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the eyes that see beyond

lifinho
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Synopsis
Kawe Flitz é um jovem transferido para a misteriosa Escola Seikyou. No primeiro dia de aula, ele conhece Seike, um garoto reservado que parece carregar um fardo invisível. Um simples desenho rabiscado no caderno de Seike inicia uma conversa que logo revela um segredo inesperado: Seike pode enxergar a alma das pessoas e detectar suas emoções através dela. Mas Kawe também guarda um segredo. Ele vê algo estranho nas pessoas—rabiscos enigmáticos que nem ele mesmo compreende. Quando Seike percebe que Kawe mentiu sobre o motivo de sua transferência, os dois iniciam uma troca de mistérios e descobrem que seus dons podem estar conectados. Enquanto tentam entender essas habilidades incomuns, os dois se veem envolvidos em eventos cada vez mais estranhos. Afinal, há mais pessoas como eles? O que realmente significam as visões de Kawe? E até onde a alma humana pode ser revelada... ou ocultada? Uma jornada de mistério, amizade e segredos sombrios começa agora.
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Chapter 1 - O Encontro de Duas Visões

O som dos lápis riscando o papel ecoava baixinho na sala de aula. O sol da manhã iluminava o caderno de um aluno de cabelos escuros e expressão cansada. Ele rabiscava algo sem muito foco, como se quisesse se perder nos próprios traços.

Foi então que a porta se abriu, e o professor entrou, trazendo consigo um novo aluno.

— Atenção, todos. Antes de começarmos a aula, quero apresentar um novo colega. — Ele colocou uma das mãos no ombro do garoto e fez um sinal para que ele se apresentasse.

O aluno deu um passo à frente e, com um olhar confiante, disse:

— Meu nome é Kawe Flitz.

O professor indicou um lugar para ele se sentar. Kawe olhou ao redor e, ao notar o garoto cabisbaixo desenhando, decidiu se sentar ao lado dele.

— Ei, qual é o seu nome? — perguntou, inclinando-se ligeiramente.

O garoto olhou de relance para Kawe, sem muito interesse.

— Seike.

— Prazer, Seike. — Kawe estendeu a mão, e Seike, depois de um breve momento de hesitação, apertou-a de forma desajeitada.

Olhando para o caderno, Kawe percebeu os rabiscos que Seike desenhava. Sua curiosidade foi imediata.

— O que você tá desenhando?

Seike desviou o olhar e fechou o caderno com um movimento rápido.

— Não é nada que te interesse.

Kawe riu.

— Na verdade, me interessa sim.

Seike suspirou e, com um olhar desanimado, abriu o caderno, revelando uma silhueta de um homem cercada por rabiscos caóticos. Kawe inclinou a cabeça, tentando entender o que via.

— E o que significa isso?

Seike fechou o caderno novamente.

— Por isso que eu disse que não ia te interessar.

Kawe deu de ombros.

— Bom, é verdade, não me interessou muito. — Ele riu, provocando Seike.

Sem responder, Seike apenas deitou a cabeça na mesa e murmurou:

— Vou dormir um pouco...

Kawe o olhou de canto de olho e pensou:

(Vai dormir no meio da aula mesmo? Que cara estranho...)

Após a Aula

O sinal da escola tocou, anunciando o fim do dia. Kawe arrumou suas coisas e olhou para Seike, que ainda parecia meio sonolento.

— Ei, quer ir para casa junto comigo?

Seike olhou para ele, pensou por um instante e deu de ombros.

— Tanto faz.

Os dois saíram juntos da escola, mas antes que pudessem seguir caminho, uma voz os chamou.

— Seikeee!

Os dois pararam e olharam para trás. Uma garota de cabelos castanhos corria até eles, segurando um caderno. Quando se aproximou, entregou-o a Seike com um sorriso.

— Obrigada por me emprestar seu caderno!

Kawe observou a cena com surpresa e pensou:

(Não acredito que esse cara conhece uma garota linda dessas...)

A garota olhou para Kawe e perguntou, curiosa:

— Quem é ele, Seike? Seu novo amigo?

— Ele é um aluno novo transferido, estuda na mesma sala que eu. — Seike respondeu de forma simples. — Kawe, essa é minha amiga Misaka. Misaka, esse é Kawe.

Kawe sorriu.

— Prazer em conhecê-la.

— O prazer é meu.

Antes que pudessem continuar a conversa, algumas amigas chamaram Misaka.

— Preciso ir, nos vemos depois! — Ela acenou e se afastou.

Os dois continuaram a caminhada em silêncio, até que Kawe não conseguiu segurar a curiosidade.

— De onde você conhece ela?

— Misaka é minha amiga de infância.

Kawe riu.

— Quem olha pra você não acredita que conhece uma mina tão bonita.

Seike franziu a testa.

— Mina?

— Ah, foi mal. "Mina" é só uma gíria do país onde eu morava antes.

— Entendi...

O silêncio voltou a reinar entre os dois. O vento soprava leve, e Kawe sentiu que o momento estava ficando um pouco estranho. Mas, para sua surpresa, foi Seike quem quebrou o silêncio.

— Por que você foi transferido para essa escola?

Kawe desviou o olhar e sorriu de canto.

— Eu... não estava indo muito bem na outra escola.

Seike parou de andar e encarou Kawe diretamente.

— Você tá mentindo.

Kawe ergueu uma sobrancelha.

— O quê?

— Eu consigo ver a alma das pessoas. Quando alguém sente alguma emoção forte, ela muda. E sua alma acabou de mudar.

Kawe sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele deu um passo para trás.

— Então... você também vê coisas estranhas?

Seike manteve seu olhar firme.

— Você também vê?

Kawe hesitou por um instante antes de responder.

— Sim, mas eu não entendo muito bem.

— O que você vê?

— Quando olho para algumas pessoas, vejo algo nelas... mas não parece ser uma alma. É um amontoado de rabiscos. E não é em todo mundo.

Seike refletiu por um momento e assentiu.

— Entendi.

Kawe respirou fundo.

— Você pode me ajudar a entender isso, não pode?

Seike deu um pequeno sorriso enigmático.

— Talvez. Mas o que eu ganho com isso?

Kawe riu e estendeu a mão para ele.

— Minha amizade.

Seike observou a mão estendida por um momento antes de apertá-la.

— Gostei da proposta. Pois bem, eu aceito.

Kawe sorriu. Ele não sabia ainda, mas aquele encontro mudaria sua vida para sempre.