisa forte soprou ao redor da mansão. Sonia não entendia, a previsão do tempo mostrava um vento fraco. Zack, no entanto, percebeu que era o vento de Max. Ele estava tomando conta do perímetro. Max estava ciente de cada pessoa que andava por seu vento. O problema era a quantidade de pessoas, ele não conseguia se concentrar.
-Bem, esse é o meu poder. -Ele estava explicando para Rory. -Eu posso ficar cuidando de tudo, eu vou saber sempre que alguém entrar e não sair. Então você invoca alguns desses... Negócios pra ficarem cuidando por aí.
-Boa ideia. Aí, quando chegarem, a gente vai estar pronto demais.
-Sim. E aí se todo mundo atacar junto, a gente vai virar o jogo rapidinho.
-Se eles não forem mais fortes.
-É. Mas aí que veio a sacada do Hector, a gente se deixa ser atacado. Aí vamos saber os poderes do inimigo. Ou observa enquanto seus morcegos atacam eles.
-Nossa. Até que o Hector é inteligente.
-Às vezes. Ele é um gênio, mas um gênio burro.
-Faz sentido.
-Ei! -Uma voz veio de longe. -Vai andar com os nerds também?
Era Denis.
-Sim. -Rory disse. -Não posso?
-Tadinho dele. -Denis riu. -Roryzinho ficou sem amigos. Qual é, cara? Agora vai dizer que nós andamos te zoando também?
-Vai cagar, Denis. Eu ando com quem eu quiser.
-Beleza, cara. Mas não vem chorando depois que seu novo namorado te trocar pelo Nathan.
-Mas tá falando ainda!? -Rory debochou.
-Eu...
-TÁ FALANDO!?
-Cara...
-TÁ FALANDO!?
-Rory...
-TÁ FALANDO!?
-Vai se fuder.
-TÁ FALANDO!?
Denis se virou e foi embora.
-Caralho. -Max começou a rir.
-Ele é um bostinha. -Rory disse.
-Ele é. Se ele tentar alguma coisa com você pode deixar que eu arrebento ele.
-Cara, vocês nerds são meio violentos. -Rory comentou.
-É. Acho que talvez a gente precise ser mais... Calmo.
-Pelo menos às vezes. -Rory concluiu.
Os dois riram.
-Toca aí. -Max estendeu o punho.
-O quê?
-Toca. Só toca.
Rory fechou o punho e tocou.
A marca dos Mirai surgiu nele, com uma espiral branca na ponta da Clave.
-Quê isso?
-Seja bem vindo aos Mirai.
Rory sentiu todos os outros Mirai próximos. Naquele momento, ele sentiu que não estava sozinho.
-Caraca. Que... Diferente.
-Né? -Max riu.
-Bom, acho que a gente vai saber quem são os amigos usando seu poder. Se segurar todos os alunos juntos, então só os inimigos vão ficar de fora.
-Em sua maioria, sim. -Max respondeu. -Mas ainda é bom não atacar sem saber o quê está fazendo.
-Ou quem está atacando. -Rory disse. -James aprendeu isso no dia que você quase foi pra cima dele no começo do ano.
Max riu. Aquele foi um dia memorável.
-É. Aquele dia foi louco.
Os dois riram um pouco, e continuaram rondando o perímetro.
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-Corram! -O explorador gritou.
Um rugido bizarro ecoou. Eles haviam encontrado as pedras perdidas. Mas o mutante encontrou eles também. Pânico inundava seus corações. Dos quinze que entraram lá, seis já haviam morrido. Seu líder estava eufórico, a saída quase próxima.
-Merda, por que mandaram a gente nisso!? -Um homem gritou.
-Eu não sei!! -O líder respondeu.
A caverna era estreita, longa, e os sons pareciam ser engolidos pelas profundezas da Terra. O grupo corria desesperado, o mutante que os atacou estava rugindo e atacando. Aquilo não era um mutante normal. Ele estava querendo alguma coisa. Ele era... Inteligente.
O grupo continuou a corrida, um deles era extremamente rápido, e outro conseguia correr pelo teto da caverna. Todos ali estavam agarrados às próprias vidas. Ninguém salvaria eles a tempo. A equipe de resgate deveria chegar apenas na sexta, até onde sabiam.
-FUJAM! -O líder gritou.
Ninguém questionou, ninguém deu sequer uma objeção. E ele continuava correndo, desesperadamente. Medo, pânico, desespero, tudo o consumia completamente.
-AH! A SAÍDA! -O homem no teto gritou.
-VÃO, VÃO!
Todos corriam, desesperados. O líder sentiu uma pressão se aproximando. Parecia o som reverberando. Alguma coisa estava se aproximando deles, mais rápido do quê conseguiam correr.
Uma dor profunda espetava aquelas pessoas, pareciam agulhas perfurando suas entranhas.
Eles começaram a sair. Um a um, estavam fora do buraco. Mas agora, o Mutante chegava mais perto. Eles correram para fora, procurando abrigo. Um deles continuou correndo. Eles emergiram, próximos a um grupo de pessoas que estava debatendo ali perto.
Lótus, na liderança observou enquanto as pessoas saíam de dentro da caverna. Assim que ouviu o rugido, ela se voltou para Crash.
-Ei! Estamos com problemas!
-Estou pronto. -Crash respondeu.
