-Muito bem, pessoal. Por favor, vamos nos encaminhar para o auditório. O teste de saúde será realizado lá, e depois o teste de aptidão física será no ginásio. -Sakaki-Sensei fala e os alunos se levantam, entrando em fileira.
Não estou preocupado com o meu teste, mas sim ansioso. O que será que Chibi quis dizer com me ajudar?
-Oi, Koenji-Kun.
Alguém me cumprimenta e põe a mão no meu ombro. Viro a cabeça para o lado e vejo Hikitane sorrindo.
-O que você quer, Hikitane? -Pergunto friamente. Afinal, não vou esquecer o que ele fez.
-Bem, eu vim aqui conversar com meu amigo. -Fala em um tom de voz esquisito, mas obviamente falso.
-Amigo? Que eu saiba, amigos não fazem o que você fez comigo.
-O que? Aquilo? Sabe, o Asura me forçou. Nunca faria isso com um amigo meu. -Fala sorrindo.
Mas que diabos! Ele tem merda na cabeça?
Balanço meu ombro, jogando sua mão dele. Me viro para frente, ignorando-o.
Ele tentou puxar assunto comigo, mas fingi não ouvir.
A fila começou a andar, seguindo em direção ao auditório, que fica no prédio principal.
Seguindo ordem alfabética, eu serei o vigésimo terceiro a ser atendido. Dei graças aos deuses quando Hikitane entrou na cabine para avaliação e fiquei um pouco sozinho.
-Koenji Tsukira-San.
Me chamam e me levanto, andando em direção a cabine privativa.
-Muito bem. Tire as sandálias. Iremos começar com a altura. -O enfermeiro chefe, Yanagami-San, fala sem me olhar. -Oh, Koenji-Kun. Olá. -Me cumprimenta, mas não respondo. -Muito bem. Fique em pé ali. -Fala e indica o lugar onde devo ficar. Tiro meus sapatos e caminho até o lugar, ficando com a costa reta.
Ele destrava a um tipo de "alavanca" (N.A.: Não faço ideia do nome daquilo) e desce até tocar minha cabeça. Ele pega a prancheta e anota o valor do meu tamanho.
- Um metro e oitenta e nove. Bem alto para a sua idade. -Comenta e coloca a prancheta do lado. -Agora, seu peso. -Fala e aponta para a balança do meu lado.
Subo nela e ele ajeita o peso na frente dela.
-Setenta quilos. No peso ideal para a altura. -Comenta após anotar na prancheta. -Agora, ritmo cardíaco.
Me sento em uma cadeira e tiro minha camisa. Ele usa o estetoscópio para ouvir minha pulsação.
-Está normal, ritmo três-um-três. -Fala e coloca o estetoscópio em cima da mesa e anota na prancheta. -Agora...
E assim foi. Tamanho dos braços.
Tamanho dos pés.
Tamanho das mãos.
Tamanho das orelhas.
Espaço entre as orelhas, entre os olhos, e dos olhos entre a testa e o queixo.
Largura de um ombro ao outro, da parte inferior do abdômen ao pescoço, do topo da cabeça ao queixo.
E, então, começou a parte esquisita do exame.
Espessura dos pés, das mãos, do tronco, da cabeça, das pernas e do pênis.
E, segundo o Yanagami-Sensei, estou muito acima da média.
Então, veio o famigerado exame da próstata. Embora seja recomendável para pessoas com mais de quarenta anos, os indivíduos com desenvolvimento genético precisam fazer o exame mais cedo, visto que o câncer pode se desenvolver mais rapidamente devido a sua super evolução nos organismos com habilidades.
Naturalmente, os casos em evoluídos e humanos são raros, já que mesmo se proliferando muito rapidamente, o câncer ainda deve passar por uma camada de proteções antes de poder, efetivamente, tomar um organismo.
Yanagami anotou na prancheta, com uma expressão surpresa pelos dados.
