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Chapter 48 - Suspensão

A aula na quinta feira começou totalmente caótica. Quando Hector e Max se sentaram, Claire veio até eles, reclamar.

-Ei, vocês dois. Souberam da merda?

-Não. -Hector riu. -O Scott partiu o coração de quem agora?

-Cara, a Elaine... Ela é uma filha da puta. -Claire suspirou, o ódio visível no seu olhar.

-Ei, calma aí. -Hector ficou sério.

-Devagar aí. -Max falou. -Conta mais aí, o quê deu?

-Terça, a Starla me deu um abraço. Eu... Eu tava chorando. Precisava disso, tá? Nós mulheres somos sensíveis, diferente de... Algumas pessoas.

-Beleza.

-A Elaine viu, e prometeu que ia ficar de boas. Ontem, a Starla não veio. E aí a gente descobriu que a Starla foi suspensa até sexta por ter me dado um abraço!

-Você disse para sua mãe? -Hector questionou. -Ela é adulta e... Cê sabe.

-Não!

-Fala para ela. Eu não posso resolver tudo na base da martelada. Pede para o Scott partir o coração da Elaine. Vai que funciona...

-Hector. -Max interrompeu. -Chega.

-Foi mal.

-O quê é? Vocês estão meio caídos hoje. Alguém morreu?

-Sim.

Claire riu

-É sério. -Hector disse. -Uma... Conhecida nossa morreu.

-Ah, merda. Desculpa.

Nathan e Scott conversavam atrás deles, e pararam ao ouvir a situação.

-Como assim? -Nathan perguntou. -Quem morreu?

-Uma... Vizinha nossa. -Scott disse. -Por isso faltamos ontem. Ela era uma amiga das nossas famílias.

-Ah sim. -Nathan concordou. -Caras, querem ir lá em casa sábado? Meu irmão vai estar lá. A gente pode jogar videogame ou assistir. Ou até lutar com ele!

-Vamos. -Hector disse. -Minha mãe vai querer ver a sua. Bora aproveitar!

-Vocês não estão de luto? -Claire perguntou.

-Sim. -Max respondeu. -Mas precisamos seguir a vida. Não é a primeira vez que isso acontece...

Claire baixou o olhar.

-É. Seu amigo. Desculpem. Vou parar de incomodar.

-Ei. -Hector chamou. -Vou tentar ver a Elaine.

David estava desenhando no caderno, quando sentiu Zack cutucar suas costas.

-E aí? -Ele olhou para Zack.

-David... Olha em volta.

David olhou.

-Tudo normal. A sala é a mesma de sempre.

-Sim. Normal.

-É.

-As moscas, burro. As moscas sumiram.

-Puta merda. -Ele olhou para Scott. Ele conversava com Nathan. David olhou em volta. Trixie não falava com ninguém. -Trix... Ei!

Ela olhou para ele.

-Oi? -Ela o encarou. -Quê foi?

-Você viu alguma mosca?

-Não.

-Beleza. Heather?

Heather prestava atenção neles.

-Não vi. Isso é estranho. Será que esconderam para culpar a Starla?

-O quê?

-Faz sentido. -Zack comentou. -Usar o sumiço da Starla para culpar ela pelas "moscas".

-Mas... Faz sentido. -David coçou o queixo. -Será que o Tristan concorda?

Tristan estava sentado do outro lado da sala. David andou até ele.

Heather olhou para Zack.

-Não sai falando disso por aí. -Zack falou.

-Eu tenho cara de fofoqueira? -Heather respondeu. -Fala para o seu amiguinho ali. Daqui a pouco todo mundo vai saber.

-Ah, bosta. Ei, David! Vem aqui!

Os dois discutiram por algum tempo. O dia prosseguiu, e durante o intervalo, os cinco foram atrás de Erine. Claire foi até eles.

Erine e seu grupo estavam em rodinha, próximos de uma parede.

-Oi! -Karen disse quando os viu. -Estão bem, pequenos?

-A Erine contou para a gente. -Paul comentou.

Matt passou a mão na cabeça deles.

-Oi. -Claire disse quando chegou ao grupo.

-Olá. -Anne respondeu.

