Chereads / O Recomeço em um mundo de RPG / Capítulo 13.1 | A história de Chloe - A linha de frente

O Recomeço em um mundo de RPG

🇧🇷RenCmps
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Synopsis

Capítulo 13.1 | A história de Chloe - A linha de frente

~20 anos atrás.

— Pensar que já fazem dois anos. — O homem ao meu lado diz. — Logo no seu aniversário Chloe.

Olho para ele.

— Realmente, acho que esse é o melhor presente que já recebi — falo não conseguindo conter meu sorriso.

Hoje estou fazendo dezessete anos e sou uma aventureira há dois. Uma pessoa é considerada adulta com quinze anos, após isso podem ser registradas na guilda.

Hoje estou em uma festa com meus amigos de party.

— E pensar que iríamos passar para o rank D logo hoje. Vamos beber! — Maria grita ao seu lado.

Joe olhou para Maria e soltou um pequeno suspiro. Nós dois somos amigos de grande data, até viramos aventureiros no mesmo dia, embora ele tenha sido meio que força a se tornar por mim, no entanto hoje em dia ele parece estar gostando.

Sua pele é escura, olhos castanhos claros e cabelos escuros, além de um ótimo físico e um metro e oitenta de altura. Tenho uma pequena queda por ele, mas isso é meio que segredo. Lutamos na vanguarda juntos, ele é o nosso tank.

— Você vai acabar desabando rápido dessa forma — falo para Maria.

Ela é minha melhor amiga, queria ser tão bonita quanto ela. É ruiva e tem lindos olhos verdes parecidos com jades, sua pele é quase branca, sardas se espalham por seu rosto, o que não a deixa feia de jeito nenhum. Ela é um pouco mais baixa que eu, talvez algo em torno de um metro e sessenta e três, na verdade a diferença entre nós é bem pouca.

Ela é nossa sacerdote, se tornou aventureira ao fugir de um casamento arranjado, sim, uma nobre.

— Conheço vocês há pouco tempo, mas estou feliz de participar — diz uma voz baixa atrás de nós.

Kay havia chegado.

— Agora você é um de nós, não se preocupe com essas coisas — falo entregando um copo para ele.

Kay é o novato de nosso grupo, entrou há pouco mais de um mês atrás, já que precisávamos balancear mais o nosso grupo. Ele é um arqueiro.

Sua aparência não é nada mal também. Um pouco mais alto que eu, cabelo castanho claro e olhos apenas um pouco mais escuro, tem um corpo esbelto.

Parando para pensar a maior parte do nosso grupo tem uma boa aparência.

— Um brinde a minha querida amiga Chloe! — Maria grita levantando uma caneca.

Cerveja é jogada para todos os lado.

Nessa noite bebemos o máximo que podíamos.

— Seria ótimo se essa guerra terminasse logo né? — falo olhando para meu lado esquerdo.

Lá estava Maria, nós duas nos sentamos no canto do bar. Estávamos sozinhas, Kay havia desmaiado de tanto beber, então Joe o levou para nosso quarto na pousada.

— Pelo que ouvi uma aldeia longe daqui entrou em conflito. — Maria balançava a cerveja em sua xícara. — Diretamente contra o Reino vampírico.

— Os vampiros são realmente assustadores — falo tendo um pequeno arrepio. — Dizem que podem bater de frente com os próprios demônios, essas duas raças juntas é injusto.

Nós duas suspiramos em uníssono.

— É nessas horas que deveria nascer um herói... — Maria diz baixo. — Além disso a tensão entre o Reino e Império está crescendo.

No continente humano existem três grandes forças. O Reino, local rico em magia onde surgem grandes magos, o Império, uma força que rivaliza com o próprio Reino, mesmo não tendo um grande poder mágico, tudo isso se deve aos seus soldados, também existem a Coalizão, mas eles têm relações distantes com os outros dois.

Talvez se Reino e Império se juntassem... Seria a única forma de batermos de frente com o exército demoníaco, porém eles preferem se manter separados. O que esses politicos idiotas estão fazendo?

— Estou com medo... — falo voltando minha atenção à minha amiga. — E se os aventureiros forem convocados?

— É provável que aconteça, tendo em vista tudo que está acontecendo. — Maria coloca sua mão sobre a minha. — Porém caso venha a ocorrer iremos ficar juntos.

Nem ao menos tinha percebido, apenas a ideia da convocação foi o suficiente para eu começar a tremer, mas com ela segurando minha mão consigo me acalmar um pouco. A guerra está mexendo comigo mais do que pensava.

— Você é minha melhor amiga. — Ela diz sorrindo. — Te considero muito mais que minha própria irmã, irei te proteger custe o que custar.

Ela demonstrava grande determinação em seu tom de voz, não era algo que você costuma ouvir de sacerdotes, então acabo soltando uma leve risada.

— Eu que deveria estar dizendo isso, afinal, sou a vanguarda.

