Jeff deixou os garotos no salão coberto, como de costume. O salão possua uma quadra para a educação física em dias chuvosos, além de duas entradas. A principal dava para o pátio principal do colégio, e a segunda, para um bosque na parte de trás.
Mas Jeff não voltou pelo portal. Ele olhou para os cinco.
-Vocês... -Ele olhou em volta. -Sentiram esse cheiro?
-Não. -Hector disse.
Nenhum dos cinco havia sentido.
-Carniça. -Ele olhou para o bosque. -Vocês cinco precisam aprender a melhorar os cinco sentidos. Só por precaução, eu vou ali naquele bosque dar uma olhada.
Jeff se aproximou do portão. Estava destrancado.
-Jeff... -Zack chamou. -A gente vai ir para a aula. Nossa segunda aula... É com a Grace.
-Bom. Eu vou olhar aqui atrás. Lembrem-se do plano.
-Sim. -Hector disse.
Os cinco começaram a caminhar até suas respectivas filas. A diretora, no entanto, estava próxima dali. Hector riu.
-Olha só! -Ele olhou para Scott. -Isso vai ser muito engraçado.
Scott se aproximou da mulher. Ele deu um pulo e gemeu. Ela se assustou.
-O quê é isso!?
-Desculpa. ARGH! Eu comi algo estragado!
Ele disparou correndo para o banheiro.
-Por Deus, menino.
-Desculpa, dona. -Hector sorriu para ela. -Ele aprendeu do jeito difícil a não comer qualquer frutinha que acha no mato.
Ela deu uma risada.
-Pobrezinho. Vou dar um chá para ele mais tarde. Mandem ele ir para a diretoria quando chegar na sala. -Ela disse, e foi embora.
-Beleza! -Hector disse.
Julian chegou ali. Os nerds estavam à frente da fila.
-Professor. -Hector sussurrou. -Problemas.
Julian olhou para ele. Depois olhou em volta. A diretora acabara de se afastar.
-Grace? -Ele sussurrou. -Elaine ouviu vocês ontem. Ela me deu um bilhete escrito com isso. Grace estava seguindo ela.
-Merda... -Max resmungou. -Julian... O Scott vai investigar ela. Ele não tá doente.
-Droga. -Julian praguejou. -Onde ela está?
-Não sei. -Max disse.
-Carniça. -Zack arregalou os olhos. -Julian! O Jeff disse que tinha um cheiro estranho no bosque atrás do pátio coberto.
-Assim que a gente subir para a aula eu vou no bosque. Me chamem se alguma coisa acontecer. Entenderam?
-Sim. -Max disse.
-Eu vou saber. -David disse. -O Scott vai usar a marca dele se algo acontecer.
Enquanto isso, Jeff caminhava pela mata, confuso. Não havia nada demais ali. Pegadas, marcas de luta, mas o cheiro continuava lá.
Ele fez o máximo de silêncio possível.
Nada, nem ninguém.
Ele esperou um pouco. Scott usaria sua marca se algo desse errado. E ele sentiu Scott.
Scott estava no banheiro, esperando o silêncio. Ele então escutou vozes no banheiro. Vozes familiares.
-Olha só, a bixinha voltou. Tá fazendo o quê aqui sozinho? Esse é o banheiro dos homens.
Uma fúria surgiu dentro se Scott.
Ele saiu do reservatório, chutando a porta.
Ali, Benício estava parado, contra a parede, e os mesmo garoto da outra vez com seu grupinho estava lá.
-Vaza, moleque. -O Valentão disse.
Scott ativou sua marca. Ele lançou um choque, e o garoto caiu no chão, tossindo. O grupinho do Valentão tentou atacar, e Scott eletrocutou a todos com o poder que ele ganhou de Mil.
-Seu verme, o Joe não tá aqui e você acha que vai ser assim? Se eu ver algum de vocês mexendo com o Benício ou com qualquer um... -Uma luz macabra preencheu o banheiro. Scott encarou o Valentão com um olhar assassino. -Eu vou matar vocês três. Entendeu?
-O quê?
Fogo surgiu na mão de Scott. Ele deu um soco no garoto loiro, queimando seu rosto.
-ENTENDEU!?
-SIM! POR FAVOR!
Scott olhou para Benício, que estava aterrorizado.
-Benício... -A marca sumiu, e Scott respirou fundo. -Desculpa.