-Eu tava teorizando aqui. –Paul riu.

-Ele é um idiota. -Anne disse.

-Um nerd. -Martha corrigiu ele. -Devia ter entrado no processo para o outro colégio quando pôde.

-Devia... -Paul suspirou. -Mas não importa. Acho que vocês chegaram na hora certa. O recreio não vai demorar muito para acabar.

-Intervalo. -Zack corrigiu.

-Cara, você é chato. -Claire disse. Anne riu.

-Desculpa.

-A minha teoria é simples. -Paul disse. -Vocês trataram o tempo como um anel. Pensem nele como uma esfera. Ela tem todas direções possíveis, mas sempre retorna para o centro. Precisamos calcular a variável que vai fazer com que a esfera tome um rumo para fora dela mesma.

-Seria tipo quebrar o campo gravitacional da Terra. -Zack disse. -Meio difícil.

-Meio difícil. -Paul concordou. -Mas só precisamos tomar uma única decisão.

-Sem decisões que custem a vida de alguém. -Erine disse.

-Chega de mortes. -Hector disse. -Qual seu palpite?

-Não faço ideia. -Paul respondeu. -Acho que talvez... Encontrar a fonte desse paradoxo?

-O Homem de Amarelo. -David disse.

-Quem? -Paul perguntou.

-Provavelmente o Rei do Mal. -Hector disse.

-Gyazom. -Scott disse. -Os caras que mataram o Joe.

-Você acha que tem alguma relação com o apocalipse?

-Ei! Como assim apocalipse? -Claire se assustou.

-É. -Hector disse. -Estamos trabalhando para salvar o mundo. Não vou mentir. Por isso precisamos derrotar a Gyazom.

-Quem é Gyazom? -Claire estava ainda mais confusa.

-Os caras que mataram o Joe. -Scott repetiu.

-Ah. Seu amigo. Mataram a sua vizinha também?

-Não. -Hector disse. -Na verdade, eles meio que ajudaram. Mas não importa.

-Sei. -Paul coçou a cabeça. -Nada nessa palavra parece fazer sentido. Gyazom. De trás para frente, Mozayg. Nada demais.

-Mozayg? -Zack repetiu. -Tipo... Mosaico...

-O Homem Amarelo... -David repetiu. -Nós vimos ele. Ele estava sobre um mosaico. Será?

-Sim. -Scott disse. -Tem que ser.

-Uau. -Claire suspioru. -E aí, eles mandaram as moscas também?

-É uma possibilidade. -Zack disse. -E se?

-Olívia deve saber. -Erine disse. -Vou passar na casa do... Da Erika. Vou perguntar para ela.

-Olívia? -Claire perguntou.

-Nossa aliada. Ela é como você, caiu de paraquedas no fogo cruzado. -Erine respondeu.

-Ah sim. Gente, por acaso vocês tem aula com a Starla, de história?

-Sim. -Paul disse. -Ela foi suspensa por estar fazendo coisas esquisitas por aí. Disseram que foi suspeita de assédio.

-Mentira! -Claire gritou. -Mentira descarada! A Elaine é uma vadia!

-Ei! -A voz de Elaine ecoou de trás dela. -O quê você disse!?

-Isso mesmo! Surda, burra! A Starla me abraçou, só isso! Você disse que não ia fazer nada!

-Eu não fiz nada. Não contei. Foi sua mãe, garota!

-O QUÊ!? MINHA MÃE NEM VEIO PARA A ESCOLA TERÇA!

Os alunos ao redor começaram a encarar o grupo.

-Para minha sala.

-NÃO! VAI QUE VOCÊ INVENTA QUE MAIS ALGUÉM ESTÁ ME ASSEDIANDO POR AÍ!

-Eu não inventei nada! O ministério me deu uma advertência por ter deixado passar aquele abraço, sabia? Foi a mãe de um aluno que denunciou! Vai me dizer que eu sou sua mãe agora?

-O quê...?

-Chega, por favor. -Erine puxou Claire e a abraçou. Claire chorava.

-Desculpa, mocinha... Desculpa. -Elaine murmurou enquanto saia.