Depois disso ambas rimos por um tempo. Maria pediu mais bebida com a desculpa de que hoje deveríamos apenas continua comemorando, não é hora para tristeza. Não podia concordar mais com ela.

~Um mês depois.

Estamos agora em uma pequena cidade, um dos poucos portos deste lado do continente, tendo em vista que não havia comércio algum com o continente demoníaco.

Há uma semana atrás aqui foi o palco de um grande campo de batalha, não estávamos lutando, porém conseguimos sentir a batalha pelo ar. Marcas de batalhas por todos os lados, casas e campos queimados, muitos corpos podiam ser visto, em sua maior parte humanos.

— Como foi explicado antes para vocês. — Um homem com uma grande armadura falava. — Se deixarmos os corpos aqui teremos doenças sendo espalhadas. Hoje nós aventureiros iremos cuidar disto.

O homem falando era o líder da raid, aquele designado pelo líder da guilda como aventureiro chefe. Infelizmente nosso grupo o conhecia bem, éramos de cidades vizinhas, sua fama, diferente de sua aparência, não é boa.

Nosso trabalho era simples. Os vampiros recuaram a algum tempo, nossos soldados finalmente teriam um pouco de descanso, isso já aconteceu diversas vezes, pequenos tempos de paz entre diversos conflitos. Nesse tempo devemos tirar o corpos, assim evitará surtos de doenças em batalhas futuras.

— Realmente estamos na linha de frente — falo enquanto observo todo aquele cenário.

Fico imersa em pensamentos, olhando toda aquela destruição, mas volto a mim quando alguém toca em meu ombro.

— Venha comigo por um instante. — Aquela ao meu lado era Maria.

Sou guiada para trás de uma casa que havia sido destruída. Maria olhava ao redor para ter certeza que estávamos sozinhas. Não acho estranho, já aconteceram outras vezes, provavelmente algo a ver com sua nobreza.

— Estou pensando em fugir daqui. — Ela fala voltando sua atenção para mim.

Acabei sendo surpreendida por suas palavras.

— Fugir? Como assim? — pergunto um pouco mais alto do que deveria.

Notando meu tom abaixo minha voz. Ela realmente tem ideia do que pode acontecer com nós caso alguém nos descubra?

— Você sabe do problema com minha família. — Sua voz estava ainda mais baixa. Se continuarmos por aqui vou acabar sendo encontrada.

Ela tinha razão, diferente dos aventureiros normais os de alto rank conhecem nobres. Pode ser apenas uma questão de tempo, talvez já saibam que ela está aqui.

— Você tem razão — falo pensando nas possibilidades. — Porém se nós quatro fossemos fugir... seria extremamente difícil não sermos pegos.

Ao me ouvir Maria faz uma estranha expressão. Parando para pensar um pouco ela não falou sobre os outros dois, está falando sobre isso apenas comigo.

— Você quer deixar os dois para trás... — As palavras acabam saindo sozinhas.

— Chloe, não vou pedir que escape junto comigo. — Ela começa falando baixo, mas deixa sua voz mais firme. — Claro que seria o meu desejo, mas isso seria muito egoísta de minha parte. Se quiser vir comigo estarei esperando na floresta perto da saída da cidade, saíram às sete da manhã.

Ficamos caladas por um breve momento, nenhuma sabia o que falar em seguida, mas decidimos voltar e começar a trabalhar, ficar muito tempo naquele local levantaria suspeitas.

— Finalmente decidiram ajudar? — diz Joe ao nos aproximarmos dele.

— Cala a boca e me ajuda — falo indo em direção a uma casa.

Não sei se posso agradecer, mas graças ao trabalho que estávamos fazendo não precisei ficar preocupada com a conversa que tive com Maria, não havia tempo para tal.

A cena era horripilante, famílias inteiras mortas, soldados completamente despedaçados, foram cenas que éramos obrigados a ver, mesmo desviando o olhar não se podia escapar, afinal, a chance de algo semelhante estar neste outro local era grande.

Não consigo me lembrar ao certo quantas vezes vomitei, estava tendo meu primeiro contato com a guerra, já havia visto pessoas que foram mortas por ursos, algo que acontece quando se é um aventureiro, mas isso era diferentes.

— Têm civis aqui, crianças...

— Você está bem? — Alguém fala atrás de mim.

A sua súbita aparição me assusta, estava novamente perdida em meus pensamentos.

— Não, acho que não irei dormir durante alguns meses. — Consigo falar após recuperar o ar. — E você?

— Não há forma de ficar bem nesse local — diz se sentando ao meu lado.

Estávamos agora na hora de descanso, foram divididos alguns grupos, fiquei junto com Kay. Passamos um tempo calados, ambos sabíamos o que pensávamos, a melhor no momento parecia ser o silêncio.

— Na verdade estou pensando em fazer algo. — Ele dá uma pequena pausa, como se estivesse pensando no assunto. — Estou provavelmente ficando louco.

— O que?

Depois de mais uma longa pausa ele fala.

— Estou pensando em me alistar. — Ele me olha com convicção. — Quero ser um soldado.

— Você o que?