-Devo dizer que de todos os alunos que já examinei você foi o mais surpreendente. É o único que está na média adequada nos requisitos mínimos de boa saúde para seu biótipo e que supera a média no quesito de...como posso dizer? 'Capacidade', eu acho. -Fala enquanto tira a folha com meus dados da prancheta e põe em um envelope, pondo-o em uma das gavetas da sua estante de ferro.
-Obrigado? -Pergunto em dúvida se isso foi um elogio ou não.
-Certo. Agora você deve ir para o ginásio. O exame prático começará daqui a pouco.
Apenas balanço a cabeça assentindo e saio da cabine, andando para fora do auditório e indo para o ginásio, que fica atrás do prédio principal.
Caminho em direção a ele, observando sua imponência. Mais de vinte metros de altura, feito completamente de ferro. O Sol reluz magnificamente na sua superfície prateada e bate na estátua de um Serafim que fica na entrada.
Entro no ginásio e vejo a quantidade incrível de alunos. Pelo visto, não separam as classes a parte do exame de aptidão física.
Ando em direção a área destinada a turma E, e espero o exame se iniciar.
Acabo conversando com a Yuu e a Sakura, que vieram até mim para conversarmos.
Pude ouvir Hikitane comentar algo, mas não prestei atenção. No entanto, as garotas prestaram, ficando coradas. Sorri satisfeito quando elas deram um tapa, cada uma, no Hikitane e o fizeram voar e bater na parede atrás do espaço da classe E.
Um sirene toca, e as portas de ferro automáticas do ginásio se fecham.
-O que está acontecendo? -Pergunto para a Yuu, que balança a cabeça indicando não saber sobre algo.
-Atenção, todos os estudantes. A Academia se encontra sobre um estado de emergência. Múltiplas explosões foram registradas nas alas A, B e D do prédio secundário, na sala de ciências e nas salas das turmas do segundo ano de A a C. Por favor, não se dirijam a essa área, fiquem nas zonas de segurança indicadas no livro dado aos alunos antes das aulas. A polícia de Osaka já foi contatada e está a caminho.
Uma voz, provavelmente do diretor, dá esse longo aviso através do interfone.
-Ei, Koenji, quer ir da uma olhada para ver o que foi?
Hikitane pergunta após se aproximar de mim silenciosamente. Eu levei um susto por essa aparição repentina, mas não vou demonstrar.
-Claro que não. Você não ouviu o aviso do dire-...
Não pude terminar minha fala, pois, bem diante dos meus olhos, a porta de ferro super-resistente que estava perfeitamente trancada voa mais de três metros em linha reta e bate no Hikitane, levando-o com ela e esmagando-o contra a parede, fazendo sangue espirrar pelo chão.
-Ora, ora. Acho que usei muita força. Parece que matei alguém.
Me viro em direção ao buraco que a porta antes tampava e vejo um homem alto e estupidamente robusto, usando uma roupa estranha, totalmente preta e com um sobretudo de igual cor.
-Muito bem, crianças. Isso é um sequestro.
O homem declara e mostra um sorriso que estranhamente não demonstrava maldade ou malícia, mas sim animação.
-Me chamo Akira Kurosawa. É um prazer conhece-los.
O homem se apresenta e se curva levemente.
-Por favor, digam o nome de suas famílias para que possa ligar para elas. -Fala e se dirige para perto da área reservada a turma B. -Vamos começar por você. Qual o seu nome, querida? -Pergunta encarando uma garota da classe B.
Agora que eu olho bem, é a Yukinoshita!
-Ei, sai de perto dela! -Asura fala raivoso puxando Yukinoshita para traz e ficando na frente dela.
O que é Isso, companheirismo? Bem, pelo menos ele foi útil.
-Ora. O que é Isso? -O homem pergunta sorrindo. -Não fique no meu caminho. -Fala e dá um tapa no rosto do Asura e o lança do outro lado do ginásio.