Ele saiu correndo do banheiro, chorando. David estava na porta do banheiro.
-Scott? O quê deu?
-Valentões. Foi mal. Volta e segue o plano.
-Beleza.
Scott se virou pelo pátio. A aula já havia começado, tudo estava vazio. Nenhum aluno na educação física. Ele se lembrou da sala que Grace o levou antes.
Ele correu até lá. Não queria ver ninguém, nem falar com ninguém. Scott parou na frente da porta da sala, e secou suas lágrimas. Ele olhou para trás, e Benício estava ali.
-Ei! O quê houve? Você tá bem?
Scott abriu a porta e entrou. Ele olhou para frente. Grace não estava lá. A sala estava vazia. Benício bateu na porta, suavemente.
-Vou te esperar aqui. Quando estiver pronto, vamos conversar.
Scott se sentou no chão. Ele olhou em volta. Uma bolsa estava posicionada em uma prateleira, na parte alta da mesma. Ninguém conseguiria alcançar aquilo. Scott se agarrou na prateleira, trepou e pegou a bolsa.
Ele abriu a bolsa. Lá dentro haviam apenas acessórios, roupas e alguns objetos. No fundo, uma capa vermelha, dobrada.
Ele puxou a capa. Um broche de aproximadamente 8 centímetros estava preso na capa. O broche era um medalhão dourado, com uma letra G arredondada e colorida gravado. O "G" tinha várias cores, verde, vermelho, amarelo, azul, turquesa, preto... Era colorido aleatoriamente, mas as cores estavam em pequenas pedrinhas, que se encaixavam, como um mosaico.
Ele sentiu um puxão no corpo. Uma voz ecoou na sua cabeça, e seus olhos reviraram para cima.
"O G é a nossa marca. O mosaico. Nós somos Gyazom."
Scott suspirou, e tossiu.
-Ah, merda!
Ele arrancou o broche, pegou a bolsa e saiu da sala. Benício estava ali.
-O quê?
-Tem um espião aqui. Me ajuda a levar essa bolsa.
-Certo.
Benício pegou a bolsa, e os dois saíram andando. Um professor de repente apareceu quando chegaram perto da entrada de um prédio.
-Onde os senhores vão? Você só ia no banheiro, não ia, Benício?
-Professor Malkovich! Desculpa, eu fui, mas o Troy tentou me bater de novo. O Scott aqui me ajudou. E aí...
-Eu tava indo buscar isso para a professora de Educação física. Benício só vai me ajudar a levar.
-Sim, o Troy me contou. Venham comigo. Maurice está muito bravo.
Os três caminharam até a pedagogia. Malkovich saiu e foi para a aula novamente.
-Muito bem. -Maurice disse quando entraram. -Olhem isso.
Troy estava ao seu lado, o rosto vermelho.
-É. -Scott disse. -Eu perdi o controle. Fiquei nervoso porquê meu tutor me avisou sobre um assassino infiltrado aqui no colégio.
-Como assim!? -Maurice indagou.
Scott contou sobre Grace.
-Você tem certeza? Nessa hora... Eu não sei em qual aula ela está.
-A segunda aula dela é na minha turma. -Scott disse. -O Julian vai no bosque atrás do colégio se avisar ele.
-Vou falar com o Julian. Agora, você. -Ele apontou para Benício. -Eu soube do que o Troy fez. Ele vai tomar suspensão, mas teremos muitos problemas com a família dele, por isso vamos acionar as autoridades.
-Espera! -Troy disse. -Eu não faço mais. Nem um de nós vai repetir isso. Vamos só esquecer isso, eu nem venho para a aula se o senhor quiser...
-Quieto. Eu já estou acionando as autoridades.
-Ele tentou me espancar várias vezes. -Benício disse. -E você só agora se preocupa, porquê o garoto tentou queimar ele? Que trabalho horrível, Maurice.
-Quieto! -Maurice gritou.
Julian entrou na sala.
-Eu estava procurando o Scott. Vou ir atrás do Jeff no bosque. Maurice, você já sabe?
-Scott me contou. Mas veja bem...
-Não. Libere os alunos. Agora. Vai procurar a Elaine.
-Elaine?
-Cadê ela?
-Ela não apareceu no colégio hoje. Ela...
-Puta merda! -Scott praguejou.
-Maurice, vem me ajudar. Vocês três, para as salas! Só saiam se alguma coisa acontecer.