As pessoas pararam de sair da caverna. Um segundo se passou.
Nada. Apenas o grupo de exploradores desesperados se virando para eles.
-Se escondam! Ele vai matar a todos!
Wagon chegou perto da caverna.
-MERDA! -Ele gritou e correu para longe.
Uma coisa gigante saiu da caverna. Um humanoide cinzento, com uma máscara metálica no rosto. Seus braços enormes e musculosos poderiam esmagar qualquer um ali como se fosse um pão murcho, e ele usava calças pretas e algumas tiras de tecido no peito. Parecia um uniforme.
-CUIDADO! -Lótus berrou.
-AXCOL! -Wagon berrou.
Um enorme réptil amarelo e vermelho surgiu. Ele era grande, quase do tamanho de um ônibus. Axcol tinha apenas duas enormes pernas, uma cauda longa e pontuda, espinhos escuros corriam por suas costas. Seu rosto tinha uma carapaça marrom, protegendo o crânio. Pequenos olhos verdes brilhavam no fundo dela, e uma abertura revelava uma fileira monstruosa de dentes pontudos, e acima da cabeça, um enorme par de chifres assustador.
O humanoide tinha aproximadamente 2 metros e meio de altura, enquanto Axcol chegava a 2,80.
O humanoide rugiu, e atacou Axcol, que se voltou em uma velocidade mortal e o atingiu com a cauda. Axcol rosnou, e atacou o mutante. O mutante tentou acertar um soco, mas seu braço foi arrancado fora com uma mordida. Axcol atacou com mais uma mordida, arrancando metade da cabeça o mutante.
O mutante morreu na hora, e ficou ali, imóvel.
-Pronto. -Wagon fez um sinal, e Axcol se desfez em poeira.
-Que merda acabou de acontecer aqui? -O líder dos exploradores perguntou. -Vocês são heróis?
-Não. -Lótus respondeu. -Somos apenas mercenários. Você está nem, moço?
Ela tocou no peito do homem, que se ajoelhou e começou a chorar.
-Não. Nem um pouco. Eu perdi muitos companheiros. Eu levei eles. Eu sou um imbecil.
-Calma, cara. -Um de seus colegas chegou perto.
-Não, não. -Lótus passou a mão na cabeça do homem. -Você não é. A culpa não é sua.
-Lótus. -Duque chamou. -Essa coisa... É um mutante artificial. Precisamos informar o Oblivion. Agora.
-Quem? -Um dos exploradores perguntou.
-Gente, -Zeta falou. -Fujam daqui. Somos pessoas procuradas. Não querem ser vistos conosco.
-O quê? -O líder perguntou.
-É isso mesmo. -Lótus disse. -Vão embora o quanto antes. Não vamos dar nenhuma informação que possa comprometer vocês. Fujam, agora.
O líder se levantou. Ele e os outros exploradores perceberam o perigo iminente em que estavam.
-Desculpe. Nós... Nós não vimos nada. Vocês salvaram nossas vidas, então não vimos nada.
-Vão embora. -Crash disse. -Enquanto eu estiver aqui, todos estão em perigo.
Os exploradores todos tremeram diante dele. A presença dele era ainda mais imponente que a de Axcol ou daquele mutante.
Logo, todos calmamente se viraram e foram embora.
-Eles vão voltar. -Lótus disse.
-É. -Crash concordou. -Vamos agilizar a missão. Amanhã nós vamos avançar. As crianças estão na mansão. Estão esperando a gente.
-Eles não estão esperando o Axcol. -Wagon disse. -Vamos aterrorizar eles, e então pegamos todos.
-Sim. -Lótus disse. -Quando perceberem, vamos ter atacado. Durmam bem hoje, comam bem. Amanhã nós vamos atacar.
-Ótimo. -Duque disse. -Mas eu ainda preciso falar com o Oblivion. -Ele apontou para o mutante. -Ele foi feito por uma organização governamental.
-O quê? -Lótus olhou para ele. -Como assim!?
-Aqui, tem uma marca nele. -Duque explicou. -Esse símbolo embaixo do braço está escondido o suficiente, e ninguém vai procurar ele aqui. Mas está marcado "ICG" e cruzado com um Xis.
-O quê isso significa? -Lótus perguntou.
-O Instituto Científico de Gardeville. Uma variante dele que teve seu trabalho encerrado pelo governo há muitos anos. Os experimentos eram... Bem, você pode ver aqui. Eles faziam armas biológicas. E aqui tem mais uma, que precisamos descobrir se é antiga ou não. Se não for, então temos problemas.
-O tecido que ele está vestindo não é velho. -Theta disse. -Parece ser atual, e não está com muita sujeira. Ele estava lá por alguma razão.
-Provavelmente uma entrada para algum laboratório. -Duque palpitou. -Wagon, se conseguir, mande alguma invocação sua. Se não, o Doutor vai precisar investigar por ele mesmo.
-Mas qual é o problema? -Trevo perguntou. -É só um mutante. Nada demais.
-Um mutante feito em laboratório. -Theta riu. -Você não pode ser tão burro assim.
-Tá, mas e daí? Fizeram, e matamos. O quê a gente tem a ver com isso agora?
-Esse sinal, ICG riscado, significa que foi feito por uma vertente perdida do Instituto Científico. A mesma vertente que causou o Grande Vazamento.