Eric Seraphin, após uma longa noite de viagem, entrou na primeira estalagem que achou na vila de Barssanick.
*Ring* O sino bateu ao abrir a porta, chamando a atenção de todos ali, que olhavam para Eric com alguma curiosidade e hostilidade.
Os homens no recinto observaram seu rosto jovem adulto, sua tez séria, sua armadura de couro e sua espada e suspeitaram que ele era perigoso. Ao perceber sua pele morena e seu cabelo branco fluindo até os ombros, os mais informados e viajados tiveram certeza disso.
O garoto não ligou para os olhares nem para os sussurros, é o melhor a se fazer se não quiser arrumar encrenca. Ele não gosta de lutar contra seres humanos.
Não são para matar.
Entendendo sua atitude, os homens curiosos logo voltaram a fazer o que faziam, e os hostis se absteram a lançar olhares desconfiados por cima dos ombros de vez em quando.
O garoto chegou ao balcão e suspirou, sua sensível audição era problemática nesse lugar. Estava meio cheio, muitos comiam e bebiam. Muitos resenhando sobre como "comeriam" uma mulher que achassem bonita ou como caçariam um bicho estranho e escorregadio.
Eram homens grandes e fortes, alguns possuíam arcos ou bestas. Deve haver alguns caçadores aqui.
"De certa forma, eles são semelhantes a mim." Assim como Eric, eles também matam para sobreviver.
O garoto tocou a bainha da espada. "Apesar de muito diferentes." Essa espada simboliza que aquilo matava não eram raposas ou veados, e sim criaturas comedoras de gente.
Eric sentou-se e pediu algum vinho.
Mas sua real intenção em vir aqui não foi beber vinho.
"Vocês tem um quarto sobrando?" Ele foi direto ao ponto. A voz do jovem soava estranha para o estalajadeiro, e ele percebeu que o garoto começou a olhar para as paredes, como se estivesse vendo através delas.
Um pouco incomodado, o homem assentiu. "4 pratas por dia."
"Guarde para mim." Eric pôs uma moeda de ouro no balcão, e o homem pegou.
Eric recolheu o seu olhar e se concentrou apenas na bebida, ocasionalmente resmungando sobre como as coisas poderiam se tornar chatas e complicadas mesmo quando você está apenas bebendo vinho.
Após cerca de 5 segundos, dois homens entraram no local. Vestidos como Cavaleiros, ambos roubaram toda a atenção do local. Um dos homens parecia comandar, o outro não deveria comandar nem a própria vida.
O que os homens do barão fazem aqui? Pensaram as pessoas no local. Suas perguntas logo seriam respondidas, os dois se olharam, assentiram, em seguida, caminharam até o balcão.
…
Eric sentiu uma mão pesada pousar em seu ombro, mas em vez de reagir, ele apenas olhou por cima de seus ombros, encarando os dois Cavaleiros.
O primeiro era um jovem de aparência inexperiente, tão inexperiente e amedrontado que quando Eric lhe olhou, ele deu um passo para trás, como um cachorro molhado e medroso. Esse jovem ruivo não tinha mais que 21 anos e usava um capacete e cota de malha com uma calça de couro.
O outro era um homem um pouco mais velho, que possuía algumas mechas grisalhas em seus cabelos castanhos. Ele usava uma armadura de ferro velho que cobria seu torso, mas a coisa mais marcante nesse homem era seu bigode grosso.
"O senhor se importa em nos acompanhar até lá fora, por um momento?" O velho, com a mão em seu ombro de forma dominadora, perguntou.
Eric molhou a garganta. "Tenho escolha?" Perguntou descontente.
"Não."
Eric riu mal humorado.
…
"Eu, Bron, líder de Esquadra do Exército independente do Baronato, lhe desafio para um duelo!" O velho sacou sua espada de aço e a apontou para o jovem caçador.
Eric suspirou desanimado, ao contrário dos habitantes, que se reuniam para fofocar.
Descontente, Eric revirou os olhos.
"Diga-me seu nome, e diga-me se você aceita meu desafio." O homem de bigode nada econômico exigiu.
Eric não pensou muito mais. É apenas um velho, então ele deveria acabar isso rápido. Com isso em mente, ele se virou para o jovem Cavaleiro, "Ei, garoto, dê-me sua espada, não quero gastar o fio da minha prata com isso." Ordenou com autoridade em sua voz.
O garoto segurou fortemente a arma pela bainha enquanto tremia, o olhar impassível e intimidador de Eric o obrigou a entregar a espada.