-Certo! -Troy disse. -Não vou mais fazer nada para o Benício. Nem meus amigos!
Troy correu para fora da sala. A segunda aula começaria em alguns minutos.
-Benício! -Scott chamou. -Abre a bolsa dela, quando eu sair correndo da minha sala, jogue tudo isso no chão, e diga que é da Grace.
-Certo. -Benício disse. -Mas o quê significa?
-Assassinos. É isso quê significa. Não deixa ela te ver, só joga tudo lá dentro. Espera no corredor, qualquer coisa se esconde na sala do lado e me espera.
Os dois subiram, e Benício fez como Scott pediu. Ele ficou em um corredor. Scott entrou na sala ao lado. Benício entrou na sala que estava próxima dele.
-Olá? -O professor estava na sala ergueu uma sobrancelha.
-Olá, essa bolsa... -Ele olhou em volta. -A Grace está onde?
-Acho que na sala ao lado.
-Ah sim. -Benício tossiu. -É que eu devia entregar isso ali. Desculpe.
Ele derrubou a bolsa de propósito, para demorar. Ele se agachou e começou a recolher as coisas.
-AGORA! -Um berro emanou do corredor.
Scott passou correndo. Logo atrás dele, uma mulher rugiu furiosa, e passou correndo.
Benício correu até a sala ao lado, onde o caos reinava.
Ele jogou a bolsa no chão, com todas as coisas caindo.
-ESSE É UM PRESENTE DA GRACE!!!
A capa vermelha reluziu quando caiu no chão.
-O QUÊ ESSE IDIOTA FEZ!? -Alex berrou.
-Quem...? -Hector olhou para Benício. Ele olhou para a capa. -FICA AQUI! CUIDA DELES!
Hector correu para fora da sala.
-O QUÊ TÁ ACONTECENDO!? -Trixie gritou.
-GRACE FILHA DA PUTA! -Claire berrou.
A comoção começou a piorar na sala.
-Gente, calma! -Benício chamou. -Vai ficar tudo sob controle.
Ele começou a explicar para as crianças o quê aconteceu.
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Quando Jeff sentiu Scott, ele voltou correndo para a entrada. David apareceu lá, e disse que estava tudo bem.
Jeff então voltou, e continuou a procurar pelo cheiro pela mata. Ele não percebeu, mas o tempo voou. Em algum tempo, um homem apareceu, magro, branco com uma barba escura.
-Quem...? -Jeff olhou para ele.
-Você é o Jeff?
-Sim. Hector te mandou?
-Ele mesmo. -Julian riu. -Sou Julian, professor dele. Um líder incrível, não acha?
-Ah, ele é. Hector é ótimo na função. Eu pedi para eles observarem a Grace. Acha que a gente vai morrer hoje?
-Espero que não. Mas ela é assustadora.
Os dois caminharam por alguns segundos, e então, encontraram a fonte do fedor.
-Que merda... -Jeff arregalou os olhos.
Ali, em sua frente, estava um cadáver. O corpo estava amassado, um bolo de carne, ossos... E cabelo. Cabelo loiro. Larvas e moscas festejavam ali.
Julian vomitou.
-Elaine!? -Ele gritou. -Que inferno!
-E agora!? -Jeff exclamou.
-Scott.
-Merda! Vamos avisar alguém!
Os dois saíram correndo. No pátio, à distância, Maurice andava tranquilamente, com a diretora.
-Maurice! -Julian gritou. -A Elaine!
-O quê? -Ele olhou para eles. -Isso na sua camisa é vômito?
-Ela está morta. -Jeff disse.
-Quem é você? -Maurice perguntou.
-O cara que busca as crianças em treinamento. -A diretora respondeu. -Morta? Vocês podem... Provar?
-O bosque atrás do colégio. -Julian disse. -O corpo está lá.
-Vou chamar a polícia. -Maurice disse. -É bom que estejam falando sério!
Os dois olharam para trás, e Scott estava na entrada do pátio coberto. Uma explosão pôde ser ouvida, e o portão foi arrancado do lugar.
Fogo e raios brilharam lá dentro.
-MERDA! -Jeff berrou.
Os dois aceleraram, apenas para chegar na entrada destruída do pátio. Em pé, Grace estava lá, em pé, olhando para Scott.
-GRACE! -Julian gritou. -POR QUÊ!?
-Grace não. -Ela respondeu. -Meu nome não é Grace. Meu nome é Atlas.