-Não tem como. -Claire disse. -Não tem. Hector... Você acredita em mim, não é?

-Eu... -Hector piscou. -Que sensação estranha...

-Você não tá usando seu poder para que ele fique com pena, né? -Scott questionou.

-Não!

-Scott! -Erine resmungou.

-Desculpa.

-Faria sentido, se sua mãe hipoteticamente fosse ciumenta. -Paul disse. -Ou se você viu mais alguma pessoa estranha por perto no dia.

-Não tinha ninguém. -Claire disse. -Só eu e a Starla. E a Elaine.

-Talvez a Starla tenha tentado alguma manobra maluca. -Karen disse. -Já que não viram mais ninguém...

-Ou a Elaine pode ter dito que ia deixar quieto por você ter influenciado ela, mesmo sem querer. -Scott disse.

-Não sei... Eu só... Eu saí com ela depois e fomos para a aula. -Ela ergueu o olhar. -Grace.

-O quê? -David indagou. -A Grace?

-Ela estava lá. Ela foi a única que apareceu no caminho.

-Aliás, -Zack disse. -Quando eu fui atrás das moscas, elas estavam se reunindo na sala que a Grace tinha saído. Vocês acham...

-É possível. -Scott disse. -Um traidor...

-Ah merda. -Max falou. -O meu sonho! Pensamos em todo mundo, mas não na Grace.

-Vamos investigar ela. -Scott disse. -Se for... Não sei o quê fazer.

-Chamamos o Jeff. -Hector disse.

-Isso! -Max disse. -E o Mil bem que podia... Esquece.

-Ia ser uma boa. Mas acho que ele não viria.

-É. -Scott disse. -Vamos avisar o Jeff hoje, e amanhã a gente...

-Quem é Grace? -Erine interrompeu.

-A professora de educação física. -Hector disse.

-Ah sim.

-Agora que você falou, -Zack disse. -Alguma vez você viu ela com alguma turma que não fosse do sétimo ano?

-Puta que pariu! -Max disse. -E se ela atacar? O quê a gente faz?

-Eu vou. -Scott disse. -Sou o mais próximo dela.

-Cara, e se der merda? -Hector perguntou.

-Eu sou um Eterista. Se der merda, eu ativo a marca. O David fica pronto para chamar o Jeff se sentir minha marca. Pode ser?

-Ótimo! -David disse.

-O plano tá saindo. -Erine disse.

-Espero que dê certo. -Paul comentou.

-O nosso foi todo por terra quando tentamos matar o vampiro. -Karen riu.

-Foi muito triste. -Martha terminou.

Matt soltou alguns grunhidos.

O sinal tocou, e então, o grupo se separou, e retornaram para suas salas.

Elaine, à distância, ouvia tudo. As crianças nunca souberam, mas a mulher possuía uma audição fenomenal. Era seu poder, ouvir bem.

-Grace...? -Ela sussurrou.

Uma curiosidade interessante. Será?

Naquele momento, ela pensou em qual teria sido a sua motivação. Ela precisava pesquisar mais sobre Grace. Ela correu até a sala dos professores. Julian estava sentado, comendo.

-Oi. -Ele disse.

-Julian. -Ela olhou em volta. -Qual o sobrenome da Grace?

-Eu não sei. Qual o problema?

-Acho que ela está fazendo algo esquisito. Aqueles drones que vocês mataram... Você viu algum perto dela? Os meninos disseram que ela esteve perto deles.

-Eu vi ela destruindo um. Aconteceu bem na hora que eu entrei na sala. -Ele se virou para trás, onde um buraco no teto estava muito visível. -Talvez... Talvez tenha sido de propósito.

-Pois é. Abra os olhos, aquelas crianças querem investigar ela.

-Vamos ver o quê conseguem. Vou ficar de olho neles. Mas por que só agora?

-Eu não gostava dela desde o início. Eu sempre deixei ela pensar que eu estava alheia à tudo que está acontecendo à minha volta. Tome cuidado.

Elaine se virou, e saiu da sala dos professores, direto para a pedagogia, onde vários documentos se localizavam.

Ela corria contra o tempo, pois percebeu Grace a seguindo haviam alguns minutos.

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