Ele chegou a lâmina, seu tamanho e fio, após isso a segurou em frente ao corpo e se apresentou: "Eric Seraphin, aceito o desafio!"
Bron não estranhou um sobrenome, a aparência desse caçador entregava, ele era um estrangeiro, provavelmente de Kjark. Ele ouviu histórias épicas sobre como os guerreiros de lá eram poderosos o suficiente para esmagar crânios com as mãos, ainda que proficientes como um general em táticas de guerrilha.
Mas isso não foi o suficiente para fazê-lo voltar atrás. Se pudesse, ele veria com seus próprios olhos os tais grandes guerreiros sobre o qual ele tanto ouviu.
…
Bron não perdeu tempo e correu até Eric, balançando a lâmina em sua direção, mas foi facilmente bloqueado. O velho sentiu como se estivesse golpeando uma parede, pois a defesa de Eric não mexeu um milímetro.
Detalhe, o jovem usava apenas um dos braços para segurar a espada.
Bron puxou sua lâmina e estocou, mas apenas atingiu o ar, pois Eric evadiu rapidamente sem nem mesmo tirar o pé esquerdo do chão.
Os próximos movimentos evidenciaram a poderosa defesa do Caçador de Monstros. Com pelo menos um dos pés firmes no chão, Eric se movia o mínimo possível para defender cada santo ataque de Bron, ao qual o velho depositava todo seu esforço.
Não o havia como Bron, alguém que ocasionalmente fazia duelos e estudava a arte da espada por meio de livros e pergaminhos, ganhar de alguém como Eric, que travou inúmeras batalhas de vida e morte e temperou seus sentidos e suas habilidades com lâmina até onde seria possível em tão pouca idade.
Era um duelo tão simples que Eric quis bocejar. A razão pela qual odiava lutar contra humanos era essa, que razão ele tem para matar esse velho? Nenhuma. Agora, que razão ele tem para matar um monstro? Todas que você pode imaginar.
Do ponto de vista de uma fera selvagem, um leão ou uma pantera, era como não poder matar sua presa. Por que você lutaria se não pudesse matar? Não era apenas ir contra sua própria natureza? Isso não faz sentido.
Eric não gosta de duelos. Pelo não um que não fosse até a morte.
Depois de alguns momentos, Bron começou a respirar pesadamente. O velho estava se esgotando cada vez mais, então Eric resolveu que era hora de contra-atacar.
Após um corte transversal do Líder de Esquadra, Eric não apenas defendeu, mas refletiu a espada para longe. Se Bron não estivesse a segurando firmemente ela cairia em alguém da plateia. Apesar de não ter perdido a espada, o velho ficou com a guarda completamente aberta por causa do ataque.
Eric deu um passo à frente e teve tempo de escolher seu ataque, ergueu sua espada e atacou. Bron arregalou os olhos antes de os fechar fortemente.
…
Bron caiu no chão com os olhos ainda fechados, esperando a dor, mas ela não veio. Ao abrir os olhos, ele viu que sua armadura estava cortada ao meio, e uma parte de sua roupa também, mas seu corpo? Não havia nem mesmo a menor das feridas.
Ele não sabia se ficava envergonhado ou agradecido, mas de todo modo, foi uma derrota completa e incontestável.
"É minha derrota." Disse Bron.
"Sim." Eric entregou a espada para o jovem soldado e caminhou até Bron. "Então, o que o barão tem para mim?" Perguntou enquanto dava uma ajuda para o velho se levantar.
Bron o olhou atônito. "Além de forte, é esperto!" Ele levantou e dispersou a multidão curiosa e barulhenta, "Muito bem pessoal, circulando, o duelo acabou!!"
Enquanto todo mundo ia embora, o velho conduzia Eric ao forte. "Temos um trabalho para você, mas deixarei que o Barão lhe diga pessoalmente."
Eric assentiu.
...
O sol desaparecia no oeste, seus raios derradeiros refletiam no rio que fluía calmamente. Enquanto cruzavam a passarela, o jovem ruivo perguntou: "Você sabia que estávamos indo até você antes mesmo de entrarmos na taverna, não é?" Tinha uma voz tímida e fraca.
Eric o encarou, com uma expressão curiosa, perguntou: "Por que achas isso?"
"É que toda vez que você me olha para mim, meu coração aperta, eu senti isso enquanto andava até a estalagem." O respondeu.
Eric seguiu os dois homens em silêncio enquanto pensava que deveria controlar melhor sua Vontade.