Minha boca está escancarada, em descrença pelo que acabou de acontecer. Asura pode ser um adolescente, mas os membros da família dele são conhecidos por possuírem um peso muito maior do que vigas de aço.
Ele deveria pesar pelo menos duas vezes aquela porta de metal, mas mesmo assim foi lançado facilmente do outro lado desse lugar. É assustador.
-Ora, seu...!
Olho para o outro lado do ginásio é vejo Asura se levantando e encarando raivoso o homem chamado Akira.
-Ainda está vivo? Parabéns. -Akira fala batendo palmas.
Em um rápido movimento Asura aparece a menos de três metros do homem e se prepara para morde-lo.
-Ah, você é da família Asura. Percebo isso por causa desses dentes e postura. -Akira fala após ver em menos de um segundo o Asura se posicionar para o ataque. -Pena que você não tem o mesmo nível que eu. Poderia ser interessante. -Fala e chuta o rosto de Asura, jogando-o verticalmente.
-Não me subestime! -Asura fala e gira no ar, caindo em pé. Toma impulso e corre de novo na direção do homem, que apenas balança a cabeça negativamente.
-Por que esses jovens são tão persistentes? -Pergunta encarando o teto e se move para o lado, desviando do ataque do Asura.
Asura ainda tentou soca-lo, mas o homem segurou o punho dele e apertou, quebrando a mão.
Asura obviamente quer gritar, mas não irá faze-lo.
-Forte, uh. Admirável. -Akira fala sorrindo e solta o punho dele. -Que tal ficar quieto no canto? Ter resistido ao impulso de gritar já demonstra a sua força. -Fala enquanto olha para o Asura, mantendo sempre um sorriso.
-E por que...Não vai se fuder?! -Asura fala raivoso e dificultosamente, já que a dor parece atrapalhar seu raciocínio.
Sinto uma aura assustadora, e me viro, para encarar o Akira.
-Sabe...eu sou muito paciente e educado. Mas se tem uma coisa que me tira do sério e me enche de vontade assassina é a falta de educação das outras pessoas. -Fala e estala os ossos das mãos. Seu corpo parece ter ficado maior.
-E daí?! -Asura pergunta audacioso. Esse idiota quer morrer?!
-E daí, meu caro Asura, que você vai sofrer. -Akira fala e sorri de forma macabra.
Foi rápido, então não posso ter certeza, mas em dois segundos ele parece ter socado cada parte do corpo do Asura, lançando-o novamente do outro lado do ginásio. Se ele sobreviveu a Isso, ele já é um campeão.
-Desculpem-me a violência, senhores e senhoritas. -Fala sorrindo agora envergonhado e se curva. -Antes que possamos prosseguir com o recolhimento de informações, gostaria de saber se alguém gostaria de me desafiar para um duelo. Algum candidato?
Após ele perguntar, um silêncio recai sobre o ambiente.
-Desafie-o, Koenji. -Chibi fala aparecendo do meu lado.
-O Que?! Por Que? -Pergunto sussurrando, para que não percebam que estou falando, tecnicamente, sozinho. – Muito obrigado, mas não sou suicida.
Chibi suspira com a minha resposta é me encara.
-Tudo bem. -Fala e se joga contra mim.
Não estou sentindo meu corpo!
"-Estou tomando controle dele. Não se preocupe, vai ser apenas por um segundo.", ela fala na minha mente.
"ESSE UM SEGUNDO QUE É O PROBLEMA, SUA IDIOTA!", grito em pensamentos, irritado com ela.
-Aqui. Eu me candidato.
As palavras saem da minha boca, mas não queria pronuncia-las.
-Ora. Um corajoso. -Akira fala sorrindo. -Um duelo de cavalheiros? -Pergunta e se posiciona como um esgrimista, tirando duas espadas do sobretudo.
-Sim. -Meu corpo fala e caminha até estar na frente dele, se posicionando também é pegando uma das espadas que foi jogada pelo homem.
Puta que pariu, eu estou lascado...